"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade." George Orwell
Um dia li em algum lugar uma frase que dizia mais ou menos assim: "Escolha um trabalho que você ame e você nunca terá que trabalhar um dia sequer na sua vida." . No início, eu não entendi muito bem essa frase. Mas agora ela faz todo sentido. O meu trabalho é a minha vida. Quando estou trabalhando eu não fico entediada e nem _nada do tipo_, pois, o que eu faço, faço com todo amor.Eu me especializei em jornalismo investigativo. Já fui considerada uma das melhores colunistas do Times, mas de um tempo pra cá fui rebaixada a jornalista de fofoca. Por isso tenho que andar investigando tudo sobre a vida escandalosa da elite de Nova Iorque.A minha chefe é tão exigente e irritante que as vezes dá vontade de matá-la.Definitivamente a vida dos empresários e socialites de Manhattan não me interessam, mas se for pra fazer fazer fofoca, eu faço, e faço direito, mas na verdade o que eu realmente gosto é do jornalismo investigativo. Eu não passei 5 anos na faculdade pra ser colunista de revista de fofoca. Neste momento, estou editando uma notícia da vida de um empresário de Manhattan. Esse povo rico adora aparecer nas colunas sociais toda semana. Já até ameaçaram me processar. Fico analisando a matéria e corrigindo alguns erros. O telefone da minha sala toca e atendo.- Alô?- Oi, Marshall, tem uma pessoa aqui na recepção querendo falar com você. -- a Kimberlly, minha amiga e recepcionista nesse andar da empresa fala.- Pode mandar entrar. Obrigada, Kim. - falo e desligo.Dois minutos depois, Paul Oliver, o tal empresário sobre quem eu estou editando uma matéria comprometedora, (segundo fontes confiáveis, sua ex-secretária o está processando por assédio), surge no fim do corredor. Vejo ele caminhar em minha direção e o acompanho com o olhar. Ele é muito mais bonito pessoalmente do que nas fotos. Olhos verdes, cabelos loiros, alto. E, apesar de estar de terno, dá para perceber seu porte atlético. Deve ter uns 29 anos.Ele me lança um olhar intimidador, mas não me abalo. Continuo com minha postura firme.- Paul Oliver, o que fiz para receber sua ilustre visita? - pergunto com um sorriso.- Soube de uma fonte confiável que você está publicando uma matéria um tanto comprometora...- *eu* ❓ o interrompo.- A mesma fonte que me passou a notícia? - pergunto com deboche.- Marshall, vai por mim, você não quer publicar essa matéria.- ele fala com autoridade.- Te dou um minuto pra me convencer a não publicar. Começando de agora. - falo olhando pro relógio.- Olha esse caso está em segredo de justiça. - ele diz.- Então você confirma. Mais uma coisa para incluir na matéria. - falo digitando a informação em meu laptop.Ele me olha com irritação, pelo detalhe que deixou passar.- Olha, eu posso te dar a quantia que você quiser pra não publicar essa matéria. - ele fala e reviro os olhos.- Bela tentativa Sr. Oliver, mas não me convenceu. Acho que vou fazer outra matéria sobre isso. Imagina amanhã em todos os jornais: "Paul Oliver tenta subornar jornalista a não publicar matéria"! Mas, como hoje estou de bom humor, só vou publicar a parte em que você assedia a sua secretária e ela te processa. Inclusive, a matéria acaba de ser mandada pra gráfica.- falo apertando um botão que envia a matéria para a gráfica.- Você vai se arrepender amargamente por ter feito isso! Depois não diga que eu não avisei. - ele diz. E sinto um calafrio. Mas não deixo ele perceber que me deixou intimidada.***Chego na empresa no dia seguinte e avisto a Kim, minha melhor amiga na recepção. Ela está linda com um terninho preto e um scarpin combinando.- Oi Kim, tudo bem? - pergunto com animação.Hoje bem cedinho minha matéria foi ao ar, imagina o barulho que essa notícia deve estar causando na mídia.- Lê isso. - ela me estende o jornal."Secretária de Paul Oliver responde matéria de Colunista do Times, dizendo que a notícia é falsa e inconsistente. E afirma que ela teve que se afastar da empresa pra cuidar de sua mãe com câncer."Quase caio pra trás ao ler essa notícia.Olho para a Kim, e começo a ficar desesperada.