Na sala de estar. Gustavo estava sentado reto no sofá. — Gustavo? Lorena ficou um pouco surpresa ao vê-lo. — Sra. Santos, peço desculpas por aparecer sem avisar e incomodá-la. — Gustavo se levantou ao ouvir a voz dela e a encarou enquanto falava. Lorena se sentou no sofá em frente a ele e perguntou: — Pode sentar. A propósito, como está sua irmã? Desde que Felícia sofreu o acidente no set de filmagem, ela havia sido levada para casa pela família uma semana depois, e as duas não se viram mais. No entanto, Lorena tinha ouvido Lavínia mencionar que Felícia já conseguia andar novamente. Gustavo voltou a se sentar e esboçou um leve sorriso educado: — Ela está bem agora, mas precisa de repouso. Ele era o típico homem de aparência robusta e ensolarada, com cabelos curtos bem arrumados que combinavam perfeitamente com seu estilo. Suas feições eram bem delineadas e elegantes. — Que bom saber disso. E você veio me procurar por alguma razão específica? — Perguntou ela. Em
Ao ouvir isso, Gustavo franziu ligeiramente as sobrancelhas e, instintivamente, quis perguntar: — Então, os pulsos e tornozelos dele? Eles descobriram que, assim que a notícia negativa sobre o Grupo X veio à tona, o problema foi resolvido no mesmo dia. Porém, naquela mesma tarde, Túlio desapareceu por vários dias, até que encontraram o corpo dele. Na época, os pulsos e tornozelos de Túlio estavam machucados de uma forma que não parecia ser resultado de uma queda de viaduto. O legista afirmou que, possivelmente, os pulsos e tornozelos dele foram quebrados enquanto ele ainda estava vivo e depois realinhados, mas sem tempo suficiente para cicatrizar completamente. Até hoje, não conseguiram identificar quem foi que quebrou os pulsos e tornozelos de Túlio de forma tão brutal, apagando completamente qualquer vestígio. Lorena levantou os olhos lentamente para Ângela, escondendo um leve brilho nos olhos escuros e exibindo uma expressão tranquila. Com os lábios pintados de vermelho
Lorena observava com uma expressão cada vez mais séria, suas sobrancelhas franzidas profundamente. Gustavo estava meio sentado no sofá, inclinando levemente o corpo, com os cotovelos apoiados nas coxas e as mãos cruzadas, enquanto explicava, olhando para ela: — Na verdade, descobrimos isso por acaso. Foi uma coincidência impressionante. Estávamos investigando os rastros dessas duas pessoas e, ao analisarmos as câmeras de segurança, percebemos que, onde quer que eles estivessem, você também aparecia. Inclusive na vez em que você foi ao País M. Embora estivessem em voos diferentes do seu, o destino era o mesmo, e os trajetos de vocês no exterior coincidiam. "Você acha que isso é coincidência?" Pode até ser, uma, duas, três vezes, mas quando acontece muitas vezes, já não é coincidência. Lorena não parecia surpresa com as informações que estava lendo. Ela já sabia que alguém a seguia há algum tempo. No entanto, o que a pegou de surpresa foi descobrir que essas pessoas tinham li
Lorena desceu as escadas e preparou um copo de leite quente, o levando diretamente para o escritório. Guilherme acabara de revisar o último documento quando ela entrou sem bater. Ao vê-la, a expressão rígida e o cansaço que marcavam seu rosto desapareceram instantaneamente, substituídos por uma doçura que ele reservava exclusivamente para ela. O aquecedor estava ligado no cômodo, e ele usava apenas uma camisa branca, com os dois primeiros botões abertos, revelando suas clavículas atraentes. Ele emanava um charme único: ao mesmo tempo reservado e maduro, mas com um toque provocante e irresistível. Sua aura de seriedade era inegável, mas naquele instante, ela estava completamente suavizada pela ternura dedicada a Lorena. — Tome isso. — Ela caminhou até ele, entregando a ele o copo que segurava nas mãos. Ela sabia que, há dias, ele não vinha dormindo bem à noite. Na verdade, ela mesma costumava dormir profundamente até o amanhecer, mas ultimamente, talvez por ter se acostumado
