Mesmo com o cansaço Amber e seus amigos continuavam à procura do monstro de seus sonhos, ou melhor, dizendo pesadelos.
Sobre o pensamento racional de Filipe surge uma idéia, um ponto estratégico seria usado por este ser, e onde se não a velha casa da colina a qual pertencia a um dos primeiros prefeitos de Granada. Afonsus Quinto, o pai de Fábio Coltrane.
Todos os três concordaram que havia total possibilidade de o ser dos sonhos esconder-se em um local como aquele. Foram rapidamente rumo a casa, que era mais um palácio à beira de uma longa colina gramada.
Um dia aquela casa já havia sido muito bela, com traços venezianos e renascentistas, mas hoje não era mais nada além de uma herança queimada e descascada da prefeitura, o casarão vivia com as trancas arrombadas. Uma vez ou outra os policiais achavam objetos que eram deixados pelos visitantes, na maioria das vezes ninguém voltava para buscá-los, isso porque diziam que a casa era mal-assombrada. Agora até que pod
A mãe de Billy chamava-se Livia. Atendeu aos jovens muito bem, reuniu todos à mesa e para cada um deu um prato com um pedaço de bolo de fubá cremoso com coco. Saborearam o lanche sob o som baixo de uma música agradável no rádio, ela falava claramente a diferença entre nós e eles numa levada jazz.Ela os tratou como se fossem velhos amigos, os explicou que seu filho ainda não havia melhorado, e estava com vontade de levá-lo ao hospital, pois ela era muito ocupada e ele passava muito tempo só em casa, falou como isto a agoniava. Quase deixou escapar que estava surpresa que seu filho havia feito tantos amigos e que temia que o garoto se tornasse um esquizoide.Ela deixou que eles visitassem o jovem que estava de cama, ele estava um tanto abatido. Amber manteve a compostura, pois não queria que notasse sua preocupação até porque fariam alguma coisa por ele. Não era a melhor hora para choramingar e gritar era o momento de ignorar aquilo, ao menos na frente de Billy.
Amber ouvia as palavras de Nataniel com muita atenção, assim que terminou a conversa pôs o telefone no gancho e se dirigiu ao encontro do jovem.Em sua bicicleta ela logo chegou até a região de Lagoona Park, o bairro mais sofisticado de Granada, com praças, jardins e um lago de águas azuis podia se sentir o ar de natureza sem perder a sofisticação. A jovem chegou até o casarão e Nataniel já a esperava no portão com uma bolsa grande e preta sobre os ombros.– Amber, chegou rápido! – E continuou. – A tarefa tem haver com seu amigo que está doente, eu andei pensando e notei que talvez não devessemos sair procurando o Pesadelo por aí, essas energias se enraízam como se fossem uma planta trepadeira e ele está bem na nossa frente o tempo todo!– Você está me dizendo que o Pesadelo está se nutrindo do Billy? – para Amber fora fácil deduzir naquele momento, não podia acreditar que problema e causador estavam diante dos seus olhos o tempo todo. Como não havia percebido?
Dentro da van os três sorriam aliviados, conseguiram se livrar das sombras que estavam envoltas em Billy. Em seguida foram rumo à casa de Amber, pois todos se reuniriam lá mais tarde.Amber já havia contactado a Filipe e a Mary que estavam cientes de tudo que estava acontecendo. Ela também avisou a seu irmão Ber que o “povo” como ela apelidou seus amigos, iria se reunir em sua casa para tratar destes assuntos que eram infelizmente do interesse de todos.Segundo Nataniel primeiro viria o Pesadelo, depois seres muito piores! Essa guerra silenciosa era no mínimo estranha, e a solução que tinham em mente também tinha de ser ou não funcionaria.A ideia era simples, pegar um atalho. Se o Pesadelo havia dado tanto trabalho o que diria de seus futuros sucessores? Queriam tentar algo antes que a próxima entidade chegasse até Granada e Nataniel tinha algo em mente.Todos já se encontravam na casa de Amber, ela falou a todos o que havia acontecido e teriam que decid
