Capítulo 4
Charlotte saiu do casarão, ansiosa para conhecer os arredores da fazenda. Ao pisar no vasto terreno, foi recebida pelo calor do sol texano e pelo som distante de animais e vento sussurrando entre as árvores. Caminhou devagar, permitindo-se apreciar a beleza da paisagem ao seu redor. As colinas ondulantes, os campos de pastagem e os cercados que se estendiam até onde os olhos podiam ver eram impressionantes. Jack realmente tinha uma propriedade magnífica. Enquanto caminhava, Charlotte percebeu que não tinha visto nenhum dos funcionários desde que chegara. Imaginou que deviam estar ocupados com suas tarefas diárias, espalhados pela grande extensão da fazenda. Isso lhe deu uma sensação de tranquilidade; gostava da ideia de explorar sozinha por um tempo. Passou por um estábulo onde alguns cavalos pastavam preguiçosamente. A proximidade dos animais trouxe um leve sorriso ao seu rosto. Sempre havia encontrado conforto e paz entre os animais, e sentiu que, pelo menos nesse aspecto, sua nova vida poderia não ser tão ruim. Continuando sua caminhada, Charlotte chegou a um pequeno lago. A água clara refletia o céu azul, criando um cenário sereno. Ela se aproximou da margem e sentou-se em uma rocha, deixando seus pensamentos vagarem. A mudança repentina em sua vida ainda era difícil de processar, mas pelo menos aqui, na tranquilidade da fazenda, podia encontrar um momento de paz. Enquanto olhava para a água, ouviu passos suaves atrás de si. Virou-se e viu uma mulher mais velha se aproximando, com um sorriso gentil no rosto. — Olá, querida. Você deve ser Charlotte, certo? — disse a mulher. Charlotte assentiu, levantando-se para cumprimentá-la. — Sim, sou eu. E você é? — Sou Julieta, a cozinheira da fazenda. Jack me pediu para verificar se você está bem e se precisa de alguma coisa — explicou, com um tom acolhedor. Charlotte sorriu, sentindo-se um pouco mais à vontade. — Obrigada, Julieta. Estou apenas explorando um pouco. Este lugar é realmente bonito. Julieta assentiu, olhando ao redor com orgulho. — Sim, é mesmo. Jack cuida bem desta fazenda. Se precisar de alguma coisa, não hesite em me procurar. Estarei na área gourmet adiantando o jantar e preparando o lanche da tarde. — Obrigada, Julieta. Agradeço muito — disse Charlotte, apreciando a gentileza da mulher. Julieta deu um aceno amistoso e se afastou, deixando Charlotte novamente sozinha com seus pensamentos. Olhando para o lago, Charlotte sentiu uma onda de esperança. Talvez essa nova vida não fosse tão ruim quanto imaginara. Depois de algum tempo, Charlotte levantou-se e continuou sua caminhada, explorando mais da fazenda e conhecendo os cantos e recantos que poderiam se tornar seus refúgios. Com um sorriso, ela voltou para perto do casarão, decidida a procurar a área gourmet e talvez ajudar Julieta com o café da tarde. Ao entrar na cozinha, foi recebida pelo cheiro delicioso de pão recém-assado e café fresco. Julieta, uma mulher de meia-idade com um rosto amável e mãos ágeis, estava ocupada preparando a mesa. — Olá, Julieta. Precisa de alguma ajuda? — perguntou Charlotte, tentando ser útil e ao mesmo tempo encontrar uma maneira de se integrar à nova rotina. Julieta levantou os olhos e sorriu calorosamente. — Ah, Charlotte! Claro, eu sempre posso usar uma mãozinha amigável. Você pode me ajudar a terminar de preparar o café da tarde? Charlotte assentiu, feliz por ter algo para fazer. Juntas, começaram a arrumar a mesa com xícaras, pires e uma variedade de pães, geleias e bolos. Enquanto trabalhavam, Julieta conversava animadamente, contando histórias sobre a fazenda e os funcionários. — Sabe, Charlotte, Jack é um bom homem. Ele cuida bem de todos nós aqui. — Julieta disse enquanto passava manteiga em um pão fresco. — Tenho certeza de que, com o tempo, você vai se sentir em casa. Charlotte sorriu, sentindo-se um pouco mais à vontade. — Espero que sim, Julieta. Este lugar é muito bonito e agradável. Jack tem sido muito gentil. Julieta assentiu, satisfeita. — Ele sempre será, minha querida. Espero que a diferença de idade não seja um impecilio para você. — Quantos anos ele tem? — perguntou