No dia de Ano Novo... Era para ser um dia animado e cheio de alegria, mas ela estava deitada no hospital, recebendo soro e, ainda por cima, sem poder se mexer. Embora nunca tivesse grandes expectativas ou entusiasmo com o Ano Novo e toda a agitação que ele trazia, era inevitável sentir uma pontinha de melancolia. Afinal, todos os anos, nesse mesmo dia, além de acompanhar a avó no jantar de Ano Novo, o restante do tempo o passava sozinha. Mas agora... Ela sentia como se fosse mofar ali. Ela realmente não podia ficar no hospital por muito tempo. Estava frustrada e irritada, queria se mexer e, além disso... Viu pela janela do quarto que estava nevando lá fora. Seu coração, ansioso por liberdade, já havia voado para fora como um passarinho. Guilherme havia saído por um momento, mas agora estava de volta. Lá fora fazia frio, e ainda nevava levemente. Ele trazia consigo um pouco do ar gelado, então, ao entrar, tirou o casaco e ficou parado por um instante antes de se aproxi
— Além disso, eles vêm me visitar todos os anos durante os feriados, só que este ano foi um caso especial. Eles não puderam vir, mas não tem jeito. Ouvindo as palavras de Alícia, não havia nenhum traço de queixa ou tristeza em sua voz. Pelo contrário, ela parecia muito tranquila e até mesmo feliz. Ângela não sabia por quê, mas de repente se lembrou de seus próprios pais. Neste mundo, talvez só os pais realmente amem seus filhos de forma incondicional. Ela sentia que não havia sido uma boa filha. Seus pais tinham apenas duas filhas: ela e sua irmã mais velha. Agora que a irmã não estava mais, só restava ela. No entanto, por causa de Reginaldo, ela ignorou os conselhos deles e insistiu em se meter naquela situação desastrosa. Durante cinco anos, ela não teve coragem de entrar em contato com os pais, muito menos de vê-los. Temia que eles ficassem tristes ao vê-la, mas também tinha medo de ver a decepção estampada nos olhos deles. Por cinco anos, o mundo dela girou em torno d
— De que forma ela era incrível? — Bento tinha acabado de perguntar quando ouviu a voz fria do homem o interrompendo. — De que forma ela era incrível...? — Bento murmurou, tentando se lembrar. — Bom, todos, tanto os meninos quanto as meninas, admiravam ela. Na época, o número de pessoas que tentaram conquistar Ângela daria para dar dez voltas ao redor da nossa escola. Mas, sabe...— Sabe o quê? — O homem virou ligeiramente a cabeça para encará-lo. — Ângela não aceitou nenhum deles. — Bento continuou. — Depois eu ouvi dizer que ela contou para todos os rapazes que a cortejaram que já tinha alguém no coração. E que só se casaria com essa pessoa. Reginaldo sentiu um calafrio inexplicável. "Ela já tinha alguém no coração? Quem poderia ser?" — Quem? — Isso eu não sei. — Bento respondeu. — Tio Reginaldo, você pode perguntar à Lavínia? Ela sabe muito mais do que eu. Bento empurrou essa responsabilidade para sua irmã mais nova. Lavínia, por sua vez, foi sorrateiramente até Monte
— Só se você quiser começar o treinamento assim que suas férias acabarem! — O homem lançou uma frase seca e cortante. — Presidente Reginaldo, eu não quero, não! — Dessa vez, ele respondeu rapidamente. — Fale! — Então, Presidente Reginaldo, é comida caseira, mas o dono do restaurante de comida caseira é um pouco... especial... Ian estava realmente em apuros. Antes, quando o Presidente Reginaldo não tinha desconfiado, ele ainda conseguia enrolar. Mas agora... Ele realmente não entendia como isso tinha ido parar na conversa de repente. Mordendo os lábios, decidiu contar tudo de uma vez: — É a Sra. Araújo. Reginaldo ficou completamente surpreso. Embora já tivesse suspeitas, a confirmação ainda o deixou impactado. Depois que Ian terminou de falar, não ouviu nenhuma resposta do outro lado da linha. Mas o chefe também não desligou o telefone, e Ian não tinha coragem de encerrar a ligação por conta própria. Após um longo silêncio, veio uma voz do outro lado: — Por que não
