A noite nas montanhas parecia mais fria naquela madrugada, como se o próprio vento carregasse o peso dos segredos que agora pairavam entre Yara e Tupã. A lua, suspensa sobre os picos, iluminava o acampamento da tribo com sua luz prateada, mas o brilho suave só servia para destacar a escuridão que crescia entre o casal.
Tupã, sentado perto da fogueira, observava as chamas dançarem, seus pensamentos turbulentos. Havia um silêncio profundo nele, mas por dentro sua mente fervilhava com as palavras que ecoavam desde o dia anterior. Yara, sua companheira, sua aliada, sua amada... ela havia feito um pacto em segredo.
A informação chegara até ele como uma brisa envenenada. O líder da tribo, com quem haviam selado o pacto de sangue, revelara que Yara, sem consultá-lo, havia feito um acordo à parte — algo que ele não soubera, algo que agora o feria mais do que qualquer ferimento físico poderia.
Yara se ap
A noite envolvia as montanhas com um silêncio denso, quebrado apenas pelo sussurro constante do vento que serpenteava por entre as árvores. Yara, inquieta, sentia o peso invisível de algo muito maior que seus próprios pensamentos. O ar ao seu redor parecia vibrar com uma energia ancestral, como se a própria floresta a chamasse para algo que não conseguia compreender plenamente, mas que pulsava dentro dela, como um eco distante.Tupã estava ao longe, ocupado em seus próprios pensamentos. Desde que a confiança entre eles havia sido abalada, o silêncio entre os dois era mais pesado que o habitual, como se as palavras, antes tão naturais, agora estivessem presas em uma teia invisível. Yara sabia que o amor permanecia, mas havia algo mais profundo acontecendo — algo que ia além de suas escolhas terrenas.Ela saiu do acampamento em silêncio,
O vento soprava com uma intensidade sombria nas montanhas, como se a própria natureza pressentisse o peso das escolhas que Yara e Tupã agora carregavam. O pacto de sangue, selado nas sombras da fogueira e diante dos olhares da tribo isolada, parecia uma âncora que os puxava para as profundezas. O que antes parecia uma aliança por sobrevivência agora revelava seu verdadeiro preço.Eles haviam sido convocados pelo líder da tribo naquela manhã, uma figura de autoridade que, até então, os havia tratado com um misto de respeito e expectativa. Mas agora, a expectativa se tornava cobrança. As promessas de proteção tinham um custo, e o peso desse custo recaía sobre seus ombros de uma maneira que não haviam previsto.— Há invasores em nosso território sagrado, — começou o ancião, sua voz firme como a rocha das montanhas. — Homens brancos, armados, que não respeitam nossas fronteiras. Sabemos que vieram atrás de vocês, mas agora estão profanando nossa terra, cavando e destruindo o que é sagrado
A escuridão da noite ainda pairava sobre as montanhas, densa e pesada, conforme Yara e Tupã se moviam silenciosamente pela floresta. O vento, frio e cortante, soprava contra seus rostos, mas a verdadeira gelidez estava no que os aguardava ao amanhecer. O acampamento dos caçadores se erguia à frente, oculto entre árvores retorcidas e sombras, como um predador aguardando sua presa.Ao lado deles, os guerreiros da tribo caminhavam em silêncio, com a destreza de quem conhece cada detalhe da floresta. O líder da missão, um homem de feições austeras chamado Irua, gesticulava com precisão, apontando o caminho para a emboscada. Tudo estava planejado: eles atacariam ao amanhecer, quando os caçadores estivessem mais vulneráveis, surpreendidos pelo sono e pela falsa sensação de segurança.Mas no cora&cce
A trilha até o forte parecia interminável, como se o tempo, estendido pela dor e pelo medo, tivesse decidido arrastar-se cruelmente para Tupã e Yara. A floresta, que um dia fora seu refúgio, agora os observava em silêncio, incapaz de ajudá-los. Presos em correntes, o peso da captura se manifestava não apenas em seus corpos exaustos, mas em suas almas, esmagadas pela nebulosidade do que estava por vir.O forte, erguido pelos homens brancos, parecia uma ferida aberta no meio da natureza, suas paredes de pedra grossa contrastando com a suavidade das árvores ao redor. Era um monumento à força brutal, um lugar onde a terra havia sido vencida pela mão cruel da civilização.Assim que chegaram, foram separados. Yara foi levada para uma cela escura e fria, onde as paredes sujas exalavam o cheiro de medo e desespero acumulado. Seus
