Inicio / Lobisomem / Amor e destino de um Alfa / Capítulo 2: Olhos de Predador
Capítulo 2: Olhos de Predador

Adrian era uma presença que não passava despercebida. Alto, imponente, com olhos de um verde cortante que pareciam atravessar pele, carne e mentira. Ele era o alfa da Alcateia Sombra Azul — um nome que carregava respeito, medo e reverência no submundo sobrenatural.

Sob sua liderança, os lobos prosperaram. Estratégico, impiedoso quando necessário, Adrian mantinha sua alcateia no topo com pulso firme, inteligência afiada e instintos que nunca o traíam.

A política no mundo sobrenatural era tão brutal quanto as batalhas físicas. Adrian sabia jogar esse jogo como ninguém. Naquela noite, ele estava ali por obrigação. Um evento humano, repleto de taças reluzentes, risadas fingidas e perfumes fortes demais.

Mas alianças precisavam ser feitas. A expansão territorial exigia diplomacia — mesmo com aqueles que não tinham a menor noção do que rastejava sob a superfície do véu dos mundos.

Adrian mantinha-se à margem do salão, apoiado casualmente contra uma coluna, como uma sombra elegante. Os olhos atentos varriam o ambiente, absorvendo cada movimento, cada intenção oculta.

O jogo político entre os sobrenaturais era cruel, mas o dos humanos… era quase entediante, observou seu Beta, Tor, se aproximar daquele homem odioso, Justin. Mas negócios eram negócios, e Adrian sabia que alianças estratégicas eram necessárias, ainda que não gostasse das peças envolvidas.

Ele permaneceu no seu lugar, observando tudo com olhos atentos e calculistas, sem demonstrar nenhuma emoção.  

Até que ele a viu.

Veio como uma brisa em sua pele. Uma vibração. Um aroma que cortou o ar carregado do salão. Seu corpo enrijeceu, os sentidos afiados como garras. Ele virou a cabeça de lado — uma mulher que se movia com uma delicadeza involuntária, quase distraída, mas com uma presença que dominava o ambiente sutilmente.

Linda.

Ela não o viu. Ainda. Mas ele a sentiu como se o próprio universo tivesse prendido a respiração.

Havia um vazio nos olhos dela. Um silêncio. Um peso que não era somente cansaço — era solidão. Mas havia também algo mais... uma centelha, um grito contido, uma força reprimida.

Quando o cheiro dela chegou a ele, algo despertou. O lobo dentro de Adrian ergueu-se, curioso e inquieto. O perfume dela era como o calor do verão, ou algo como sol em uma tarde refrescante — envolvente, provocante, e inesperadamente familiar.

Então, ele o viu. O humano. Justin.

Adrian sentiu o estômago revirar. O modo como aquele homem a tratava era quase ofensivo. Como se ela fosse um acessório de luxo, algo para mostrar e descartar depois.

Quando Justin a apresentou como “minha noiva”, o lobo em seu peito rosnou baixo, ameaçador.

Noiva? A expressão dela dizia o contrário — surpresa, desconforto, um insulto travestido de status.

E então, ela fugiu. Gentilmente, educadamente… mas fugiu.

Adrian não moveu um músculo. Seguiu-a com os olhos somente, silencioso como uma fera em observação. Ele viu quando ela parou junto à mesa, pegou uma taça de espumante e bebeu de uma vez só, como se o líquido pudesse dissolver a inquietação que tremia dentro dela.

A energia ao redor dela oscilava. Algo dentro dela se agitava, chamava. E ele sentia o chamado como se fosse dele também.

Recostado na sombra, Adrian permaneceu imóvel. Mas por dentro, algo rugia. Uma força antiga, indomável, que reconhecia nela um eco.

Não era uma humana qualquer. Isso, ele sabia. Sentia na pele, no sangue, nos ossos. Durante anos, Adrian lutou contra o destino, contra a ideia de que existia algo — ou alguém — que pudesse abalar sua convicção.

Mas ali estava ela. Inesperada. Misteriosa. Inquieta.

E naquele instante, ele teve certeza de algo perigoso.

O véu entre os mundos estava começando a estremecer.

E essa humana… era a rachadura por onde a mudança entraria.

 — Você sentiu isso também? — Adrian questionou em pensamento, ainda fixando os olhos nela.

— Como não sentir? — seu lobo respondeu, sua voz grave e selvagem ecoando em sua mente.

— Ela é… diferente. Como um uivo na noite errada. E ainda assim, é como se fosse... nossa?

Adrian cerrou os olhos por um segundo, desviando o olhar para evitar se perder completamente.

— Mas é humana, muito frágil. Isso é o que ela é. Não podemos nos permitir fraquezas, ainda mais com a profecia em decreto.

— Fraqueza? — Seu lobo rosnou. — Fraqueza é ignorar o chamado. Ela nos sentiu, tenho certeza.

Adrian inspirou fundo, o cheiro dela ainda impregnado em seus sentidos.

— Isso não faz sentido. Humanos não deveriam nos afetar assim.

— Então olhe novamente. Olhe bem. E me diga… você já sentiu algo assim antes?

O silêncio que veio depois foi ensurdecedor.

Porque, no fundo, Adrian sabia a resposta. E o lobo também sabia.

— Está começando. — murmurou seu lobo, mais calmo agora, quase reverente. — E não tem como parar, eu não quero.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP