No dia seguinte levanto-me cedo.Minha rotina consiste em tomar o café da manhã no restaurante com os concertistas e geralmente com Paul e então saíamos todos para o ensaio. Fazemos esse percurso a pé, Paul de carro.Foi um alívio hoje quando Paul não participou do café da manhã, pude relaxar. Karen se sentou ao meu lado, ela toca flauta. Ela é bem alta, com vários centímetros acima dos meus 1,70m. O cabelo loiro é liso, seus olhos azuis. Ela começa a falar com uma empolgação tão grande sobre a estreia que eu começo a me sentir nervosa.Geralmente não penso muito no assunto para não acontecer isso. Prefiro me preocupar perto das coisas acontecerem.Uma garota se aproxima de nós, e ocupa a cadeira do meu outro lado. Eu não me lembro o nome dela. Ela é violinista.Calada, só ouvi elas conversarem e não tentei acompanhar a conversa.Deus! Tantos ensaios e ainda sim o que mais se ouve entre os concertistas é que eles não se sentem prontos. Todos estão muito nervosos. Não sei se é por Mur
—Isso eu não sei. Perdoe-me por ter aceitado o dinheiro em troca de silêncio, mas quando vi que Ester não queria que você soubesse da vinda de seu pai aqui, eu aceitei. Ela queria que você tomasse uma decisão por você mesmo... não por se sentir pressionado a isso.Eu balanço a minha cabeça e a encaro.—Você tem assistido meu sofrimento todo esse tempo que estou aqui e só me conta agora? Por que esperou todos esses dias para me contar?Ela me olha angustiada:—Por medo de perder o emprego. Eu gosto muito de trabalhar aqui, mas não posso mais ver o senhor nesse estado. O senhor precisava saber. —Ela limpa as lágrimas. —Sinto muito. Vou fazer minhas malas.Eu me levanto do sofá.—Você ficará.Ela me olha em choque.—Oh, senhor Çelik. Obrigado! —Ela estende o dinheiro. —Tome o dinheiro.Eu aperto os lábios e balanço a cabeça.—Não quero, fique com ele.—E agora? O que o senhor fará?—Parar de me sentir vítima e tomar uma atitude. Vou atrás de Ester. Vou atrás da minha mulher.Tereza se em
Assinto para ele e faço conforme ele disse sem nem mesmo pensar sobre o assunto. Na minha mente só fica piscando a imagem de Murat me aplaudindo, o semblante sério.Paul me dá seu braço e o seguro sob os olhares femininos atentos de cobiça sou conduzida por ele. Atravessamos os camarins até alcançar o lado de fora. Uma limusine nos espera com a porta aberta. Gentilmente ele me faz entrar primeiro e então ocupa o grande assento ao meu lado. Pega a minha mão e a beija.—Você foi divina...Eu forço um sorriso. —Obrigada.Viro a cara para o vidro. Fico quietinha no banco enquanto sinto a mão de Paul alisando a minha, meus pensamentos em Murat, cheia de questões não resolvidas.Que novidade há nisso? Com Murat sempre foi assim, nada é normal, tudo é complicado.Então me lembro do tal investidor.Será?Não pode ser!Viro a minha cabeça para Paul que sorri para mim, pois eu o peguei em fragrante me observando.—Você sabe quem é esse CEO?—Sim, claro que sei.Um pico de adrenalina por causa
Murat me dá um sorriso sexy, aquele que me faz enxergar que ele é pura perfeição. Enviado ao mundo para confundir as mulheres, raptar seus corações, devastá-los.Um filme se passa na minha cabeça. Seus braços me trazendo mais para ele. Os lábios dele nos meus, me provocando, me excitando.Antes de dar um gemido audível, eu me viro, e me afasto deles.—Deus! Murat Alakurt Kemal Çelik entre nós e você teve a honra de conhecê-lo de perto —Karen diz extasiada.—Sim.—Deus! Ele é mais lindo e charmoso pessoalmente.—Muito — digo, quase demostrando meu enfado.—Onde esse homem vai tem jornalistas no pé dele perguntando se ele está com alguém, quando o dono da Teleimagem contrairá casamento. Ele é muito arisco e discreto. Ninguém sabe nada direito de sua vida pessoal. Parece que ele não se mistura com mulheres de outras culturas. Só que também nunca viram ele com turca. Eu solto o ar. Estou com sede e cansada, mas antes de me virar e ir atrás de algum suco, vejo várias concertistas se aprox
