No quarto do hospital.O médico e os familiares formavam um círculo ao redor do leito. Isabel olhava para Natacha, sem ousar dizer uma palavra. Natacha tentou levantar o braço, observando as pessoas ao seu redor e, por fim, sorriu. Ao ver aquele sorriso, o coração de Isabel parecia ser cortado por uma faca.— Vovó. — Isabel chamou baixinho, sua voz estava tremendo.Henrique imediatamente disse:— Não se preocupe, não é nada sério.Natacha, porém, suspirou silenciosamente e tentou mover o braço novamente. O clima estava pesado no coração de todos, especialmente no de Natacha.Jorge, ao ver Natacha daquela maneira, se sentia ainda mais angustiado. Ele se culpava por não ter conseguido curá-la. O incidente com Natacha era uma perda e um pesar para toda a comunidade médica. Isabel sentia uma profunda dor no coração por sua avó. Ela se aproximou da cama e segurou suavemente a mão de Natacha, sinalizando para que ela não se movesse mais. Cada movimento de Natacha era como uma facada em s
Pensando pelo lado positivo, esse acidente de carro não tirou sua vida. Isso é uma coisa boa, não é?Isabel fungou e olhou para a avó, irritada:— Como você pode estar tão calma? Você não deveria estar triste? Está parecendo que estamos exagerando! Aqui todos são da família, você não precisa fingir ser forte!— Eu não estou fingindo ser forte. Na verdade, agora tenho um motivo para me aposentar. Quanto àquele experimento, estou cansada de continuar!Ao ouvir isso, Isabel sentiu um aperto no coração.— Vovó, você disse que não vai continuar o experimento? — Isabel ficou atônita.Rafaela ficou ainda mais desolada:— Mãe, foi por causa desse experimento que você acabou assim. Está quase terminando, você...— Dizem que está quase terminado, mas, na verdade, ainda vai demorar muito. — A voz de Natacha estava rouca e fraca, sempre soando sem energia.Isabel secretamente verificou a condição da avó. O diagnóstico era claro: a avó estava com deficiência de qi e sangue.Isabel se virou para Ra
Isabel trocou mais algumas palavras com Enzo antes de se despedir. Ao entrar no elevador, Isabel sentiu que Enzo estava agindo de maneira muito estranha, demonstrando uma simpatia incomum.“Se fosse para visitar a avó, deveria ser um dos mais velhos da família Vieira a vir. Algo está muito estranho com o Enzo”, pensou Isabel, dando de ombros.Quando Isabel saiu do elevador, se apressou a voltar para o quarto do hospital. Assim que chegou à porta do quarto e a empurrou ligeiramente, ela ouviu o som suave do choro de sua avó.O choro de sua avó era tão baixo que Isabel quase não a ouviu, a menos que prestasse muita atenção.Isabel apertou a maçaneta, sem saber se deveria ou não entrar. A força que sua avó mostrava diante dos outros e da família era apenas uma fachada. A verdadeira solidão e desamparo só se manifestavam quando ela estava sozinha.Isabel abaixou a cabeça e suspirou levemente em seu íntimo.A vida era uma série de desafios constantes que era preciso enfrentar, isso era nor
Todos ficaram olhando para Isabel, atônitos e um deles falou:— Como assim a Isabel já tem até crachá? A chefe realmente concordou que Isabel trabalhasse aqui?Nesse momento, o celular de todos apitou com uma mensagem de boas-vindas escrita pela chefe:"Notificação: Isabel assumirá oficialmente o cargo da Dra. Natacha e liderará todos nós na continuação do desenvolvimento do projeto."Todos começaram a murmurar baixinho:— Isabel pode até ter vindo trabalhar aqui, mas nosso financiamento de pesquisa está quase acabando. Em alguns dias, esse projeto vai ser interrompido!Logo em seguida, outra mensagem apareceu no celular de todos:"Notificação: Este projeto acaba de concluir a sexta rodada de financiamento, e agora os recursos são abundantes. Por favor, continuem a se dedicar ao projeto com tranquilidade. Obrigado a todos por contribuírem para a medicina nacional. O trabalho de vocês é muito apreciado!"Com isso, todos ficaram em silêncio.No segundo seguinte, começaram a discutir anim
