Damon
Hoje é o dia em que tudo dá errado. É apenas metade da manhã e já fui obrigado a resolver dois problemas e apartar uma briga no meio do refeitório, seguido da demissão dos dois galos de rinha.
De fato, aquele dia não podia piorar. Ou pelo menos, foi o que pensei, até Stevens entrar novamente pela porta do meu escritório, com uma expressão que me deixou claro que más notícias estavam a caminho.
— Sr. Blackwell, o fornecedor de materiais para o novo projeto está enfrentando problemas com a entrega. Precisamos de uma decisão imediata sobre os ajustes no cronograma — ela disse, como se isso fosse apenas mais uma quarta-feira qualquer.
Fechei os olhos e respirei
VioletLembro-me exatamente de como foi escolher meu segundo vestido de casamento. Aquele que deveria ser um momento calmo, quase terapêutico, transformou-se em um furacão assim que Edgar apareceu.Eu ri, claro. Não tinha como não rir com Edgar. Ele era um caos ambulante, mas um caos que eu precisava naquele momento. Um lembrete de que, mesmo quando tudo parecia desmoronar, ainda havia espaço para um pouco de leveza.No final, escolhi um vestido simples e elegante, do jeito que eu queria desde o início. Mas, mesmo assim, ao pensar naquela tarde, não é o vestido que vem à minha mente. É Edgar, brilhando, transformando uma "compra rápida" em um espetáculo inesquecível. Damon"Onde diabos você está"Mandei a mensagem depois de procurar Edgar em cada canto da empresa. Os funcionários já começavam a me olhar torto por me verem perambulando por aí.A irritação me consumia cada vez mais. Eu não estava nem um pouco no clima para as brincadeiras de Edgar, especialmente depois de tudo o que aconteceu nas últimas horas. Tentei manter o foco, mas não estava funcionando. A frustração que eu sentia em relação a Violet, Tompson, o maldito acordo, tudo isso estava me deixando cada vez mais tenso.Girei a cadeira para o outro lado, tentando conter a raiva que se formava em meu peito, e olh66° Capítulo
VioletParamos em uma charmosa cafeteria para recuperar as energias. O dia havia passado voando, e eu não tinha mais forças para sequer uma risada. Era estranho como as coisas mudavam tão rapidamente, como se as horas se esvaíssem de mim sem eu sequer perceber. Eu havia começado o dia cheia de vontade de mudar, de me reinventar, e agora, com as sacolas cheias de roupas e o cabelo mais leve, parecia que tudo tinha se tornado... cansativo. Estava exausta, fisicamente e emocionalmente.Olhei para os dois ao meu redor. Mary estava com aquele olhar crítico, mas de alguma forma, até ela parecia mais relaxada depois de tantas horas passando por lojas. Edgar, por outro lado, estava como sempre: confiante, com um sorriso no rosto, parecendo não se importar com nada além de fazer a missão acontecer.
DamonCom um toque contido na porta, o som já familiar de alguém prestes a me trazer mais problemas, eu me preparei para o que provavelmente seria mais uma dor de cabeça.— Entre. — Minha voz saiu firme, mas sem entusiasmo.A porta se abriu e Eathan Tompson entrou no meu escritório, o queixo erguido com uma falsa superioridade que só servia para me irritar ainda mais. Ele parecia acreditar que podia me encarar de igual para igual.Tompson se sentou na cadeira à minha frente, um gesto que parecia mais desafiador do que respeitoso. Ele cruzou as pernas, ajeitando o terno com uma calma que quase me fazia rir de desgosto. Era como se ele acreditasse que o peso da situação não era suficiente para desestabiliz&
VioletEu estava há meia hora sentada no escritório que Damon tinha em casa, que agora era meu até minha "estadia" aqui terminar.O "presente" que Edgar havia me dado estava dentro de uma pequena sacola em cima da mesa. Era engraçado como algo tão pequeno podia carregar tanto peso. Ele parecia me encarar, como se tivesse vida própria, e eu não conseguia desviar o olhar.É só um presente, pensei, tentando me convencer. Mas era mais do que isso. Era a representação de algo que eu nunca pensei em priorizar: eu mesma. Edgar havia sido claro em sua intenção quando me entregou aquilo. Ele queria que eu me permitisse descobrir, experimentar... sentir. DamonSentia o peso do mundo sobre as costas, mas ainda tinha um último objetivo antes de cair na cama: contar à Violet que ela teria acesso livre ao ex. O pensamento era irritante, mas inevitável. Tompson tinha que cumprir sua função, e minha esposa não podia depender de mim para tudo.Saí do elevador, ignorando a frustração, e comecei a olhar em volta pelo apartamento. O silêncio era inquietante. Violet nunca estava quieta demais. Caminhei pelo corredor e parei em frente ao escritório.A visão quase me fez rir, mas o cansaço me segurou. O cômodo, que antes estava em perfeita ordem, parecia ter sido atingido por um tornado. Sacolas, roupas, caixas e até mesmo algo que parecia ser uma lingerie estavam espalhados por toda p70° Capítulo
VioletCavar um buraco e me esconder dentro dele nunca me pareceu ser uma opção tão boa quanto agora.Quero morrer. Sumir. Evaporar. Qualquer coisa que me tirasse dessa situação absurda em que me enfiei.Ele sabia. Damon sabia. Não era apenas o controle que ele segurou com aquele maldito sorriso presunçoso; era o controle de toda a situação. E eu, como uma perfeita idiota, estava exatamente onde ele queria que eu estivesse: desconcertada, vulnerável e sem saída.Minhas bochechas ardiam, e não era apenas pela vergonha. Era o calor, o embaraço, e, para meu horror, algo mais profundo e inconfessável. Minha respiração estava irregular, mas eu me recusei a ceder à onda de emoções que me atravessava.Encostada na porta fechada do escritório, deixei meu corpo escorregar lentamente até o chão.Choraminguei, enfiando o rosto nas mãos, como se pudesse apagar tudo o que tinha acabado de acontecer. Mas era impossível. As imagens estavam gravadas em minha mente como uma tatuagem indesejada.Maldit
DamonDurante o final de semana, eu descobri uma nova habilidade de Violet: me evitar a qualquer custo.Ela se tornou mestre em desaparecer quando eu estava por perto. Se eu entrava na sala, ela saia discretamente. Quando me aproximava do escritório, lá estava ela, escapando por entre meus dedos. Até mesmo nas refeições, sempre arranjava uma desculpa para não sentar à mesa comigo, preferindo comer no quarto ou simplesmente desaparecendo para "fazer algo importante."Era quase como se ela estivesse criando uma bolha ao redor de si mesma, tentando se proteger, ou talvez fugindo de mim. Mas o que me intrigava ainda mais era o fato de que ela estava tentando me evitar com tanta dedicação, e isso, de alguma forma, despertava algo em mim. Uma sensação estranha.Eu sabia o que ela pensava. Estava constrangida pelo acontecimento do escritório. Ela achava que, com esse afastamento, conseguiria me fazer desistir de qualquer interação mais... próxima. Claro, estava enganada.Sempre que ela fazia