Jéssica MorganFaço outro risco na parede... 14 ao total... Eram o número de dias que estava sem notícias dele, quando meu mundo desmoronou tornando-se escuro, vazio e incerto. Quando recebi aquela ligação me informando sobre o sequestro de Theodore, foi como se tudo começasse a passar lentamente ao meu redor e eu apenas existia nos momentos de interrogatórios, visitas tristes, entrevistas e perseguições de paparazzi querendo saber da namorada enlutada. Ahaha… Como se ele estivesse morto. Eu sabia que não, meu Theodore estava vivo! Quando vieram notícias tendenciosas e até matérias me culpando do sumiço dele, foi aí que desliguei tudo: celulares, televisores... E fiquei presa desde então, todo dia ia no canto da cama, exatamente no espaço vazio dele na cabeceira e fazia um risco, prometendo a mim mesma que só iria parar quando ele voltasse pra mim. Meu coração estava partido, devastado, sem esperança... Me limitava apenas a tomar banho, vestir algo e comer. Todo maldito d
5 dias depois... Não demorou muito até o Theo voltar pra casa, recebido pelos pais e amigos com muito carinho, embora não tenha sido exatamente recíproco... Ao menos não tanto quanto esperado! O homem estava mais distante, sorrindo amarelo, desviando o olhar e sempre que eu ou sua mãe íamos abraçá-lo, se afastava rapidamente, parecendo desconfortável. Conversamos com o médico sobre, enquanto o próprio dormia, que garantiu ser estresse pós-traumático e pediu que déssemos tempo a ele. Foi o que aconteceu: seus pais optaram por voltar para a fazenda, dando espaço, mas sempre me perguntavam sobre o filho. Ele mudava constantemente o comportamento, indo de muito distante, para carinhoso, quase como se estivesse esquecido como agir. Era estranho lidar com isso, mas eu o amava e entendia seu momento frágil. Mas no momento, a maior novidade estava sendo o homem enorme vestido de preto parado na porta, me encarando. Sim, Theodore havia contratado um segurança assustador que o seguia p
Os dias seguintes foram iguais, eu nem tentava mais me aproximar dele, estava lhe dando espaço. Talvez assim ele pudesse se sentir mais à vontade. Quando Theodore finalmente foi liberado para voltar para a empresa, ele estava tão feliz que cheguei a me iludir pensando que as coisas voltariam a ser como eram antes. Mas eu não podia estar mais enganada. Nos primeiros dias ele chegava extremamente tarde, depois da uma da manhã em diante, e agora simplesmente não vinha mais dormir em casa e quando vinha era apenas para pegar roupas limpas e logo voltava para a empresa. Não fazia ideia de onde ele ia e sinceramente, não importava mais... Sim, essa era a verdade. Doía muito, mas as coisas estavam quase no fim, eu podia sentir. Ali não era mais meu lar, então comecei a procurar um apartamento. No momento estava dando uma pausa em meus planos para visitar uma amiga e sua pequena recém nascida; talvez o cheirinho de bebê era o que eu precisava naquele momento. — Ela é tão… — faço um
Agora que eu estava voltando ao lar, parece que toda a ficha das últimas semanas finalmente havia caído. Quando coloquei os pés no ônibus, deixando tudo para trás, as lágrimas começaram a brotar.Sentia tanta dor, que parecia me sufocar de dentro pra fora.Todos os momentos que vivemos, as promessas que ele me fez...Nada fazia mais sentido, como se fosse outra realidade.Porque ele me humilhou dessa forma? Foi algum plano macabro por alguma coisa que fiz no passado? O pior foi abrir as mensagens e ver um aviso da Lary para eu não entrar em redes sociais.Mas eu ouvi? Claro que não.Estava estampado na grande mídia: ele feliz com outra.E os comentários então...Enxugo o rosto decidida a nunca mais me envolver com ninguém. Ser traída da primeira vez doeu de uma forma absurda, mas nem se comparava com o que eu sentia agora!Era dez vezes pior...Olhava pela janela a estrada passar de forma rápida.Sentindo me celular vibrar, sabia quem era, Melissa, minha irmã mais nova.Atendo o celu