Quando Isabel saiu da Base N, ela deu de cara com o maior investidor do local, Estêvão Lourenço.Estêvão era um homem de mais de quarenta anos, oriundo da Cidade G. Seu pai estava em estado vegetativo há trinta anos, e Estêvão sempre investiu nesse projeto na esperança de alcançar um bom resultado, não só para seu pai, mas também para todos que estavam na mesma situação.— Isabel, amanhã às oito da manhã, organizarei uma coletiva de imprensa para você. Vou anunciar oficialmente que você assumirá o projeto da Base N. O que acha? — Disse Estêvão com um sorriso.Isabel piscou e respondeu:— Estou aqui para fazer pesquisa, não precisa fazer uma coletiva de imprensa para mim.— Justamente porque você está aqui para fazer a pesquisa e que quero realizar essa coletiva. Quero que todos saibam que não desistimos desse projeto de pesquisa. Além disso, depois que você ajudou a professora a conseguir o Pau-Brasil, fiquei especialmente grato pela sua dedicação à Base N. Portanto, dessa vez, não me
Estêvão estava ouvindo com muita atenção e, quando não entendia algo, perguntava a Isabel. Ele não tinha muito conhecimento sobre medicina, mas sabia que dinheiro era essencial, por isso sempre investia na Base N.A conversa entre os dois foi bem animada. Isabel passou a conhecer melhor Estêvão, ele era extremamente competente em seu trabalho e falava de forma muito organizada. Além disso, Estêvão tinha uma postura muito educada, ele sempre olhava nos olhos de Isabel quando falava e respondia a cada palavra dela.Isabel comentou sobre suas ideias para o futuro da Base N, e Estêvão a elogiou, demonstrando grande expectativa por seus planos. Esse apoio mental deu a Isabel uma motivação significativa.Isabel sentia que Estêvão seria um excelente parceiro de aprendizado para ela no futuro. Afinal, ela teria que trabalhar com muitas pessoas na Base N. Mais importante ainda, Estêvão nunca interrompia Isabel enquanto ela falava, ele sempre esperava ela terminar antes de compartilhar seus pr
— Olha só para você, nesse estado deplorável. Eu até acho que Isabel e Estêvão combinam bem. Só que Estêvão é um pouco mais velho que Isabel! — Enzo descascou uma tangerina, mas antes que pudesse comer, José lhe jogou uma almofada. A tangerina caiu no chão, e Enzo ficou desolado. — A tangerina não tem culpa! Se você está chateado, pode me bater, mas por que bater na minha tangerina?— Eu só quero bater em você. — José respondeu friamente.Enzo riu e disse:— Como está o seu ferimento? Quando você vai receber alta? Estou ansioso para ver como você vai implorar o perdão da Isabel. — Enzo até assentiu enquanto falava. — O deus da Cidade A caiu do pedestal, como é essa sensação?A boca de Enzo parecia uma metralhadora, falando sem parar. Quando ele estava prestes a continuar, viu que José levantou a almofada ao lado.Enzo fez uma pausa e disse:— Eu paro de falar, mas primeiro abaixe essa almofada! — José, ao ver Enzo fechar a boca, colocou a almofada de volta. Enzo tossiu e continuou: — E
— Edifício comercial! Você viu isso? O Estêvão dá muita importância à Isabel! — Enzo comentou enquanto comia o último gomo da tangerina. José permaneceu em silêncio. Enzo olhou para ele e insistiu. — Você não tem nada a dizer?— Já acabou? Pode ir embora. — José respondeu friamente.Enzo, irritado, retrucou:— José, você está solteiro por uma razão. Merece ser enganado!O rosto de José endureceu e ele declarou:— Sai daqui!Enzo soltou uma risada fria. “Se soubesse que ele reagiria assim, nem teria vindo contar essa notícia.”— Embora você me mande embora, ainda vou te dizer uma coisa, José, se você quer reconquistar a Isabel, precisa se apressar! Caso contrário, vai acabar sem nada!José franziu as sobrancelhas novamente e disse:— Saia logo!A porta do quarto foi fechada com força. O silêncio tomou conta do ambiente.“Isabel e Estêvão estão trabalhando juntos. Desde que Isabel e eu nos divorciamos, sempre há um novo rosto ao lado dela.”José não pôde evitar a inquietação que crescia