Capítulo 5
Charlotte ficou sozinha na sala de estar enquanto Jack levava a louça do jantar para a cozinha. Ela observou o cômodo decorado com móveis rústicos e, ao mesmo tempo, confortáveis. Ao se aproximar do sofá, Charlotte sorriu ao ver o mesmo gatinho que havia levado um pisão no rabo mais cedo, agora deitado e dormindo todo largado. O pequeno animal parecia ter se recuperado rapidamente do susto, e sua tranquilidade era quase contagiante. Charlotte se sentou suavemente ao lado do gato, tomando cuidado para não acordá-lo. Enquanto acariciava delicadamente o felino adormecido, ela sentiu uma grande ternura pelo pequeno felino. A casa, a fazenda, e até mesmo o gatinho, tudo começava a se tornar parte de sua nova realidade. Ela olhou ao redor da sala mais uma vez, absorvendo cada detalhe: as cortinas que pareciam antigas e a lareira que parecia convidativa para noites aconchegantes. Perdida em seus pensamentos, Charlotte não percebeu quando Jack voltou à sala. Ele parou na entrada, observando-a com um sorriso terno no rosto. - Vejo que o nosso pequeno amigo já fez amizade com você - disse Jack suavemente, para não assustar o gato. Charlotte levantou o olhar e sorriu. - Sim, ele parece estar bem confortável agora. Jack se aproximou e se sentou ao lado dela, acariciando o gato também. - Essa fazenda pode parecer grande e assustadora no começo, mas tem seus encantos, não é? Charlotte assentiu. - Sim, tem. E eu estou começando a perceber que talvez eu possa encontrar meu lugar aqui também. Jack se sentou ao lado dela, mas não tentou tocá-la, sentindo que ainda não era o momento certo para abraços ou segurar suas mãos. Ele suspirou e disse: - Tenho certeza de que vai encontrar. E estarei sempre ao seu lado. Ela olhou para ele com seus grandes olhos. Por um momento, ele achou que ela tinha gostado do comentário. Charlotte não sabia por quê, mas sentia que todo o pesadelo que viveu desde que conheceu o pai parecia estar se dissipando. Sinceramente, achou que o amigo do pai era um ogro como ele, mas parecia estar enganada. Até o momento, ele tinha sido educado e doce. Tudo o que o pai havia dito sobre ele parecia ser mentira. Jack e Charlotte permaneceram em silêncio por alguns momentos. O gato continuava dormindo pacificamente entre eles. Jack finalmente quebrou o silêncio. - Amanhã, gostaria de te mostrar mais da fazenda. Há muitos lugares bonitos que você ainda não viu. Charlotte sorriu, animada com a ideia. - Eu adoraria isso. Jack sorriu de volta, aliviado por ver Charlotte mais à vontade. - Ótimo. Vamos começar logo pela manhã. Acho que é hora de descansarmos. Temos um longo dia pela frente amanhã - ele disse após sentir o peso do cansaço. Ela concordou, levantando-se também. - Sim, você tem razão. Jack a acompanhou até a porta do quarto e parou. - Boa noite, Charlotte. Espero que tenha uma boa noite de sono. Ela sorriu, sentindo-se mais segura e esperançosa do que jamais havia se sentido. - Boa noite, Jack. Obrigada por tudo. Jack assentiu e se afastou, fechando a porta suavemente atrás de si. Charlotte se preparou para dormir, refletindo sobre o dia e as mudanças que estavam acontecendo em sua vida. Apesar dos desafios, ela sentia que estava no caminho certo. Na manhã seguinte, Jack estava esperando por Charlotte na varanda. Ela apareceu com outro vestido simples, que parecia ainda mais velho que o do dia anterior. Quando o capataz havia retornado, avisou que Clayton tinha dito que tudo o que Charlotte possuía estava com ela. Jack acreditava que ela não devia ter mais do que três ou quatro vestidos. Observando seus pés, Jack percebeu que Charlotte usava o mesmo par de sapatilhas baixas do dia anterior. Se tivesse percebido isso antes, teria levado Charlotte para fazer compras. Mas hoje, isso não iria deixar passar. Decidiu que visitariam os lugares prometidos de caminhonete e, na volta, iriam direto para a cidade. Ela notou os olhares dele para suas roupas e engoliu seco, envergonhada. Quando morava com a mãe, passaram por muitas necessidades nos últimos anos, e aquelas eram as únicas roupas que restaram daquela época. O pai a trancava dentro de casa e só não a deixava passar fome porque tinha medo que seu corpo ficasse magro e sem curvas, impossibilitando a troca por dinheiro, como ele havia dito. Foram momentos difíceis. Gostaria de ter roupas melhores, mas não queria atormentar Jack com isso. Continuaria remendando as roupas até onde pudesse. - Tudo bem? Podemos ir? - perguntou Jack, percebendo que ela ficou inerte em pensamentos. - Claro, estou ansiosa para ver tudo. Juntos, começaram a explorar a fazenda. De caminhonete, Jack percorreu mais rápido o terreno plano. Gostaria