- Isso é mentira Kimberlly. O Paul afirmou pra mim ontem que o caso era segredo de justiça. Mais que merda. - falo irritada.- Anne, as coisas não estão nada boas pra você. A chefe está te esperando na sala dela, tudo indica que ela vai te demitir. - ela diz e fico sem chão.Eu preciso muito desse emprego, eu não posso perder esse emprego, eu vou viver de que? Quem vai querer me contratar depois do que o Paul fez?Respiro fundo e caminho até a sala da minha chefe. Dou duas batidinhas e entro.Vejo a minha chefe Cláudia Campbell, atrás de sua mesa.- Mandou me chamar sra Campbell? - pergunto cordialmente.- Como você pode publicar uma matéria dessas? Você acabou de jogar o nome da Times na lama. Você está cansada de saber o que está no quarto artigo do código de ética do jornalista. Que seu compromisso é com a verdade e com a apuração dos fatos. - ela grita.- Olha sra Campbell, a minha notícia é verdadeira, ontem o Paul Oliver esteve aqui e tentou me subornar, me oferecendo dinheiro para mim não publicar a notícia. - falo cordialmente.- Não me interessa Anne, agora a merda já está feita. Eu espero que você saiba o que está escrito no Artigo oito do código de ética do jornalista. - ela fala.E eu sabia, "O jornalista é responsável por toda informação que divulga(...)"- A sra vai me demitir? - pergunto.- Eu tenho todos os motivos, você não escreve mais nada que preste, e agora isso? Última chance Marshall, você tem dois dias para fazer uma matéria que preste, pode ir pra sua casa, daqui a dois dias você volta com a matéria e eu vou pensar se te demito ou não. -Porra, como vou conseguir? É muito pouco tempo. Paul Oliver vai se ver comigo.- Ok, sra Campbell, eu prometo que não vai se arrepender. - falo saindo de sua sala mas ela nem se dá ao trabalho de olhar pra mim.Caminho até a recepção.- Ela te demitiu? - Kim pergunta.- Ainda não. Se eu não fizer uma boa matéria até segunda feira, ela vai me demitir. Eu não sei se vou conseguir, Kim. Você sabe mais que todo mundo o quanto eu preciso desse emprego. - falo.- Você vai conseguir Annie, eu sei disso. - ela diz.É muito bom ter uma amiga que acredite em você quando todo mundo já desacreditou.- Obrigada Kim. Agora vou indo, até logo. - falo saindo pela porta de entrada da empresa.Vou em direção ao estacionamento e pego meu carro. Ligo e saio da empresa. Enquanto paro o carro no semáforo que deu sinal vermelho faço uma busca rapida em meu celular. Pesquiso onde fica a empresa Oliver. Bom, eu não enlouqueci, eu só quero encarar o Paul de frente, pois graças a ele eu estou na situação que estou. Ou talvez não...Ouço barulho de buzinas e volto minha atenção para o volante. Coloco o endereço da empresa no gps e meia hora depois paro meu carro em frente ao prédio da empresa. Procuro uma vaga e depois de alguns minutos estaciono o carro e sigo em direção a recepção da empresa. Passo pela porta giratória e vou até a recepcionista, que é muito bonita por sinal, parece que o Paul escolhe suas funcionárias a dedo. Ou talvez faça o teste do sofá antes, vai saber né.- Bom dia. O Sr Oliver está? - pergunto a recepcionista.- Bom dia. Tem horário marcado? - ela pergunta com cara de tédio.Horário marcado? É sério isso?- Não, mas ele vai falar comigo. Ligue para a sala dele diga que Annie Marshall está aqui e só vai sair quando falar com ele, se ele não vier falar comigo eu faço um escandalo aqui. - falo.- Annie Marshall a jornalista? - ela arregala os olhos.- Exatamente. - respondo e observo ela pegar o telefone em sua mesa.- Sr Oliver, Annie Marshall está aqui na recepção. Eu sei Sr Oliver, mas ela disse que só vai sair daqui quando falar com o senhor. Está bem. - ela coloca o telefone no gancho e volta sua atenção pra mim. - É no quarto andar. Na sala da presidência, ele disse que você tem cinco minutos pra falar com ele. - ela diz e concordoO telefone da minha sala toca e atendo. Ouço a voz da recepcionista do outro lado da linha.