Guilherme hesitou pela primeira vez. Para ele, a pior coisa em uma negociação era a hesitação; ele sempre fora decisivo. Independentemente de quem perguntasse, ele sempre respondia com honestidade, sem dar espaço para a palavra "hesitar" no seu vocabulário. Mas desta vez... Lorena não ouviu sua resposta por um longo tempo e perguntou, intrigada: — Essa pergunta é difícil de responder? As sobrancelhas bem definidas do homem se arquearam ligeiramente. — Você quer ouvir a verdade ou a mentira? Lorena parou por um instante. Essa pergunta... parecia que ela nem precisava mais da resposta, porque já sabia o que ele diria. De repente, ela sentiu um pequeno desconforto no coração, como se fosse a primeira vez que o homem à sua frente demonstrasse alguma aversão a ela. "Ai... " Mas ela não podia culpá-lo completamente; até ela mesma não conseguia aceitar o fato de estar com o cabelo oleoso, quanto mais ele, que tinha uma leve mania de limpeza. O simples fato de ele ter si
No passado, o Sr. Guilherme detestava ver suas fotos circulando na internet, mesmo que fossem apenas de seu perfil ou de suas costas. Agora, o Sr. Guilherme desejava ser fotografado todos os dias e aparecer na mídia exibindo sua rotina amorosa com a Sra. Santos. As pessoas realmente não conseguiam entender essa mudança repentina no comportamento do Sr. Guilherme. Afinal, como dizem: "Dependendo de onde você está, sua perspectiva e seus pensamentos podem mudar completamente." À noite. Lorena contou a Guilherme tudo o que havia conversado com Félix e Benjamin durante o dia. O homem rapidamente captou o que ela queria expressar. — Você acha que sua mãe ainda está viva, não é? Lorena estava deitada no sofá, com a cabeça apoiada em suas pernas. Ela levantou o rosto para olhá-lo e confirmou com um leve aceno de queixo. Esse sentimento era muito forte, e essa não era a primeira vez que ela suspeitava disso. Mas, dessa vez, as palavras de Benjamin a fizeram refletir profund
Ele pegou o celular e abriu o WhatsApp. Era de uma pessoa que ele mantinha fixada no topo da lista de contatos. Lorena escreveu: [Marido, eu... posso deixar de ser a senhora desta casa?] E ainda colocou um emoji de carinha chorando, triste e emburrada. O homem olhou para a mensagem e sorriu, meio sem jeito. Em seguida, ele iniciou imediatamente uma chamada de vídeo. Mas, do outro lado, ela não atendeu e, em vez disso, mudou a chamada para uma ligação de voz. Logo, a voz de Lorena surgiu: — Amor, agora não posso atender o vídeo. Estou com a mamãe, ainda na rua. O homem respondeu: — Tudo bem. — E perguntou. — Está cansada? — Cansada, muito cansada. — Ela respondeu sem pensar, porque realmente estava exausta. — Não só o corpo, mas minha mente também está cansada. O homem ouviu o tom manhoso e reclamão dela e deu algumas risadas baixas antes de responder: — A parte física é culpa minha. Ontem à noite, eu devia ter me controlado. Hoje à noite eu compenso você. Lo
— Raposinha, ousa-me fazer cair na sua conversa? — O homem aprofundou a voz, arrastando as palavras com um tom severo. — De qualquer forma, você não pode voltar atrás. — Respondeu ela. — Se você se arrepender, procure outra pessoa para ser a Sra. Santos. Do outro lado da linha, o homem franziu levemente as sobrancelhas, e sua voz esfriou de repente: — O que você acabou de dizer? Coincidentemente, Michele havia terminado de conversar com outra pessoa e a chamou. Então, Lorena imediatamente respondeu: — Ah, minha mãe está me chamando. Vou desligar agora. O homem olhou para o telefone que foi desligado, com uma expressão de resignação e carinho estampada em seus olhos. Na verdade, hoje ele tinha pedido para Michele procurá-la. Ele não queria que ela ficasse sozinha em casa pensando besteira e desejava distraí-la com alguma atividade. Mas ele não fazia ideia dos planos de Lorena. E foi assim que, mais tarde... Enquanto isso, Lorena e Michele ainda estavam no shopping. A
