— Você não é nada boa em mentir. — Nicolas lançou um olhar para a mão direita dela. — Toda vez que você mente, sua mão direita instintivamente começa a puxar a barra da roupa. Michele imediatamente soltou a mão direita. Ela quase se esqueceu de que esse hábito irritante era algo que ele havia descoberto, e somente ele sabia disso. Ela conseguia mentir com uma expressão serena e convincente, mas sua mão direita sempre fazia esse movimento automático de puxar a barra da roupa. Nem ela sabia o motivo, era como um reflexo inconsciente. Nesse momento, Nicolas tinha uma expressão séria no rosto e um tom de voz que parecia estar repreendendo uma criança: — Eu me lembro de já ter dito que o seu estômago não pode lidar com comida muito pesada ou gordurosa. Por que resolveu desobedecer hoje? Michele respondeu automaticamente, em tom de provocação: — Nicolas, você já toma conta de mim há décadas. Não posso, ao menos, matar a vontade de comer algo gostoso? — Depois de dizer isso, ela s
Ela não apenas cobriu a boca dele com a mão, como também usou a outra para cobrir a própria. No início, suas palmas estavam frias como gelo, mas não demorou para que fossem aquecidas pelo ar que o homem exalava, fazendo suas mãos começarem a coçar levemente. — Sra. Santos, você está me rejeitando? A voz grave e contida do homem escapou por entre os dedos dela, carregada com uma reverberação intensa. Suas sobrancelhas marcantes pareciam cobertas por uma camada de gelo, enquanto seus olhos negros brilhavam com um perigoso tumulto interno. Ela balançou a cabeça novamente, mantendo a mão firme sobre a boca dele, e respondeu: — Claro que não, só estou com medo de que você... — Ela pausou, piscando os olhos brilhantes, que pareciam amêndoas. — Se arrependa depois. O homem arqueou levemente as sobrancelhas, claramente esperando uma explicação. Se arrepender de quê? Lorena estava preocupada. Como explicaria isso? Dizer que ela e sua mãe tinham comido muitos dos "lanches lixo"
Lorena ficou sem reação por alguns segundos, mas não admitiu. Ela balançou a cabeça em negativa:— Não.— Então me solta, eu não me importo com você, o que você está tão preocupada? — Não, só se você se levantar, não me pressione.Guilherme ergueu a cabeça de perto da orelha dela e a encarou face a face. Ele a conhecia bem. Teimosa, cabeça-dura, se ela resolvesse persistir, talvez tivesse mais paciência que ele. Então, ele cedeu primeiro.Depois de um momento, ele se levantou e se sentou ao lado dela, sem fazer movimento algum, mas seus olhos negros e profundos nunca se afastaram dela.Lorena imediatamente sentiu que a visão ficou bem mais clara. Ela usou uma das mãos para se apoiar no sofá e se levantou, mas se afastou dele.Guilherme a observava, sem saber o que fazer diante da sua atitude cautelosa. Ele realmente estava sem palavras. — Vou voltar para o meu quarto. — Ela disse, cobrindo a boca. Depois de falar, se levantou rapidamente e contornou o sofá até a escada, mas m
Murilo estava sentado no sofá, olhando para a mulher à sua frente com um semblante fechado e tenso.Lavínia estava sentada com as pernas cruzadas, segurando uma almofada no colo, e estalava os lábios.— Eu já disse várias vezes, não quero casar.— E qual é o motivo?— Eu já falei, casamento é o túmulo do amor, isso não é motivo suficiente? — Lavínia retrucou.Murilo apertou a testa, as veias de sua cabeça saltando. Nunca imaginara que essa frase se tornaria o maior obstáculo de sua vida.Ele respirou fundo e perguntou:— Então, você acha que, assim que nos casarmos, o amor vai desaparecer? Ou você acha que eu não te amo o suficiente?Lavínia ficou em silêncio por um segundo e então respondeu:— Não é nada disso. Na verdade, acho que você tem sido ótimo. Eu simplesmente não quero me casar. — De repente, ela acrescentou. — Não estamos bem assim, do jeito que estamos?Ela não contou a ele que, sempre que o assunto casamento surgia, ficava extremamente resistente.Na verdade, Murilo sabia
