Violet
Abri os olhos, sentindo-os pesados. Rolei na cama em busca de uma posição mais confortável. Mas, é impossível. Sabia que não conseguiria dormir novamente, então me sentei, movendo-me vagarosamente, como se cada músculo protestasse contra a ideia de começar o dia.
Fiquei longos minutos assim, com os pés tocando o chão frio, esperando minha alma acordar e acompanhar meu corpo. Olhei ao redor, o quarto ainda era estranho para mim, mesmo que não tivesse coragem de admitir.
Sabia que só conseguiria funcionar após uma bela xícara de café. Talvez duas.
Obriguei meu corpo a ir até a cozinha, cada piscada parecia tão pesada quanto um saco de batatas.
DamonAchei que um tempo longe de Violet e bem perto de outra mulher seria suficiente para realinhar meus pensamentos, mas aquilo só serviu para bagunçar ainda mais a minha mente.Partindo do ponto que demorei a conseguir dormir, e quando o fiz, sonhei com Crystal. Na sacada do meu apartamento, os braços apoiados e a bela bunda empinada, ela estava lá, como sempre, com uma taça de vinho na mão e o olhar provocador que conhecia tão bem,. Eu me aproximei, o som dos meus passos abafado pelo vento, e deslizei minha palma por sua coluna, sentindo a pele macia sob meus dedos, até alcançar seus cabelos. Sem pensar duas vezes, envolvi os fios entre os dedos e puxei, inclinando sua cabeça para trás, forçando-a a olhar para mim.Mas ao invés de
VioletMary estava me olhando com o canto dos olhos, e a desconfiança que emanava dela era quase palpável.Cruzei os braços, tentando parecer ocupada com qualquer coisa que não fosse o fato de que ela claramente queria arrancar algo de mim. Seus olhares furtivos, a maneira como apertava os lábios e mexia no cabelo... Era óbvio que ela sabia que algo estava errado.Eu suspirei baixinho, desviando o olhar para o chão, como se as tábuas de madeira fossem subitamente a coisa mais interessante do mundo. Não tinha forças para contar sobre o desastre que foi o jantar — ou melhor, o não-jantar. Já bastava ter revivido aquilo inúmeras vezes na minha cabeça, remoendo o vazio na mesa posta e o buraco que ele deixou na minha co
DamonHoje é o dia em que tudo dá errado. É apenas metade da manhã e já fui obrigado a resolver dois problemas e apartar uma briga no meio do refeitório, seguido da demissão dos dois galos de rinha.De fato, aquele dia não podia piorar. Ou pelo menos, foi o que pensei, até Stevens entrar novamente pela porta do meu escritório, com uma expressão que me deixou claro que más notícias estavam a caminho.— Sr. Blackwell, o fornecedor de materiais para o novo projeto está enfrentando problemas com a entrega. Precisamos de uma decisão imediata sobre os ajustes no cronograma — ela disse, como se isso fosse apenas mais uma quarta-feira qualquer.Fechei os olhos e respirei
VioletLembro-me exatamente de como foi escolher meu segundo vestido de casamento. Aquele que deveria ser um momento calmo, quase terapêutico, transformou-se em um furacão assim que Edgar apareceu.Eu ri, claro. Não tinha como não rir com Edgar. Ele era um caos ambulante, mas um caos que eu precisava naquele momento. Um lembrete de que, mesmo quando tudo parecia desmoronar, ainda havia espaço para um pouco de leveza.No final, escolhi um vestido simples e elegante, do jeito que eu queria desde o início. Mas, mesmo assim, ao pensar naquela tarde, não é o vestido que vem à minha mente. É Edgar, brilhando, transformando uma "compra rápida" em um espetáculo inesquecível. Damon"Onde diabos você está"Mandei a mensagem depois de procurar Edgar em cada canto da empresa. Os funcionários já começavam a me olhar torto por me verem perambulando por aí.A irritação me consumia cada vez mais. Eu não estava nem um pouco no clima para as brincadeiras de Edgar, especialmente depois de tudo o que aconteceu nas últimas horas. Tentei manter o foco, mas não estava funcionando. A frustração que eu sentia em relação a Violet, Tompson, o maldito acordo, tudo isso estava me deixando cada vez mais tenso.Girei a cadeira para o outro lado, tentando conter a raiva que se formava em meu peito, e olh66° Capítulo
VioletParamos em uma charmosa cafeteria para recuperar as energias. O dia havia passado voando, e eu não tinha mais forças para sequer uma risada. Era estranho como as coisas mudavam tão rapidamente, como se as horas se esvaíssem de mim sem eu sequer perceber. Eu havia começado o dia cheia de vontade de mudar, de me reinventar, e agora, com as sacolas cheias de roupas e o cabelo mais leve, parecia que tudo tinha se tornado... cansativo. Estava exausta, fisicamente e emocionalmente.Olhei para os dois ao meu redor. Mary estava com aquele olhar crítico, mas de alguma forma, até ela parecia mais relaxada depois de tantas horas passando por lojas. Edgar, por outro lado, estava como sempre: confiante, com um sorriso no rosto, parecendo não se importar com nada além de fazer a missão acontecer.
DamonCom um toque contido na porta, o som já familiar de alguém prestes a me trazer mais problemas, eu me preparei para o que provavelmente seria mais uma dor de cabeça.— Entre. — Minha voz saiu firme, mas sem entusiasmo.A porta se abriu e Eathan Tompson entrou no meu escritório, o queixo erguido com uma falsa superioridade que só servia para me irritar ainda mais. Ele parecia acreditar que podia me encarar de igual para igual.Tompson se sentou na cadeira à minha frente, um gesto que parecia mais desafiador do que respeitoso. Ele cruzou as pernas, ajeitando o terno com uma calma que quase me fazia rir de desgosto. Era como se ele acreditasse que o peso da situação não era suficiente para desestabiliz&
VioletEu estava há meia hora sentada no escritório que Damon tinha em casa, que agora era meu até minha "estadia" aqui terminar.O "presente" que Edgar havia me dado estava dentro de uma pequena sacola em cima da mesa. Era engraçado como algo tão pequeno podia carregar tanto peso. Ele parecia me encarar, como se tivesse vida própria, e eu não conseguia desviar o olhar.É só um presente, pensei, tentando me convencer. Mas era mais do que isso. Era a representação de algo que eu nunca pensei em priorizar: eu mesma. Edgar havia sido claro em sua intenção quando me entregou aquilo. Ele queria que eu me permitisse descobrir, experimentar... sentir.Último capítulo