Seis e meia da tarde. Vítor olhou para Guilherme, que havia voltado sozinho, e ficou confuso. O homem acabara de tirar o casaco e, enquanto o pendurava no cabide ao lado, ouviu Vítor perguntar: — Sr. Guilherme, por que o senhor voltou? Ele franziu levemente as sobrancelhas. — O que houve? Vítor estava servindo na mansão há mais de dez anos, então Guilherme conhecia bem o temperamento dele. Assim que ouviu a pergunta, Guilherme percebeu que havia algo errado. — Faz mais de meia hora que a Sra. Santos ligou para cá dizendo que não voltaria para o jantar. — Explicou Vítor, ainda mais confuso. — Achei que a Sra. Santos estivesse com o senhor, então não pedi para a tia Joyce preparar o jantar. Ao ouvir que Lorena não voltaria para o jantar, Guilherme franziu ainda mais as sobrancelhas. Ela não tinha dito nada para ele. Depois de refletir por alguns instantes, ele respondeu: — Tudo bem, entendido. Vítor perguntou: — Precisa que eu peça para a tia Joyce preparar algo
As duas estavam sentadas em um restaurante de feijoada. Apesar de já terem comido muitos petiscos, ainda sobrava espaço para mais um prato. Quando passaram pela frente do restaurante dois minutos antes, trocaram um olhar e, como se lessem a mente uma da outra, entraram em perfeita sintonia. Depois de esperar um pouco, o garçom trouxe a feijoada que haviam pedido. — Duas beldades, aqui está a feijoada tradicional que pediram. Aproveitem! Michele agradeceu educadamente com um, "obrigada". Ela gostava de ser chamada de "beldade". Normalmente, quando saía, as pessoas a chamavam de "Michele" ou "Sra. Michele", algo que ela já estava cansada de ouvir. Afinal, uma mulher de quarenta e poucos anos ser chamada de beldade é algo que deixa qualquer uma animada. Depois de comerem a feijoada, ambas estavam satisfeitas e decidiram voltar para casa. Lorena deixou Michele na antiga mansão da família Santos antes de seguir para a Mansão do Sol. Antes de sair do carro, Michele disse a
— Você não é nada boa em mentir. — Nicolas lançou um olhar para a mão direita dela. — Toda vez que você mente, sua mão direita instintivamente começa a puxar a barra da roupa. Michele imediatamente soltou a mão direita. Ela quase se esqueceu de que esse hábito irritante era algo que ele havia descoberto, e somente ele sabia disso. Ela conseguia mentir com uma expressão serena e convincente, mas sua mão direita sempre fazia esse movimento automático de puxar a barra da roupa. Nem ela sabia o motivo, era como um reflexo inconsciente. Nesse momento, Nicolas tinha uma expressão séria no rosto e um tom de voz que parecia estar repreendendo uma criança: — Eu me lembro de já ter dito que o seu estômago não pode lidar com comida muito pesada ou gordurosa. Por que resolveu desobedecer hoje? Michele respondeu automaticamente, em tom de provocação: — Nicolas, você já toma conta de mim há décadas. Não posso, ao menos, matar a vontade de comer algo gostoso? — Depois de dizer isso, ela s
Ela não apenas cobriu a boca dele com a mão, como também usou a outra para cobrir a própria. No início, suas palmas estavam frias como gelo, mas não demorou para que fossem aquecidas pelo ar que o homem exalava, fazendo suas mãos começarem a coçar levemente. — Sra. Santos, você está me rejeitando? A voz grave e contida do homem escapou por entre os dedos dela, carregada com uma reverberação intensa. Suas sobrancelhas marcantes pareciam cobertas por uma camada de gelo, enquanto seus olhos negros brilhavam com um perigoso tumulto interno. Ela balançou a cabeça novamente, mantendo a mão firme sobre a boca dele, e respondeu: — Claro que não, só estou com medo de que você... — Ela pausou, piscando os olhos brilhantes, que pareciam amêndoas. — Se arrependa depois. O homem arqueou levemente as sobrancelhas, claramente esperando uma explicação. Se arrepender de quê? Lorena estava preocupada. Como explicaria isso? Dizer que ela e sua mãe tinham comido muitos dos "lanches lixo"