curiosa. — É um quarentão lindo e maravilhoso. Tudo o que uma mulher deseja num homem. E antes que pergunte, ele não se casou antes porque vivia com a cabeça no trabalho, mal tinha tempo para namorar. Com a mesa finalmente pronta, Julieta serviu duas xícaras de café e convidou Charlotte a se sentar. — Vamos, vamos aproveitar um pouco deste café antes que a correria comece novamente — disse Julieta com uma piscadela. Charlotte sentou-se, sentindo-se mais relaxada. Elas conversaram sobre amenidades nos próximos minutos. Mais tarde, quando o café da tarde estava quase terminado, Jack entrou na cozinha. Ele parou ao ver Charlotte e Julieta conversando e riu satisfeito por ver a noiva relaxada e parece feliz. — Parece que as duas já se deram bem — disse ele, aproximando-se da mesa. Julieta riu também. — Claro, Jack. Charlotte é uma boa companhia. Jack olhou para Charlotte e sorriu. — Fico feliz em ouvir isso. Charlotte, espero que você esteja começando a se sentir mais em casa. Charlotte assentiu, sentindo um calor acolhedor no peito. — Sim, estou. Obrigada, Jack. Com um aceno de cabeça, Jack se serviu de uma xícara de café, saiu para tocar o sino e se juntou a elas. Por um breve momento, tudo pareceu em paz. Aos poucos, os funcionários começaram a entrar na cozinha. Todos observavam Charlotte com curiosidade e a cumprimentavam educadamente, mas ainda não sabiam que ela era a noiva do patrão. Nas mesas mais distantes, alguns cochichavam, tentando descobrir quem era a moça de rosto bonito e vestida tão simplesmente. — Quem será ela? — murmurou um dos trabalhadores, lançando olhares furtivos para Charlotte enquanto pegava uma xícara de café. — Talvez seja uma nova funcionária — sugeriu outro, observando a interação amistosa entre Charlotte e Julieta. — Será que ela veio ajudar na cozinha? — questionou uma jovem empregada, que também estava curiosa. Charlotte sentiu os olhares sobre ela e tentou não parecer desconfortável. Jack, observando a cena, percebeu que seria melhor esclarecer a situação. Aproximou-se de Charlotte e colocou uma mão gentil em seu ombro. — Atenção, pessoal! — começou Jack, chamando a atenção de todos. — Gostaria de apresentar a vocês Charlotte. Ela não está aqui apenas como visitante. Charlotte é minha noiva. Um dos funcionários mais antigos da fazenda arregalou os olhos e se virou tão rápido para ver a cena que perdeu o equilíbrio, pisando no rabo do gato que dormia tranquilamente perto do fogão a lenha. O animal gritou e saiu correndo. Charlotte ficou com o coração partido ao ouvir o grito do gato e olhou para Jack com os olhos tristes. — Ele vai ficar bem — murmurou Jack. Houve um murmúrio de surpresa entre os funcionários, seguido por um silêncio enquanto processavam a notícia. Então, um por um, começaram a sorrir e acenar para Charlotte. — Bem-vinda, Charlotte — disse um dos trabalhadores mais velhos, estendendo a mão para cumprimentá-la. — É um prazer tê-la conosco. Charlotte sentiu um peso sair de seus ombros e retribuiu o sorriso. — Obrigada. Estou feliz por estar aqui. Os funcionários voltaram à sua rotina habitual, conversando e rindo enquanto tomavam café e faziam seus lanches. Após o café, Jack chamou Charlotte de lado. — Sei que tudo isso é muito novo para você. Qualquer coisa que você precisar, não hesite em me procurar, ou mesmo Julieta. Ela tem sido como uma família para mim — disse ele com um sorriso reconfortante e um tom de mistério na última frase. Charlotte assentiu, sentindo-se grata pelo carinho. — Isso significa muito para mim. Enquanto o dia avançava, Charlotte começou a explorar mais a fazenda. O sol estava começando a se pôr quando Charlotte finalmente voltou para o casarão, cansada, mas contente. Ao entrar, encontrou Jack esperando por ela na varanda. — Como foi o seu dia? — perguntou ele, genuinamente interessado. — Foi bom — respondeu, sorrindo. — Acho que vou me adaptar bem aqui. Jack assentiu, satisfeito. — Fico feliz em ouvir isso. Vamos jantar e conversar mais sobre como podemos fazer dessa fazenda um verdadeiro lar para você. Enquanto caminhavam juntos para a sala de jantar, Charlotte sentiu um frio na