Os dias seguintes ao falecimento do meu sogro foram difíceis, Jeremy não tocava no assunto, mas eu sabia que ele se sentia culpado, mesmo não sendo, seu pai já vinha sofrendo de arritmia havia um tempo e deveria estar se tratando com um cardiologista, entretanto não estava… Joseph disse que não tentou fazer a ressuscitação pois havia sido um pedido do senhor Reed, que o deixassem partir quando fosse a sua hora. Eu me mantive calada, não me sentia no direito de dizer nada, por mais que Jeremy fosse discordar, aquela não era a minha família, tudo o que eu poderia fazer era dar todo o apoio que ele precisava. Decidimos esperar um ano até iniciarmos os preparativos do casamento e seis meses depois… Aqui estava eu, diante do espelho olhando meu vestido branco de tule rendado com o véu acima dos meus cabelos soltos; bordado especialmente pela minha sogra que em seus momentos de lucidez, lembrava do casamento do filho. Ela não conseguiu bordar tudo, mas somente o véu foi suficiente pra m
Elas ficam ali comigo mais um pouco e depois de mais um abraço coletivo elas se despedem e seguem para os seus lugares. — Filha? Posso entrar? — a voz do meu pai ressoa. — Pode sim, pai! — Digo sem tirar os olhos do reflexo. Ele entra devagar. — Você está belíssima! — ele diz e percebo sua voz um pouco embargada. — Ah papai, sério? — Digo sorrindo, ignorando minhas próprias emoções. — O senhor está garboso! Deixe-me vê-lo de terno! Ele se aproxima de mim, e vejo ele se segurando para não chorar. — Perfeito... — Acaricio o rosto do mais velho carinhosamente. — Não me deixe cair, bonitão... — Jamais minha querida! — ele dá um beijo na minha testa. — Estou pronta. — engato meu braço no dele sorrindo. — Vamos lá me casar, pai. — Quando foi que você cresceu? — ele toca no meu rosto. — Parece que foi ontem que você era um bebezinho saindo da maternidade... Com dois quilos e novecentos gramas, medindo 46 centímetros... — As vezes me pergunto isso também, pai... — encosto a cabeça
Theodore Smith Enquanto estava de pé no dossel florido, impedindo a mulher que amo de casar com outro, me perguntava como minha vida chegou nessa situação de merda; deplorável e morta. Sim, eu era um fantasma agora, um morto vivo. Preso, mas livre, escondido enquanto outro tomava minha vida, bens e tudo que me era querido.... Bom, não tudo, pois a parte principal ele deixou ir embora e agora eu a via usar branco, véu e grinalda; seus olhos me encarando, confusos, cheios de raiva, rancor, tristeza e principalmente dor. Podia ver cada traço presente no rosto perfeito dela... E a resposta para a primeira pergunta? Bem, começou a meses atrás, mais especificamente com o sequestro fajuto, prelúdio de um plano maior que qualquer coisa; e essa era só a pontinha do iceberg! E a história é longa...Mais de dois anos antes... A porta é aberta e uma figura alta, ombros largos e cabelos curtos passa por ela; usava roupas simples como qualquer homem normal, mas algo chama minha atenção
Depois que saí da casa dela, andei em direção a fazenda dos meus pais, no tempo que estive fora não deixei de me preocupar com eles um só segundo. Não temia a reação não exatamente... Me preocupava em fazê-los ter um ataque do coração, fora isso eu sabia que seria bem recebido, mesmo depois do que o Claud fez com eles... Bato na porta após hesitar alguns segundos e respiro, fundo buscando coragem para recuperar tudo que foi arrancado de mim e não demora até a porta abrir com minha mãe parada na soleira já vestida para dormir. Mesmo com todos os maltratos que passou, o olhar dela brilha, sobressaindo toda tristeza e mágoa. — Theodore!? — ela leva à mão até a boca, surpresa. — Querido!? E… E... — Querida, quem é que...— meu pai aparece atrás dela e me encara. — Theodore Smith, em que podemos ajudar!? Ouvir meu nome ser dito daquela forma por meu pai, como se eu fosse um estranho, ou alguém que não fosse bem vindo, doeu mais do que eu teria imaginado. — Desculpa... Eu... Não sab
O resto da noite foi longa e mesmo com todo tempo perdido, conseguimos matar a saudades; minha mãe não me largava nem eu queria que ela fizesse! Pedi para me atualizar de tudo que rolou nesses quase três anos longe e pouca coisa mudou de fato, afinal o tempo passava rápido e assim como eu, eles nem ficaram alheios a maioria das coisas. Soube que Luck agora estava com a Jessica na fazenda e ela cuidava dele pois Claud se desfez do meu amiguinho como quem joga lixo fora. Mais um ódio pra lista interminável e outro motivo para me vingar daquele miserável! No dia seguinte acordei cedo, antes do sol e decidi caminhar, pensar, espairecer e colocar as ideias no lugar. Me ajudou bastante, pois agora sabia de onde começar: precisava ficar cara a cara com o Theo falso sem ninguém perto. Ele achava que eu estava morto e tenho certeza que os presentes que mandei como fio de cabelos meus, pedaços da roupa que usava no dia do sequestro e uma folha com minha assinatura tinha assustado ele!
