Lorena entrou diretamente no banheiro assim que passou pela porta. Hebe e Inês não sabiam o que ela pretendia fazer. Não perguntaram nem a impediram, apenas ficaram de lado, esperando. Um minuto depois, Lorena reapareceu segurando uma bacia de tamanho médio, cheia de água, cuja origem ninguém conseguia imaginar. Hebe teve um leve espasmo no canto do olho. Inês alterou discretamente a expressão. No quarto. Sobre a cama branca e impecável estava deitado um homem bonito, completamente esparramado de maneira nada elegante. Apenas os braços claros estavam visíveis, e a musculatura definida e forte era tão atraente que fazia qualquer um esquecer sua postura descuidada. O homem bonito dormia profundamente, a ponto de mexer a boca como se mastigasse algo, exibindo um leve sorriso bobo. Era impossível adivinhar o que ele sonhava em plena luz do dia. Hebe o observou com desgosto, levando a mão ao rosto em sinal de irritação. Lorena, com o rosto inexpressivo e ainda segurando a
Depois de terminar de falar, ela se virou agilmente e saiu do quarto. Assim que ela saiu, Inês, naturalmente, também a seguiu. Hebe deu apenas um passo, como se algo lhe tivesse ocorrido. Parou, virou levemente o corpo e lançou um olhar sedutor na direção dele. Seus olhos encantadores estavam carregados de uma provocação intrigante: — Quer que eu te ajude? O olhar de Caetano escureceu. Ele semicerrou os olhos de formato felino, e sua voz, cheia de uma raiva contida, soou cortante: — Saia! Hebe não se abalou. Deu um leve resmungo de desdém e respondeu friamente: — Se você tem coragem, mostre sua raiva para ela. Mostrar sua raiva para mim não faz diferença. — Depois de dizer isso, ela jogou o cabelo ondulado para trás com um movimento de cabeça e saiu do quarto com passos elegantes e cheios de atitude. Todo mundo sabia que Caetano não tinha medo de nada nem de ninguém. Ele era implacável em suas ações, cruel e sem escrúpulos. Mas o que poucos sabiam era que havia uma
Lorena olhou para ele com calma, falando em um tom descontraído: — Então eu mesma espalho a notícia. Eles certamente vão vir me procurar, e assim economizo trabalho. As pupilas de Caetano se contraíram levemente enquanto ele a encarava, incrédulo. Que audácia! Ela estava usando a própria vida como ameaça contra ele. Ela também o observou por um instante, sem pressa, como se tivesse certeza de que ele iria ajudá-la. Encostada no sofá, esperava pacientemente por sua resposta. Afinal, encontrar a Base Pioneira era algo que só ele poderia fazer. Caso contrário, ela nem teria vindo procurá-lo, já que não era exatamente algo simples. Hebe, por outro lado, continuava como espectadora, assistindo a tudo em silêncio enquanto "comia pipoca". Em sua mente, contou trinta segundos. E, assim como imaginado, no trigésimo segundo, Caetano cedeu. Ele bufou com frieza e disse, irritado: — Certo, eu procuro. Eu devo ter te devido algo numa vida passada! Hebe deu de ombros com um olhar
Na volta, era Inês quem estava dirigindo o carro. De repente, Lorena sentiu uma leve dor na cintura, provavelmente indicando que sua menstruação estava prestes a chegar. Nesse momento, o celular ao lado começou a tocar. Ela deu uma olhada no visor e viu que era Carina, a organizadora do Concurso Internacional de Perfume em todas as edições. Assim que atendeu, dizendo apenas: — Alô. Do outro lado veio uma voz feminina muito animada e descontraída, mas com um sotaque em mandarim que soava bastante peculiar, respondeu: — Querida Lorena, e então, o que decidiu sobre o assunto que comentei com você da última vez? Lorena ficou em silêncio por alguns segundos, tentando se lembrar sobre o que Carina tinha falado. Ela não se recordava de nada em especial e assumiu que fosse mais um convite para participar da competição. Então respondeu: — Se for para competir, não estou interessada. Carina não pareceu surpresa e manteve seu tom caloroso: — Isso não importa. Você é a ren