Porque alguém pagou.Lorena nunca havia transferido tanto dinheiro em toda a sua vida. E aqueles que recebiam as transferências dela ficavam todos surpresos, até mesmo desconfiando se a conta não teria sido hackeada. Sebastião estava largado no sofá de casa quando o celular vibrou algumas vezes, e o ícone de notificação apareceu na tela. Ele abriu a mensagem e viu que era de um contato salvo como "Lorena". Assim que leu as palavras relacionadas à transferência bancária na mensagem, ele imediatamente clicou para abrir. — Estou vendo direito mesmo? — Sebastião murmurou para si mesmo e então contou cuidadosamente a sequência de zeros na quantia. Depois de contar, ele pensou consigo: "Será que a Lorena finalmente se tocou? Ou será que hackearam a conta dela?" Na mesma hora, ele abriu o aplicativo de chamadas de voz e tentou ligar para ela, mas assim que o telefone tocou uma vez, a chamada foi recusada. Ele então tentou ligar diretamente, mas, mais uma vez, a chamada foi rec
Mas ela reagiu rapidamente: — Ah, foi em casa que eu troquei a sacola daquela loja. — Lavínia Araújo! — O homem olhou para ela, incrédulo com sua teimosia, e gritou novamente seu nome completo. — Minha paciência tem limite! — Tio, não adianta gritar meu nome completo. — Por causa da sua melhor amiga, ela decidiu se sacrificar. — Eu realmente não sei onde está a Ângela. Mesmo que o senhor me espanque agora, eu não vou saber! — Você... — Você o quê?! — Uma voz rouca, marcada pelo tempo, mas que ainda conservava autoridade, ecoou na sala de estar. — Ano novo, e você aí, com essa cara feia, mostrando pra quem? Hein? Pedro se apoiava em sua bengala enquanto descia a escada do segundo andar, com uma expressão severa e séria. — Vovô. Assim que Lavínia ouviu a voz de Pedro, soube que seu salvador havia chegado. Ela imediatamente se virou e correu em direção à escada, subindo rapidamente e segurando o braço de Pedro para descer com ele. Reginaldo fechou o rosto, permanecendo
Não importava o que Pedro dissesse, por mais duras que fossem suas palavras. Reginaldo, além de franzir levemente as sobrancelhas, não demonstrava nenhuma outra expressão, tampouco retrucava; ele apenas comia em silêncio. Lavínia admirava a paciência de seu tio. Por um breve momento, ela até achou que ele era um tanto digno de pena, com aquele ar de solidão. Enquanto isso, a atmosfera na antiga mansão da família Santos era completamente oposta à da família Araújo. Embora houvesse poucas pessoas, cada uma delas exibia um sorriso no rosto. A casa estava decorada com uma forte essência de Ano Novo. Lorena sentiu que fazia muito, muito tempo desde que experimentara um Ano Novo tão cheio de significado e alegria. E tudo isso foi proporcionado por aquele homem ao seu lado. Guilherme havia levado Lorena de volta e avisado a antiga mansão com antecedência. Por isso, Michele pediu à cozinha que preparasse pratos leves. Quando Lorena viu os pratos na mesa, imediatamente compreendeu.
Aurora piscou os grandes olhos e disse com uma voz doce e infantil: — Tia Lorena, eu gosto de você. Lorena ficou ligeiramente surpresa, mas logo sorriu. Estendeu a mão e apertou a bochecha gordinha dela. — Eu também gosto do nosso adorável Aurora. Por outro lado, Guilherme franziu levemente as sobrancelhas. Ele sentia que as coisas não eram tão simples assim. Logo depois, todos ouviram novamente a voz infantil de Aurora: — Tia Lorena, isso é pra você. Ela estendeu suas pequenas mãos, segurando uma caixinha, e a entregou para Lorena. Lorena olhou para a caixinha e depois para Aurora, perguntando suavemente: — O que é isso? — É todo o meu dinheiro. — Aurora estalou os lábios e, com uma voz animada, explicou. — Acabei de ouvir meu primo dizendo que, quando você gosta de alguém, precisa dar tudo o que tem de valor para essa pessoa. Lorena hesitou por um momento. — E mais! — Aurora continuou, empolgada. — Quando eu crescer, vou casar com a tia Lorena. A pequeno fal