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Chegada na Fazenda

A semana passou rápido demais, e quando me dei conta o dia da minha viagem havia chegado, eu iria para a fazenda onde cresci.

O barulho de despertador me tira do meu precioso sono. Coloco no modo soneca, mas nem tenho tempo de pegar no sono e ele toca outra vez.

— Tá bom, tá bom, já acordei. — falo desanimado. — Que horas são agora? Duas da manhã mais já? — me lamento, rolando um pouco na cama, mas logo levanto, tinha horário para chegar no aeroporto. Procurava sair cedo, afinal seriam mais de quatro horas de vôo até Arkansas e depois mais de três horas de carro até Jefferson. 

Suspiro, hoje começa o meu tormento, o que devia ser uma alegria por estar de férias vai ser um pesadelo na fazenda, mas não tinha jeito, é isso ou ficar sem mesada sabe-se lá Deus por quanto tempo.

Tomo um banho rápido só pra ficar mais desperto, pego a mala e sigo em direção ao aeroporto, levava comigo um sanduíche e uma garrafa d'água na mala de mão.

Depois de um tempo quase interminável estava acomodado em meu lugar só esperando partir em direção ao Arkansas, finalmente o piloto nos avisa sobre a decolagem.

"Beleza estamos saindo, vou ler um pouquinho pra passar o tempo" — decido e começo a procurar um dos meus gibis favoritos.

— Onde é  que eu coloquei? Não, não, não, diz que eu… — encontro-o quando estava quase entrando em desespero. — Ah! Tá aqui! — exclamo aliviado — Não queria nem pensar se tivesse esquecido você em casa. — abraço as páginas como se elas fossem uma pessoa da qual sentia muita falta. — Eu ia morrer de tédio aqui dentro.

Depois de todas aquelas horas de viagem, chego na minha cidade natal, porém ainda teria que andar quase uma hora até chegar em casa, o sol era escaldante, de vez em quando eu parava pra descansar. Quando estava prestes a passar do portão ele ouço os latidos do Totó.

— Oi totó. — sorrio pro animal, mas logo lembra-me de algo.

"Espera se o totó está aqui onde estão os meus pais?" — penso seguindo apressado para dentro da casa.

— Mãe! Pai! — chamo enquanto adentra a casa procurando por eles sem encontrá-los. — Talvez eles estejam na plantação daqui a pouco eles aparecem! — digo a mim mesmo tentando me acalmar e não pensar besteira.

Sigo até a cozinha para beber água, então encontro um papel em cima da mesa, pego-o e começo a ler.

Querido filho

Espero que tenha feito uma boa viagem, quando estiver lendo esse bilhete seu pai e eu estaremos em um avião. Nós resolvemos tirar umas férias e você vai ficar encarregado da plantação, na porta da geladeira tem as tarefas que você deve cumprir, se seguir tudo à risca não terá problemas voltaremos no mês que vem.

Beijos te amamos.

PS.: Se precisar de alguma coisa pode procurar a senhora Morgan, eu combinei com ela que a Jéssica viria te ajudar se fosse preciso o número deles também tá na geladeira.

— Não, não isso só pode ser um pesadelo, e eu achando q não dava pra piorar. — resolvo ir até a geladeira para ver a lista que minha mãe havia deixado ali. — Isso não é uma lista, isso é uma bíblia de tão grande! — me espanto ao olha o papel. — Caramba! Tem uns cinquenta itens, não vai dá pra fazer isso num mês ou será que dá? Mas sozinho eu sei que não vou conseguir! — eu estava morrendo de medo de ligar para Jéssica, me lembrava bem que ela era um pouquinho rancorosa.

Um pequeno calafrio me percorreu a espinha ao lembrar de como ela havia me olhado,  uma última vez que nos vimos, anos atrás. Aquele olhar quase de ódio, quando eu, por acidente, esbarrei na estante em que estava o sistema solar que a mesma havia levado meses para montar — que com o qual havia ganho o primeiro lugar na feira de ciências da escola — fazendo com que ele caísse no chão e se quebrasse em vários pedaços.

— Mas fazem oito anos desse incidente, então tem uma boa chance dela ter me perdoado né? Bom, eu não tenho outra opção mesmo. — suspiro pegando o telefone para ligar para a casa dos Morgan.

Fico algumas horas revendo a lista, ainda meio indeciso, e quando estava anoitecendo pego o papel não estava muito confiante do que fazia, mas acabo discando o número e segundos depois a chamada é atendida, por uma voz feminina.

— Senhora Morgan? — pergunto para confirmar.

A voz era um pouco jovem, para uma mulher de seus quase cinquenta anos, mas é como dizem as aparências enganam.

— Não, mas eu vou chamar. — ouço um "MANHÊ!" abafado do outro lado da linha — Ela já vem.

Espero alguns segundos, minha perna balançava demonstrando minha ansiedade.

— Alô? — diz a senhora.

— Olá! Senhora Morgan, aqui é Theodore! — me apresento talvez ela não reconhecesse minha voz.

— Olá Theodore, você precisa de alguma coisa? — pergunta solícita.

— Sim! — confirmei. — Eu não sei como começar as tarefas da lista que a minha mãe me deixou. — confesso.

— Certo, ela me disse que você poderia precisar de ajuda. Só um minuto. — fico aguardando na linha e ouço a mais velha conversando com alguém. ‘Jéssica suas coisas estão prontas?’ Não pude ouvir a resposta, mas em seguida a Sra. Morgan volta a falar comigo — Theodore ainda está na linha?

— Sim senhora. — respondo.

— A Jéssica vai chegar ai em 10 minutos está bem? — ela me pergunta.

"Bem não está, Sra Morgan, mas fazer o que?" — penso antes de lhe responder.

— Claro. Obrigado Sra Morgan. — agradeço.

— Por nada querido! Qualquer coisa ligue novamente! — agradeço novamente, me despeço e encerro a chamada.

Quando desligo o telefone fico sem saber o que fazer, dou uma olhada no relógio, estava perto da hora do jantar, então resolvo olhar dentro da geladeira para ver o que poderia fazer. Eu tinha trago alguns salgadinhos e biscoitos na mochila, mas comi tudo devido a ansiedade de ligar ou não para os Morgan. Porém antes que pudesse colocar qualquer coisa no fogo, o som de uma batida na porta me chama atenção.

— Quem é? — grito e na mesma hora dou um leve tapa em minha própria testa.

"Só pode ser a Jéssica! Né seu tonto!" — me repreendo.

— É a Jéssica. — ela responde confirmando o que eu já deveria saber.

— Já vai! — caminho até a porta mais devagar do que seria o meu normal.

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