Davi e Nicolas foram para o quintal jogar xadrez, enquanto Michele e Joana seguiram para a cozinha para ajudar. Nos feriados, Michele normalmente ficava responsável por preparar as refeições. Na sala, restaram apenas os dois irmãos. Um deles estava relaxado, com a cabeça baixa, mexendo no celular. O outro, com a expressão fechada, as pernas cruzadas e encostado no sofá como se fosse uma estátua, permanecia imóvel. Os olhos negros e profundos do homem estavam fixos na figura de duas pessoas no quintal, uma grande e outra pequena. Seu olhar transparecia irritação e insatisfação. Thomas percebeu que o clima na sala estava pesado. Ao levantar os olhos, se deparou com o rosto claramente mal-humorado e descontente de Guilherme. Curioso, seguiu o olhar do irmão em direção ao quintal. Depois de alguns segundos de reflexão, Thomas voltou a olhar para Guilherme com um sorriso divertido no rosto. — Irmão, você não vai me dizer que está com ciúmes de uma criança de menos de três anos
Já passava das onze horas. O casal retornou ao pátio da casa de Davi, finalmente, após considerável demora. Na sala de estar estavam Nicolas, Michele, Joana e Thomas, mas não havia sinal de Davi, que provavelmente já havia se recolhido para dormir. Afinal, os mais velhos não conseguem ficar acordados até tão tarde. Os três presentes olharam para o casal ao entrar, sem dizer nada, mas seus olhares carregavam uma mensagem repleta de significados implícitos. Exceto por Thomas, que ainda era um "cachorro solteiro", os outros eram experientes no assunto. Bastou uma olhada para entender tudo. Especialmente Lorena, com seus olhos claros ligeiramente úmidos e ainda avermelhados, indicando que havia "chorado" há pouco tempo, além dos lábios levemente inchados, evidências claras de carícias recentes. Depois de desaparecerem por mais de duas horas, ninguém acreditava que os dois tivessem apenas trocado beijos inocentes. Lorena estava um tanto sem graça. Limpou a garganta, cumpri
Thomas engoliu em seco. Ele queria muito dizer que nem uma mosca fêmea estava ao seu lado, quem ele poderia ter desrespeitado? Mas ele não ousou dizer nada, apenas acenou com a cabeça de forma tímida. ... À meia-noite. Guilherme segurou a mão dela e a levou até a sacada aberta no segundo andar. — Por que viemos aqui? — Ela perguntou, curiosa, em voz baixa. De repente, se ouviu um som abafado, e fogos de artifício, com suas faíscas avermelhadas, começaram a subir ao céu. Alguns estalos claros iluminaram a escuridão da noite, transformando o céu em um oceano de luzes cintilantes. Os fogos de artifício explodiam no céu de forma inesperada, exibindo lindos sorrisos multicoloridos que eram de tirar o fôlego. Após o espetáculo de luzes, as explosões dos fogos deixavam no céu rastros brilhantes, como pedras preciosas, que logo caíam como uma cascata de estrelas, lentamente desaparecendo. Era uma visão deslumbrante. O homem estava parado ao lado dela. Ela olhava para cima, ad
Depois de desligar o telefone, ela contou tudo no pequeno grupo que tinha com mais duas pessoas. Logo, Lavínia sugeriu uma ideia: — E se criarmos uma oportunidade para o meu tio trair? Assim, teríamos provas para o divórcio, não é?Lorena estava com Guilherme naquele momento. Sem se importar com a presença dele, ela colocou o áudio de Lavínia no viva-voz. Aquela sugestão de Lavínia, cheia de indignação e sacrifício, ecoou diretamente nos ouvidos dos dois. Lorena estava bebendo água e, ao ouvir, parou por um instante. Que ideia absurda Lavínia havia inventado! Guilherme lançou um olhar para ela, levantando levemente as sobrancelhas. Ela também o olhou de volta e, instintivamente, quis saber sua opinião: — O que você acha? Dá para fazer? Ela perguntou puramente por curiosidade. Afinal, os dois eram bons amigos, e Guilherme provavelmente tinha uma noção de quão fácil seria enganar Reginaldo. Guilherme hesitou por um momento. Naquele instante, ele simplesmente não con
