Era em torno de umas dez da noite quando eu me preparava pra deixar a Bia e o Thi em casa quando a velha e amassada Kombi do Zec encostou no portão.
– Zec? O que faz aqui a essa hora?
– Eu fui na sua casa e os porteiros me disseram que você não estava, fui na Bianca e a dona Lurdes me disse que ela tinha saído e vindo pra cá, e que o Thiago estava aqui também, precisamos conversar sério.
– O que houve Zec? –A Amanda perguntou quando ele já estava sentando-se no sofá.
– Acho que não tem problema algum falar na frente de vocês por que se aconteceu mesmo alguma coisa, com certeza vocês também já estão sabendo – disse ele referindo-se obviamente ao Thi e as duas meninas – encontrei-me com a Isabelle hoje de tarde quando eu voltava do trabalho, Leonardo.
– Isabelle?! Onde você a encontrou? Onde ela está? Ela está bem?
– Calma, uma pergunta de cada vez, achei que você a odiasse, por q
Fiquei parado na frente do tambor de água, olhando o corredor vazio, a Bia chegou logo depois de mim, colocando-se ao meu lado: – Ela não está aí, né? Não respondi nada, apenas pulei o tambor, enfiando-me no espaço exíguo, entre a parede e o muro, tinha uma tábua de madeira laminada encostada no muro, geralmente, ela apoiava as costas na parede da casa e os pés no muro em frente, como o espaço era minúsculo, ela ficava com as pernas encolhidas, era onde ela escondia o rosto entre os joelhos e desejava que o mudo acabasse, como dizia a Amanda, a esquerda ficava o resto do corredor com o tambor na saída e a direita a tabua onde ela apoiava-se e riscava seu nome várias vezes, algo ali me surpreendeu, pois entre tantos nomes dela ali, havia o meu também, ela havia escrito meu nome várias vezes também, e algumas até junto ao seu, assim como casais de namorados fazem em arvores ou muros: Leonardo e Isabelle. Te Amo Leozinho, Leozinho meu amor, e coisa
Dei alguns minutos de silêncio, eu precisava do carinho dela, ela precisava de alguém que a compreendesse, eu precisava pensar em algo, não podia permitir que minha irmã fosse embora.– Eu cuido de você.– Você tem sua vida, não pode dar atenção aos meus lamentos o tempo todo. – ela respondeu na mesma posição, sem se mover.– Então faz uma coisa pra mim.– O que?– Volte pra casa da tia Luciana apenas...– Eu já disse que pra lá eu não volto.– Vem cá – sentei junto com ela no mesmo local onde ela estava sozinha – eu e a Bia vamos nos casar em poucos dias, está quase tudo pronto, nossa casa já está com todos os móveis, faltam apenas pequenos detalhes, depois do casamento vou
Fiquei com minha família mais três dias, eu estava louco de vontade de conhecer meu pai, falei com meu irmão ao telefone e ele chorou tanto quanto eu, principalmente ao descobrir que aquela suspeita de traição não passava de suspeita, eu era o motivo da separação de nossos pais e exatamente por isso queria voltar logo pra Valparaíso pra conhecer meu pai. Eu não apoiava de modo algum a decisão dele, em ter saído de casa deixando minha mãe sozinha com meus irmãos todos pequenos, simplesmente por que brigavam demais, durante o período em que acreditavam que minha mãe tinha traído meu pai, acreditavam que ele tinha saído de casa por desgosto e formado uma outra família e por causa disso todos sentiam-se enciumados. Como a Isabelle disse em sua carta, era preciso fazer alguma coisa, será que eu sendo o motivo de tanta discórdia também não seria a solução? Eu estava sozinho, sentado na varanda da frente, era em torno de onze e meia da noite, todos já
Acho que cheguei na vida deles na hora certa, estavam tristes e abatidos pela perda da mãe, a Anabelle e o Eduardo tinham um certo ciúmes pois se meu pai não tivesse saído de casa eles nem sequer existiriam mas eu não olhei por esse lado, eu e o Fernando nos demos muito bem, mesmo com seu jeito reservado, nunca vi um garoto de quinze anos que tocasse violão tão bem como ele, tinha uma habilidade incrível com o instrumento. Meu pai chegou cerca de meia hora depois que estávamos lá, é claro que já tínhamos contado tudo para meu novo irmão, ele achou interessante a ideia de saber que tinha mais um irmão, mas percebi que não se empolgou tanto quanto meus irmãos filhos de minha mãe, acho que na verdade ele já estava acostumado com a distância que meu pai impôs entre as duas famílias. Meu pai entrou pela portão, trancou novamente, e ao pisar na sala e deparar-se com a cena, assustou-se ao ver sua sala tão cheia de gente, ficou parado na porta com as duas sacolas na mã
