O silêncio que se seguiu foi quase tão cortante quanto as lâminas escondidas sob os paletós dos homens ao redor. Leonardo e Lorenzo se encaravam como se o tempo tivesse congelado, como se cada segundo que passaram longe um do outro tivesse sido substituído por desconfiança e mágoa.Eu não sabia o que esperar. Por tudo o que ouvi, Lorenzo deveria estar morto. E, no entanto, ali estava ele — um fantasma de carne e osso, um mistério que precisava ser desvendado.— Você não tem ideia do inferno que eu passei — Lorenzo disse, quebrando o silêncio. Sua voz era grave, marcada por algo que parecia cansaço, mas também raiva contida.Leonardo não respondeu de imediato. Apenas cruzou os braços, estudando o irmão como um predador que avalia se a presa vale o esforço da caçada.— Eu achei que você estava morto.— Não foi por falta de tentativa — Lorenzo riu de maneira amarga. — Mas eu sobrevivi. Como sempre.Meu coração batia acelerado.Eu não fazia ideia da história entre aqueles dois, mas algo m
O clima na mansão mudou desde a chegada de Lorenzo. Era como se uma tempestade silenciosa estivesse pairando sobre todos, aguardando o momento certo para desabar.Leonardo mantinha a expressão impassível, mas eu sabia que ele estava em alerta. Ele não confiava em Lorenzo — e, sinceramente, eu também não. Algo no jeito dele, na forma como sorria sempre que falava algo importante, me fazia sentir que havia mais segredos do que ele deixava transparecer.Os dias passaram, e eu percebi que a presença de Lorenzo dividia a casa. Alguns homens pareciam aliviados em vê-lo de volta, outros ficavam inquietos sempre que ele estava por perto.Mas a coisa piorou de verdade naquela noite.★Acordei com um barulho estranho vindo do corredor.Olhei ao redor, tentando entender se havia sonhado, mas então ouvi de novo — passos apressados, sussurros, um clique metálico que me fez gelar.Meu coração disparou.Levantei-me da cama e me aproximei da porta, abrindo-a com cuidado. O corredor estava escuro, ape
O silêncio antes da tempestade sempre foi o mais aterrorizante.A mansão, que antes fervilhava com a preparação para o ataque contra Massimo, agora estava mergulhada em uma quietude inquietante. Eu sentia no ar a tensão, o peso das decisões que estavam prestes a ser colocadas em prática. Cada homem que passava por mim carregava uma expressão severa, um destino selado por balas e vingança.Leonardo estava no centro de tudo, imponente como sempre. Seu olhar frio varria o ambiente como se estivesse calculando cada detalhe da operação. Ao seu lado, Lorenzo terminava de ajustar um colete à prova de balas, seu sorriso habitual substituído por um foco calculista.— Está tudo pronto — Lorenzo disse, lançando um olhar a Leonardo.— Ótimo. Saímos em dez minutos.Dez minutos. Dez minutos antes de tudo começar. Antes que o sangue fosse derramado.Minha garganta estava seca. Eu queria falar com Leonardo, queria dizer algo, qualquer coisa, mas o que eu poderia dizer? Não havia espaço para despedida
O cheiro metálico de sangue impregnava o interior do carro enquanto Marco dirigia em alta velocidade pelas ruas escuras da cidade. Meu coração ainda martelava no peito, o eco dos tiros ainda pulsando nos meus ouvidos. Eu olhava para Leonardo ao meu lado, pálido, sujo de sangue, a respiração irregular.— Aguente firme, Leo — murmurei, pressionando um pano improvisado contra o ferimento em seu abdômen.Ele abriu os olhos por um momento, fracos e enevoados, um meio sorriso brincando em seus lábios rachados.— Você... nunca me escuta, não é?Uma risada trêmula escapou da minha garganta.— Nunca.Lorenzo, sentado à frente, virou-se para olhar para nós, sua expressão uma mistura de frustração e preocupação.— Ele está perdendo muito sangue. Não temos tempo de levá-lo ao hospital.— Então para onde vamos? — perguntei, minha voz falhando com o desespero crescente.— Eu conheço alguém. Um médico que não faz perguntas.Assenti, sem questionar. Confiava em Lorenzo, pelo menos nisso.O carro derr