A semana passou depressa, estava nervoso, havia estudado todas as músicas que estavam no setlist do show daquele final de semana. — Você vai conseguir meu filho! — meu pai me diz, tocando em meu braço. — Eu não cheguei até aqui em vão, não é? — Você merece o mundo meu menino… — minha mãe fala, sua voz embargada. — Sem chorar, mamãe… Eu vou voltar pra casa! Sempre volto, não é? — Sim… Mas eu queria você mais um pouco com a gente… Matar a saudade… — ela argumenta. — Nós criamos nosso filho pro mundo, querida! Deixe ele ir! No palco é o lugar dele! — meu pai diz e estende os braços pra ela. Vejo minha mãe abraçar o mais velho e sorrio. Não demora até a campainha tocar chamando nossa atenção Franzo o cenho e vou atender, me surpreendendo com quem estava à minha frente. — Hum?! Jessica? Minha ex namorada usava uma calça jeans, camisa de manga e um boné cobrindo o rosto. Ela sorri fechado arrumando a bolsa nas costas. — Vou com você...— dá de ombros. — Também faço parte dessa vi
Continuamos conversando durante a viagem, percebo que ela estava nervosa então a aconselho a tentar descansar um pouco. sim pouco para que eu a convencesse de que a chamaria se precisasse de alguma coisa. Não tarda para ela adormecer agarrada com o meu moletom que pegou no banco de trás. Após algumas horas, finalmente estacionei em uma pousada mais discreta e singela vendo que serviria perfeitamente para entrarmos sem chamar atenção. Penso em acordar minha companheira de estrada, mas decido deixá-la dormir, coloco um chapéu e moletom por baixo, seguindo para a recepção a fim de fazer a reserva de um quarto com duas camas de solteiro. Essa era a parte complicada, embora que no fundo eu estivesse adorando! Devido a alta temporada só tinha um quarto, vago com cama de casal disponível então era pegar ou largar! E eu peguei, óbvio! Volto ao fusca vendo que ela sequer se mexeu e sorrio decidindo como contar! — Jessica... Acorda… — digo ao abrir a porta. Ela abre os olhos lentamen
Minutos depois Jessica passa pela porta arrastando um carrinho de comida e eu rio me perguntando como ela conseguiu aquela proeza. — Disse que não queríamos ser incomodados então tcharam! Trouxe eu mesma! — Ahhh! Entendi... — rio soprado, levantando da cama. — Agora vamos atacar! — ela senta na cama abrindo as bandejas. — Passar horas comendo salgadinhos é desgastante, quero comida de verdade! — Nem me fale... — rio. Havia passado muitos dias comendo salgadinhos enquanto era "fugitivo". Ela abre as outras bandejas revelando alguns pratos tradicionais variados enquanto me serve. — Come, amor... — ela soa distraída. Sorrio ouvindo ela me chamar de amor. Sem conseguir me conter, seguro seu rosto entre as mãos e lhe dou um selinho demorado. Ela retribui ao meu selinho sentando em meu colo e sorri. — Sorte sua estar cansada e com fome... — Sorte a minha? Eu já diria que é azar... Mas cada um cada um... — dou mais um selinho nela. Ela se ajeita em meu colo com as pernas abraça