Marina
Andamos de mãos dadas todo o caminho até o ponto de táxi. Como era um pouco longe, não daria para ir a pé. Mas até no carro, ele não me largou. Sempre me acariciando e soprando beijos no meu pescoço.
Na frente do cinema, avistei o mais novo casal à nossa espera. Eles ficavam lindos juntos. Edu estava muito feliz, então, por conseguinte, para mim estava perfeito.
Agora seria a prova de fogo. Escolher o filme, meninos tem gostos diferentes de meninas. Ficamos divididos igualmente, eles queriam ver um filme de ação, eu e Cibele uma comédia romântica. No final acabamos cedendo, porque segundo eles seria uma tortura sem fim ver nosso filme. E fomos para a tediosa duas horas de pancadaria.
— Você sabe o que este vestido está fazendo comigo? — sussurrou Theo.
Ele estava com o braço enlaçando meu ombro
TheoEstava mexendo no meu carro que comprei num ferro velho, tinha uns dois anos que estava em processo de melhoria, quando terminasse ia ficar foda. Eufórico, contava as horas para ver Marina. Todos os dias, no finalzinho de tarde, a gente se encontrava, na frente da casa dela.Ficávamos ouvindo música, conversando. Sua mãe sempre fazia uns lanches gostosos. Depois, a gente deitava na grama e ficava olhando o anoitecer, vendo as primeiras estrelas surgirem. Não via a hora de contar as novidades do meu carrão, estava quase pronto. Ela seria a primeira a estrear. Mas meu mundo mudou completamente, quando meu pai entrou na garagem. Ele estava todo arrumado, como sempre. De terno e gravata. Impecável. Nossa, eu odiava esse jeito arrumadinho. Com a cara amarrada, ele deu a volta no carro, até ficar ao meu lado.Levantei meus olhos, e o encarei. Devolveu o ol
MarinaDepois da manhã tumultuada de trabalhos na faculdade, almoçamos e fomos para o café, como combinado. Éramos um grupo bem barulhento. Tínhamos em adicional duas meninas do curso do Edu. Cibele ficou meio enciumada, mas depois que viu o interesse delas direcionado ao Cadu e Enzo, relaxou.Uma garçonete se aproximou, ela estava com uma calça quase segunda pele, e uma blusa de botão, totalmente aberta.— Posso ajudar? — insinuou-se para os meninos.— Hum, nós vamos querer oito xícaras de café e traz a maior quantidade de donuts, que você tiver — Theo fez o pedido olhando para o cardápio.A garota não parava de sorrir para ele. Eu estreitei meus olhos, ela fez uma “meia careta, meio biquinho”, ridícula.— Tem gente que tá com ciúmes... — cantou Edu.
TheoEstava me segurando para não urrar de felicidade. Nossa tarde no parque, anos atrás, foi muito boa. Nos divertimos pra caramba, Mari adorava parques. Era como um garoto que gosta de futebol. Fica hilária, faz todos os tipos de maluquices.Já estava arrumado para a noite. Os caras estavam elétricos. Cadu arrumou dois carros emprestados para ficarmos numa boa, sem nos preocupar com horário de ônibus. Enzo estava armando, queria fazer as meninas comerem muito e passarem mal nos brinquedos. Só o que não ele esperava era que Marina fica como um garoto em parques, ela come e zoa como um. Era mais fácil ele ficar enjoado do que ela.Eu estava a caminho de seu apartamento, quase não continha minha ansiedade. Subi as escadas de dois em dois. Bati e esperei. Ela abriu numa excitação evidente, estava dando pulinhos e seu sorriso era brilhante.Vestia um short