Era de dia. Os negócios no clube ainda não tinham começado por completo. Mas Inês conseguia perceber que, assim que chegasse a noite, o lugar se transformaria em um cenário de luzes, bebidas e luxo, um espetáculo de cores vermelhas e verdes. Ao mesmo tempo, era evidente que aquele era o mundo dos ricos, um ambiente de opulência e decadência que pessoas comuns jamais poderiam imaginar experimentar. Na recepção, o atendente fez uma ligação. Pouco depois, as duas viram uma mulher caminhando em sua direção. Ela usava um vestido curto e justo de cor vermelha, os longos cabelos ondulados balançando suavemente enquanto andava. Bastava um único olhar para se perder nos olhos profundamente sedutores da mulher, cheios de uma sensualidade irresistível. Seu rosto era uma combinação perfeita de charme e provocação, uma beleza que parecia atingir a alma. Era o tipo de mulher que exalava perigo por todos os poros, e qualquer desatenção ao seu redor podia levar alguém à ruína total. He
Lorena entrou diretamente no banheiro assim que passou pela porta. Hebe e Inês não sabiam o que ela pretendia fazer. Não perguntaram nem a impediram, apenas ficaram de lado, esperando. Um minuto depois, Lorena reapareceu segurando uma bacia de tamanho médio, cheia de água, cuja origem ninguém conseguia imaginar. Hebe teve um leve espasmo no canto do olho. Inês alterou discretamente a expressão. No quarto. Sobre a cama branca e impecável estava deitado um homem bonito, completamente esparramado de maneira nada elegante. Apenas os braços claros estavam visíveis, e a musculatura definida e forte era tão atraente que fazia qualquer um esquecer sua postura descuidada. O homem bonito dormia profundamente, a ponto de mexer a boca como se mastigasse algo, exibindo um leve sorriso bobo. Era impossível adivinhar o que ele sonhava em plena luz do dia. Hebe o observou com desgosto, levando a mão ao rosto em sinal de irritação. Lorena, com o rosto inexpressivo e ainda segurando a
Depois de terminar de falar, ela se virou agilmente e saiu do quarto. Assim que ela saiu, Inês, naturalmente, também a seguiu. Hebe deu apenas um passo, como se algo lhe tivesse ocorrido. Parou, virou levemente o corpo e lançou um olhar sedutor na direção dele. Seus olhos encantadores estavam carregados de uma provocação intrigante: — Quer que eu te ajude? O olhar de Caetano escureceu. Ele semicerrou os olhos de formato felino, e sua voz, cheia de uma raiva contida, soou cortante: — Saia! Hebe não se abalou. Deu um leve resmungo de desdém e respondeu friamente: — Se você tem coragem, mostre sua raiva para ela. Mostrar sua raiva para mim não faz diferença. — Depois de dizer isso, ela jogou o cabelo ondulado para trás com um movimento de cabeça e saiu do quarto com passos elegantes e cheios de atitude. Todo mundo sabia que Caetano não tinha medo de nada nem de ninguém. Ele era implacável em suas ações, cruel e sem escrúpulos. Mas o que poucos sabiam era que havia uma
Lorena olhou para ele com calma, falando em um tom descontraído: — Então eu mesma espalho a notícia. Eles certamente vão vir me procurar, e assim economizo trabalho. As pupilas de Caetano se contraíram levemente enquanto ele a encarava, incrédulo. Que audácia! Ela estava usando a própria vida como ameaça contra ele. Ela também o observou por um instante, sem pressa, como se tivesse certeza de que ele iria ajudá-la. Encostada no sofá, esperava pacientemente por sua resposta. Afinal, encontrar a Base Pioneira era algo que só ele poderia fazer. Caso contrário, ela nem teria vindo procurá-lo, já que não era exatamente algo simples. Hebe, por outro lado, continuava como espectadora, assistindo a tudo em silêncio enquanto "comia pipoca". Em sua mente, contou trinta segundos. E, assim como imaginado, no trigésimo segundo, Caetano cedeu. Ele bufou com frieza e disse, irritado: — Certo, eu procuro. Eu devo ter te devido algo numa vida passada! Hebe deu de ombros com um olhar