Capítulo 2
Uma semana depois, Jack estava passando pela cidade, seu cavalo trotando lentamente pelas ruas movimentadas. Ao se aproximar da agropecuária local, desmontou e entrou na loja. Notou um grupo de homens conversando animadamente perto do balcão. Eles falavam baixo olhando para os lados. Jack pegou um saco de ração, fingindo interesse, enquanto ouvia a conversa. Dois homens, Jim e Earl, estavam discutindo em voz baixa, mas suficientemente alta para que Jack captasse cada palavra. — Você ouviu a última? — disse Jim, com um tom grave. Earl assentiu, seus olhos cheios de preocupação. — Sim, ouvi. Amanhã é o grande dia. A filha de Clayton vai se casar com o velho Silas. Que Deus tenha piedade da alma dela. Porque o Silas não vai ter, o homem é um crápula. O coração de Jack parou por um momento, uma onda de raiva e desespero atravessando seu corpo. Ele sabia que Clayton estava disposto a qualquer coisa para se livrar da dívida, mas não imaginava que ele levaria adiante uma decisão tão cruel e precipitada. — Isso é um absurdo — continuou Jim. — Silas é um monstro. Ninguém merece isso, muito menos uma jovem adorável como Charlotte. Jack sentiu o sangue ferver. Ele sabia que precisava agir rápido. Com uma determinação renovada, ele deixou a ração no balcão e saiu da agropecuária, montando rapidamente em seu cavalo. Ele tinha pouco tempo, e uma única chance de salvar a jovem desse destino terrível. Determinou-se a ir até a fazenda de Clayton, pronto para confrontá-lo mais uma vez. Ele precisava encontrá-la antes que fosse tarde demais. Jack galopou pela estrada de terra, seu coração batendo forte com a adrenalina. Ele sabia que a missão seria arriscada, mas ele estava disposto a fazer qualquer coisa para protegê-la de um destino horrível e sem volta. Jack chegou à fazenda de Clayton em um turbilhão de poeira e determinação. Desmontou do cavalo com um movimento rápido, puxando o revólver de trás das costas e deixando o animal solto. Com passos firmes, subiu as escadas da varanda, seu olhar fixo na porta da frente. Ele empurrou a porta, entrando com decisão na casa. A atmosfera estava tensa, o silêncio quase palpável. Ao atravessar o hall de entrada, uma jovem mulher apareceu ao virar o corredor, seu rosto se contorcendo de medo ao ver Jack armado. — Ahhh! — Ela gritou, recuando instintivamente, suas mãos cobrindo a boca. Jack abaixou o revólver imediatamente, percebendo que a mulher estava em pânico. — Calma, não vou machucar você — disse ele, tentando acalmar seus nervos. — Preciso falar com Clayton. A mulher olhou para ele, os olhos arregalados de terror. — Ele... ele está no escritório — murmurou ela, apontando para uma porta no fundo do corredor. Jack assentiu, passando por ela com cuidado, mantendo o revólver abaixado. Ele sabia que Clayton não cederia sem luta, e estava pronto para qualquer coisa. Ao chegar à porta do escritório, Jack deu um chute forte, arrombando-a. Clayton estava sentado à mesa, levantando-se abruptamente com o barulho. Seus olhos se arregalaram ao ver Jack armado e furioso. — Jack, o que diabos você está fazendo? — Clayton gritou, sua voz tremendo de surpresa e medo. — Você sabe exatamente o que estou fazendo, Clayton — respondeu Jack, sua voz carregada de raiva. — Eu ouvi sobre o casamento. Você não pode fazer isso com a sua própria filha! Clayton tentou recuperar a compostura, levantando as mãos em um gesto de rendição. — Jack, calma. Isso não é o que parece. Estou apenas tentando garantir o futuro dela. — Entregar sua filha para um monstro como Silas não é garantir o futuro dela, é condená-la! — Jack avançou, segurando o revólver firme, mas sem apontá-lo diretamente para Clayton. Clayton recuou, claramente assustado. — Você não entende, Jack. Estou sem opções — disse entre os dentes. — Arranje outra solução, Clayton. Porque eu não vou deixar sua filha pagar pelo seu desespero. — Jack deu um passo adiante, seus olhos queimando de determinação. Clayton olhou ao redor, buscando uma saída, mas sabia que Jack estava falando sério. Sua mandíbula saltava a cada segundo que passava. — O que você sugere então? — perguntou ele, sua voz agora cheia de medo e resignação. Jack respirou fundo, tentando controlar a fúria que sentia. — Eu aceito casar com Charlotte, Clayton. Mas isso só vai