Capítulo 0007
O sorriso de Beatriz congelou imediatamente. Ela tinha se esquecido de Daniel?

Ela virou-se e bateu diretamente no peito de Daniel. Instintivamente, levantou a mão para tocar e, de fato, era um abdômen definido...

Como se tivesse levado um choque, Beatriz rapidamente recuou a mão, dando vários passos para trás. Mas não esperava que Daniel a segurasse firmemente pela cintura, puxando-a de volta.

A presença dominante do homem, envolvendo-a, fez com que sua respiração acelerasse, sem ter para onde fugir.

— Se você quiser experimentar, eu não me importo.

Daniel baixou a cabeça, olhando profundamente para ela, sua voz carregada de um poder especial.

Por causa dessas palavras, suas bochechas esquentaram, e ela sentiu seu sangue ferver.

— Só... só estava falando naquele momento, não quis ofender. — Ela gaguejava.

— Não tem problema. Se algum dia você precisar daquilo, pode me procurar a qualquer momento.

Daniel, cuja presença dominadora enchia o ambiente, de repente suavizou, soltando-a e criando distância entre eles. Parecia que, no momento em que ele confirmou que ela não tinha outras intenções, sua voz zombeteira tornou-se extremamente séria.

Beatriz ficou surpresa. Como ele podia ser tão controlado? Ele era um militar, provavelmente não tinha muitas oportunidades de interagir com o sexo oposto, então como ele parecia lidar com ela de forma tão natural?

Quando voltaram para suas cadeiras para comer, Beatriz lembrou-se de algo.

— Ah, tem uma coisa com a qual preciso da sua ajuda.

— Fale.

— Você pode me ajudar a esconder o fato de que estou casada? Apagar todos os rastros para que o Afonso não consiga descobrir. Quero dizer, ele não poderá descobrir que é você por um tempo, mas ainda saberá que realmente me casei. Isso seria difícil para você?

O som de um garfo cortando bruscamente o prato fez um ruído agudo e desagradável, assustando-a.

Não sabia se era sua imaginação, mas sentiu que, naquele instante, a aura de Daniel se tornou incrivelmente fria.

No entanto, o olhar que ele lançou para ela pareceu dissipar essa ideia. Ele a olhou meio sorrindo.

— O que foi? Está arrependida? Ainda dá tempo de voltar atrás.

— Não é isso. É que o Afonso é muito desconfiado. Se ele não encontrar nada, só vai ficar mais desconfiado. Eu só queria tornar o jogo um pouco mais interessante.

Ela não ousava admitir que estava, de fato, um pouco intimidada.

— Entendi, sem problemas.

— Obrigada...

Sua língua trava de nervosismo.

O clima pareceu se tornar um pouco mais amigável, e ela, com o coração mais aliviado, baixou a cabeça e começou a comer seriamente. Ela achava que, mesmo sorrindo, Daniel tinha uma aparência assustadora.

Depois do jantar, Daniel a levou para casa. Ele não mencionou se voltaria para jantar no futuro, e ela não se incomodou em perguntar. Ficou em casa enviando currículos, querendo voltar à sociedade.

Quando a noite caiu, e Beatriz estava prestes a se preparar para dormir, seu celular tocou. Era Daniel.

Ela atendeu rapidamente, mas não era ele quem falava.

— É a cunhada? Daniel bebeu demais. Você pode levá-lo para casa?

— Bebeu demais? Onde ele está? Estou indo agora.

Ela se apressou a se vestir e saiu correndo, chegando ao camarote de um bar.

Talvez porque ela tenha chegado tarde, as outras pessoas já tinham ido embora, restando apenas Daniel e um amigo, um rapaz mestiço.

— Como ele bebeu tanto assim?

— Daniel voltou do serviço militar e assumiu os negócios da família. Era a primeira vez lidando com esses empresários e não pôde evitar ser forçado a beber. Ele, estando na tropa, sempre evitou álcool, então não aguentou.

— Você é...

— Meu nome é Lucas Araújo. Pode me chamar de Lucas. Sou irmão dele e também seu secretário executivo,. Certamente nos veremos mais vezes, conte comigo. Hoje estou ocupado, senão teria levado o Daniel para casa. Desculpe o transtorno.