de ter ido a cavalo, mas sabia que teriam outras oportunidades. Ele apontava e mostrava para ela os vastos campos, os animais pastando e os riachos cristalinos que atravessavam a propriedade. Cada lugar tinha uma história, e Jack fazia questão de compartilhar cada uma delas com Charlotte, que ouvia tudo encantada. Conforme exploravam, ela percebeu que estava começando a se apaixonar não apenas pelo lugar, mas também pelo homem que a guiava com tanta paciência e carinho. Depois de percorrer uma boa parte da fazenda, Jack parou a caminhonete em um ponto alto, de onde se podia ver uma boa parte da vasta propriedade. Ele olhou para Charlotte com um sorriso caloroso. - E então, o que você achou? Charlotte sorriu, seus olhos brilhando com entusiasmo. - Eu adorei. Gostaria de ter ficado um pouco mais em cada lugar, mas sei que teremos outras oportunidades. Jack assentiu, satisfeito com a resposta dela. - Prometo que voltaremos amanhã. Poderemos passar mais tempo em cada lugar, explorar com mais calma. Mas agora, precisamos sair. Charlotte olhou para ele, curiosa. - Sair? Para onde? Jack sorriu misteriosamente. - Vamos até a cidade. Acho que você vai gostar da surpresa. Ela concordou com um aceno de cabeça, sentindo curiosidade, pois ele foi vago em sã resposta. Mas deu a entender que tinha uma surpresa para ela. A curiosidade crescia a cada quilômetro percorrido até a cidade.Capítulo 6Não demora muito para chegarem na cidade. Jack estava determinado a fazer esse dia especial para ela. Vai mostrar a ela que merece coisas boas e confortáveis.- Pronta para a aventura? - Jack perguntou com um sorriso enquanto segurava a porta da caminhonete aberta para ela sair.Charlotte sorriu, mas havia uma leve sombra de ansiedade em seus olhos.- Sim, estou pronta.Ele havia estacionado a caminhonete na frente de uma loja de roupas.- Primeiro, vamos comprar algumas roupas novas para você - disse ele, pegando na mão dela e a guiando para dentro da loja.Ela não conseguiu esboçar nenhum tipo de reação por ter sido pega de surpresa.Dentro da loja, Charlotte ficou maravilhada com a variedade de tecidos e roupas que nunca pensou que um dia teria. Jack a incentivou a escolher o que quisesse. Após algumas horas, Charlotte tinha uma pilha de roupas novas: vestidos, calças confortáveis, blusas de várias cores e estilos.- Você merece o melhor - Jack disse, vendo o brilho nos
Capítulo 7Enquanto Jesse ignorava o conselho do colega, Jack e Charlotte chegaram ao estábulo. Jack soltou a mão dela, mas seus olhos não deixaram de observá-la com ternura.- Vou selar o cavalo para você - disse ele, pegando os equipamentos. Hoje será sua primeira lição de montaria aqui na fazenda. Sei que sabe montar, mas percebi que não tem muita experiência. Vou te ensinar tudo o que precisa saber na teoria e na prática.Charlotte sorriu, animada.- Estou ansiosa para aprender - disse colocando as mãos na cintura fazendo Jack esquecer o que estava fazendo por alguns segundos.Ele sorri em seguida tentando disfarçar o fato de ter perdido a concentração no que estava fazendo. Ela ficou com um olhar curioso tentando entender o que havia acontecido,mas não disse nada.Enquanto Jack preparava o cavalo, Charlotte olhou ao redor, admirando o trabalho que os funcionários faziam com dedicação.Após alguns minutos, Jack terminou de selar o cavalo e ajudou Charlotte a montar. - Pronta? - e
Capítulo 8No dia seguinte, Jack acordou mais cedo que o normal, super ansioso. Julieta havia sugerido que ele comprasse produtos de beleza para Charlotte, e ele achou a ideia excelente.Agora estava na cidade, dentro da perfumaria, e ao ver a imensa quantidade de produtos, deixou de achar a ideia tão empolgante. Não fazia a mínima ideia de onde começar. - Posso ajudar em alguma coisa, senhor? - perguntou uma atendente, vendo a expressão confusa de Jack.- Sim, por favor - respondeu Jack, aliviado. - Estou procurando alguns produtos de beleza para minha noiva, mas não sei exatamente o que comprar.A atendente sorriu, compreendendo a situação.- Claro, eu posso ajudá-lo. Primeiro, vamos ver alguns produtos básicos. Você já tem algo em mente?- Não faço ideia.- Entendi. Vamos começar com o essencial então, por enquanto - disse a atendente, pegando alguns itens das prateleiras. - Aqui temos hidratantes, cremes faciais, produtos para cabelo e alguns perfumes. Esses são produtos básicos