barriga. Sabia que Jack agora era sua única família, e a responsabilidade de construir uma nova vida juntos parecia ao mesmo tempo assustadora e emocionante. Ela respirou fundo, tentando acalmar os nervos, e se deu conta de que, apesar de todas as incertezas, estava disposta a enfrentar o futuro ao lado dele.Capítulo 5Charlotte ficou sozinha na sala de estar enquanto Jack levava a louça do jantar para a cozinha. Ela observou o cômodo decorado com móveis rústicos e, ao mesmo tempo, confortáveis.Ao se aproximar do sofá, Charlotte sorriu ao ver o mesmo gatinho que havia levado um pisão no rabo mais cedo, agora deitado e dormindo todo largado. O pequeno animal parecia ter se recuperado rapidamente do susto, e sua tranquilidade era quase contagiante.Charlotte se sentou suavemente ao lado do gato, tomando cuidado para não acordá-lo. Enquanto acariciava delicadamente o felino adormecido, ela sentiu uma grande ternura pelo pequeno felino. A casa, a fazenda, e até mesmo o gatinho, tudo começava a se tornar parte de sua nova realidade.Ela olhou ao redor da sala mais uma vez, absorvendo cada detalhe: as cortinas que pareciam antigas e a lareira que parecia convidativa para noites aconchegantes.Perdida em seus pensamentos, Charlotte não percebeu quando Jack voltou à sala. Ele parou na entrada, o
Capítulo 6Não demora muito para chegarem na cidade. Jack estava determinado a fazer esse dia especial para ela. Vai mostrar a ela que merece coisas boas e confortáveis.- Pronta para a aventura? - Jack perguntou com um sorriso enquanto segurava a porta da caminhonete aberta para ela sair.Charlotte sorriu, mas havia uma leve sombra de ansiedade em seus olhos.- Sim, estou pronta.Ele havia estacionado a caminhonete na frente de uma loja de roupas.- Primeiro, vamos comprar algumas roupas novas para você - disse ele, pegando na mão dela e a guiando para dentro da loja.Ela não conseguiu esboçar nenhum tipo de reação por ter sido pega de surpresa.Dentro da loja, Charlotte ficou maravilhada com a variedade de tecidos e roupas que nunca pensou que um dia teria. Jack a incentivou a escolher o que quisesse. Após algumas horas, Charlotte tinha uma pilha de roupas novas: vestidos, calças confortáveis, blusas de várias cores e estilos.- Você merece o melhor - Jack disse, vendo o brilho nos
Capítulo 7Enquanto Jesse ignorava o conselho do colega, Jack e Charlotte chegaram ao estábulo. Jack soltou a mão dela, mas seus olhos não deixaram de observá-la com ternura.- Vou selar o cavalo para você - disse ele, pegando os equipamentos. Hoje será sua primeira lição de montaria aqui na fazenda. Sei que sabe montar, mas percebi que não tem muita experiência. Vou te ensinar tudo o que precisa saber na teoria e na prática.Charlotte sorriu, animada.- Estou ansiosa para aprender - disse colocando as mãos na cintura fazendo Jack esquecer o que estava fazendo por alguns segundos.Ele sorri em seguida tentando disfarçar o fato de ter perdido a concentração no que estava fazendo. Ela ficou com um olhar curioso tentando entender o que havia acontecido,mas não disse nada.Enquanto Jack preparava o cavalo, Charlotte olhou ao redor, admirando o trabalho que os funcionários faziam com dedicação.Após alguns minutos, Jack terminou de selar o cavalo e ajudou Charlotte a montar. - Pronta? - e
Capítulo 8No dia seguinte, Jack acordou mais cedo que o normal, super ansioso. Julieta havia sugerido que ele comprasse produtos de beleza para Charlotte, e ele achou a ideia excelente.Agora estava na cidade, dentro da perfumaria, e ao ver a imensa quantidade de produtos, deixou de achar a ideia tão empolgante. Não fazia a mínima ideia de onde começar. - Posso ajudar em alguma coisa, senhor? - perguntou uma atendente, vendo a expressão confusa de Jack.- Sim, por favor - respondeu Jack, aliviado. - Estou procurando alguns produtos de beleza para minha noiva, mas não sei exatamente o que comprar.A atendente sorriu, compreendendo a situação.- Claro, eu posso ajudá-lo. Primeiro, vamos ver alguns produtos básicos. Você já tem algo em mente?- Não faço ideia.- Entendi. Vamos começar com o essencial então, por enquanto - disse a atendente, pegando alguns itens das prateleiras. - Aqui temos hidratantes, cremes faciais, produtos para cabelo e alguns perfumes. Esses são produtos básicos
