DIAS ATUAISEsterSaio das lembranças e volto para o meu presente...O tempo passou, Murat se revelou um amante maravilhoso e ao mesmo tempo imprevisível. Ele vem para cá quando bem entende, e depois some. Nunca dando satisfação de sua vida, a única coisa que ele me pede é para ter paciência que ele está resolvendo nossa situação. Ele fala como se estivesse fazendo algo. Ainda bem que não usa o tempo futuro, tipo, eu resolverei a nossa situação.Eu me pergunto, que providências ele está tomando? Esperando a presidência e puxando o tapete do primo dele o Tabor?Oito meses se passaram e continuamos na mesma, o que mais me dói em tudo isso é que Murat esconde de todos que está comigo. Minha vida com ele se resume a esse apartamento. Nem sei o que seria de mim se não fosse por essas aulas de piano e as horas que me dedico a estudar e a tocar aqui em casa. Eu não estou me saindo bem por acaso. Todo meu tempo livre, que não é pouco eu e dediquei à esse instrumento maravilhoso.Minhas mãos
Dois dias depois...Ahmed—Murat está nos enrolando, Ayla.—Ahmed, e você não conhece o ditado? “O que se inflama rapidamente extingue-se logo” Deixe-o! Uma hora ele entenderá a necessidade de ter uma família. Você verá, logo ele pede a mão de Hazal em casamento.Eu solto o ar nervoso.—Ayla! Sinto dizer, mas não é o tempo que Murat está levando para ficar noivo com Hazal que está me preocupando. Eu descobri recentemente que ele está mantendo um apartamento. Uma imobiliária ligou para o escritório o procurando e eu atendi me passando por ele. Eles avisaram do aumento do aluguel do contrato que ele fez de um ano.Ayla me olha no meio do quarto sem entender:—Ele alugou um apartamento? Por que ele alugaria um apartamento?—Ayla! Allah! Pense! Nosso filho alugou um apartamento para sua amante. Ele se encontra com ela lá. Por que acha que muitas vezes ele não dorme em casa? Ele dorme lá com ela.Ayla se senta na cama pálida.—Allah! Não! Não pode ser! —Acredite! Murat tem vida dupla. Mi
AhmedNão foi difícil entrar no apartamento que Murat alugou. Foi simples demais. Peguei o carro do meu filho, o Lykan Hypersport, que tem vidros escuros e entrei no condomínio. A porteiro abriu as portas sem pestanejar, pensando ser ele. Esse carro não é comum pelo seu alto preço. Agora estou em frente à porta dessa vagabunda. Toco a campainha e ergo um buquê de rosas vermelhas tapando o olho mágico. Minha respiração está ofegante. Estou louco para ver quem é essa mulher. Deve ser bem bonita essa ordinária para virar a cabeça de Murat a ponto de ele sustentá-la.EsterEu estou na sala de jantar tomando café da manhã. Estou de saída para as aulas de piano, inclusive Rui está me esperando na sala. Sorrio para Tereza pelo elogio que ela fez ao vestido que ganhei de Murat recentemente. Ele é preto com detalhes em branco. Não preciso dizer que é decente. Gola palhaço, marca pouco meu corpo, na altura dos joelhos. Dou o último gole no café e me levanto.—Vou indo. Adorei esse bolo de a
Murat não tomou uma atitude até hoje, ele realmente me dá migalhas, mantendo uma vida dupla, mas o pai dele não pode saber da minha insegurança.Eu o encaro sem falas, me agarrando a momentos que tive com Murat. A imagem feliz quando ele me vê, suas palavras ora carregadas de carinho, ora preocupadas comigo, ora sensuais....Ele não pode estar certo!—Senhor Çelik, eu não retiro sua razão. Murat já deveria ter resolvido nossa situação há muito tempo. Foi bom isso acontecer. Agora ele terá que tomar uma posição e sei que ele optará por mim.Ele avança na minha direção, eu dou um passo para trás com medo de sua expressão furiosa.—Você acha que vou confrontá-lo? Não! Murat não saberá que estive aqui, nem que descobri essa baixaria. Se eu o confrontar, sabe o que irá acontecer? Ele poderá tomar uma decisão errada por despeito, raiva por eu estar me metendo em sua vida. Só que depois ele irá se arrepender e quando isso acontecer será tarde demais, pois as ações que eu vou tomar serão perm
