Damon
Assim que a campainha soou, fiquei atento aos movimentos de Violet. Ela parecia tranquila, mas eu sabia que, por dentro, estava nervosa. Para tentar acalmá-la – ou talvez para acalmar a mim mesmo – aproximei-me e deslizei minha mão para a base de suas costas. O toque foi casual, mas o calor da pele dela, exposta entre a calça da jardineira e a blusa curta, fez com que eu segurasse o ar por um segundo. Violet virou o rosto ligeiramente, me lançando um olhar discreto, mas não disse nada. Eu também não.
A porta se abriu, e me vi cara a cara com um dos irmãos de Violet. Lembrei-me das instruções dela para diferenciar os gêmeos. Cicatriz na sobrancelha? Não. Esse era Gael. Ele abriu um sorriso tão largo que parecia capaz de iluminar a entrada inteira antes de puxar Vi
VioletGael e Damon começaram a conversar sobre negócios, algo que não era nenhuma surpresa vindo do meu irmão mais velho. Ele tinha o dom de puxar papo sobre qualquer coisa, mas o jeito como ele inclinava a cabeça e analisava Damon deixava claro que aquilo era, na verdade, um interrogatório disfarçado. Típico de Gael.Enquanto isso, Emmet, no maior descaramento do mundo, se jogou no sofá ao meu lado e deitou a cabeça no meu colo. Olhei para ele com as sobrancelhas erguidas, mas ele só deu um sorriso preguiçoso.— Não gosto do seu marido — ele disse direto, como se eu não soubesse disso desde o segundo em que dei a notícia do casamento.— Que novidade &mdash
DamonNa minha vida, manter as emoções sob controle era uma arte que eu praticava diariamente. Não importava o caos ao meu redor, eu sabia que não podia permitir que meus sentimentos ficassem à vista. Era uma necessidade. Um reflexo quase automático de anos lidando com situações extremas enquanto sustentava um semblante calmo e pacífico.Mas Violet não tinha esse hábito. E, olhando para ela agora, estava claro para qualquer um na sala que ela estava a um passo de desmoronar.Desde o início da manhã, percebi que ela não estava bem. Suas emoções já tinham sido testadas pelas lembranças que a assombravam, e a mágoa ainda pairava no fundo de seu olhar. Agora, ser notícia na TV
VioletEu me afastei um pouco de Damon, o rosto queimando de constrangimento. Nem almoçamos ainda, e já era a segunda vez que ele me consolava. Isso parecia tão... errado. Eu estava sobrecarregada por tudo o que acontecia, por tudo o que minha vida virou em tão pouco tempo. Eu sabia que ele estava tentando ser gentil, tentando me ajudar de uma maneira que ele achava certa. Mas eu me sentia vulnerável demais.— Desculpa — murmurei, limpando uma lágrima que escapou sem aviso.Eu não queria ser fraca na frente dele. Não queria que ele me visse assim. Estava tudo tão novo, tão confuso. Como ele poderia ser tão paciente, tão compreensivo, quando eu mesma mal conseguia lidar com as coisas dentro de mim? DamonA volta para o apartamento foi surpreendentemente agradável. Violet parecia bem mais leve, como se as tensões do dia tivessem finalmente dado espaço para um pouco de paz. O que, considerando tudo o que aconteceu, era um pequeno milagre.Ela estava com os olhos fechados, a cabeça recostada no encosto do banco, e os braços envolvendo o pote de lasanha que Nora insistiu em mandar. Havia algo despretensiosamente encantador naquela cena — Violet, exausta, com os cabelos caindo soltos ao redor do rosto, e aquele pote de lasanha como se fosse um prêmio precioso.Dirigir em silêncio me deu tempo para refletir. O dia tinha sido... intenso, para dizer o mínimo. Entre lidar com os irmãos dela, a exposição indesejada na TV e a tensão evidente 52° Capítulo
VioletAcordei esparramada no sofá, com a sensação de que tinha dormido por horas. Olhei em volta, mas estava sozinha. Peguei o celular para conferir as horas: meio da tarde. Um longo suspiro escapou de mim, e me levantei com os músculos ainda pesados pelo sono.Caminhei até a sacada, abrindo a porta de vidro com cuidado. O ar fresco me atingiu de leve, trazendo um alívio sutil. Me debrucei sobre a mureta, deixando os olhos vagarem pela movimentação da rua lá embaixo. Carros passavam em um fluxo constante, pessoas andando apressadas, como se o mundo lá fora fosse alheio ao turbilhão de emoções dentro de mim.A tristeza ainda estava lá, como um peso no fundo do peito, mas parecia mais suportável do que naquela manhã
DamonNão era possível.Não.Não.Não.O cara teve literalmente Violet só para ele. Sem ninguém nunca ter a tocado, nem sequer a beijado antes dele. Ele a teve de corpo e alma, completamente entregue, e mesmo assim… a deixou no altar.Chamá-lo de burro é uma ofensa aos pobres animais. Eles, ao menos, têm alguma lógica nas ações. Eathan? Ele era um idiota de proporções épicas.
VioletDamon me avaliou por alguns segundos, os olhos estreitos, como se decidisse se deveria ou não falar. Ele tinha essa coisa de querer carregar o mundo sozinho, e eu já tinha notado isso desde o início.– Prometemos transparência – lembrei, cruzando os braços.Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto frustrado.– Eu sei.– Então, fala logo.– Não é tão simples assim, Violet.– Nada na nossa situação é simples, Damon – rebati, elevando um pouco o tom. – Mas se estamos nisso juntos, precisamo
DamonAcordei pela manhã no mesmo horário de sempre, sentia meu corpo doer pela noite mal dormida. Não sei se o problema era o sono interrompido, a conversa com Violet, ou a sensação de frustração que parecia não me abandonar.Violet, depois da desastrosa conversa, se trancou no quarto e não saiu mais, nem para comer, e aquilo ainda estava me incomodando. Eu sabia que ela estava processando tudo, mas me preocupava. Ela tinha ficado tão fechada, distante, como se a conversa tivesse sido um ponto final em algo que nem tinha começado direito.Levantei e fui até a cozinha, tentando afastar os pensamentos. Mas mesmo a simples rotina da manhã parecia mais difícil hoje. Cada movimento parecia mais cansativo. Eu ainda não sabia