— Como você sabia que eu sou... a esposa dele?

— Bem, está anotado no celular dele, não está?

Lucas pegou o celular de Daniel, onde estava escrito apenas uma palavra: Esposa.

Beatriz ficou ligeiramente surpresa. Ela implorou a Afonso por três anos e nunca conseguiu um título, e agora Daniel lhe dava um.

O amargor em seu coração lentamente se dissipava, tornando-se menos doloroso.

Lucas ajudou a colocar Daniel no carro, e ela dirigiu de volta para casa. Com a ajuda de alguns empregados, conseguiram levar Daniel para o quarto de hóspedes. Uma pessoa embriagada pesa muito.

Ela pediu aos empregados que preparassem uma sopa para ressaca e tentou alimentá-lo, mas ele não conseguiu engolir, molhando a roupa no ombro.

A jaqueta do terno já tinha sido removida, restando apenas uma camisa azul-escuro.

Ela rapidamente pegou um lenço de papel para enxugar, e enquanto fazia isso, algo lhe ocorreu. Quando fez sexo com o sequestrador, mordeu forte o ombro dele.

A voz dele e a do sequestrador eram tão parecidas, a altura e a aparência física também não eram muito diferentes. Naquele dia, ele também tinha subido no barco...

Todas essas coincidências não podiam ser apenas isso.

“Será que era ele?”

Assim que esse pensamento surgiu, ela não conseguiu mais parar de pensar nisso. Seu coração estava na garganta. Se realmente fosse Daniel, ela o denunciaria e o levaria à justiça.

Nervosamente, Beatriz começou a desabotoar a camisa de Daniel. Mal podia levantar o véu para vislumbrar o ombro quando, de repente, teve sua mão agarrada.

Uma voz profunda e rouca a aterrorizou.

— O que você está fazendo?

Ela, nervosa, caiu no chão.

— Você... você acordou? Sua roupa está molhada, eu pensei em trocar por outra para você.

— É mesmo? — Ele parecia ter bebido demais, com sua reação um pouco lenta. — Então você sabe que, um homem e uma mulher sozinhos num mesmo cômodo, e eu ainda por cima embriagado... Você tentar tirar minha roupa... Quão perigoso isso pode ser, você tem ideia? Vamos lá, tire. Mas as consequências, eu não posso garantir.

Daniel soltou sua mão, e Beatriz ficou paralisada, sem saber se continuava tirando a roupa ou não.

Se tirasse a roupa, e se algo acontecesse?

Se não tirasse, não estaria se rendendo?

Beatriz, presa em sua indecisão, acabou recuando de forma constrangida.

Daniel, observando-a correr para fora, não pôde evitar uma risada baixa.

As orelhas de Beatriz estavam vermelhas de vergonha. Ela tinha certeza de que havia zombaria naquela risada! Ela foi motivo de piada!

Ao sair, quanto mais pensava, menos se conformava.

Faltou tão pouco, por que ele tinha que acordar justo naquela hora? Será que ele percebeu algo?

Ela precisava ver o ombro dele. Ela temia que o agressor estivesse por perto, aparecendo como um salvador, fazendo-a se sentir grata... O que seria mais doloroso do que a morte.

Beatriz voltou para o quarto, andando de um lado para o outro. Daniel estava acordado, certamente iria tomar um banho. Ela poderia se esgueirar silenciosamente e dar uma espiada pela fresta da porta.

Ela voltou, girou a maçaneta, que não estava trancada. Abriu uma pequena fresta, exatamente quando Daniel entrava no banheiro.

Como ela havia previsto.

Ela se moveu silenciosamente até a porta, abrindo a porta do banheiro.

Através da fresta, viu Daniel abrindo os botões da camisa, lentamente tirando a roupa. Ele estava de costas para ela, então não podia ver claramente.

Ele tirou a camisa e depois as calças.

Naquele momento, ela não tinha tempo para admirar o impressionante físico de Daniel. Sua mente repetia incessantemente:

Vire-se, vire-se, vire-se...

Só precisava que ele se virasse, um olhar seria suficiente! Talvez por estar excessivamente nervosa, o que era para ser um mantra interno, ela acabou gritando:

— Vire-se!
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