Capítulo 9Antes de voltar para a fazenda, Jack foi até uma pequena livraria. Como não sabia os gostos de Charlotte em relação à leitura, decidiu pedir ajuda à atendente. Ao entrar na loja, foi recebido por uma mulher de meia-idade, com óculos na ponta do nariz e um sorriso acolhedor.- Olá, posso ajudá-lo, senhor Colt? - perguntou ela.- Sim, eu espero que sim - respondeu Jack, meio desconcertado. - Estou procurando alguns livros para minha noiva, mas não sei exatamente o que ela gosta de ler.A atendente inclinou a cabeça, pensativa.- Bem, nós temos uma grande variedade. Talvez eu possa sugerir alguns romances clássicos? São sempre uma boa escolha.Jack assentiu, sentindo-se um pouco mais confiante.- Isso parece uma boa ideia. Pode me mostrar alguns?A atendente levou Jack até uma prateleira cheia de romances de todas as épocas e estilos.- Aqui temos alguns clássicos - disse ela, pegando um volume. - Este é "Orgulho e Preconceito" de Jane Austen. É uma história de amor que muitas
Capítulo 10Eles entraram na casa, e Jack conduziu Charlotte até a sala de jantar. Com um sorriso, ele entregou-lhe várias sacolas repletas de cosméticos, shampoos, cremes e sabonetes, tudo o que acreditou que ela gostaria.- Espero que você goste - disse Jack, observando-a com carinho enquanto ela inspecionava os produtos.Charlotte abriu uma sacola e sorriu ao ver os itens cuidadosamente escolhidos.- São maravilhosos, Jack... - Seus olhos brilharam com gratidão.- E ainda tem mais uma coisa - Jack disse com um ar de mistério. Ele pegou uma última sacola e a entregou a Charlotte.Com curiosidade, ela abriu a sacola e viu os livros. Seus olhos se arregalaram de surpresa e alegria.- Livros! - exclamou, folheando as capas dos romances. - Jack, você é incrível. Eu amo ler!Jack sorriu, satisfeito por ver a alegria dela.- Conversei com a atendente da livraria e ela me ajudou a escolher. Espero que goste das histórias.Charlotte segurou um dos livros contra o peito, emocionada.- Eu ado
Capítulo 11Jack puxou o freio de mão e virou o corpo no assento do carro para ficar de frente para Charlotte. Segurou seus ombros, fazendo-a virar devagar. Seu coração estava apertado por ver tanto sofrimento num rosto tão lindo como o dela.- Me diga o que tem.- Eu... Eu não... Eu não sei - disse ela, se calando em seguida, sentindo o corpo tremer.- Você está muito nervosa. Por que não quer me contar? O que devo fazer para conseguir te acalmar? Hum?Ele a puxou mais para perto e abraçou seu corpo miúdo com carinho. Foi trazendo-a para mais perto até tê-la sentada em seu colo e o abraço ficar apertado, para que ela não escapasse.Assim que conseguiu acalmar um pouco o coração, ela percebeu que estava no colo dele e que ele estava fazendo carinho em sua cabeleira negra. Ainda assim, sentia algumas lágrimas descerem e o corpo tremendo.- Está mais calma? - perguntou ele, sem parar de acariciar seus cabelos.- Não... Não consigo...Pelo contrário, ela se sentia mais agitada pelo sofri
Capítulo 12À tarde, enquanto ajudava Julieta na cozinha, Charlotte estava com um bloco de anotações, escrevendo tudo que ia lembrando para o dia do casamento. Mesmo sendo apenas no civil, os preparativos eram trabalhosos. Começou pelas anotações, já que Jack havia dito que no dia seguinte iria ao cartório marcar a data.Assim que terminou de preparar o café da tarde, sentou-se à mesa, em frente ao bloco de anotações, e começou a pensar no pai. Apesar de ter passado muitos anos sofrendo com a mãe pelo abandono do pai, hoje estava ciente de que foi a melhor coisa que poderia ter acontecido à mãe, apesar do sofrimento. Pois o pai era um verdadeiro canalha sem sentimentos.Por dinheiro, ele ia entregá-la ao velho Silas e esperar que ele a eliminasse com o tempo. Com certeza, tentaria fugir no mesmo dia, jamais se sujeitaria a tal vida. Seu medo depois seria ser encontrada. Sua sorte foi seu cavalheiro ter aparecido num cavalo branco para reivindicá-la como esposa.Ela suspira só de lembr
Capítulo 13No dia seguinte, a manhã na fazenda começou tranquila. Jack saiu cedo para resolver os detalhes no cartório, deixando Charlotte encarregada de algumas tarefas. Ela estava ansiosa para que tudo fosse resolvido o quanto antes.Amanda chegou para trabalhar com seu habitual ar de confiança. Ao ver Charlotte, não perdeu a oportunidade de lançar um olhar desdenhoso e um sorriso provocador. Charlotte sentiu um aperto no peito, mas decidiu ignorar e seguir com suas tarefas.Enquanto organizava algumas coisas na sala de estar, Charlotte ouviu passos atrás de si. Ao se virar, viu Amanda parada na porta, os braços cruzados e uma expressão que misturava desafio e desdém.- Bom dia, Amanda - cumprimentou Charlotte, tentando manter a voz calma.- Bom dia - respondeu Amanda com um sorriso sarcástico. - Parece que você está se sentindo em casa, não é?- Estou tentando ajudar Jack com os preparativos do casamento - respondeu Charlotte, tentando não se importar com a provocação e manter a c