Na sala de estar. Gustavo estava sentado reto no sofá. — Gustavo? Lorena ficou um pouco surpresa ao vê-lo. — Sra. Santos, peço desculpas por aparecer sem avisar e incomodá-la. — Gustavo se levantou ao ouvir a voz dela e a encarou enquanto falava. Lorena se sentou no sofá em frente a ele e perguntou: — Pode sentar. A propósito, como está sua irmã? Desde que Felícia sofreu o acidente no set de filmagem, ela havia sido levada para casa pela família uma semana depois, e as duas não se viram mais. No entanto, Lorena tinha ouvido Lavínia mencionar que Felícia já conseguia andar novamente. Gustavo voltou a se sentar e esboçou um leve sorriso educado: — Ela está bem agora, mas precisa de repouso. Ele era o típico homem de aparência robusta e ensolarada, com cabelos curtos bem arrumados que combinavam perfeitamente com seu estilo. Suas feições eram bem delineadas e elegantes. — Que bom saber disso. E você veio me procurar por alguma razão específica? — Perguntou ela. Em
Ao ouvir isso, Gustavo franziu ligeiramente as sobrancelhas e, instintivamente, quis perguntar: — Então, os pulsos e tornozelos dele? Eles descobriram que, assim que a notícia negativa sobre o Grupo X veio à tona, o problema foi resolvido no mesmo dia. Porém, naquela mesma tarde, Túlio desapareceu por vários dias, até que encontraram o corpo dele. Na época, os pulsos e tornozelos de Túlio estavam machucados de uma forma que não parecia ser resultado de uma queda de viaduto. O legista afirmou que, possivelmente, os pulsos e tornozelos dele foram quebrados enquanto ele ainda estava vivo e depois realinhados, mas sem tempo suficiente para cicatrizar completamente. Até hoje, não conseguiram identificar quem foi que quebrou os pulsos e tornozelos de Túlio de forma tão brutal, apagando completamente qualquer vestígio. Lorena levantou os olhos lentamente para Ângela, escondendo um leve brilho nos olhos escuros e exibindo uma expressão tranquila. Com os lábios pintados de vermelho
Lorena observava com uma expressão cada vez mais séria, suas sobrancelhas franzidas profundamente. Gustavo estava meio sentado no sofá, inclinando levemente o corpo, com os cotovelos apoiados nas coxas e as mãos cruzadas, enquanto explicava, olhando para ela: — Na verdade, descobrimos isso por acaso. Foi uma coincidência impressionante. Estávamos investigando os rastros dessas duas pessoas e, ao analisarmos as câmeras de segurança, percebemos que, onde quer que eles estivessem, você também aparecia. Inclusive na vez em que você foi ao País M. Embora estivessem em voos diferentes do seu, o destino era o mesmo, e os trajetos de vocês no exterior coincidiam. "Você acha que isso é coincidência?" Pode até ser, uma, duas, três vezes, mas quando acontece muitas vezes, já não é coincidência. Lorena não parecia surpresa com as informações que estava lendo. Ela já sabia que alguém a seguia há algum tempo. No entanto, o que a pegou de surpresa foi descobrir que essas pessoas tinham li
Lorena desceu as escadas e preparou um copo de leite quente, o levando diretamente para o escritório. Guilherme acabara de revisar o último documento quando ela entrou sem bater. Ao vê-la, a expressão rígida e o cansaço que marcavam seu rosto desapareceram instantaneamente, substituídos por uma doçura que ele reservava exclusivamente para ela. O aquecedor estava ligado no cômodo, e ele usava apenas uma camisa branca, com os dois primeiros botões abertos, revelando suas clavículas atraentes. Ele emanava um charme único: ao mesmo tempo reservado e maduro, mas com um toque provocante e irresistível. Sua aura de seriedade era inegável, mas naquele instante, ela estava completamente suavizada pela ternura dedicada a Lorena. — Tome isso. — Ela caminhou até ele, entregando a ele o copo que segurava nas mãos. Ela sabia que, há dias, ele não vinha dormindo bem à noite. Na verdade, ela mesma costumava dormir profundamente até o amanhecer, mas ultimamente, talvez por ter se acostumado