Noemi não estava familiarizada com aquele lugar, então foi Lorena quem a conduziu.Na verdade, Lorena também não conhecia bem, mas, como Lavínia a havia levado lá algumas vezes antes, ela já se sentia mais à vontade.Lorena a conduziu diretamente até uma loja de relógios.Noemi perguntou:— Como você sabia que a minha primeira escolha seria um relógio?Lorena sorriu levemente, brincando:— Porque eu tenho visão de raio-X, consigo ver o que você está pensando.Noemi entrou na brincadeira, sorrindo:— Não é à toa que você é minha querida, sabe de tudo.Ela sabia que Lorena não gostava muito de fazer piadas, então percebeu que ela queria desviar sua atenção. Mas, como não queria a decepcionar, respondeu:— Vamos logo, escolha rápido e vamos voltar para casa, senão seu marido vai vir atrás de mim pedindo você.Noemi deu o braço a Lorena, e as duas entraram na loja.A funcionária da loja as recebeu imediatamente:— Bem-vindas à nossa loja! Estão procurando relógios femininos ou masculinos?
Ela estava completamente tensa, lutando contra a dor, tentando ao máximo não virar e questioná-la.Questioná-la sobre o que lhe dava o direito de ser sua mãe?Ela não tinha direito nenhum de ser a mãe de Noemi.A mão que segurava a maçaneta estava apertada, mas, no instante seguinte, ela a soltou.Ela não disse uma palavra sequer e, sem hesitar, levantou a perna e foi embora.No entanto, Helen não desistiu.Ela correu atrás dela e rapidamente agarrou seu pulso.— Noemi, fale algo para a mamãe, só uma palavra, por favor. — Sua voz estava embargada, quase em tom de súplica.Mas as palavras e o toque de Helen tocaram diretamente a barreira que Noemi havia erguido em seu coração.Ela não se importou se Helen cairia. Apertou os punhos e, com toda a força, tentou afastar a mão dela.Helen soltou um grito de surpresa e, sem estar preparada, recuou alguns passos, mas não caiu.Foi então que a voz de Noemi se fez ouvir, fria e até cruel:— Senhora, não se meta a reconhecer parentes. Eu não tenh
Mas ela se controlou, e isso se devia ao fato de ter seguido a carreira de atriz. Todos os dias, ela treinava seu coração, pois a atuação exige total controle das emoções. Um bom ator não pode viver imerso no personagem o tempo todo; durante o trabalho, deve atuar com seriedade, e, ao terminar, deve imediatamente se distanciar.Foi justamente por isso que ela conseguiu alcançar o equilíbrio emocional que possui agora.Nesse momento, Vera e Mônica, vendo que ela não havia voltado, foram procurá-la e encontraram uma mulher elegantemente vestida bloqueando Noemi.Vera correu até lá e empurrou Helen para o lado.A assistente Vera olhou para ela e perguntou: — Noemi, você está bem?Noemi respondeu: — Estou bem, vamos embora.No final, só ficou Helen, parada, até que Solange apareceu.— Tia, o que aconteceu? — Solange perguntou, ao notar que ela estava distraída, com um ar melancólico, visivelmente preocupada. Afinal, ela sabia que Helen era a pessoa mais mimada pelo tio, e, antes de sai
Grupo JM. Lorena terminou de assistir ao vídeo que Heitor lhe entregara. Era o vídeo da câmera de segurança do corredor do hospital onde sua mãe estava internada. No dia anterior à morte de sua mãe, além de Benjamin ter ido visitá-la, duas outras pessoas apareceram no vídeo: um homem e uma mulher desconhecidos. — Quem são eles? — Lorena ergueu os olhos para Heitor e perguntou. Heitor respondeu: — São os atuais chefes da família Cunha, Luandré e sua irmã Jennifer. Família Cunha? Se não estivesse enganada, sua mãe nunca tivera relação alguma com a família Cunha. Então, qual seria a intenção deles ao visitá-la? Se havia alguma relação, era com a família Fernandes. Nina, apesar de ser da família Cunha, praticamente não tinha mais contato com eles desde que se casara com alguém da família Fernandes. Pelo que Lorena sabia, o motivo desse afastamento era o conflito entre Nina e o Sr. Valentim, da família Cunha. No dia seguinte, Lorena recebeu a notícia de que sua mãe havia f