Lorena manteve uma expressão tranquila. Como não entenderia aquele raciocínio? Afinal, ela própria trabalhava com pesquisa científica. No entanto, muitos acontecimentos estranhos frequentemente desviavam seus pensamentos, e ela mesma achava isso irônico. Vinte anos haviam se passado, e nada disso parecia real. Do outro lado. Na mansão da família Amorim. Benjamin ligava insistentemente para Lorena, mas ela não atendia nem rejeitava as chamadas. Anteriormente, Lorena havia bloqueado os números de todos eles. Ele tentou ligar com um número novo, acreditando que ela atenderia. Mas ele realmente não conhecia Lorena. Ela geralmente ignorava números desconhecidos, especialmente se a chamada fosse identificada como originada da Cidade B. Lá, Lorena conhecia poucas pessoas, e os conhecidos dela já estavam salvos em sua lista de contatos. Nos últimos dias, o Grupo Amorim inexplicavelmente perdera alguns clientes antigos. Faltava pouco para o fim do ano, e a empresa não podia correr
No dia seguinte. Lorena foi se encontrar com as duas pessoas que Gustavo mencionara no dia anterior. O endereço não ficava no centro da cidade, mas numa área de mansões na periferia. Ela chegou à mansão número 9 e tocou a campainha. Pouco depois, um homem desconhecido, vestido com um terno, apareceu. Ele parecia ter por volta de cinquenta anos. Quando Norberto viu quem estava do lado de fora do portão de ferro, ficou claramente um pouco surpreso. Não pelo fato de Lorena tê-los localizado, afinal, a informação já havia sido propositalmente divulgada, mas pela rapidez com que ela os encontrou. Três dias antes, Tadeu e Mauro haviam sido chamados para prestar depoimento à polícia. Eles decidiram aproveitar a situação para, por meio dos policiais, revelar a Lorena a existência deles. Dessa forma, evitariam atrair a atenção de outras pessoas. Essa sutil mudança na expressão de Norberto não passou despercebida por Lorena. Depois de entrar, Lorena olhou discretamente ao redor da
Inês esperava no carro. Antes de sair, Lorena tinha sido bem clara: ela não deveria segui-la. Já fazia mais de meia hora, e Lorena ainda não tinha voltado. Preocupada, Inês decidiu sair do carro. Assim que colocou os pés no chão, viu Lorena caminhando em sua direção, a cabeça levemente baixa, a expressão carregada e os pensamentos parecendo distantes. "O que será que aconteceu?" — Sra. Santos, está tudo bem? — Chamou Inês no exato momento em que Lorena estava prestes a passar por ela. Lorena levantou o olhar ao ouvir a voz de Inês e respondeu rapidamente: — Não é nada, só estava distraída pensando em algumas coisas. Vamos voltar. A luz suave do sol da manhã atravessava os galhos das árvores ao redor da mansão, passando pelas janelas do segundo andar e se espalhando delicadamente pelo chão. Próximo a uma das janelas, alguém estava sentado em uma cadeira de rodas. Ao lado da pessoa, Norberto permanecia de pé, e ambos olhavam na mesma direção: um carro preto estacionado ao lon
— Sra. Santos, aquele carro atrás de nós está nos seguindo desde que saímos da área da mansão. Inês lançou um olhar pelo retrovisor, franzindo as sobrancelhas com uma expressão de preocupação. Lorena, ao ouvir isso, também olhou pelo retrovisor, mas manteve a calma: — O deixe para lá. Eles não vão fazer nada. Embora Inês não entendesse, não perguntou mais nada. Lorena, sentindo um desconforto na barriga, fechou os olhos para descansar. Se não fosse pela injeção que tomara na noite anterior, talvez ela nem tivesse conseguido sair de casa hoje. Depois de mais de uma hora, elas finalmente voltaram à mansão. Assim que chegou, Lorena foi direto para o quarto descansar. Teve um sonho longo, muito longo, e seu corpo parecia estar caindo, como se algo estivesse sendo drenado de dentro dela. Além disso, ouvia alguém chamando seu nome ao seu lado, ansioso e nervoso. Não sabia quem era, mas aquela voz parecia estranhamente familiar. No entanto, ela não conseguia abrir os olhos