acontecer sob certas condições — disse com raiva, apontando a arma para Clayton que ergue novamente as mãos. Clayton arqueou uma sobrancelha, surpreso com o que acabou de ouvir. — E quais seriam essas condições? — perguntou com sarcasmo, mas com certa curiosidade. Jack avançou mais um passo, seu olhar firme. Ele abaixa a mão mesmo estando com o dedo próximo ao gatilho. — Primeiro, vamos fazer isso de maneira correta, através de um contrato. Nada de acordos informais, eu não confio em você. Quero garantir que Charlotte seja tratada com o respeito que ela merece. E segundo, vou esquecer a sua dívida comigo. Completamente. Clayton hesitou, processando as palavras de Jack. — Um contrato... isso significa que tudo será legalizado? — perguntou um pouco preocupado e receoso. — Exatamente — confirmou Jack, sem rodeios. — Quero que Charlotte tenha segurança, e isso inclui termos claros e justos no papel. Se concordar com isso, eu assumo a responsabilidade por ela e por sua dívida. Clayton respirou fundo, percebendo que essa era sua melhor e talvez única opção para resolver a situação sem perder tudo. — Tudo bem, Jack. Eu concordo, mas quero garantir o meu futuro. Você sabe que a safra deste ano de algodão não foi das melhores, perdi muito dinheiro. Você pode ficar com minha filha e também vai me dar mais trezentos mil dólares. Vamos fazer o contrato. Jack franziu o lábio, o desgraçado queria mais dinheiro pela filha. Com uma carranca no rosto, aceitou. Se não fosse a loucura do homem que sempre chamou de amigo, não estaria se metendo nessa situação. — Ótimo. Amanhã de manhã, iremos ao advogado da cidade para redigir o contrato. E lembre-se, Clayton, qualquer desvio do que acordamos, você estará lidando comigo novamente e enfrentará as consequências dos seus atos — disse mostrando o revólver para fazê-lo entender melhor suas intenções. Clayton balançou a cabeça, sentindo o peso da decisão e medo. — Entendi. Vamos fazer isso corretamente. Jack estava prestes a sair do escritório quando Clayton o chamou: — Não quer conhecer sua noiva? Jack se voltou para Clayton e pela primeira vez não tinha resposta para uma pergunta tão simples. — Espere aqui, vou chamá-la. Antes que Jack pudesse dizer alguma coisa, Clayton abriu a porta e chamou Charlotte. A jovem apareceu após alguns segundos, seus passos hesitantes ecoando no corredor. Jack reconheceu imediatamente o rosto assustado, o mesmo que tinha visto quando entrou na casa com o revólver na mão. Agora, mais calmo, ele observou melhor o rosto angelical da jovem. Seus traços delicados e seus olhos grandes e assustados chamavam atenção. Ela parecia tão frágil e vulnerável, envolta em um vestido comprido que escondia sua silhueta. Jack engoliu seco, surpreso por ter ficado admirando a jovem mulher. — Charlotte, este é Jack Colt — disse Clayton, tentando soar amigável. — Jack, esta é minha filha, Charlotte. Jack deu um passo à frente, estendendo a mesma mão que acabou de esconder a arma entre suas roupas. — Olá, Charlotte. Sou Jack. Sei que esta situação é difícil, mas estou aqui para garantir que você esteja segura. Charlotte olhou para a mão estendida de Jack, hesitando por um momento antes de finalmente apertá-la. Seus olhos buscaram algum sinal de confiança e segurança no rosto de Jack, e ela encontrou uma sinceridade que a acalmou um pouco. — Prazer em conhecê-lo, Sr. Colt — disse ela, a voz tremendo ligeiramente. Jack sentiu uma pontada de culpa ao ver o medo nos olhos dela. Sabia que ela estava sendo forçada a aceitar um destino que não escolheu, e prometeu a si mesmo que faria tudo ao seu alcance para torná-lo o menos doloroso possível. — Por favor, me chame de Jack — respondeu ele, suavizando o tom. — Vamos resolver isso juntos, Charlotte. Eu prometo. Clayton, observando a interação, parecia ansioso para que tudo se resolvesse rapidamente. — Muito bem, então estamos todos de acordo? Amanhã de manhã iremos ao advogado para formalizar o contrato. Jack assentiu, mas seu foco estava em Charlotte. — Sim, vamos resolver isso amanhã. Por enquanto, vamos todos descansar. Temos um longo dia pela frente. Charlotte olhou para o pai, depois para Jack, e finalmente assentiu, aceitando a situação com uma resignação triste. Jack sentiu um peso em seu peito, sabendo que agora