As noites no forte eram longas, geladas e opressivas, mas Yara via-se convencida de que não estava sozinha. Mesmo nas sombras escuras da prisão, ela sentia a presença de Tupã — não fisicamente, mas como um sussurro em seu espírito. O amor que os conectava era como uma corrente invisível, que a cada batida de seus corações pulsava com esperança e resistência. No entanto, as correntes que prendiam seus corpos eram reais, e a realidade de seu cativeiro ficava mais dura a cada dia.Yara sabia que seus captores planejavam algo sombrio. Sentia o peso de suas intenções em cada pergunta maliciosa que lhe faziam, em cada olhar calculado que lançavam sobre ela e Tupã. Mas o que eles realmente queriam ainda estava envolto em mistério. Era como uma tempestade se aproximando no horizonte, cujos ventos já começavam a soprar, mas cujo poder total ainda estava por ser revelado.Um dia, enquanto Yara estava deitada na cela, esgotada e com as costas doloridas pelas torturas, a porta de ferro rangeu, ao
A noite era espessa como o próprio manto da sombra da morte, cobrindo o forte em uma escuridão densa que parecia respirar junto com os prisioneiros. Yara sentia o ar pesado, como se a própria terra estivesse em suspense, esperando o momento em que o destino se revelaria. O plano de fuga havia sido meticulosamente orquestrado por Kaena, mas, por mais bem preparado que fosse, o perigo pairava sobre todos eles como uma lâmina suspensa no ar.Dentro das celas úmidas e gélidas, Tupã aguardava, os músculos tensos, os olhos fixos na pequena abertura da porta, onde a luz do luar passava timidamente. Cada batida de seu coração era uma contagem regressiva para o momento em que fariam sua tentativa desesperada de escapar daquele pesadelo. Ele pensava em Yara, em como o amor entre eles os havia sustentado até ali, e em como esse
A floresta ao redor parecia silenciosa demais, como se até mesmo os ventos tivessem escolhido permanecer em quietude, evitando o peso da revelação que caíra sobre Yara e Tupã. O chão de folhas secas e raízes entrelaçadas, que antes parecia um santuário seguro, agora se mostrava distante, quase hostil. A traição viera não de fora, mas de dentro, de alguém que havia caminhado ao lado deles, partilhado da mesma terra, respirado o mesmo ar. Alguém que era parte da tribo que os acolhera, e essa verdade os assolava como uma ferida aberta, latejando com o frio amargo da desconfiança.Sentados à beira do riacho, longe dos olhos atentos da tribo, Yara e Tupã se entreolhavam, o silêncio entre eles mais denso do que nunca. O rio corria com suavidade, refletindo a luz do sol que mal se filtrava pelas copas das árvores, mas aquela paisagem de calma era um contraste gritante com o turbilhão de pensamentos e emoções que se desenrolava dentro deles.— Juruá... — murmurou Yara, quase como se a palavra
A noite caía pesada sobre a floresta, como um véu escuro repleto de mistérios, envolvendo tudo em um profundo silêncio. Yara sentia, mais uma vez, o chamado distante da terra, um sussurro que parecia vir de todos os cantos e de lugar algum, ecoando nos ventos que cortavam as árvores antigas. Os sussurros dos espíritos não eram novos para ela, mas, naquela noite, havia algo diferente. Havia urgência, uma sensação de que o destino estava prestes a se revelar.Sentada à beira da fogueira que iluminava o pequeno acampamento que ela e Tupã haviam montado, Yara fechou os olhos, sentindo a vibração da terra sob seus pés descalços. Os espíritos da floresta estavam agitados, e Yara sabia que, para entender o caminho à frente, precisaria segui-los. Mais uma vez, ela sentia que o futuro de seu povo, das florestas sagradas e de seu próprio coração, estava ligado ao que os espíritos tinham a dizer.— Vais seguir os sinais de novo, não é? — perguntou Tupã, sua voz resoluta, mas carregada de um cetic