Quando cheguei em Nova Iorque, me senti como um peixe fora d'água, eu cresci numa fazendo e de repente… PAH! O lado bom é que fiz amigos rapidamente.
Eu tenho um grupo de seis amigos, somos diferentes em vários aspectos, mas nos damos bem! John e eu cursamos o jornalismo, mas eu estou dois semestres na frente dele, vez ou outra ele me liga pedindo ajuda. Dean está praticamente formado em artes cênicas, ele até já fez algumas peças, Broadway aguarde que ele já está chegando! Jimmy faz dança contemporânea junto com o Kalel – E sim ele tem o mesmo nome que o Superman, mas fazer o que se o pai dele é um DCnauta? O irmão dele se chama Bruce! – Nathan cursa história e Eric ciência da computação.
Nós normalmente saímos juntos no fim de semana, mas dessa vez nossas agendas não bateram, então cá estou eu, em pleno sábado, sentado em frente a TV da sala comendo um hambúrguer, completamente entediado. Foi então que recebi um convite para participar de uma partida online de FreeFire, com John e Dean.
"Aleluia Senhor!!!"
Pego meus fones que estavam em cima da mesa de centro, sento no sofá e conecto o jogo.
— E ai galera — digo, mas não obtenho resposta. — Estão me ouvindo? — pergunto — Oi. — ainda nada — Meninos! MENINOS!
— Theodore não grita cacete! — exclama John.
— Foi mal aí John, achei que o meu microfone tava com problema. — explico.
— Eu acho que o meu ouvido que que tá com problema, quase fiquei surdo. — comenta Dean.
— Já pedi desculpa, Dean. — digo fazendo bico, mesmo que eles não pudessem ver.
— Tá bom, vamos parar de falar e vamos iniciar o jogo. — John fala de maneira impaciente. — Apertem play. — ele "ordena" reviro os olhos, logo o jogo começa, fico aguardando a ordem pra saltar do avião — Vamos descer aqui. — diz, então aperto o botão de comando — Não, não, aí não Theo olha no teu mapa vai indo para esquerda Theo. — brada comigo, bufo.
— Ai cala a boca John, eu sei o que eu tô fazendo! — respondo, ele pensa que eu sou incompetente por acaso?
— Tô vendo que tu sabe o que tá fazendo. — diz sarcástico, reviro os olhos outra vez.
— Tá bom, parem de brigar vocês dois e vamos jogar direito. — Dean fala tentando acalmar a situação — Onde é que vocês estão? Não tô vendo vocês!
Eu também não estava vendo nenhum dos dois, mas ouvia passos vindo na minha direção, me agacho e quando chega perto o suficiente eu percebo que era o Dean.
— Eu já te vi, Dean, tô indo aí! E você, Theo cadê? — John fala.
— Também já vi vocês tô indo. — respondo, levanto já seguindo até onde eles estavam.
Sob o comando de John, nós seguimos até uma casa, que aparentava estar abandonada.
— Beleza Theo você entra aqui, vasculha o andar de cima vê se encontra alguma coisa que sirva. Dean você fica aqui embaixo e vasculha o resto. Eu vou ficar de guarda lá fora. — John nos orienta quando encontramos uma casa.
— Certo. — Dean e eu dissemos ao mesmo tempo.
Subo as escadas, de repente um som estranho ecoa pelos meus ouvidos, começo a procurar a origem dele.
— Theodore o que você tá fazendo? — Dean me pergunta.
— Tô procurando de onde vem esse barulho! — respondo.
— Que barulho?
— Tá ficando doido Theo? — John fala.
Só então percebo que era meu celular que estava tocando esse tempo todo.
— Era essa merda de celular que toca sempre na hora errada! — exclamo enraivecido, recusando a chamada.
— Atende a gente te espera! — Dean fala e John suspira pesado.