tinha uma grande responsabilidade não apenas financeira, mas também emocional. Enquanto se preparava para sair, Jack lançou um último olhar para Charlotte. Ele sabia que a partir daquele momento, sua vida mudaria drasticamente. Mas estava determinado a proteger e cuidar dela, não importa o que viesse pela frente. — Até amanhã, Clayton. Charlotte — disse ele, dando um toque no chapéu antes de sair da casa. Enquanto montava em seu cavalo e se afastava da fazenda, Jack não conseguia parar de pensar na jovem mulher que acabara de conhecer. Como o pai e os homens na agropecuária haviam dito, era verdade: ela era adorável.Capítulo 3O sol mal havia nascido quando Jack se levantou. Ele sabia que o dia seria decisivo, e não podia falhar. Depois de se preparar rapidamente, montou em seu cavalo e cavalgou em direção à cidade, seu pensamento fixo no contrato que mudaria tudo em sua vida.Ao chegar ao escritório do advogado, Jack encontrou Clayton já à espera, com Charlotte ao seu lado. Ela parecia ainda mais pálida e nervosa, seus olhos evitavam os dele.— Bom dia, Jack — disse Clayton, tentando parecer descontraído, mas a tensão em sua voz era evidente. — Estamos prontos para formalizar o acordo?Jack assentiu, cumprimentando o advogado antes de se sentar à mesa com Clayton e Charlotte. O advogado começou a explicar os termos do contrato, detalhando cada cláusula com precisão. Jack prestava atenção em cada palavra, garantindo que tudo estivesse conforme o combinado.— Então, para finalizar, Jack assumirá todas as responsabilidades financeiras e legais por Charlotte, e Clayton renunciará a qualquer dívida.
Capítulo 4Charlotte saiu do casarão, ansiosa para conhecer os arredores da fazenda. Ao pisar no vasto terreno, foi recebida pelo calor do sol texano e pelo som distante de animais e vento sussurrando entre as árvores.Caminhou devagar, permitindo-se apreciar a beleza da paisagem ao seu redor. As colinas ondulantes, os campos de pastagem e os cercados que se estendiam até onde os olhos podiam ver eram impressionantes. Jack realmente tinha uma propriedade magnífica.Enquanto caminhava, Charlotte percebeu que não tinha visto nenhum dos funcionários desde que chegara. Imaginou que deviam estar ocupados com suas tarefas diárias, espalhados pela grande extensão da fazenda. Isso lhe deu uma sensação de tranquilidade; gostava da ideia de explorar sozinha por um tempo.Passou por um estábulo onde alguns cavalos pastavam preguiçosamente. A proximidade dos animais trouxe um leve sorriso ao seu rosto. Sempre havia encontrado conforto e paz entre os animais, e sentiu que, pelo menos nesse aspecto
Capítulo 5Charlotte ficou sozinha na sala de estar enquanto Jack levava a louça do jantar para a cozinha. Ela observou o cômodo decorado com móveis rústicos e, ao mesmo tempo, confortáveis.Ao se aproximar do sofá, Charlotte sorriu ao ver o mesmo gatinho que havia levado um pisão no rabo mais cedo, agora deitado e dormindo todo largado. O pequeno animal parecia ter se recuperado rapidamente do susto, e sua tranquilidade era quase contagiante.Charlotte se sentou suavemente ao lado do gato, tomando cuidado para não acordá-lo. Enquanto acariciava delicadamente o felino adormecido, ela sentiu uma grande ternura pelo pequeno felino. A casa, a fazenda, e até mesmo o gatinho, tudo começava a se tornar parte de sua nova realidade.Ela olhou ao redor da sala mais uma vez, absorvendo cada detalhe: as cortinas que pareciam antigas e a lareira que parecia convidativa para noites aconchegantes.Perdida em seus pensamentos, Charlotte não percebeu quando Jack voltou à sala. Ele parou na entrada, o
Capítulo 6Não demora muito para chegarem na cidade. Jack estava determinado a fazer esse dia especial para ela. Vai mostrar a ela que merece coisas boas e confortáveis.- Pronta para a aventura? - Jack perguntou com um sorriso enquanto segurava a porta da caminhonete aberta para ela sair.Charlotte sorriu, mas havia uma leve sombra de ansiedade em seus olhos.- Sim, estou pronta.Ele havia estacionado a caminhonete na frente de uma loja de roupas.- Primeiro, vamos comprar algumas roupas novas para você - disse ele, pegando na mão dela e a guiando para dentro da loja.Ela não conseguiu esboçar nenhum tipo de reação por ter sido pega de surpresa.Dentro da loja, Charlotte ficou maravilhada com a variedade de tecidos e roupas que nunca pensou que um dia teria. Jack a incentivou a escolher o que quisesse. Após algumas horas, Charlotte tinha uma pilha de roupas novas: vestidos, calças confortáveis, blusas de várias cores e estilos.- Você merece o melhor - Jack disse, vendo o brilho nos
