Violet
Eu me afastei um pouco de Damon, o rosto queimando de constrangimento. Nem almoçamos ainda, e já era a segunda vez que ele me consolava. Isso parecia tão... errado. Eu estava sobrecarregada por tudo o que acontecia, por tudo o que minha vida virou em tão pouco tempo. Eu sabia que ele estava tentando ser gentil, tentando me ajudar de uma maneira que ele achava certa. Mas eu me sentia vulnerável demais.
— Desculpa — murmurei, limpando uma lágrima que escapou sem aviso.
Eu não queria ser fraca na frente dele. Não queria que ele me visse assim. Estava tudo tão novo, tão confuso. Como ele poderia ser tão paciente, tão compreensivo, quando eu mesma mal conseguia lidar com as coisas dentro de mim?
DamonA volta para o apartamento foi surpreendentemente agradável. Violet parecia bem mais leve, como se as tensões do dia tivessem finalmente dado espaço para um pouco de paz. O que, considerando tudo o que aconteceu, era um pequeno milagre.Ela estava com os olhos fechados, a cabeça recostada no encosto do banco, e os braços envolvendo o pote de lasanha que Nora insistiu em mandar. Havia algo despretensiosamente encantador naquela cena — Violet, exausta, com os cabelos caindo soltos ao redor do rosto, e aquele pote de lasanha como se fosse um prêmio precioso.Dirigir em silêncio me deu tempo para refletir. O dia tinha sido... intenso, para dizer o mínimo. Entre lidar com os irmãos dela, a exposição indesejada na TV e a tensão evidente
VioletAcordei esparramada no sofá, com a sensação de que tinha dormido por horas. Olhei em volta, mas estava sozinha. Peguei o celular para conferir as horas: meio da tarde. Um longo suspiro escapou de mim, e me levantei com os músculos ainda pesados pelo sono.Caminhei até a sacada, abrindo a porta de vidro com cuidado. O ar fresco me atingiu de leve, trazendo um alívio sutil. Me debrucei sobre a mureta, deixando os olhos vagarem pela movimentação da rua lá embaixo. Carros passavam em um fluxo constante, pessoas andando apressadas, como se o mundo lá fora fosse alheio ao turbilhão de emoções dentro de mim.A tristeza ainda estava lá, como um peso no fundo do peito, mas parecia mais suportável do que naquela manhã
DamonNão era possível.Não.Não.Não.O cara teve literalmente Violet só para ele. Sem ninguém nunca ter a tocado, nem sequer a beijado antes dele. Ele a teve de corpo e alma, completamente entregue, e mesmo assim… a deixou no altar.Chamá-lo de burro é uma ofensa aos pobres animais. Eles, ao menos, têm alguma lógica nas ações. Eathan? Ele era um idiota de proporções épicas.
VioletDamon me avaliou por alguns segundos, os olhos estreitos, como se decidisse se deveria ou não falar. Ele tinha essa coisa de querer carregar o mundo sozinho, e eu já tinha notado isso desde o início.– Prometemos transparência – lembrei, cruzando os braços.Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto frustrado.– Eu sei.– Então, fala logo.– Não é tão simples assim, Violet.– Nada na nossa situação é simples, Damon – rebati, elevando um pouco o tom. – Mas se estamos nisso juntos, precisamo
DamonAcordei pela manhã no mesmo horário de sempre, sentia meu corpo doer pela noite mal dormida. Não sei se o problema era o sono interrompido, a conversa com Violet, ou a sensação de frustração que parecia não me abandonar.Violet, depois da desastrosa conversa, se trancou no quarto e não saiu mais, nem para comer, e aquilo ainda estava me incomodando. Eu sabia que ela estava processando tudo, mas me preocupava. Ela tinha ficado tão fechada, distante, como se a conversa tivesse sido um ponto final em algo que nem tinha começado direito.Levantei e fui até a cozinha, tentando afastar os pensamentos. Mas mesmo a simples rotina da manhã parecia mais difícil hoje. Cada movimento parecia mais cansativo. Eu ainda não sabia
VioletEu estava sozinha.Sozinha num apartamento que não era meu.Olhei ao redor, o silêncio era quase ensurdecedor. Tudo ali parecia gritar que eu não pertencia àquele lugar. Cada detalhe da decoração, cada móvel perfeitamente posicionado, parecia me lembrar que aquela era a casa de Damon, não a minha.Suspirei, abraçando meu próprio corpo. A solidão nunca tinha sido algo que me incomodava tanto, mas agora era diferente. Talvez porque, de alguma forma, eu sabia que Damon havia preenchido um espaço na minha vida que eu nem sabia que estava vazio.Tentei me ocupar. Peguei uma xícara de café, mas o sabo
DamonSomente perto do meio-dia foi que Edgar apareceu na minha porta, com os braços cruzados e completamente emburrado.— Essa empresa sempre me rende o dobro de trabalho quando eu tenho coisas interessantes para descobrir.Sorri, revirando os olhos. Eu, de fato, estava surpreso por Ed não ter dado as caras antes, especialmente para perguntar sobre a nossa conversa de ontem. Sabia que ele não era do tipo que deixava as coisas passarem sem questionar. No fundo, ele parecia se divertir com minha situação.— Você não perde tempo, não é? — disse, inclinando-me para trás na cadeira, mantendo o tom casual.Ele ainda estava com aquele olhar de quem n&ati
VioletPor incrível que pareça, o dia passou rápido. Mary me ajudou a organizar minhas coisas de trabalho no escritório de Damon logo após o almoço, e, apesar de sua postura controlada e quase robótica, ela acabou se mostrando mais legal do que eu imaginava. A maneira como se movia pela casa, com uma eficiência impressionante, me fez pensar que talvez ela fosse o tipo de pessoa que, por trás de toda aquela rigidez, tinha um bom coração. Ela nunca me perguntou muito, apenas fazia o que era necessário, e eu até comecei a relaxar um pouco, me sentindo menos... deslocada.Mas teve um momento que quase me fez rir e ao mesmo tempo me encolher de vergonha. Estávamos na cozinha, e eu, com a melhor das intenções, sugeri que talvez eu pudesse ajudar com o jantar. Claro,