— Está bem, me encarregarei de enviar suas parceiras e filhos para um lugar mais seguro. Mas vocês ficarão comigo e nos prepararemos para a batalha que dizem temer tanto — ao dizer isso, Casius observa com espanto que seu povo volta a se ajoelhar diante dele, demonstrando que fariam o que seu líder estava dizendo.
— Oh, obrigado, meu Alpha!... Faremos o que for necessário para protegê-lo e proteger nossa matilha — mencionou um dos homens que estavam atrás de Laurent. Estava claro que fariam qualquer coisa para proteger suas famílias.
Casius, assim como sua irmã, ainda não havia encontrado sua companheira de vida. No caso de Casius, ele esperava não encontrá-la; não desejava se enfraquecer por esse sentimento. Para Arabella, era o contrário; ela pensava que encontrar sua parceira só a fortaleceria mais. Desejava experimentar esse sentimento que não era apenas amor, mas um vínculo que toda loba ansiava ter.
Tanto Arabella quanto Casius eram rewops, e ninguém naquela matilha suspeitava da verdadeira identidade dos irmãos lobos. Ambos sabiam como ocultar suas verdadeiras naturezas. Seu poder, o fogo, mais do que uma bênção, era uma maldição, pois Casius aborrecia tudo relacionado a esses dons devido à sua incapacidade de controlá-los.
Normalmente, os rewops nasciam com dois poderes, manifestados em olhos de diferentes cores. No entanto, Casius tinha ambos os olhos do mesmo tom vermelho ardente que se acendia cada vez que se alterava. Ele precisava usar um limitador de poder, um brinco que lhe permitia se controlar, pelo menos enquanto pudesse aguentar, pois havia quebrado várias dezenas deles ao perder o controle ou se enfurecer. O que ele usava agora havia durado mais tempo do que os anteriores, um recorde para ele.
Seu poder havia impedido que ele crescesse como um lobo normal, com limitações extremas, treinamentos exaustivos e encarceramentos que moldaram seu caráter, tornando-o incapaz de sentir afeto por nada nem ninguém. Ele nem sequer considerava seus companheiros de grupo como amigos; para ele, eram simplesmente lobos que o serviam. No entanto, ninguém deveria pensar em tirá-los dele. Talvez por isso, apesar dos esforços de sua irmã para se aproximar, Casius era incapaz de mostrar apreço por ela.
Arabella media alguns centímetros a mais que Casius e também era mais branca que ele. Ela sempre se vestia como um homem, usando trajes e jeans ajustados com camisas. Se a vissem de costas, poderiam pensar que realmente se tratava de um homem. Mesmo em lugares mais informais, ela mantinha uma aura de seriedade e formalidade.
Seu cabelo negro era a única coisa que diferenciava desse aspecto, usando-o tão longo que chegava à metade de suas costas, sempre preso por um laço mais escuro que a cor da camisa que usava naquele dia. Por outro lado, Casius usava um traje negro com uma camisa azul. Raramente usava gravata, e quando o fazia, sempre era branca. Ele gostava de destacar o que não usava para que os outros notassem.
Casius sempre refletia seus poderes através de seus olhos, que eram vermelhos, como o fogo ou a lava. Ele controlava perfeitamente o poder do fogo; apenas precisava estalar os dedos para incendiar tudo ao seu redor. Em contraste, Arabella tinha um olho verde, tão claro quanto um prado verdejante na plena primavera, o que lhe permitia controlar a terra e as plantas. No outro olho, predominava o azul, concedendo-lhe o poder de dominar o vento. Diferente de Casius, ela era mais aberta e empática com os outros. Tratava a todos de maneira igual, fossem rewops, lobos comuns ou simples humanos. Sempre buscava garantir a harmonia e o bem-estar de seu povo, embora em algumas ocasiões parecesse quase impossível.
— ¡Darién!... Encárgate de assegurar as vidas das famílias de nossa matilha. Só espero que Arabella volte muito em breve. — bufou Casius com voz baixa, enquanto Darién permanecia ao seu lado. O jovem lobo sabia que a presença de Arabella era de suma importância na matilha, assim como a do Alpha.
A alguns quilômetros dali, vivia uma pequena aldeia cujos habitantes se dedicavam ao cultivo de ervas medicinais e vinhedos de uvas. Eram simples humanos, alguns dos poucos que conheciam a existência de homens-lobo naquelas terras compartilhadas. Enquanto realizavam suas tarefas matinais, foram atacados de maneira surpreendente por seres que se moviam incrivelmente rápido.