—Richard? Desculpe-me por ter faltado e nem ter te avisado. Tive alguns problemas.—Você pode vir aqui? Agora? Depois de amanhã é seu teste, você precisa estar aqui. Você precisa estar concentrada. Você tocará para Paul Guy Cole. Já pensou nisso?Minhas mãos tremem. Mais do que nunca agora preciso passar nesse teste. Ele será realizado no Complexo Cultural de Londres, o Barbican.—Tudo bem. Eu estou saindo agora daqui.—Ótimo! Lembre-se que você tem um dom nato, um talento musical que poucos tem. Só precisa aprimorar mais isso. Tenho certeza que passará e as portas se abrirão para você.Eu dou um sorriso nervoso e digo:—Obrigada! Hoje realmente eu precisava ouvir isso.—Não é um elogio, é uma constatação. A realidade.—Estou saindo daqui! —Digo com firmeza.Volta para casa.Murat—Tudo bem de viagem? —Meu pai me pergunta entrando no meu quarto enquanto me arrumo para sair. —Sim, deu tudo certo. Chegamos em um acordo com relação aos preços. Reprimo um bocejo e passo a mão nos olhos
Não posso mais ficar mais um minuto aqui! Tenho medo que ele me confunda e não quero pensar em nada nesse momento.Eu me viro e abro o closet onde puxo minha mala e a coloco em cima da cama, puxo o zíper e a abro. Os olhos de Murat estão pousados em mim, observando todo os meus movimentos.—Todo esse tempo juntos e eu me pergunto agora se algum dia me amou?Com o coração apertado no peito não olho para ele, não posso me perder em seus olhos.—Murat! Essa conversa não convém nesse momento. Acho que isso não importa mais—digo entrando no closet onde retiro uma porção de roupas e jogo na mala.Sinto seus dedos se fechando no meu braço e ele me puxa para ele.—Como não importa? Depois de tudo, tenho direito de saber. —Seu hálito no meu rosto é um afrodisíaco, mas o encaro enigmática, como uma boneca de pano, domando meus sentimentos. —Preciso entender a mulher que apostei todas as minhas fichas. A mulher que acolhi.Eu abaixo a cabeça com pensamentos:Apostou todas suas fichas? Adianta a
—Piano—eu digo animada. —Eu tive aulas de piano quando pequena e isso se estendeu até a minha adolescência e eu me dei muito bem.Mal sabe ele que minha mãe investiu nisso para eu arrumar homem rico.Murat me avalia com os olhos.—Por que não continuou?—Meu pai morreu e as coisas mudaram.Vejo a luta em seus olhos. É como se algo o instigasse a me fazer falar mais de minha vida e, ao mesmo tempo ele tem receio em saber. Esse outro lado sempre ganha e ele não me pergunta nada.—Então será piano.Eu sorrio de leve para ele.—Ótimo! Só de pensar em sair um pouco daqui...—Essa semana mesmo verei isso para você. —Que bom —digo me sentindo menos claustrofóbica.Murat pega meu rosto e me beija e olha para mim.—E mais! Podemos criar ambientes no apartamento, jantar à luz de velas, podemos colocar música...—Dançarmos juntos?Murat sorri. —Exatamente.Eu o abraço apertado. Murat esfrega seu nariz no meu pescoço e o beija, então me olha:—Amanhã mesmo você pode preparar tudo. O jantar e a
Arrogantemente ele me encara. Ele quer realmente que eu lide com isso. Com o fato que amanhã ele verá outra mulher. Ele me puxa para os seus braços novamente. Eu não digo nada. Não há nada a dizer.Eu aceitei essa situação.Deito-me quieta ao seu lado. Aquele prazer gostoso se foi e apesar da minha exaustão, não consigo dormir. Sinto um grande pesar no meu coração me fazendo questionar se um dia ele vai enfrentar o pai dele e impor sua vontade. Limpo as lágrimas afastando as lembranças.Deus! Tão ingênua! Ele usou de grande habilidade para me manter cativa usando meus próprios sentimentos enquanto ele me enchia de promessas que resolveria a nossa situação.Bem, agora acabou...Eu tomei uma decisão, eu me escolhi, já que ele não me escolheu.MuratQuem disse que homem não chora? Penso limpando minhas lágrimas quem caem sem que eu consiga contê-las. Meu pai diz que não.Allah! Quando criança engolia meu choro quando ele me repreendia, não chorava na frente dele. Aos poucos fui me to