Capítulo 0008
Daniel ouviu o som e realmente se virou.

Beatriz fixou o olhar no ombro dele, não havia feridas!

Então, era apenas sua imaginação.

Beatriz suspirou aliviada, contente que não fosse Daniel. Mas então, seu alívio foi interrompido.

O que mais ela viu?

Tudo que deveria e não deveria ver, ela viu.

De forma mecânica, Beatriz levantou a cabeça, encontrando os olhos de Daniel, que também a observava.

Estava tudo perdido!

Instintivamente, ela tentou fugir, mas Daniel, mais rápido, agarrou um roupão e o vestiu, depois a alcançou em poucos passos, segurando-a pelo pescoço e a arrastando de volta para o banheiro.

— Você estava me espiando tomar banho?

Beatriz imediatamente negou.

— Não, não, não é isso, me escute, é um mal-entendido... Eu estava sonâmbula... isso mesmo, eu tenho sonambulismo...

Beatriz não conseguiu continuar, o olhar divertido de Daniel a fez desejar se esconder.

O que ela estava dizendo? Essa história poderia ser crível?

— Você se arrependeu de ter corrido e voltou querendo que algo acontecesse entre nós?

Daniel segurou sua cintura, apertando-a lentamente, fazendo seu coração disparar.

O olhar insistente dele, a respiração quente, aceleravam seu coração incontrolavelmente.

As mãos inquietas de Daniel levantaram a barra da blusa, percorrendo a cintura, tocando a pele suave e branca, subindo cada vez mais.

Quando estava prestes a tocar seu ponto máximo de suavidade, Beatriz de repente lembrou daquela noite horrível.

Não sabendo de onde veio a força, ela empurrou Daniel com força, encolhendo-se num canto.

— Não me toque, por favor, não me toque... Afonso... me salve...

Ela chamou instintivamente o nome de Afonso. Logo percebeu que não estava nas mãos de um sequestrador, ela estava segura.

E Afonso, também, nunca poderia aparecer para salvá-la.

Enquanto estava atordoada, uma voz fria veio de cima.

— Já que você ainda tem outro homem em seu coração, eu não vou te tocar, porque eu desprezo isso. Não me provoque, saia!

Ao ouvir isso, Beatriz, como um coelho assustado, saiu correndo desordenadamente.

Daniel, claramente perturbado, foi direto para o chuveiro, abriu a água fria e deixou que ela cobrisse todo o seu corpo para apagar o fogo que sentia por dentro.

Beatriz voltou ao seu quarto, enrolou-se nos cobertores, tremendo intensamente.

Ela estava com medo, lembrando-se daquela terrível experiência.

E também estava irritada por ainda pensar em Afonso.

Afinal, ela o amou profundamente por três anos, deu-lhe seu coração e tudo o que tinha, para no fim ser tratada com frieza.

Ela continuava a se convencer a não pensar mais naquele homem, não valia a pena.

Algumas coisas podem ser lembradas, mas ela definitivamente não poderia voltar atrás. Homens não são confiáveis; a única pessoa em quem se pode confiar é em si mesma!

Naquela noite, Beatriz mal conseguiu dormir, acordando várias vezes.

No dia seguinte, ela estava preocupada que Daniel estivesse zangado por causa do incidente da noite anterior, mas ela estava completamente enganada.

Daniel falou com ela como se nada tivesse acontecido, o que a fez se sentir um pouco melhor.

No fim de semana à noite, Afonso chamou Daniel para ir ao clube beber.

Ele estava acompanhado de Débora, enquanto os outros traziam suas parceiras ou garotas de programa, garantindo que ninguém ficasse sozinho. Apenas Daniel sentava isolado no canto, bebendo suco.

— Daniel, você também deveria chamar uma garota de programa, só para beber. Não tem problema, não vai contra seus princípios.

Como Daniel tinha sido policial, seus amigos sabiam que, mesmo em reuniões sociais, ele mantinha a ordem e não permitia deslizes sob sua vigilância. Agora, mesmo tendo deixado a polícia para cuidar dos negócios da família, Daniel ainda mantinha sua conduta.

— Não, obrigado.

— Deixa para lá, Daniel é assim mesmo. Ele não se envolve em confusões amorosas!