Ao perceber o desastre no vinhedo, alguns tentaram fugir desesperadamente. Gritos, choros e uma clara desesperação enchiam o ar enquanto tentavam se esconder, mas nada podia salvá-los daqueles seres estranhos sedentos de sangue.
A aldeia ficou devastada, e uma jovem mulher conseguiu sobreviver com uma ferida quase mortal, enfraquecendo-a ao ponto de acelerar seu coração. Enquanto fugia, caiu em um poço cheio de água. Com um arranhão que a fazia sangrar lentamente, tentou se esconder sob a água. Apesar do risco de se afogar, preferia morrer submersa a se tornar presa daqueles monstros.
Zuke esperou até onde pôde, e quando sentiu que não podia mais se conter, nadou até a superfície do poço. Respirou profundamente enquanto levava ar aos seus pulmões. De sua posição, não podia ouvir mais gritos; era evidente que todos haviam morrido, incluindo seus irmãos e pais que trabalhavam ali junto com muitos outros. Embora não gostasse de pedir ajuda aos lobos que viviam perto, eles eram os únicos que poderiam ajudá-la naquele momento.
Nadando em direção às paredes do poço, Zuke tentava escalar por elas. Lentamente e com muito esforço, conseguiu subir, agarrando-se às raízes e ao lodo. No entanto, quando pensou que conseguiria, caiu novamente na água. A saída parecia impossível, o que perturbava a jovem humana. Sabia que, se não conseguisse sair dali, corria o risco de morrer afogada ou por infecção, pois as águas do poço estavam contaminadas com resíduos do vinhedo.
Zuke era persistente e sempre se esforçava para alcançar seus objetivos. Não queria morrer em um poço cheio de resíduos, então tentou escalar as paredes novamente. Depois de resistir o máximo que pôde, finalmente saiu daquele lugar horrendo.
Mas o que viu a deixou ainda mais perplexa. Ver todos os seus amigos estendidos no chão, massacrados, doía mais do que sua própria ferida. Naquele momento, lembrou-se de seus pais e irmãos. Avançou com dificuldade, procurando-os entre o desastre. Crianças e mulheres sem vida jaziam diante dela, dando uma ideia do que tiveram que enfrentar. Era quase impossível encontrar sua família com vida, mas mesmo assim, a buscava. A mínima esperança de encontrá-los resistia a desaparecer, e Zuke não queria aceitar que poderia ter perdido toda a sua família.
Enquanto caminhava entre aqueles corpos, uma dor a atravessava lentamente, como um ferro quente. Ver cada um de seus amigos sem vida lhe provocava lágrimas que escorriam pelo seu rosto machucado, cheio de arranhões.
Um ruído a alertou, e rapidamente se escondeu. Felizmente, encontrou um bom esconderijo de onde pôde observar um daqueles monstros. Quanto mais se aproximava da fresta dos arbustos, mais perplexa ficava. O que presenciava era desagradável: o monstro desmembrava um cadáver, revirando-lhe o estômago. Fechou os olhos para tentar reprimir suas emoções, sentindo que lhe faltava o ar e com a respiração acelerada.
O monstro parou, desviou o rosto e olhou para o lugar onde Zuke estava. Ela levou as mãos à boca para evitar ser ouvida. Ao observar com atenção, percebeu que o corpo pertencia ao seu irmão. A desesperação e a impotência a assombravam, assim como aqueles seres que os atacaram sem contemplações. Um rosnado agudo ressoou, e os monstros correram em direção àquele som aterrador.
Depois de esperar o tempo suficiente em seu esconderijo, Zuke saiu e se aproximou do corpo de seu irmão. As lágrimas eram visíveis em seus olhos enquanto segurava as mãos de quem fora seu irmão, desabafando como qualquer humano faria. A dor a oprimia, parecia que era o fim para ela, embora ainda estivesse viva. A dor não lhe permitia ter pensamentos claros. O que deveria fazer agora? Uma pergunta que uma humana como ela deveria formular, mas no estado em que se encontrava, nada disso importava.
Zuke secou as lágrimas para levantar a vista e observar ao redor. Era uma verdadeira catástrofe. Não era seguro ficar ali, pois logo escureceria e ela não sabia se aqueles seres voltariam. A única opção era dirigir-se à aldeia mais próxima para buscar refúgio e alertar seus habitantes. Com sorte, a receberiam e ela poderia garantir sua vida.