Capítulo 7Enquanto Jesse ignorava o conselho do colega, Jack e Charlotte chegaram ao estábulo. Jack soltou a mão dela, mas seus olhos não deixaram de observá-la com ternura.- Vou selar o cavalo para você - disse ele, pegando os equipamentos. Hoje será sua primeira lição de montaria aqui na fazenda. Sei que sabe montar, mas percebi que não tem muita experiência. Vou te ensinar tudo o que precisa saber na teoria e na prática.Charlotte sorriu, animada.- Estou ansiosa para aprender - disse colocando as mãos na cintura fazendo Jack esquecer o que estava fazendo por alguns segundos.Ele sorri em seguida tentando disfarçar o fato de ter perdido a concentração no que estava fazendo. Ela ficou com um olhar curioso tentando entender o que havia acontecido,mas não disse nada.Enquanto Jack preparava o cavalo, Charlotte olhou ao redor, admirando o trabalho que os funcionários faziam com dedicação.Após alguns minutos, Jack terminou de selar o cavalo e ajudou Charlotte a montar. - Pronta? - e
Capítulo 8No dia seguinte, Jack acordou mais cedo que o normal, super ansioso. Julieta havia sugerido que ele comprasse produtos de beleza para Charlotte, e ele achou a ideia excelente.Agora estava na cidade, dentro da perfumaria, e ao ver a imensa quantidade de produtos, deixou de achar a ideia tão empolgante. Não fazia a mínima ideia de onde começar. - Posso ajudar em alguma coisa, senhor? - perguntou uma atendente, vendo a expressão confusa de Jack.- Sim, por favor - respondeu Jack, aliviado. - Estou procurando alguns produtos de beleza para minha noiva, mas não sei exatamente o que comprar.A atendente sorriu, compreendendo a situação.- Claro, eu posso ajudá-lo. Primeiro, vamos ver alguns produtos básicos. Você já tem algo em mente?- Não faço ideia.- Entendi. Vamos começar com o essencial então, por enquanto - disse a atendente, pegando alguns itens das prateleiras. - Aqui temos hidratantes, cremes faciais, produtos para cabelo e alguns perfumes. Esses são produtos básicos
Capítulo 9Antes de voltar para a fazenda, Jack foi até uma pequena livraria. Como não sabia os gostos de Charlotte em relação à leitura, decidiu pedir ajuda à atendente. Ao entrar na loja, foi recebido por uma mulher de meia-idade, com óculos na ponta do nariz e um sorriso acolhedor.- Olá, posso ajudá-lo, senhor Colt? - perguntou ela.- Sim, eu espero que sim - respondeu Jack, meio desconcertado. - Estou procurando alguns livros para minha noiva, mas não sei exatamente o que ela gosta de ler.A atendente inclinou a cabeça, pensativa.- Bem, nós temos uma grande variedade. Talvez eu possa sugerir alguns romances clássicos? São sempre uma boa escolha.Jack assentiu, sentindo-se um pouco mais confiante.- Isso parece uma boa ideia. Pode me mostrar alguns?A atendente levou Jack até uma prateleira cheia de romances de todas as épocas e estilos.- Aqui temos alguns clássicos - disse ela, pegando um volume. - Este é "Orgulho e Preconceito" de Jane Austen. É uma história de amor que muitas
Capítulo 10Eles entraram na casa, e Jack conduziu Charlotte até a sala de jantar. Com um sorriso, ele entregou-lhe várias sacolas repletas de cosméticos, shampoos, cremes e sabonetes, tudo o que acreditou que ela gostaria.- Espero que você goste - disse Jack, observando-a com carinho enquanto ela inspecionava os produtos.Charlotte abriu uma sacola e sorriu ao ver os itens cuidadosamente escolhidos.- São maravilhosos, Jack... - Seus olhos brilharam com gratidão.- E ainda tem mais uma coisa - Jack disse com um ar de mistério. Ele pegou uma última sacola e a entregou a Charlotte.Com curiosidade, ela abriu a sacola e viu os livros. Seus olhos se arregalaram de surpresa e alegria.- Livros! - exclamou, folheando as capas dos romances. - Jack, você é incrível. Eu amo ler!Jack sorriu, satisfeito por ver a alegria dela.- Conversei com a atendente da livraria e ela me ajudou a escolher. Espero que goste das histórias.Charlotte segurou um dos livros contra o peito, emocionada.- Eu ado