4. Um Encontro entre Alfas

— Senhor, há algum problema? — pergunta um de seus guardas que estava ali para relatar qualquer movimento estranho que houvesse.

— Ah... Não. Claro que não haverá — bufa Zander, saindo dali. Como líder daquela matilha, não pretendia ficar quieto, não sem saber o que estava acontecendo.

— O que os lobos da matilha Hunters estão fazendo aqui? — pergunta com total arrogância um dos homens de Zander. Os lobos desligam suas motocicletas e descem delas para caminhar em direção a Luke. Dois deles empurram Luke, fazendo-o ser expulso para trás.

«Oh, merda», pensava Carri ao ver que estavam intimidando um dos jovens que se comportara de maneira agradável com ela. Ela corre para a frente, salta no ar e chuta o lobo que ousou agredir um de seus amigos.

Os outros que estavam nas motocicletas descem delas para começar a cercá-los. A verdade é que os problemas estavam prestes a começar naquela matilha.

— Vou te ensinar a respeitar um verdadeiro lobo, pequeno — diz o mesmo homem que havia recebido o chute de Carri, agora de pé na frente dela, levantando a mão para lhe dar uma lição.

Carri fecha os olhos e coloca a mão na frente do rosto. Não pensava em mais nada, apenas naquele golpe que, sem dúvida, a faria se arrepender de sua decisão de se envolver em uma nova revolta. Enquanto Carri esperava aquele golpe, sentia que ainda estava ali sem recebê-lo. Lentamente, ela retira a mão do rosto para ver que Zander já estava na frente dela, segurando firmemente o punho daquele lobo. Dois lobos de alto escalão estavam cara a cara, um silêncio habitava o lugar. Apenas o estalido da lenha consumindo-se pelo fogo podia ser ouvido com total clareza.

— Você está louco?... Como ousa vir ao meu território para atacar minha matilha? — exclama Zander com raiva, mas com a voz calma.

— Sua pequena loba é a única louca que não sabe a quem deve respeitar — Carri apenas os observava com o temor de que, por causa de suas ações, Zander saísse prejudicado. Ela não conhecia aquele lobo arrogante que ousou desafiá-la, assim como aquele que tentou ensiná-la a ter bons modos. «Ele é um idiota!» Pensava ela enquanto fixava os olhos naquele sujeito. Os outros, que eram seus amigos, também a observavam atentamente. Era como se estivessem marcando-a para depois persegui-la e acabar com ela na matilha.

Os outros, que eram seus amigos, também a observavam atentamente. Era como se a estivessem marcando para depois persegui-la e acabar com ela na matilha.

Isso não a surpreendia, já que eles também faziam isso com frequência. Quando sentiam que eram ofendidos, Zander dirigia seus homens para atacar. Em uma ocasião, Zander empurrou o lobo intruso que acabara de chegar à matilha, provocando um alvoroço. O curioso era que ela, a única alheia à realidade, não sabia que aquele lobo não era um vizinho comum; nunca se perguntara quem eram ou de onde vinham. Desconhecia completamente a vida e o círculo íntimo de Zander.

Para ela, sua família era sua matilha, e sua lealdade estava com eles, assim como a lealdade de Carri estava com a matilha Rair. Qualquer ameaça contra essa matilha era considerada um ataque a ela mesma e à sua família.

O mais crucial para aquela loba, sem família nem matilha, era a lealdade. Ela havia desenvolvido essa mentalidade desde a trágica morte de toda a sua família; desde então, era leal às suas próprias convicções e estava disposta a lutar e até se sacrificar por essa lealdade. Essa devoção a levou a ganhar o carinho de Zander. O primeiro encontro entre os dois ocorreu quando ela salvou a vida de Jair, momento em que Zander reconheceu sua singularidade como uma loba leal e incapaz de trair aqueles que importavam para ela.

— Aska... Ser meu meio-irmão não te dá o direito de invadir minha matilha e impor que te respeitem — disse Zander. Carri ouviu atentamente essas palavras. Em um instante, uma corrente elétrica percorreu cada centímetro de seu frágil corpo.

«Estou acabada!... Oh, Deus, Carri, você não aprende de jeito nenhum», pensava ela.

— Você disse irmão?... Esse sujeito é um Alfa? — Carri pergunta, consternada e incrédula diante do que estava ouvindo. Zander e os outros fixam os olhos nela, vendo uma jovem em sérios problemas e com um grande temor refletido em seus olhos.

— Ah, como eu não imaginava isso... Suponho que você não contou a ela que somos filhos do antigo Alfa dessa matilha. Você ainda se comportará de maneira arrogante diante de mim? — Indaga Aska. Zander estava apenado por ela, mas não permitiria que seu irmão a atacasse, muito menos que a castigasse.

— Luke... Leve minha convidada para minha residência. E fique com ela, entendeu? — ordena Zander. Luke, sem dizer absolutamente nada, leva Carri consigo. Enquanto se afastam do lugar, os outros lobos sorriam como se estivessem presenciando algo cômico, deixando a ômega insegura de si mesma.