— Que nada, depois eu atendo. — mas antes que eu pudesse fechar a boca o celular toca novamente. — Ah cara! Que saco! Quem é? — olho pro visor e meus olhos arregalam "Mãe?" — Tô saindo galera preciso atender é a minha mãe, depois eu volto. — saio do jogo, pego o celular apreensivo e atendo.
— Mãe!? Aconteceu alguma coisa? — pergunto preocupado, ela não era de ficar ligando.
— Oi filho, não aconteceu nada não, só seu pai e eu precisamos que você volte para casa nessas férias. — diz calma.
— O QUÊ?! — eu não estava acreditando.
Por qual razão eu deveria voltar? Nos últimos três anos que estou na faculdade eles nunca me pediram pra voltar, porque essa agora?
— Isso não é um pedido Theodore Smith. Quando as aulas terminarem você vai voltar para casa ou vai ficar sem a sua mesada. Você que escolhe. Estamos entendidos? — me dá um ultimato, contenho minha reação.
— Sim, mãe. — respondo derrotado, se eu ficassem sem mesada iria parar debaixo da ponte na melhor das hipóteses.
— Bom filho, agora que você já está avisado eu tenho que desligar beijo te amo.
— Também te... — ouço o som da chamada encerrada. — Quê? Desligou na minha cara? Sério?
Fiquei indignado, se fosse eu a fazer isso, era capaz dela pegar um avião do Texas pra cá só pra dar uma surra, mas ela pode! Ah! Isso é muita injustiça!
"OK agora se concentra Theodore, respirar fundo em uma semana você tá voltando para fazenda para ajudar os seus pais, vai ser uma longa temporada de tédio infinito, mas lembre-se é tudo pela sua mesada." — Sou tirado de seus pensamentos pelo bip do jogo, coloco os fones.
— E aí bora continuar a jogo? — pergunta John.
— Foi mal não vai dar. — respondo.
— Ué por quê? — John torna a perguntar.
— Tô sem cabeça pra continuar agora! Acabei de saber pela minha mãe, que serei obrigado a voltar pra casa nas férias. — sorrio forçado.
— Que coisa! — Dean exclama com um ar chateado. — Mas aconteceu alguma coisa, pra ela tá querendo que você volte? — ele pergunta.
— Ela disse que não, mas vocês sabem como são as mães. Além do mais não tem o que posso fazer, mas quando eu voltar para Nova Iorque, vamos nos encontrar no cybercafé. Ai meu jogo! — lamento eu estava em primeiro no ranking. — Tomara que ninguém bata meu recorde enquanto eu estiver fora.
— É quase impossível isso acontecer Theo. — Dean fala com ar de rir. — Você zerou aquele jogo, mais vezes do que é humanamente possível!
— Agora são 8 horas eu vou comer alguma coisa e já ir arrumando tudo por que daqui uma semana… Ah eu vou chorar. — digo quase aos prantos, eu amava meu antigo lar, mas amava muito mais a comodidade da cidade grande.
— Não seja dramático! — John resmunga.
— Não é drama John, eu vou ter que viajar mais de 1800 MILHAS! — me exalto. — Oh viagem sem fim que vai ser isso!
— Xiiii! Boa sorte e até a volta. Tchau. — Dean fala.
— Eu também te desejo sorte bro. — John diz.
— Vou precisar mesmo galera! Boa noite pra vocês. — digo e desligo a chamada.
"O que eu fiz pra merecer isso?" — passo as mãos pelo rosto, torcendo para que algo acontecesse e fizesse minha mãe mudar de ideia e me deixar por aqui mesmo!