— Sr Oliver.— Pois não? —— Annie Marshall está aqui.— ela fala.Que droga! O que essa jornalista de quinta quer na minha empresa?— Eu não disse pra você que não estou com tempo pra nada hoje? —— Eu sei Sr Oliver, mas ela disse que só vai sair daqui quando falar com o senhor. —— Mande ela subir, diga a ela que só tenho 10 minutos. —— Está bem. — ela fala e desliga.Annie Marshall, a jornalista insuportável que quase me tirou da presidência da empresa. Isso ela não sabe, e nunca vai saber.Alguém daqui de dentro passou a informação a ela que a minha ex secretária estava me processando. O que não deixa de ser verdade. A vagabunda interesseira da minha ex secretária, só andava se jogando pra cima de mim, eu sou homem ué, resisti até quando não dava mais. Propús a ela uma noite de sexo selvagem. A vagunda gravou quando fiz a proposta a ela, tá na cara que essa era a intenção dela desde o começ
Mostro para a Marshall como funciona a página das Indústrias e ela apenas fica calada assentindo pra tudo que falo. Ela parece triste, abalada, mas não tô nem aí. Ela vai se arrepender por ter cruzado meu caminho.Ligo para o Landon, que é meu primo e vice presidente da empresa e peço pra ele vir até a minha sala. Minutos depois ele entra na sala e me lança um olhar questionador quando vê a Marshall. Em seguida volta sua atenção para ela.— Annie Marshall, soube que você fará parte da equipe da nossa empresa de agora em diante, seja bem vinda. — Landonn diz sorrindo.— Obrigada...?— Blake, Blake Landon.Eu sei que ele está pensando em seduzi-la, mas não vou deixar, não quero relacionamentos amorosos entre membros da minha empresa, não depois do escândalo envolvendo minha ex secretária.— Landon, temos algumas salas vazias neste andar, você pode mostrar para a Srta, Marshall? Depois que ela escolher, venha até a minha sala, por gentileza. — falo e volto minha atenção para o computador
Uma semana depois:Deixar o Paul me beijar e não fazer nada pra impedi-lo, foi loucura, eu sei, mas não resisti. Uma semana depois do beijo e eu estou fazendo de tudo para não cruzar com ele nos corredores da empresa e até agora nem sempre tem dado certo, pois vez ou outra nos vemos no corredor. Seria loucura eu beijar o Paul outra vez depois de tudo que ele está fazendo comigo, ameaçando minha carreira. Tenho feito muita coisa produtiva para a página que mudou completamente desde a minha chegada. Confesso que adorei o novo Layout, tudo! Ah, e minha sala está tão linda, o Landon foi um amor por isso. Durante o final de semana ela mandou uma equipe pra fazer a decoração da sala e quando cheguei aqui na segunda me surpreendi.Eu agradeci muito a ele por isso, mas ele disse que se fosse pra mim trabalhar aqui que pelo menos eu me sentisse confortável e em um lugar só meu.O telefone toca em minha mesa e é a nova secretaria do Paul dizendo que ele solicita minha presença em sua sala. Pass
O avião pousa em Londres às 10:00 da manhã, agora estamos indo em direção ao hotel em que ficaremos. A Marshall não deu uma palavra comigo desde a hora que entramos no avião, ela fica sempre conversando com o Landon e fingindo que eu não existo. Percebo que ela ficou mais retraída desde que o avião pousou. Infelizmente o Max ainda não terminou sua "pesquisa" sobre ela, pois ainda não me enviou nada.Hoje o dia vai ser tranquilo, ainda bem, pois amanhã o dia vai ser uma loucura, iremos visitar algumas construções e passaremos a semana inteira em Londres avaliando essas obras. Algum tempo depois o motorista estaciona o prédio em frente ao Four Seasons.***Depois de um funcionário do hotel trazer minhas malas para o quarto, e em seguida sair, me sento na cama, tomo coragem e disco o número da minha irmã, quando penso em desligar, ouço sua voz abafada no outro lado da linha.- Annie, você enlouqueceu?- Oi, Claire, será que dá pra gente se encontrar hoje?- Meu Deus, Annie, você está no
