Violet
Acordei esparramada no sofá, com a sensação de que tinha dormido por horas. Olhei em volta, mas estava sozinha. Peguei o celular para conferir as horas: meio da tarde. Um longo suspiro escapou de mim, e me levantei com os músculos ainda pesados pelo sono.
Caminhei até a sacada, abrindo a porta de vidro com cuidado. O ar fresco me atingiu de leve, trazendo um alívio sutil. Me debrucei sobre a mureta, deixando os olhos vagarem pela movimentação da rua lá embaixo. Carros passavam em um fluxo constante, pessoas andando apressadas, como se o mundo lá fora fosse alheio ao turbilhão de emoções dentro de mim.
A tristeza ainda estava lá, como um peso no fundo do peito, mas parecia mais suportável do que naquela manhã
DamonNão era possível.Não.Não.Não.O cara teve literalmente Violet só para ele. Sem ninguém nunca ter a tocado, nem sequer a beijado antes dele. Ele a teve de corpo e alma, completamente entregue, e mesmo assim… a deixou no altar.Chamá-lo de burro é uma ofensa aos pobres animais. Eles, ao menos, têm alguma lógica nas ações. Eathan? Ele era um idiota de proporções épicas.
VioletDamon me avaliou por alguns segundos, os olhos estreitos, como se decidisse se deveria ou não falar. Ele tinha essa coisa de querer carregar o mundo sozinho, e eu já tinha notado isso desde o início.– Prometemos transparência – lembrei, cruzando os braços.Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto frustrado.– Eu sei.– Então, fala logo.– Não é tão simples assim, Violet.– Nada na nossa situação é simples, Damon – rebati, elevando um pouco o tom. – Mas se estamos nisso juntos, precisamo
DamonAcordei pela manhã no mesmo horário de sempre, sentia meu corpo doer pela noite mal dormida. Não sei se o problema era o sono interrompido, a conversa com Violet, ou a sensação de frustração que parecia não me abandonar.Violet, depois da desastrosa conversa, se trancou no quarto e não saiu mais, nem para comer, e aquilo ainda estava me incomodando. Eu sabia que ela estava processando tudo, mas me preocupava. Ela tinha ficado tão fechada, distante, como se a conversa tivesse sido um ponto final em algo que nem tinha começado direito.Levantei e fui até a cozinha, tentando afastar os pensamentos. Mas mesmo a simples rotina da manhã parecia mais difícil hoje. Cada movimento parecia mais cansativo. Eu ainda não sabia
VioletEu estava sozinha.Sozinha num apartamento que não era meu.Olhei ao redor, o silêncio era quase ensurdecedor. Tudo ali parecia gritar que eu não pertencia àquele lugar. Cada detalhe da decoração, cada móvel perfeitamente posicionado, parecia me lembrar que aquela era a casa de Damon, não a minha.Suspirei, abraçando meu próprio corpo. A solidão nunca tinha sido algo que me incomodava tanto, mas agora era diferente. Talvez porque, de alguma forma, eu sabia que Damon havia preenchido um espaço na minha vida que eu nem sabia que estava vazio.Tentei me ocupar. Peguei uma xícara de café, mas o sabo
DamonSomente perto do meio-dia foi que Edgar apareceu na minha porta, com os braços cruzados e completamente emburrado.— Essa empresa sempre me rende o dobro de trabalho quando eu tenho coisas interessantes para descobrir.Sorri, revirando os olhos. Eu, de fato, estava surpreso por Ed não ter dado as caras antes, especialmente para perguntar sobre a nossa conversa de ontem. Sabia que ele não era do tipo que deixava as coisas passarem sem questionar. No fundo, ele parecia se divertir com minha situação.— Você não perde tempo, não é? — disse, inclinando-me para trás na cadeira, mantendo o tom casual.Ele ainda estava com aquele olhar de quem n&ati
VioletPor incrível que pareça, o dia passou rápido. Mary me ajudou a organizar minhas coisas de trabalho no escritório de Damon logo após o almoço, e, apesar de sua postura controlada e quase robótica, ela acabou se mostrando mais legal do que eu imaginava. A maneira como se movia pela casa, com uma eficiência impressionante, me fez pensar que talvez ela fosse o tipo de pessoa que, por trás de toda aquela rigidez, tinha um bom coração. Ela nunca me perguntou muito, apenas fazia o que era necessário, e eu até comecei a relaxar um pouco, me sentindo menos... deslocada.Mas teve um momento que quase me fez rir e ao mesmo tempo me encolher de vergonha. Estávamos na cozinha, e eu, com a melhor das intenções, sugeri que talvez eu pudesse ajudar com o jantar. Claro,
O vento batia com força contra as janelas do carro de luxo, fazendo os galhos das árvores do lado de fora balançarem como se fossem sombras fantasmagóricas dançando ao ritmo da noite. Lá dentro, o silêncio era quase sufocante, interrompido apenas pelo som constante do motor. Cruzei os braços, tentando controlar o tremor que percorria meu corpo. Mas, no fundo, eu sabia que não era apenas o frio que me fazia tremer. O casaco pesado que Damon havia me dado pouco antes não conseguia aquecer a confusão e a incerteza que dominavam minha mente. Tudo o que eu conhecia, tudo o que planejei para a minha vida, havia mudado em questão de horas. E agora, aqui estava eu, sentada ao lado de um homem que, até pouco tempo atrás, era um completo estranho.Um bilionário. Um enigma. Agora, meu marido.Olhei para Damon, observando seu perfil. A forma como ele mantinha o olhar fixo na estrada, os dedos relaxados no volante, como se tudo o que havia acontecido até ali não tivesse o menor impacto sobre ele.
Violet- Violet, querida - Minha cerimonialista me para assim que desço do carro em frente a igreja.- Algum problema? - Perguntei.Megan, minha melhora amiga, estava vermelha como um pimentão, e me olhava com os olhos pegando fogo enquanto apertava o celular contra o ouvido.- O noivo… - Minha cerimonialista gaguejou, e meu coração palpitou.Megan se aproximou batendo os pés e estendeu o celular para mim. Peguei o aparelho de suas mãos.- Alô?- Vi, meu amor…- Onde você está? - O cortei, já sentindo um enorme bolo na garganta.- Precisamos remarcar, é a Rosalind, ela passou mal e…- Remarcar?- Sei que irá entender amor, Rosalind não tem ninguém. Peça para a cerimonialista falar com o padre, aproveite a festa com nossos convidados e amanhã nos casamos no cartório.- O que você está dizendo, Eathan? - Praticamente gritei.Eu estava ali, parada em frente à igreja, com as mãos trêmulas segurando o buquê, o coração acelerado, o vestido que demorou meses para ficar pronto. Tudo parecia u