A semana passou rápido demais, e quando me dei conta o dia da minha viagem havia chegado, eu iria para a fazenda onde cresci. O barulho de despertador me tira do meu precioso sono. Coloco no modo soneca, mas nem tenho tempo de pegar no sono e ele toca outra vez. — Tá bom, tá bom, já acordei. — falo desanimado. — Que horas são agora? Duas da manhã mais já? — me lamento, rolando um pouco na cama, mas logo levanto, tinha horário para chegar no aeroporto. Procurava sair cedo, afinal seriam mais de quatro horas de vôo até Arkansas e depois mais de três horas de carro até Jefferson. Suspiro, hoje começa o meu tormento, o que devia ser uma alegria por estar de férias vai ser um pesadelo na fazenda, mas não tinha jeito, é isso ou ficar sem mesada sabe-se lá Deus por quanto tempo. Tomo um banho rápido só pra ficar mais desperto, pego a mala e sigo em direção ao aeroporto, levava comigo um sanduíche e uma garrafa d'água na mala de mão. Depois de um tempo quase interminável estava acomodad
Respiro fundo, e ao abrir a porta meus olhos se arregalaram, a moça que estava diante mim era completamente diferente daquela que me lembrava. Ela havia mudado, os cabelos estavam mais longos e as curvas se seu corpo mais definidas…— Theo, THEO! — ela me chama com um tom de voz mais alto. — Terra chamando Theodore. — ela dá uma leve risadinha.— Desculpa, eu me distraí por um instante. Entra, fica à vontade. — dou espaço pra ela passar.Ela entra se acomoda no sofá, nessa hora reparo que ela carregava uma mala. Franzo o cenho intrigado com esse fato, me sento ao lado dela.— É… Obrigado por vir… Mas eu não quero atrapalhar sua viagem!— Como? Está falando de quê? — me responde e aponto para a mala ao lado do sofá. — Eu trouxe umas coisinhas! — sorri. — Afinal vou ficar aqui por um tempo pra te ajudar com as tarefas da fazenda. — conta.— É sério? — estava incrédulo em saber disso. — Por essa eu não esperava. — digo ainda surpreso com sua fala.— É claro! Mas porquê você não esperava
Acordo com o barulho de fritura vindo da cozinha, em seguida minhas narinas são invadidas pelo delicioso cheiro de ovos fritos com bacon, inalo novamente o aroma, levanto-me da cama e seguindo aquele odor.Quando chego na cozinha vejo Jéssica em frente ao fogão passando os ovos para um prato, completamente distraída.— Bom dia. — falo com animação assustando-a — Desculpa, não queria te assustar. — passo por ela, mas antes que pudesse pegar uma fatia de pão ela dá um tapa na minha mão.— Vá escovar os dentes primeiro. — ordena.— Ta bom sua chata. — ela parecia minha mãe, dirijo-me ao banheiro, lavo o rosto e escovo os dentes. Ao voltar para cozinha a mesa já estava posta e Jéssica estava terminando de colocar o café em uma xícara, e como não sou bobo pego a xícara recém servida. — Obrigado. — digo sentando na cadeira que ficava na ponta da mesa.— Não era pra você! — reclama. — Mas pode tomar eu me sirvo de novo. — diz já servindo outra xícara.Tomamos o café em silêncio, não tínhamos
— Bom vamos jantar o cheiro aqui tá bom viu. — digo ao vê-la se aproximar.— Se chama banho. — ela me responde com um leve sorriso nos lábios.— Não tava falando do seu cheiro, tava falando do jantar, você não era assim não viu, foi só sair daqui e voltou pervertida é?— Não sou pervertida. — retruca.— Achou que eu tava falando do seu cheiro e não quer que eu pense que seja pervertida? — reviro os olhos. — Só o que me faltava, ter que dividir o teto com uma garota com a mente suja desse jeito. Daqui a pouco vai ser preciso trancar a porta do quarto.— Porquê? — me olha confusa.— Sei lá vai que você resolve me ataca no meio da noite. — digo de brincadeira e ela passa esbarrando em mim propósito. — Calma era brincadeira eu sei que você não é dessas coisas, caramba não sabe nem brincar pelo amor de Deus!Nos sentamos à mesa e como na noite anterior jantamos em silêncio.— Nossa, comi demais minha barriga tá até doendo! — falo à ela, que começava a retirar a louça suja da mesa. — Não!