Todos corriam pelas escadas em direção ao casarão, já haviam deixado Billy em casa a salvo, recuperado e pronto para causar um espanto positivo quando seus pais chegassem. A realidade é que mesmo com medo a curiosidade despertava neles, como uma leve e tênue projeção, era algo mais instintivo do que qualquer outra coisa! Ber estava ali para olhar sua irmã, Mary e Filipe por sua incredulidade e medo ao mesmo tempo, já Amber tinha a curiosidade sobre seus punhos, ela simplesmente tinha a vontade de compreender o que estava acontecendo sob o fino véu do sobrenatural.Quando entraram e ficaram de encontro à sala com duas macas e um grande rádio todos estranharam, pois imaginavam Amber e Nataniel num ônibus dando adeus da janelinha. Agora poderiam ter uma vaga impressão do que seria a viagem para o universo do meio.Na mesa ao lado havia um prato com cubos de açúcar e uma chaleira generosamente grande, a sala não tinha nenhuma lógica a não ser que pertencesse a um médico in
Depois de andarem quilômetros naquela estrada de terra, sentiam o desgaste de olhar tantos rostos perdidos, o curioso partia de que todos ali estavam no meio de algo que fora nitidamente interrompido.Viam-se rostos chorosos, sorrisos corados, e pessoas de todos os credos e etnias. Mas nenhum rosto conhecido ainda. Coltrane começava a desconfiar que Nataniel pudesse ter ido parar além-florestas e estradas e estar vagando perto do lago congelado como ele dissera a Amber a alguns segundos. Pararam de procurar por ele afinal cada segundo valia nesta corrida contra o tempo.Eles iriam partir naquele momento, em direção à cidade dos mortos, lugar que ficava abaixo de uma montanha gelada.Segundo Coltrane era lá que vagavam as almas perdidas, e ele dificilmente errava o “alvo”! Amber achava estranho cruzar esta terra a pé, mas não cogitava nada, isto até ver o meio de transporte maluco que Fábio insistia ser a melhor forma de cruzar o universo do meio.Quando A
Ele olhou para Amber e Nataniel, sentindo vergonha de si mesmo.Havia negligenciado a verdade dele e de todos, sempre que se lembrava do seu passado tinha menos memórias era como se pertencesse ao universo do meio e não mais ao mundo real.Ainda com receio ele começou do início, sua vida, sua morte:– Eu vivia só no casarão, meus pais haviam brigado e os via juntos cada vez em menor frequência. Mesmo com tantas arrumadeiras, empregados, sentia-me só. Adorava a negligência deles por parte, para poder me aventurar, entre o povo comum, conheci pessoas maravilhosas que tinham uma vida contrastante em relação à minha.Garotas interessantes que jamais poderia conhecer. Elas me adoravam! Talvez pelo fato de ouvi-las coisa que outros garotos não faziam. Pegava sempre a estrada principal e entre um carro ou charrete passava divinamente dos limites do casarão.Conheci muitos amigos, jovens que tinha o prazer de conversar. Não eram como os filhos de juízes e
Talvez Amber temesse tantas coisas, as quais não compreendia o simples, o básico, o material. Talvez o fossem a fórmula mais excêntrica e complexa com que já tinha se deparado.Fazia três dias que sua mãe havia viajado, mas para ela fazia semanas. Ao acordar notou que hoje era seu aniversário, bom o dia verdadeiro pelos amenos. Ao ver da janela o sol e o céu límpido totalmente azulado pensou em andar. Passear por Granada, afinal de contas agora ela não parecia tão ruim assim!A cidade era bonita, e para falar a verdade Amber nunca havia parado para pensar nisso. É muito mais fácil se queixar-se do que tem e não do que deseja ter.Agora a cidade aparentava estar mais leve! Não havia Pesadelo ou Morarch para ameaçar a cidade e a eles, poderiam tentar prosperar em paz. Ela e seus amigos, Filipe, Rosemary e seu irmão Ber partiram da casa de Nataniel se despedindo com um sorriso no rosto. Despertando-os para a realidade própria de cada um e seu caminho.Ber fo
28 de março de 1997...– Querido diário adoraria saber o porquê de chover tanto hoje, aqui em Granada quase não chove, apesar do Frio rotineiro dos pampas. Parece até que a natureza se voltou contra nós meros seres humanos. Já faz dois dias que chove sem parar, era tão bom se ela cessase – Estava escrito no primeiro parágrafo de uma das páginas do diário de Amber.Havia escrito noite passada, antes de cair-se no mais profundo sono.Olhou o despertador que tilintava o alarme das seis da manhã. O atingiu com toda a força das mãos.– A hora não me importa no momento, estou só em meu quarto e ainda é manhã. Posso descansar mais um pouco antes de ir para a escola. Seis da manhã que nada, Ber e Elizabeth que tomem café da manhã sem mim, isso se Ber acordar. – Foi o que viera a seguir dos parágrafos.Redondamente enganada estava Amber, pois não teria mais paz e tampouco liberdade para continuar por mais alguns minutos em seus sonhos.Sua mãe entrou no qu