As duas estavam sentadas em um restaurante de feijoada. Apesar de já terem comido muitos petiscos, ainda sobrava espaço para mais um prato. Quando passaram pela frente do restaurante dois minutos antes, trocaram um olhar e, como se lessem a mente uma da outra, entraram em perfeita sintonia. Depois de esperar um pouco, o garçom trouxe a feijoada que haviam pedido. — Duas beldades, aqui está a feijoada tradicional que pediram. Aproveitem! Michele agradeceu educadamente com um, "obrigada". Ela gostava de ser chamada de "beldade". Normalmente, quando saía, as pessoas a chamavam de "Michele" ou "Sra. Michele", algo que ela já estava cansada de ouvir. Afinal, uma mulher de quarenta e poucos anos ser chamada de beldade é algo que deixa qualquer uma animada. Depois de comerem a feijoada, ambas estavam satisfeitas e decidiram voltar para casa. Lorena deixou Michele na antiga mansão da família Santos antes de seguir para a Mansão do Sol. Antes de sair do carro, Michele disse a
— Você não é nada boa em mentir. — Nicolas lançou um olhar para a mão direita dela. — Toda vez que você mente, sua mão direita instintivamente começa a puxar a barra da roupa. Michele imediatamente soltou a mão direita. Ela quase se esqueceu de que esse hábito irritante era algo que ele havia descoberto, e somente ele sabia disso. Ela conseguia mentir com uma expressão serena e convincente, mas sua mão direita sempre fazia esse movimento automático de puxar a barra da roupa. Nem ela sabia o motivo, era como um reflexo inconsciente. Nesse momento, Nicolas tinha uma expressão séria no rosto e um tom de voz que parecia estar repreendendo uma criança: — Eu me lembro de já ter dito que o seu estômago não pode lidar com comida muito pesada ou gordurosa. Por que resolveu desobedecer hoje? Michele respondeu automaticamente, em tom de provocação: — Nicolas, você já toma conta de mim há décadas. Não posso, ao menos, matar a vontade de comer algo gostoso? — Depois de dizer isso, ela s
Ela não apenas cobriu a boca dele com a mão, como também usou a outra para cobrir a própria. No início, suas palmas estavam frias como gelo, mas não demorou para que fossem aquecidas pelo ar que o homem exalava, fazendo suas mãos começarem a coçar levemente. — Sra. Santos, você está me rejeitando? A voz grave e contida do homem escapou por entre os dedos dela, carregada com uma reverberação intensa. Suas sobrancelhas marcantes pareciam cobertas por uma camada de gelo, enquanto seus olhos negros brilhavam com um perigoso tumulto interno. Ela balançou a cabeça novamente, mantendo a mão firme sobre a boca dele, e respondeu: — Claro que não, só estou com medo de que você... — Ela pausou, piscando os olhos brilhantes, que pareciam amêndoas. — Se arrependa depois. O homem arqueou levemente as sobrancelhas, claramente esperando uma explicação. Se arrepender de quê? Lorena estava preocupada. Como explicaria isso? Dizer que ela e sua mãe tinham comido muitos dos "lanches lixo"
Mansão da família Amorim.— Socorro! Socorro! A Melissa tentou suicídio!Um grito de terror ecoou por toda a mansão.O pessoal todo, reunido na sala, correu para o segundo andar.Lorena, com seus olhos frios e altivos, olhou na direção daquele quarto no segundo andar e subiu com passos preguiçosos.O quarto estava repleto de pessoas, mas era grande o suficiente.Lorena levantou os olhos e examinou o quarto. A decoração e a disposição dos móveis mostravam uma opulência dourada, revelando o quanto a pessoa que morava ali era mimada.Um traço de escárnio frio passou por seus olhos.— O que está acontecendo? — Uma voz furiosa soou.Um empregado, ajoelhado no chão com a cabeça baixa, tremendo, disse:— Sr. Daniel, acabamos de chamar na porta da Melissa e encontramos ela deitada, sem se mexer. Vimos uma carta de despedida e uma garrafa de pílulas para dormir ao lado da cama."Carta de suicídio? Pílulas para dormir?"Os rostos de todos estavam chocados e aterrorizados.Lorena ficou um pouco s