Hoje acordei cedo antes das galinhas resolvendo adiantar alguns serviços na fazenda, embora não precisasse, já que Jeremy era eficiente assim como meu pai havia dito. O novo funcionário era prestativo, competente e diferente do que achava, muito legal; uma pessoa boa de se ter perto! Procurei manter meus dias tão ocupados com o trabalho, aproveitando a família e mantendo o máximo possível da mente ocupada, que passou-se dois meses num piscar de olhos. Não mantive muito contato com os amigos da cidade, optei por evitar ao máximo tudo que me ligasse a ele, mesmo que indiretamente e assim segui... As únicas que mantive perto foram as meninas e elas nunca mencionavam ele, como se o Theodore estivesse morrido naquele sequestro. Bom, era assim que eu procurava pensar... E ele parecia mesmo ter desaparecido para sempre da minha vida e de meus pensamentos... Minha mãe estava certa: nada que o tempo não curasse. Desço do cavalo após visitar a gado e o amarro na baia, lhe dando uma maçã
2 semanas depois... O tempo passou voando nessas semanas e o minhas cicatrizes já nem incomodavam mais. Ele faz a escolha dele e eu também seguia com as minhas. Vê-lo na TV, feliz e sorridente o amor da sua vida não machucava e tudo bem por mim... Iria em busca da felicidade, fazendo o que amo. Um dos motivos da crescente euforia chamava-se Jeremy. Nós estávamos mais próximos, sempre estavamos juntos no trabalho, íamos cavalgar, passear pela cidade ou simplesmente víamos o por do sol juntos, conversando sobre coisas simples. Ele era gentil, atencioso, maduro e transmitia serenidade que só senti uma vez há muito tempo. Então porquê não ficar cercada disso e me permitir apreciar os momentos bons? Era burrice não fazer, certo? Foi exatamente o que pensei quando decidi assar um bolo de milho e trazer pessoal até ele, no intuito de retribuir tudo que Jeremy vinha fazendo por mim! Fico a espera após bater duas vezes na porta. — Já vou! — ouço a voz dele, do outro lado. Fico
Estava uma manhã quente de primavera, acordo mais cedo que o normal e resolvo dar uma volta pela fazenda, não iria muito longe, só até os estábulos. Ao chegar me deparo com uma cena digna de novela mexicana, Jeremy estava colocando feno no cocho dos cavalos, o que já é seu habitual, porém… Não usava nada além do jeans surrado, botas e chapéu. Meus olhos escanearam seu corpo, sem pudor, e precisei umedecer os lábio, ele era um homem gostoso, não tinha outra palavra que o descrevesse. — Muito cansado? — questiono ao reparar no suor escorrendo por seu peitoral. — Oi Jéssica! Dormiu bem? — pergunta sorrindo. Retribuo o gesto, balançando a cabeça em afirmação, respondendo a sua pergunta. — Que bom! Não estou cansado, mas se quiser me ajudar não vou ficar bravo! Sem responder, amarro o cabelo e começo a ajudar pegando os fenos menores, colocando-os no lugar. — Dois terminam mais rápido que um! — Com certeza! Se bem que você seria uma distração! — diz simplista, me olhando de cima a
Não sei ao certo quanto tempo fiquei lendo, nem em que momento adormeci, mas quando tornei a abrir os olhos estava escuro no quarto. Olho ao redor confusa, vendo meu notebook aceso com uma ligação por vídeo. Levanto arrumando os cabelos e me arrasto até a banquinha de estudos, sentando na cadeira e atendo. — Oie!!! – Um rosto familiar aparece no vídeo, acenando. — Meninas vem, ela atendeu! Jackie e Maria aparecem também; a mais velha do grupo segurando sua pequena. — Oi! Nossa como ela cresceu! Parece que foi ontem que você tava grávida! — digo olhando para Antonella. — Sim o tempo voa! Ontem Dean surtou porque ela disse papa! Eu só não digo que é coisa da cabeça dele, porque ouvi também! — ela conta rindo. — Nós ligamos pra saber como você está, Jéssica! — Lary sorri através da tela. — Isso mesmo, estávamos pensando em você! — Maria completa. Eu sabia que o motivo da ligação era saber sobre mim após a notícia do casamento e não poderia me sentir mais grata. — Obrigada men