O silêncio dentro da casa era denso, quebrado apenas pela respiração ritmada de Leonardo. Ele ainda estava desacordado, o peito subindo e descendo lentamente sob os cobertores que o cobriam. Eu observava cada movimento seu, cada mínima contração em sua expressão, procurando por qualquer sinal de que ele estava melhorando.O alívio de saber que ele estava vivo ainda pesava sobre mim, mas não conseguia me livrar do medo. Leonardo não era apenas um homem comum. Ele era um líder, um alvo constante. Sobreviver a um ataque significava apenas uma coisa: outro logo viria.Lorenzo entrou no quarto em silêncio, carregando duas xícaras de café fumegante. Ele estendeu uma para mim e eu aceitei sem dizer nada.— Você precisa descansar — disse ele, puxando uma cadeira e se sentando ao meu lado.Soltei uma risada curta e sem humor.— Acho que não consigo.Ele me estudou por um momento antes de suspirar.— Sei que está assustada.Balancei a cabeça, apertando a xícara entre os dedos frios.— Não estou
A mansão estava mais silenciosa do que o normal naquela noite. Um silêncio carregado de tensão, como a calma antes de uma tempestade. Sentada em um dos sofás da sala principal, eu observava Leonardo enquanto ele terminava de dar ordens a Lorenzo e Marco.Eles estavam planejando cada detalhe do contra-ataque, estudando os movimentos de Salvatore, tentando antecipar o próximo golpe. Mas, por mais que falassem de estratégias e vantagens, eu sabia a verdade: essa guerra não terminaria sem sangue.E eu já estava envolvida demais para sair.Leonardo desligou o telefone e passou a mão pelos cabelos, visivelmente tenso. Seu olhar encontrou o meu e, por um breve momento, ele pareceu hesitar antes de caminhar até mim.— Você está preocupada — disse ele, sentando-se ao meu lado.Cruzei os braços, encarando-o.— Você não?Ele soltou um suspiro pesado.— Claro que estou. Mas não tenho escolha.— Sempre há uma escolha, Leonardo.Ele soltou um riso curto, sem humor.— Não no meu mundo.Engoli em sec
O som dos tiros ainda ecoava nos meus ouvidos. O galpão estava um caos absoluto—estilhaços voavam, gritos preenchiam o espaço, e a fumaça dos disparos criava uma névoa densa ao redor. Eu sentia meu coração batendo tão forte que parecia que ia explodir.Leonardo me puxava com firmeza para trás de uma das caixas metálicas que serviam de cobertura. Seu olhar estava afiado, focado, determinado.— Fique abaixada! — ele ordenou, recarregando a arma rapidamente.— E você? — retruquei, a adrenalina pulsando dentro de mim.— Eu não posso parar.E ele não parou.Lorenzo e Marco estavam próximos, disparando contra os homens de Hector, que tinham a vantagem numérica. Mas a vantagem era só essa. Leonardo e seus homens eram mais rápidos, mais precisos, mais brutais.Eu me encolhi quando um dos capangas de Hector caiu a poucos metros de mim, sua arma deslizando pelo chão. O instinto me dizia para correr, mas minha razão gritava que eu precisava ficar.Leonardo se movimentou rápido, atirando e se esq
Se você me perguntasse como eu imaginava que minha vida mudaria, eu diria algo clichê, como ganhar na loteria ou talvez encontrar o amor da minha vida em um café charmant enquanto eu derrubo café na camisa dele. Nunca, nem nos meus sonhos mais loucos, eu pensei que tudo mudaria porque eu fui burra o suficiente para cortar caminho por um beco escuro no fim do meu expediente.Meu nome é Beatriz. Tenho 25 anos e, para ser honesta, até hoje minha maior conquista foi não queimar meu apartamento fazendo macarrão instantâneo. Eu sou o que minha mãe chama de "um espírito livre" – o que, traduzindo, significa que eu sou uma desastrada que ainda não encontrou um rumo na vida. Trabalho em um café pequeno, o tipo de lugar onde as pessoas vão para reclamar do mundo enquanto bebem um café aguado. Não é glamour, mas paga as contas – ou quase.Naquela noite, tudo parecia normal. O expediente tinha sido cheio de clientes irritantes que insistem em pedir capuccino sem espuma ou reclamar da temperatura