Esses dias com ela estavam mesmo me mudando, e mudando para melhor! Eu me sentia mais responsável, não que antes eu não fosse, mas é diferente as coisas aqui são bem mais regradas, se alguma coisa ficar para o dia seguinte, provavelmente vai atrapalhar todo o cronograma daquele dia. Atrasado assim muitos afazeres, o que geraria uma bagunça danada, pois haviam coisas com data e horários específicos, como entregas e regimentos.Naquela manhã Jéssica e eu esperamos pelo entregador de sementes, que pro nosso azar atrasou, ela queria organizar tudo pela manhã e para que à tarde nós pudéssemos iniciar a semeadura. Era impressionante o jeito que ela fazia tudo dar certo, nem que fosse no improviso. — Por que está me olhando assim? — ela me questiona quando havíamos terminado de guardar os sacos de sementes. Nem havia percebido que a estava encarando, sem saber o que dizer apenas balanço a cabeça em negação.— Nada, não! Estava só pensando! — sorri envergonhado.— Pensando em quê exatament
— Vamos? Ainda não começou a chuva. — abro a porta e estendo a mão dando passagem a ela, e então me viro para fechar a porta. — Totó fica aqui dentro você vai ser responsável pela casa hoje. — tranco tudo e me dirijo até o carro. Jéssica dá a partida e ruma até a sua casa.— Até que você dirige bem, fiquei impressionado. — digo sincero.— E tem motivo? — questiona.— É claro que tem motivo, mulher no volante perigo constante. — ela fecha a cara. — Desculpa… Não precisa olhar assim também queria só tirar uma com a sua cara.— Mais uma gracinha vou te fazer dormir na casinha do cachorro. — Ah tá sei, sua mãe não ia deixar e você sabe. — a Sra Morgan sempre me mimou desde criança. Ela fica muda o restante do caminho e eu como fico sem saber o que dizer decido ficar calado.— Sua casa não mudou praticamente nada. — digo quando ela estaciona e vejo a Sra Morgan sair na porta. — Olá senhora Morgan. — a cumprimento quando desço do carro.— Oi Theodore quanto tempo. Você tá tão bonito. — e
Quando o dia amanhece eu ainda com sono me reviro na cama que está muito espaçosa. Então viro para o lado e percebo que estou sozinho. "Cadê ela? tenho certeza que ela tava aqui quando eu fechei os olhos. Talvez ela esteja arrumando o café como de costume vou trocar de roupa e descubro."Saio do quarto, mas só encontro a mais nova da família Morgan que terminava de tomar sua xícara de café.— Bom dia Theo. — ela diz assim que me vê.— Bom dia baixinha, cadê sua irmã? — questiono.— Ela saiu pra trabalhar, e faz tempo. — conta.— Que horas são agora? — penso alto e arregalo os olhos quando me dou conta do horário. — Nove e meia? Eu já devia estar em casa. Que merda por que ela não me acordou?— Não sei. — diz a mais nova dando de ombros.— Bom, não tenho tempo pra perguntar. — dou um beijo na testa da menina e vou na direção da porta. — Até mais baixinha.— Não vai nem comer alguma coisa? — diz e me faz lembrar da Jéssica.— Vou comendo essa maçã. — pego a fruta no cesto e sigo meu ca
Chegamos até a porta rindo, John toca a campainha, Nathan nos recepciona.— E aí galera. — sua voz é animada. — Vamos entrando, o jantar tá quase pronto.— Nate quanto tempo mano! Como foi a viagem? — abraço o mais velho.— Foi boa, aprendi muita coisa e a sua temporada na Fazenda? — pergunta.— Foi menos torturante do que pensei que seria. — apesar do desânimo, respondo animado.— Tudo por causa da Jéssica. — Jimmy contou esquecendo que esse era um assunto, pelo menos por agora, delicado.— Cala boca Jimmy. &m