No meio do nada, essa humana que, por uma espécie de sorte divina, conseguiu sobreviver aos ataques daqueles seres desalmados. A ferida que lhe fizeram estava avançando, e a dor era tão intensa que, de vez em quando, ela se via obrigada a parar de caminhar para descansar. Mesmo assim, persistia em seu caminho, sem saber por quanto tempo havia estado vagando por aqueles bosques. Lentamente, a escuridão da noite se abatia sobre as terras.
Um uivo captou sua atenção, e ela parou para dirigir seu rosto naquela direção. Estava certa de que era para lá que deveria ir. Caminhou naquela direção sem hesitar, mas um galho a atingiu na bochecha, deixando-lhe mais um arranhão. À medida que avançava, sua visão se tornava turva, evidência da febre que a estava afetando. Parecia que não conseguiria chegar à aldeia, ou era o que ela pensava.
Quando estava dando um passo à frente, não conseguiu controlar seu corpo e finalmente caiu inconsciente no meio do bosque. Ela havia dado tudo o que podia para buscar ajuda, mas seu estado não a ajudara em nada. Completamente exausta, Zuke desmaiou no meio do bosque, e o cheiro de sangue humano chegou ao olfato de um lobo que rondava o lugar.«O que é este cheiro tão particular? Sangue!... É de uma humana», dizia Darién a si mesmo. Logo, não seria apenas ele que perceberia aquele aroma distintivo. Com os rumores que circulavam sobre os monstros, aquele lobo não hesitou em ir verificar a fonte daquele cheiro. Enquanto se aproximava do lugar, um rugido aterrador captou a atenção daquele jovem lobo.Ambos eram fortes. Zuke tentava levantar-se quando percebeu que o monstro se dirigia para ela. Aterrorizada, tentava fugir em busca de refúgio, mas seu corpo não respondia como ela pensava.Ao ver o terror nos olhos de Zuke, Darién se levantou rapidamente e correu em sua direção. Antes que o
Mas a atenção de Carlee se centrava em um rugido agudo e aterrador. Ao mesmo tempo, Zuke abria os olhos precipitadamente, contraindo-se e agarrando a camisa de Carlee. O jovem lobo soube naquele momento que a jovem não estava completamente consciente do que estava fazendo.— Ele está vindo!... Ele vem me buscar — Carlee segurou as mãos da jovem com firmeza, tentando entender a que ela se referia.— A quem você se refere?... Ei, não feche os olhos. Olhe para mim, você deve me dizer, a quem você se refere? — Carlee a recostou novamente na cama e se aproximou da porta. Ao abri-la, uma flecha se dirigiu para ele. De maneira audaz, ele desviou da flecha que se incrustou na parede do quarto. A batalha acabava de começar.— Darién!... Ei, venha, devo mostrar algo a você — Darién não entendia exatamente a que ele se referia, mas a preocupação de serem alcançados pelas flechas estava em sua mente.— Carlee, caso você não tenha percebido, estamos no meio de uma batalha com esses demônios. O quã
— Sim, é verdade. Por que você acha que o amo estava chamando por você? — Casius, naquele momento, entendia por que ela estava como se estivesse possuída.— Como consigo o antídoto? Fale de uma vez! — exigiu Casius enquanto o empurrava contra a parede do quarto.— Eu não o tenho! O único que pode dar o antídoto é o amo. Deixe que eu a leve até ele. Você não deseja vê-la morrer, não é assim, Alpha Casius? — disse com voz profunda, mencionando o título do líder da matilha.Zuke pegou com a mão aquela agulha da sonda que tinha no braço esquerdo para retirá-la de uma só estocada. Pensou que já não precisava de tanta atenção da parte daqueles estranhos que tentavam salvar sua vida.— Irei com você!... Acabemos com essa tortura — disse com voz seca. Casius, ao ver que ela estava parada atrás dele, não entendia o que ela estava tentando fazer.— Você escolheu bem. O amo está esperando por você — bufou aquele demônio.— Ela não irá com você, não permitirei. Já vi muitos dos meus guerreiros mo
Caminhava de um lado para o outro, tentando encontrar uma solução para colocar todos em segurança na aldeia onde agora se encontrava. Sem se acovardar, Zuke decidiu realizar algo verdadeiramente corajoso ou talvez estúpido; só ao levar a cabo seu plano, saberia se era a escolha adequada ou não. Naquela aldeia, o sol brilhava com intensidade, anunciando a chegada do verão após um inverno rigoroso.Abriu a janela para observar a altura que tinha, e naquele momento, toda esperança de escapar se desvaneceu por completo.— Ótimo, Zuke, bem pensado! — repreendeu-se em voz alta por seu absurdo intento de fuga. Enquanto a jovem de coração indomável tentava escapar, o som das campanas ressoou, ensurdecendo seus ouvidos. Para Casius, o som das campanas tinha um único nome e significado "Perigo". Em todas as aldeias, a alerta estava presente, e os habitantes se preparavam para um possível ataque.Um ardor no interior do corpo de Zuke se intensificou, mas desta vez era mais devastador; os medicam