Os outros continuaram bebendo e se divertindo.

Então, alguém mencionou Beatriz.

— Afonso, lembra daquela vez que você disse que queria vê-la e a Beatriz veio correndo, mesmo com uma chuva torrencial? Ela chegou toda molhada.

— É verdade, quando se fala em dedicação, Beatriz é o exemplo.

— Não estava lá na última vez, Afonso. Você não quer mostrar de novo como é charmoso?

Afonso sorriu ao ouvir isso.

— Eu já estou com a Débora agora. Não vamos fazer esse tipo de brincadeira.

Débora falou suavemente.

— Afonso, chame-a. Eu gostaria de fazer as pazes. Quando há mais pessoas, o ambiente fica mais agradável.

— Afonso, chame-a então. O Daniel também nunca a viu, deixe que ele veja o quanto você é charmoso.

Os amigos de Afonso o incentivavam, e Débora, fingindo generosidade, continuava a persuadi-lo.

Então, Afonso pegou seu celular e ligou para Beatriz.

— Desculpe, o número que você ligou está indisponível no momento. Por favor, tente mais tarde...

O sorriso nos lábios de Afonso esfriou.

— Não atendeu?

Débora perguntou, confusa.

Afonso não respondeu. Continuou ligando, mas só recebia a mensagem automática.

Beatriz o havia bloqueado! Ela o bloqueou no WhatsApp também!

O clima no camarote esfriou. Afonso ficou visivelmente abalado enquanto os outros tentavam mudar de assunto. Daniel, no canto, tomou um gole do seu suco, aparentemente satisfeito.

Parecia que Beatriz estava determinada a cortar laços com Afonso, e isso o agradava.

Então, Afonso pegou o celular de Débora e mandou uma mensagem para Beatriz:

— Beatriz, venha agora para o Clube de Viena.

Beatriz estava se preparando para dormir quando viu a mensagem e ficou surpresa.

Seu primeiro pensamento foi Afonso, pois era o lugar onde ele costumava beber. Ela não planejava responder, até que recebeu outra mensagem:

— O Talismã que sua avó deixou para você está comigo. Se não vier, vai perder.

Beatriz levantou-se imediatamente da cama.

O Talismã!

Sua avó sempre a mimou, e quando faleceu, deixou-lhe o Talismã que sempre usava. Beatriz sempre o usava, até que Afonso sofreu um acidente e quase morreu. Naquela ocasião, ela deu o Talismã a ele, esperando que o espírito de sua avó no céu pudesse proteger o futuro neto, garantindo-lhe saúde e segurança.

Quando saiu da Vila Silva, Beatriz levou seus pertences pessoais, mas esqueceu o Talismã no pescoço dele.

Aquilo era dela. Ela tinha que pegar de volta.

“Espero que você cumpra sua palavra.”

Ela respondeu à mensagem e saiu de carro, indo diretamente ao clube.

Chegando lá, seu coração batia forte. Foi lá que ela viu Afonso claramente pela última vez. O que aconteceria desta vez?

Ela chegou ao salão privado e empurrou a porta para entrar. As pessoas lá dentro começaram a assobiar.

— Afonso, você realmente conseguiu! Não é que ela veio mesmo? É o poder do charme de Afonso, hein!

— Mulher apaixonada, fama merecida.

— Beatriz sabe que é apenas uma substituta, e ainda assim veio... Afonso, como você conseguiu?

As palavras desagradáveis e cortantes atingiam o coração de Beatriz. Ela empalideceu, mas se forçou a manter a calma.

Ela olhou ao redor, seus olhos finalmente encontrando os de Daniel.

O olhar de Daniel era extremamente frio, tão frio que ela sentiu um arrepio.

— Afonso, me dê o talismã... — Beatriz foi direto ao ponto.

— Sentem-se, vamos beber um pouco antes de falar de outra coisa. — Afonso respondeu.

Beatriz sabia que não seria fácil recuperar o Talismã.

— Você tem certeza?

— Eu cumpro o que prometo.

Beatriz olhou ao redor e caminhou diretamente em direção a Daniel.

— Senhor, você não tem uma acompanhante? O que acha de mim?
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