Murat—Aqui não! Quero conversar com você num lugar calmo. Sem pessoas ao redor.Sempre fui muito popular com as mulheres. Posso farejar o interesse delas de longe. Nesse salão por exemplo, elas me olham curiosas, outras embevecidas. Isso não eleva em nada meu ego, de maneira alguma.O que adianta ter todas as mulheres do mundo se a mulher que amo não quer me ver pintado de ouro na sua frente? Nunca nenhuma mulher me fez sentir tão vivo como Ester.Não gosto desse domínio que ela tem sobre mim. Nenhuma mulher deveria ter tanto poder sobre um homem desse jeito...Ela ainda olha para os lados indecisa. Isso acaba comigo. Quase me tira a razão. A vontade que tenho é arrastá-la desse salão, jogá-la sobre os ombros.Ester me encara.—Você deve ter conseguido a presidência, terminou com aquela coitada da Hazal e veio me procurar como se isso fosse me trazer de volta. —Diz tudo com pouco caso.Eu estremeço de nervoso e dou um passo em sua direção. Encaro seus olhos verdes, que estão bem ari
EsterArrogante! Sempre envolto nessa nuvem de poder, ele não parece ter mudado em nada. Embora ele me olhe agora como um cachorro vira-lata perdido:—Eu cometi vários erros na nossa relação. Fiz do nosso apartamento um mar de rosas, um ninho de amor, sem levar nada do mundo externo para você. Hoje vejo que isso não nos uniu, nos afastou.Eu solto o ar. Presa em seu olhar, não digo uma única palavra. Ele continua:—Errei em não te contar as ações que eu estava tomando lá fora para que nosso castelo de sonhos não se desmoronasse—Você conseguiu a presidência Murat? É isso? Terminou com Hazal e agora espera me assumir e enfrentar seu pai?Ele abre a boca, eu o corto:—Aí terei que assistir ele te massacrar com ameaças, te banindo da família, com humilhações. Você realmente tem estrutura para isso? Conviver com ele, trabalhando lá, mesmo sendo presidente na empresa? Ele fará de tudo para te prejudicar. Ele está obstinado.—Posso falar?Eu solto o ar.—Pode.Murat hesita, numa demonstração
Eu solto o ar.—Tudo bem!Murat se senta no sofá novamente e eu, aos poucos, vou contando minha história... sobre a minha mãe e seu jeito egoísta de ser, a ausência de amor. Contei sobre a morte prematura do meu pai, a chegada do meu padrasto e tudo que aconteceu depois.A decepção de ver minha mãe querendo se ver livre de mim, louca para eu me casar com um homem da alta sociedade e por isso as aulas de piano. As roupas curtas que ela me fazia usar, as festas que ela me fazia participar. De como ela me tratava na frente dos outros e como um lixo em casa.Conto então a minha saída de casa, a morte prematura do meu irmão, os traficantes me ameaçando.MuratMeu corpo inteiro está tenso. As palavras dela levam um tempo até entrarem no meu cérebro. Minha boca está seca, meu coração apertado por tudo que ela vivenciou e mais, sinto-me um ser desprezível ante tudo que fiz.Ela lutava para recomeçar sua vida ante a tanta desgraça e eu agi como um trator, passando por cima dos seus sentimentos
Os olhos de Murat se tornam mais negros de desejo e sorrindo ele se levanta e estende a mão. Eu a pego. Ele me puxa do sofá e me traz junto ao corpo dele. Sua boca toma a minha com paixão selvagem. Suas mãos me trazem mais para ele. Fazendo-me sentir amada, querida.Ele olha para mim por um tempo calado, como quem sonha.—Obrigado por me ouvir, por me dar mais uma chance... —ele diz, humilde.As emoções explodem, aquelas que tenho guardado dentro de mim desde nossa separação. Cheia de saudade minha resposta é tomar sua boca com paixão e o abraço apertado, passo a mão nos seus cabelos e o puxo para aprofundar o beijo.Não demora muito estamos apressados e com movimentos desajeitados começamos a nos livrar de nossas roupas, loucos para sentir a pele um do outro. Isso é tudo que precisamos agora.Ficamos nus e nos deitamos na cama.Seu toque é suave. Murat me ama com carinho, toca-me com veneração. Lento, delicado, sua boca nos lugares certos, suas mãos massageando meus seios, visitando