Murilo estendeu a mão e envolveu a cintura de Lavínia, puxando ela para si. A distância entre os dois diminuiu tanto que só restava o espaço de um dedo.Lavínia, que já estava meio ajoelhada, imediatamente se endireitou, surpresa com o movimento repentino dele. A mão que ela tinha colocado na têmpora dele rapidamente desceu para o ombro largo dele.A respiração dos dois estava incrivelmente intensa, seus suspiros se misturando na pele um do outro.Em um instante, Lavínia entendeu a intenção dele.Nesse aspecto, ela estava muito à frente de Lorena; nunca sentiu vergonha ou constrangimento.Ela piscou e disse:— Você não fez quatro cirurgias hoje?O que ela queria dizer era: "Você não está cansado? Ainda tem energia para isso?"Murilo, com seus óculos de aro dourado, adquiriu uma aura de sensualidade contida e quase diabólica. Agora, seus olhos, por trás das lentes, exibiam uma expressão perigosa.— O que, você está duvidando das minhas habilidades? — Perguntou ele, apertando os olhos.L
Hebe assistia à cena de lado, soltando algumas risadinhas baixas. Em uma discussão, Caetano sempre acabava sendo o lado derrotado. — Não pense que eu não sei que você andou investigando sobre mim. — Lorena foi direta ao ponto e revelou a verdade. Caetano sabia que estava errado, mas ainda assim respondeu com toda a autoridade: — Hmpf, ingrata! Fiz isso porque estava com medo de que você fosse enganada e ainda ajudasse a contar o dinheiro dos outros! Lorena o olhou como se estivesse diante de uma pessoa com sérios problemas mentais. Antes que ela pudesse responder, Hebe a interrompeu: — Você a conhece há tanto tempo e já a viu ser passada para trás por alguém? — Hebe lançou um olhar para Lorena, com um sorriso sedutor nos lábios. — Ela já é misericordiosa por não fazer os outros perderem tudo o que têm. Caetano ficou sem palavras. Principalmente porque o que Hebe disse fazia sentido. Mas ele simplesmente não conseguia engolir o fato de Guilherme ter o privilégio de m
Ele entendeu. Ela não queria deixar passar nenhuma possibilidade. Fazia sentido. Aqueles desgraçados eram tão perversos que não havia limites para o que poderiam fazer. Ele não imaginava que uma frase dita sem pensar pudesse abrir o raciocínio de Lorena de forma tão ampla. Hebe estava um pouco confusa: — Eu lembro de ter lido uma reportagem. Lá dizia que existem treze ilhas no total. Por que só estão contando oito? Caetano também fez uma expressão de dúvida. Lorena explicou: — Porque as outras cinco ilhas são vulcões submersos, e há chances constantes de erupção de lava. Eles não poderiam construir uma nova base lá. — Como você sabe disso com tanta certeza? — Perguntou Caetano, desconfiado. Afinal, essas ilhas não eram tão pequenas assim e, além disso, eram tão remotas que ninguém teria motivos para ir até lá fazer pesquisas. Lorena não respondeu, mas parecia impaciente. — Me deem um computador. Dez minutos depois. Ela havia desenhado no computador um mapa top
— Chefe, as pessoas já foram trazidas. — Um segurança vestindo preto estava de pé diante da mesa de escritório, olhando para o encosto de uma poltrona de couro preta enquanto falava. No segundo seguinte, a cadeira girou. O rosto de Félix apareceu contra a luz, com as mãos relaxadamente apoiadas nos braços da poltrona. Seus olhos estavam excepcionalmente frios, exalando uma aura sombria. No canto de sua boca, havia um leve sorriso gélido. Com uma voz cortante e severa, ele disse: — Lhes avise que, se falharem desta vez, não receberão nem um centavo! O segurança imediatamente baixou a cabeça: — Sim, chefe. Ele se virou e saiu. Félix apertou os olhos, perigosamente. Para ele, não era aceitável que alguém que soubesse de seus segredos continuasse vivo. Apenas mortos podiam guardar segredos. Ele não tinha certeza se Lorena havia contado algo a Guilherme, mas, de qualquer forma, qualquer um que soubesse de algo seria eliminado. Enquanto isso, o carro de Lorena havia deix