MarinaQuando chegamos em frente ao parque, lembranças de sorrisos e brincadeiras vieram à minha mente. Eu sorri e apertei a mão do Theo, que me deu um beijo no topo da cabeça, compreendendo o que eu estava pensando. Ele estava lindo, numa bermuda cargo preta e camisa amarela.Nós entramos e fomos direto a bilheteria, cada um comprou dez fichas. Eu pretendia usar todas elas. Avistei várias coisas que queria fazer, mas primeiro, montanha-russa. Enzo estava achando que ia nos entupir de porcarias e nos fazer vomitar. Ele que me aguardasse.— Theo, vamos à montanha-russa? Por favor?Ele me olhou, franzindo os lábios.— Vamos, mas se eu passar mal, não volto mais.— Ok! — Ri da cara dele, Theo não curtia muito o brinquedo, da última vez que fomos não tinha sido muito legal para ele.E lá fomos nós, Edu e
MarinaA noite no parque, foi perfeita, nos divertimos à beça, rimos até as lágrimas. Fui para casa acabada, Theo me acompanhou até a porta, mas não quis subir. Estava morto, coitadinho. Combinamos de passar o sábado juntos. Mal podia esperar.Dormi como uma pedra. Acordei com barulhos na cozinha. Levantei sonolenta e fui verificar, cambaleando com apenas um olho aberto, passei pelo corredor. Antes de chegar, escutei risinhos femininos. Mas, o que estava acontecendo?Quando cheguei à porta da cozinha estaquei no lugar um pouco surpresa, nem tanto, na verdade. Cibele e Edu estavam de pijama, fazendo o café. Pigarreei levemente tentando que saíssem de sua bolha matinal de felicidade e notassem que não estavam mais sozinhos.Eles olharam para mim e coraram simultaneamente. Eu sorri meio de lado e levantei uma sobrancelha. Eles abaixaram a cabeça e não dis
TheoPassar a noite longe dela, depois de ter provado o aconchego de seu corpo, foi uma tortura. Ficava rolando na cama o tempo todo. Não consegui pregar os olhos até às quatro da manhã. E já estava na hora de levantar.Como um zumbi, parti para o chuveiro. Tomei um banho frio para despertar, me vesti ligado no automático. Para ser sincero, a única coisa que me animava seguir em frente era saber que iria vê-la logo.Já estava saindo quando me lembrei do celular, estava no fundo do armário. Voltei para o quarto e o peguei. Tinha uma mensagem da Marina:“Senti sua falta à noite.”Eu sorri, estávamos tão em sintonia que podia vê-la se contorcendo na cama a noite toda à minha procura, como fiquei com a dela. Respondi:“Senti falta do seu corpo quente. ”
MarinaEu não sabia o que era pior, passar toda a noite num desconforto sem fim, ou acordar e perceber que ele não estava ali. Era assustador como depois de apenas uma noite em seus braços — no qual apenas dormimos —, ficar tão dependente do seu calor.Tomei um café reforçado para espantar o sono. E fui chamar o Edu. Estávamos atrasados, ele nem tinha dado as caras. Bati e entrei. Estava deitado na cama, com os braços cobrindo os olhos. Levantou a cabeça e sentou.— Já está na hora?Assenti, ele pegou a mochila passando por mim num desânimo enlouquecedor. Na noite anterior ele estava estranho, desde que veio da casa da Cibele. Será que aconteceu alguma coisa?Fomos andando devagar. Então ele soltou:— Eu contei pra Cibele sobre a Tatiana. — Arregalei os olhos e ele continuou: — Ela n
TheoNão podia acreditar no que estava acontecendo. Minha irmã ter aparecido foi a pior das notícias. Marina tinha gravado em seu rosto o desgosto evidente. Olhei para Tatiana e decidi enfrentá-la logo de cara.— O que está acontecendo, Tatiana? Por que você veio para cá de verdade?Ela titubeou e fez uma careta irritada.— Me encontra depois da aula, em particular. Que eu te conto tudo.Assenti a contragosto e varri meu olhar pelo pátio à procura por Marina, não a encontrei em lugar algum. Droga! Agora que tudo estava indo tão bem.— Ok, te encontro no café ao lado do campus. Assim que acabarem as aulas, não se atrase.Ela balançou a cabeça e foi em direção ao segundo andar do prédio.Eu tinha que ir para a aula, já estava atrasado. Na sala, Marina estava sentada na