Lorena sorriu e não respondeu à pergunta dele. Em vez disso, se virou e caminhou em direção ao elevador. Depois de dar alguns passos, parou, girou suavemente sobre os calcanhares e disse, num tom preguiçoso: — A propósito, tudo o que eu disse sempre será para valer. — Terminando a frase, entrou no elevador sem olhar para trás. Felipe ficou parado, franzindo a testa, observando ela desaparecer de vista. Naquele momento. No jardim dos fundos do Hospital Esperança. Ao lado de um portão arqueado, em um banco de pedra sob uma grande figueira. Se sentavam um senhor idoso de cabelos brancos e um homem de aparência nobre e elegante. — Guilherme, você já tem vinte e oito anos e ainda não tem uma mulher. Estou começando a me envergonhar de você. — Disse o velho com uma voz cheia de energia. O homem, encostado no banco, ouviu sem alterar a expressão. Suas longas pernas estavam cruzadas, as mãos repousavam sobre os joelhos, exibindo uma postura de nobreza e elegância. Ele possu
Heitor voltou para a empresa intrigado. "Sr. Guilherme, que nunca se mete em assuntos alheios, hoje resolveu intervir?""Será que o Sr. Guilherme, sempre tão reservado, está prestes a se apaixonar?""Amor à primeira vista?"A mulher de hoje era realmente muito bonita, talvez até bonita demais."Mas aqueles que se apaixonam à primeira vista geralmente são atraídos pela aparência. Será que a reserva do Sr. Guilherme nos últimos anos era apenas fachada?"Heitor sentiu que havia descoberto um grande segredo.Ele olhou humildemente para o Guilherme, que emanava uma aura fria, e disse cautelosamente:— Sr. Guilherme, sobre o ocorrido hoje, prometo manter segredo.Guilherme estreitou os olhos com desconfiança, olhou para ele friamente e disse:— Está sem trabalho ultimamente?Heitor sentiu um arrepio na espinha e rapidamente negou:— Não, não.Aprender a não comentar o que se descobre é uma habilidade que Heitor desenvolveu ao longo dos anos ao lado do Sr. Guilherme, uma espécie de ferramenta
Ala do hospital.Lorena cruzou os braços, encostada preguiçosamente na parede do corredor, com uma perna dobrada contra a parede.Ela só se endireitou quando uma figura alta apareceu em sua frente.Assim que ficou de pé, a voz fria de Felipe soou em seus ouvidos:— Lorena, você me decepcionou demais! Quando você se tornou tão fria e cruel? Como ousou jogar sua irmã na água, sabendo que ela não sabe nadar? Por que insiste em colocá-la em perigo repetidamente?Lorena estreitou os olhos amendoados, que pareciam envoltos em uma camada de gelo. Ela levantou as pálpebras e fixou o homem à sua frente.Quando Felipe viu o olhar frio dela, hesitou por um momento. Seus olhos brilhantes, como névoa se dissipando, exalavam uma frieza e um orgulho que o deixavam muito desconfortável.— Você simplesmente não muda. Mel sempre te protegeu e defendeu, mesmo antes de desmaiar, ainda estava te defendendo. Você não sente remorso? Sua consciência foi devorada por cães?Quanto mais Felipe falava, mais irrit
— Não precisa se preocupar com isso. Além disso, avise a todos que teremos uma reunião em dez minutos.A voz fria e clara de Lorena transmitiu essas duas frases simples.Henrique já estava ao lado de Lorena há quatro anos, e o estilo de trabalho dela sempre foi direto ao ponto, sem palavras desnecessárias e sem fazer nada inútil.— Sim, Presidente Lorena.Em dez minutos, Lorena revisou vários documentos rapidamente e tomou decisões ágeis.Sala de reuniões.Lorena entrou vestida com um traje profissional branco simples, uma calça social justa de perna larga e calçando sapatos de salto alto bege. Ela emanava uma aura fria de rainha.Todos os presentes estavam nervosos, mal ousando respirar. Eles já haviam testemunhado os métodos de Lorena e temiam a jovem presidente. Ela sempre agia de forma decidida e direta.— Departamento de Marketing, como estão os resultados da fase de testes preliminares do perfume Série do Tempo? — Lorena perguntou friamente, com um olhar afiado para o gerente de