Acredito que esse momento mágico de ver o amor de minha vida entrando corredor adentro, com a famosa marcha nupcial tocando enquanto ela caminha pelo tapete vermelho a passos lentos com todos nossos amigos testemunhando adoravelmente linda em seu vestido branco sendo-me entregue por um Nélson orgulhoso do privilégio, nunca sairá de minha cabeça.Assim que o Nelson chegou até mim com ela, beijou e abraçou sua filha, em seguida fez algo diferente do tradicional. Tomou minha mão assim como fizera no dia em que fui pedir a Bianca em namoro e falou alto pra que os convidados próximos pudessem ouvir:– Leonardo, é com muito orgulho que entrego a você minha filha Bianca para ser sua esposa, assim como te dei permissão pra namorá-la naquele dia e você me provou ser um homem de valor, hoje, eu e minha esposa temos muito orgulho de recebê-lo como noss
Cerca de um mês depois do meu casamento, conforme o combinado, voltamos pra Valparaíso, ficamos em meu apartamento, enquanto eu decorava e arrumava ele fiquei hospedado no Zec, não era bem o que eu gostaria que fosse, embora eu e o Zec fossemos “irmãos”, ainda assim eu preferia meu cantinho mesmo, por isso minha surpresa com a música deles em meu casamento foi ainda maior, pois eu estava hospedado na casa dele e como eles planejaram, ensaiaram e executaram tudo às minhas costas sem que eu soubesse de nada e de fato eu nunca soube, pois o Zec estava o tempo todo comigo, e lógico que nunca me deram detalhes, por mais que eu perguntasse, mas como a Bia observou, se eu prestasse bem atenção, eles tinham sido espertos, o tempo todo tinha alguém comigo, quase sempre o Zec, mas em outros momentos o Maurício, ou o Felix, ou o Thi, mas sempre tinha um deles ao meu lado, e quando não havia nenhum dos quatro, eu estava ocupado com a Bia ou com a reforma no Apartamento. Che
Mudamo-nos para a casa nova numa tarde de domingo e é claro que fiz questão de trazer os meninos do quarteto para ajudarem por pura diversão, à noite após o culto a Isabelle veio pra casa conforme prometi a ela, a última bagagem que faltava trazer era uma bolsa de mão com poucas coisas dentro, devidamente instalada em seu quarto, sentamos à mesa para nossa primeira refeição em família onde reafirmamos nossos compromissos: – Vamos fazer uns arranjos naquele nosso acordo, certo? – Tudo bem, já sabe como será agora? – Sim, amanhã eu entro em contato com a imobiliária, metade do dinheiro eles vão continuar depositando na sua conta e metade agora passa a ser depositado na minha. – Tudo bem. – Esse ano você inicia seu curso de medicina e vai começar a trabalhar também. – Mudei de ideia em relação ao curso. – Qual é? – Medicina Veterinária. <
Quando ela falou “polícia” minhas pernas amoleceram, meu coração quase saiu pela boca, todo mundo na sala se levantou assustado, a Lurdes saiu chorando pra varanda, amparada pela Jéssica, esposa do Zec, que fez questão de estarem presentes e nos ajudarem na procura pela Bia, quando a Luciana disse “polícia” eu já esperei logo pelo pior, caminhei lentamente até o telefone acompanhado pelos olhares de todos. – Alô? – Alô, senhor Leonardo Martins Brasil? – Isso mesmo. – Gostaríamos que o senhor comparecesse aqui no Décimo Terceiro Distrito policial, encontramos seu automóvel. – Meu automóvel? Meu carro? – Sim senhor. – Eu não quero saber do meu carro, quero saber da minha esposa. – Por gentileza senhor, queira comparecer na delegacia o mais depressa possível. – Eu não quero saber de carro nenhum, quero saber é da minha esposa drog