Em seguida, um assobio agudo e aterrador ressoou, instando os guerreiros da capa vermelha a se retirarem do lugar. Casius e seus guerreiros ficaram surpresos ao ver que os guerreiros da morte os deixavam viver mais uma vez.— Darién, o que aconteceu com a mulher, a encontraram? — perguntou Casius com voz seca. Estava seguro de que a retirada repentina do inimigo tinha algo a ver com a mulher que ousou fugir.— Ainda não a encontraram, meu senhor — disse com voz apaziguadora o jovem Darién. Casius estava completamente seguro de que o líder das capas vermelhas iria atrás dela pessoalmente.— Darién, diga à matilha que é hora de irmos para o refúgio ao norte. Quanto à mulher, fizemos o possível para mantê-la viva — as palavras de Casius soaram aborrecidas. A jovem humana havia decepcionado seu Alpha.Enquanto isso, nos territórios do leste, coisas estranhas estavam acontecendo. Na cidade de Sheridan, na matilha Moon Rime, davam as boas-vindas a uma mulher que, após muito tempo, retornava
—Oh, nossa… Peço que a desculpe, mas ela é um pouco teimosa quando se trata do mar — disse Sai, afastando Sereia do jovem.—Ah, vamos lá. Apenas uma volta, não vai demorar, e eu te pagarei o dobro do preço atual. — Daniel se virou para o mar, observando atentamente. As ondas batiam com força nas rochas das costas de Sheridan. Era evidente que não era apropriado nem seguro navegar nessas condições.—Desculpem, senhoritas, mas não é recomendável navegar neste momento — disse, apontando para a fúria do mar naquele momento.—Eu teria gostado de passear pelo mar… — Sereia se aproximou mais da beira do porto para admirar a beleza que o criador lhes presenteava. Daniel sentiu uma tristeza em sua voz e, para aliviar o sentimento da jovem, concordou em levá-la para um passeio, mas por terra.—Se desejam um passeio, posso providenciar isso. Conheço um lugar nos arredores da cidade. Posso guiá-las, se quiserem? — As três jovens humanas trocaram olhares antes de assentirem.—Bem, agora me esperem
Daniel avançava pela floresta, disposto a se transformar em lobo. Como todo lobisomem, confiava em seus instintos, e algo o alertava de que algo estava acontecendo na direção para a qual se dirigia. Os lobos da alcateia Rair também perceberam o perigo e pararam em seus passos, corpos tensos e alertas.Suas orelhas estavam erguidas, captando cada som enquanto tentavam discernir a fonte dos gritos e o cheiro metálico no vento. O lobo marrom, cujo pelo brilhava com uma mistura de tonalidades, falou novamente através do vínculo mental que compartilhavam.—Algo não está certo. Estamos perto, mas este cheiro... não é só sangue. Há algo mais em jogo aqui — disse Daniel com determinação.Daniel, confiando na intuição de seus companheiros lobos, assentiu em concordância. A rivalidade entre as alcateias ficava em segundo plano diante da ameaça que enfrentavam.O líder da alcateia Rair, um lobo de pelagem escura e olhar feroz, emitiu um rosnado baixo em sinal de entendimento.Os lobos avançaram
Em meio à tensão e ao caos, o destino de Daniel e Alannis pendia em um delicado equilíbrio. A sobrevivência parecia um objetivo distante e incerto enquanto lutavam contra inimigos implacáveis.—Jarik, vá ajudar Daniel— disse Zander com voz firme. O jovem Jarik correu até Daniel para romper a formação dos demônios que estavam prestes a acabar com o jovem lobo. Estando ambos de costas, estavam prontos para lutar contra as criaturas sinistras.—Ei, a humana está bem! Lembre-se de que dependeremos de nós para sair disso —disse Jarik, colocando-se em posição de defesa contra um possível ataque surpresa dos inimigos.Daniel, sem dizer nada, tinha os olhos fixos em cada uma daquelas criaturas que os observavam. Enquanto sentia um líquido percorrer sua pele sob as calças. Sabia que estava gravemente ferido, mas ainda assim estava disposto a enfrentar os demônios para salvar as vidas das mulheres humanas e a de seus companheiros de batalha.A chegada oportuna de Jarik, instigada por Zander, mu