— Muito bem... Diga-me, o que o traz por essas terras? — pergunta Zander. Enquanto se aproxima de uma cadeira e se senta nela junto ao fogo. Lentamente, todos os lobos da matilha de Zander se dispersam. Não desejavam continuar ali, ouvindo as conversas daqueles dois jovens que, depois de muito tempo, se reuniram novamente.

— Sempre direto!... Acalme-se, homem, não vim para brigar, mas para pedir sua ajuda com algo mais — expressa Aska. Zander fica surpreso com as palavras de Aska. Ele o conhecia muito bem; só se algo estivesse fora de seu alcance, ele se atreveria a pedir ajuda.

— O que acontece?... Ao ver sua expressão, é algo incômodo — Aska fica em silêncio. Dizem que o silêncio é uma afirmação do que alguém se recusa a responder, e esse era o caso de Aska.

— Bem... Minha matilha e eu estamos sofrendo assédios por parte das forças das capas vermelhas. Supunha-se que eles haviam se retirado dos territórios dos Alpinos, mas uma aldeia vizinha foi devastada por uma força desconhecida em uma única noite — manifestou Aska. À medida que Zander ouvia as explicações de Aska, sentia que algo muito, mas muito grande, estava se aproximando deles.

Enquanto Zander se inteirava dos estranhos acontecimentos nos territórios vizinhos ao oeste do reino Sheridan, ele não tinha ideia de que apenas começariam a conhecer muitos casos semelhantes ao que Aska estava comentando.

A matilha vizinha, localizada ao norte, também estava sendo atacada. Parecia que a hora propícia era a noite, e ninguém ficava vivo para contar sobre esses ataques. Os responsáveis garantiam que ninguém ficasse vivo; as pessoas desaparecidas nunca eram encontradas novamente. Isso só aumentava os rumores de que os de capas vermelhas haviam retornado para reivindicar sua autoridade em cada canto do reino.

Os pequenos povoados, distantes da matilha Damon, recebiam relatórios dos recentes acontecimentos em seus territórios. Eles não tinham inimigos conhecidos que buscassem sua destruição, mantinham boas relações com outras matilhas, e a ideia absurda de que os turistas fossem os responsáveis parecia inverossímil.

O medo começava a se espalhar pela matilha Damon, e seus membros pediam ao seu Alpha que os protegesse antes de serem atacados. No entanto, quem ou o que eram aqueles seres capazes de massacrar uma aldeia inteira? Todos faziam a mesma pergunta, mas não tinham uma resposta clara, apenas suspeitas, rumores e lendas que alimentavam o medo no reino.

— Meu senhor, a matilha pede uma audiência com você! — expressou Darién. Casius largou a pena e olhou diretamente nos olhos dele.

— O que acontece com nosso povo?... — indagou preocupado desde onde estava o Alpha daquela matilha. Casius podia ouvir como uma multidão se dirigia para sua residência. Apesar de sua fama, ele nunca estava acompanhado. Casius não gostava de estar rodeado de muitas pessoas, apesar de ser o líder de sua matilha, evitava estar no meio da multidão.

Arabella, sua única irmã, era a encarregada de ouvir as inquietações da matilha. No entanto, naquele momento, Arabella estava em uma importante missão, dirigindo-se às terras do Alpha Beast.

— Vamos. Vamos ver o que querem... Aliás, me dê a adaga, por via das dúvidas. Nunca se sabe quando ela será útil. — Disse Casius. Darién assentiu e tirou a adaga da gaveta da escrivaninha, entregando-a ao seu Alpha. O jovem guerreiro sabia que Casius não estava de acordo em enfrentar a multidão, mas desta vez teria que fazê-lo. Era seu dever e ele precisava ouvir seu povo, e isso ele entendia perfeitamente.

— Alpha, receba nossos cumprimentos!... Estamos aqui para pedir que nos proteja daqueles seres desprezíveis que atacaram os reinos vizinhos de Terrasen — disse Laurent, que vivia com eles há muito tempo. Enquanto um dos habitantes falava, Casius observava atentamente cada gesto. De sua posição, ele podia sentir o medo palpável que habitava neles.

— Laurent, levante-se... Acreditem em mim, não há nada que devam temer. — Casius tentava acalmar o medo que assolava seu povo. No entanto, nunca imaginou que um simples rumor poderia transformar a segurança de seu povo em um temor que os fizesse parecer inferiores. A atitude de seu povo só enfurecia Casius.

— Mas senhor... pedimos clemência, não temo por mim, mas por meus filhos e minha esposa. Senhor... Suplico que faça algo, antes que sejamos os próximos a serem atacados — disse Reik, outro habitante, com voz trêmula. Atrás dele estavam seus filhos e sua jovem parceira, todos com o olhar no chão.

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