Acordo com o barulho do despertador e uma dor de cabeça horrível, me arrependo amargamente por ter bebido tanto ontem a noite. Me lembro de ver o Paul com uma mulher e sinto um gosto amargo na minha boca. Depois de me arrastar até o banheiro e tomar um banho, a campanhia do quarto toca e vejo que é o Landon.O Landon está se saindo um ótimo amigo comigo, uma pessoa bastante compreensiva e fiquei muito grata por ele sair do meu quarto ontem a noite, sendo que ele poderia tentar alguma coisa e se aproveitar que eu estava bêbada.- Você está péssima. - lanço-lhe um olhar furioso.- Obrigada. - ele ri.- Não, não. Você está linda, mas parece cansada.- Obrigada e sim, estou cansada. Não estou habituada a beber.- Hoje o dia vai ser cansativo, então acho melhor você ficar. - dou risada.- Só se for pra o seu chefe surtar e ameaçar acabar com a minha carreira.- Relaxa, eu me resolvo com ele. Passe a manhã inteira descansando, durma e vou pedir para trazerem algo pra você comer. - ele diz e
Pelo resto do dia eu faço apenas meu trabalho, o Paul não me disse nada e não jogou piadinhas. Que bom, pois eu estava estressada, melancólica e me sentia muito carente. Depois de ter feito um balanço geral da minha vida, eu percebi o quanto minha existência é vazia. Anos de faculdade e trabalho resultaram em que? Nada!Quando sai da casa dos meus pais eu queria liberdade, fugir do autoritarismo e me rebelar. Consegui? Por um tempo sim, mas sinto que estou sendo controlada de novo, Deus sabe o quanto eu odeio ser controlada, mas infelizmente será assim até eu pensar em algo e tomar as rédeas da minha vida. Por ora eu iria apenas fazer o meu trabalho e tentar não matar o Paul sempre que ele determinasse alguma regra.A limousine para em frente ao hotel e desço antes do motorista abrir a porta. Paul me olha confuso e desce logo atrás de mim. Presumo que o motorista tenha ficado sem entender nada. Passo pela porta giratória do hotel, entro na recepção e caminho até o elevador que acabou d
Annie se levanta e volta a se sentar novamente.- Você está bem? - pergunto e ela coloca a mão na cabeça, como se estivesse tonta.Vê-la nesse estado, me deixa mal. Eu forcei-a a vir para Londres, forcei a ir para Birminghan e a cada dia que passa, ela deve me odiar mais e mais.- Está feliz agora? - Annie pergunta me encarando, seu olhar está perdido.- Porque eu estaria, Marshall? - pergunto e ela dá uma risada amarga.- Você conseguiu o que queria, me deixar mal, me humilhar. - ela grita - Você não sabe nada sobre mim.- Você também não sabe nada sobre mim, Annie. Você sabe o que a mídia sabe, foi muito conveniente pra você soltar matérias deturpadas. Você nem me procurou para ouvir minha versão do caso. Você sequer procurou a Erica. É esse tipo de jornalismo destrutivo que você faz? - ela se levanta e sai do quarto.*****Annie narrando:Saio do quarto do Paul enfurecida e vou para o meu. Estou estr
Landon não sabe se ri ou se se contém, em relação ao mini ataque de histeria da minha irmã.- Agora a Abby me supervisionando. Era só o que faltava. - falo pegando um sanduíche e me sentando na mesa.Dou uma olhada em meu relógio e vejo que só tenho 10 minutos para comer o sanduíche antes de entrar em outra reunião.- Você está ferrado, cara. Eu odiaria estar na sua pele, deve ser difícil ser você. - Landon ri.- Difícil você vai ver quando a Annie for minha. E ela vai ser. Essa mulher está me deixando louco.Annie Narrando:Entro na minha sala e ligo o notebook. Sei que irmã do Paul está sendo cautelosa e ela tem todo o direito de fazer isso. Afinal, eu publiquei a porcaria daquela matéria sobre seu irmão. Como se não fosse o bastante ter que lidar com o Paul, agora eu teria que lidar com sua irmã também.Abro a página das Indústrias Oliver e me concentro nisso, há muito trabalho a ser feito.*****No fim da tarde, quando estou me preparando para ir embora, Paul entra na minha sala.