Ele voltou à Cidade X, e assim que chegou, recebeu a notícia de que Lorena estava no Grupo JM. E não é que ele, por acaso, tinha um tempo livre e decidiu procurá-la?Lorena acabara de dar algumas instruções a Heitor sobre o que ele precisava fazer, quando a porta do escritório foi aberta.Ambos pensaram que fosse Guilherme, que estava retornando de uma reunião, mas, na verdade, quem apareceu foi Reginaldo.Lorena levantou involuntariamente uma sobrancelha e, logo em seguida, de forma educada, o cumprimentou:— Reginaldo.Heitor exclamou:— Sr. Reginaldo.Reginaldo fez um leve aceno com a cabeça e, sem pressa, caminhou até o sofá e se sentou.Heitor, que já estava há tanto tempo ao lado de Guilherme, percebeu de imediato a atmosfera tensa e estranha que pairava no ar.Sem alternativas, ele comentou:— Bem, Sra. Santos, vou preparar um café para o Sr. Reginaldo.Assim como Lorena, Heitor também sentiu a tensão no ar. Lorena, por sua vez, optou por ignorar o clima e fingir que não notava
No escritório, o ambiente estava estranhamente silencioso. Reginaldo apertou os olhos negros e disse algo que parecia normal, mas sem muita convicção: — Ela é minha esposa legalmente! Ou seja, "Isso é motivo suficiente, não é?" Lorena não se impressionou, mas manteve um leve sorriso nos lábios: — Mas, pelo que sei, vocês estão em processo de divórcio. Reginaldo hesitou. — Além disso, ouvi dizer que Ângela já assinou. — Lorena continuou, mantendo os olhos fixos em Reginaldo, sem se intimidar diante de sua aura opressiva. — O mais importante é que ela já assinou o acordo de divórcio por duas vezes. — Enquanto eu não assinar, nada disso tem valor! Lorena não discordou, apenas acenou com a cabeça e perguntou: — Você já parou para pensar no porquê de Ângela querer se divorciar? Reginaldo, ao ouvir isso, apertou os lábios e franziu as sobrancelhas. Lorena sabia que ele jamais refletira sobre isso. Ela suspirou internamente e disse o que muitos temiam falar: — Eu s
— Amor, você voltou. Guilherme também caminhou em direção a ela e logo a abraçou pela cintura, se inclinando levemente para depositar um beijo em sua testa. — Você esperou muito? Ela balançou a cabeça. — Foi um bom tempo, mas estou um pouco com fome. O homem riu baixinho. — Tudo bem, quando chegarmos em casa, vou te alimentar bem. Lorena, ao ouvir isso, perguntou de imediato: — Posso fazer o pedido do jantar? — Sra. Santos, fique à vontade para pedir o que quiser. Guilherme, com destreza, esticou os dedos longos e delicados para afagar suavemente o nariz pequeno e arrebitado dela, seus olhos brilhando de carinho, e sua voz repleta de ternura e adoração. Os dois, em perfeita sintonia, ignoraram completamente a presença da outra pessoa no sofá e começaram a conversar entre si. Reginaldo estava com uma expressão feia, com as sobrancelhas franzidas. Logo, uma voz sarcástica e cheia de ironia ecoou pelo escritório: — Então as pessoas realmente têm duas faces. Hoj
Após Ian expor sua ideia, percebeu que o rosto do presidente Reginaldo estava ainda mais fechado. Mas... Ele realmente achava que essa ideia era boa. "Se dermos à Sra. Araújo o que ela mais quer, o problema será resolvido, não é?" Então, decidiu insistir um pouco mais. — Presidente Reginaldo, sério, o senhor pode tentar. — Ian nem sabia de onde tirou tanta coragem, mas achava que, já que o lado do Sr. Guilherme não estava funcionando, esse era o método mais eficaz. — Veja bem, se o senhor assinar, a Sra. Araújo não terá mais preocupações. Depois, o senhor pode usar a desculpa de ir ao cartório para tratar do divórcio e, com isso, levar a Sra. Araújo até lá. Ela não vai acabar saindo? Ian estava empenhado em recomendar sua ideia, pois realmente acreditava que era uma boa solução. — O que quer dizer com "se eu assinar, ela não terá mais preocupações"? De repente, a voz gelada do homem chegou aos seus ouvidos, fazendo Ian tremer. Felizmente, ele teve a agilidade para respo