Capítulo 9Antes de voltar para a fazenda, Jack foi até uma pequena livraria. Como não sabia os gostos de Charlotte em relação à leitura, decidiu pedir ajuda à atendente. Ao entrar na loja, foi recebido por uma mulher de meia-idade, com óculos na ponta do nariz e um sorriso acolhedor.- Olá, posso ajudá-lo, senhor Colt? - perguntou ela.- Sim, eu espero que sim - respondeu Jack, meio desconcertado. - Estou procurando alguns livros para minha noiva, mas não sei exatamente o que ela gosta de ler.A atendente inclinou a cabeça, pensativa.- Bem, nós temos uma grande variedade. Talvez eu possa sugerir alguns romances clássicos? São sempre uma boa escolha.Jack assentiu, sentindo-se um pouco mais confiante.- Isso parece uma boa ideia. Pode me mostrar alguns?A atendente levou Jack até uma prateleira cheia de romances de todas as épocas e estilos.- Aqui temos alguns clássicos - disse ela, pegando um volume. - Este é "Orgulho e Preconceito" de Jane Austen. É uma história de amor que muitas
Capítulo 10Eles entraram na casa, e Jack conduziu Charlotte até a sala de jantar. Com um sorriso, ele entregou-lhe várias sacolas repletas de cosméticos, shampoos, cremes e sabonetes, tudo o que acreditou que ela gostaria.- Espero que você goste - disse Jack, observando-a com carinho enquanto ela inspecionava os produtos.Charlotte abriu uma sacola e sorriu ao ver os itens cuidadosamente escolhidos.- São maravilhosos, Jack... - Seus olhos brilharam com gratidão.- E ainda tem mais uma coisa - Jack disse com um ar de mistério. Ele pegou uma última sacola e a entregou a Charlotte.Com curiosidade, ela abriu a sacola e viu os livros. Seus olhos se arregalaram de surpresa e alegria.- Livros! - exclamou, folheando as capas dos romances. - Jack, você é incrível. Eu amo ler!Jack sorriu, satisfeito por ver a alegria dela.- Conversei com a atendente da livraria e ela me ajudou a escolher. Espero que goste das histórias.Charlotte segurou um dos livros contra o peito, emocionada.- Eu ado
Capítulo 11Jack puxou o freio de mão e virou o corpo no assento do carro para ficar de frente para Charlotte. Segurou seus ombros, fazendo-a virar devagar. Seu coração estava apertado por ver tanto sofrimento num rosto tão lindo como o dela.- Me diga o que tem.- Eu... Eu não... Eu não sei - disse ela, se calando em seguida, sentindo o corpo tremer.- Você está muito nervosa. Por que não quer me contar? O que devo fazer para conseguir te acalmar? Hum?Ele a puxou mais para perto e abraçou seu corpo miúdo com carinho. Foi trazendo-a para mais perto até tê-la sentada em seu colo e o abraço ficar apertado, para que ela não escapasse.Assim que conseguiu acalmar um pouco o coração, ela percebeu que estava no colo dele e que ele estava fazendo carinho em sua cabeleira negra. Ainda assim, sentia algumas lágrimas descerem e o corpo tremendo.- Está mais calma? - perguntou ele, sem parar de acariciar seus cabelos.- Não... Não consigo...Pelo contrário, ela se sentia mais agitada pelo sofri
Capítulo 12À tarde, enquanto ajudava Julieta na cozinha, Charlotte estava com um bloco de anotações, escrevendo tudo que ia lembrando para o dia do casamento. Mesmo sendo apenas no civil, os preparativos eram trabalhosos. Começou pelas anotações, já que Jack havia dito que no dia seguinte iria ao cartório marcar a data.Assim que terminou de preparar o café da tarde, sentou-se à mesa, em frente ao bloco de anotações, e começou a pensar no pai. Apesar de ter passado muitos anos sofrendo com a mãe pelo abandono do pai, hoje estava ciente de que foi a melhor coisa que poderia ter acontecido à mãe, apesar do sofrimento. Pois o pai era um verdadeiro canalha sem sentimentos.Por dinheiro, ele ia entregá-la ao velho Silas e esperar que ele a eliminasse com o tempo. Com certeza, tentaria fugir no mesmo dia, jamais se sujeitaria a tal vida. Seu medo depois seria ser encontrada. Sua sorte foi seu cavalheiro ter aparecido num cavalo branco para reivindicá-la como esposa.Ela suspira só de lembr