Capítulo 0009
— Beatriz, pare com isso. Daniel sempre evita mulheres.

Afonso franzia a testa, descontente. Em sua visão, Beatriz ainda lhe pertencia, e ela nunca conseguiria se livrar dele.

— Bia, venha sentar aqui do meu lado. Foi tudo um mal-entendido da última vez, eu peço desculpas. Tenho tantas coisas sinceras para te dizer...

— Quem é você, mesmo? Somos íntimas assim? Não me chame pelo apelido, é repulsivo. — Beatriz respondeu de volta.

Débora empalideceu, as lágrimas surgindo imediatamente.

— Cunhada, não se preocupe com ela. Quando Daniel mandá-la embora, ela vai se acalmar...

José, o irmão mais novo de Afonso, começou a falar, mas seus olhos se arregalaram de surpresa.

Beatriz sentou-se ao lado de Daniel, e ele, surpreendentemente, não disse nada para impedi-la, como se tivesse consentido.

— Daniel...

— Hm, precisa de algo? — Daniel perguntou calmamente, silenciando a todos.

Afonso olhava para Daniel, franzindo a testa.

— Vamos, não apenas bebamos. Vamos jogar algo.

Beatriz raramente jogava, então ela perdeu na primeira rodada.

José deu a tarefa, e Débora trocou olhares não tão discretos com José, que anunciou em voz alta:

— Beije um dos homens aqui presentes por três minutos!

Beatriz franziu a testa, Débora era cruel; beijar qualquer um seria inapropriado.

— Se desistir, são três doses de cachaça.

— Afonso decidiu por ela, dizendo que ela beberia.

Beatriz estava preparada para beber, mas ao ouvir isso, ficou irritada. Quem ele pensava que era para tomar decisões por ela?

— Eu escolho completar a tarefa. — Beatriz respondeu com um sorriso.

Todos estavam ansiosos para ver quem Beatriz escolheria. Embora Beatriz se parecesse com Débora, ela era mais bonita, com uma altura de 1,65m e uma figura delicada, com tudo no lugar certo. Seu rosto... também era mais deslumbrante que o de Débora.

Beijar Beatriz seria uma conquista para qualquer um.

Beatriz se levantou e começou a caminhar, começando por Daniel e indo de um em um.

Por fim, chegou a Afonso.

Ela parou na frente dele, com um sorriso sarcástico, vendo o quão escuro seu rosto tinha se tornado.

Ela o ignorou, planejando procurar Daniel, mas Afonso a segurou pelo pulso.

— Vou completar a tarefa com você.

— Afonso...

O sorriso no rosto de Débora congelou instantaneamente, sentindo como se tivesse atirado no próprio pé.

Beatriz olhou para trás, encontrando o olhar de Afonso, que baixou a voz para que apenas os dois pudessem ouvir.

— Beatriz, você fez isso de propósito, não é?

— Foi o seu irmão quem elaborou as perguntas, o que isso tem a ver comigo?

Beatriz empurrou-o e então caminhou diretamente até Daniel.

Na frente de todos, ela reuniu coragem, sentou-se no colo de Daniel e beijou-o firmemente no rosto. Ela pretendia apenas dar um beijo rápido e estava prestes a se afastar quando, inesperadamente, Daniel apertou firme suas nádegas com uma mão e segurou sua cintura com a outra, impedindo-a de escapar.

E não só isso, ele tomou a iniciativa, forçando a abertura de seus lábios e entrelaçando sua língua com a dela. Ela arregalou os olhos, confusa e tentando se debater, quando ouviu a voz rouca dele sussurrar:

— Ele está olhando.

Essas três palavras a fizeram se acalmar. Mesmo com medo, ela não evitou mais o beijo. Daniel tomou ainda mais a iniciativa, o oxigênio de seus pulmões foi roubado, enquanto sua cabeça zumbia.

Apesar de não haver nenhum vínculo emocional entre eles, como seu beijo poderia ser tão apaixonado e selvagem? Ele a segurava firmemente, como se quisesse fundi-la aos seus ossos.

Ela percebeu que Daniel não era muito hábil em beijos; seus lábios ficaram um pouco inchados e doloridos, e ele até chegou a morder sua língua. Mas sua paixão era intensa, irresistível. Conforme o beijo continuava, parecia que ele estava se tornando mais habilidoso.

Ela ficou tão ofegante que não pôde evitar de gemer.

De repente, algo se quebrou, assustando-a. Foi então que Daniel a soltou, lançando um olhar para Afonso.

Afonso havia quebrado uma taça de vinho. Cacos de vidro e o líquido escarlate espalharam-se pelo chão, como uma poça de sangue. Ele os observava com uma expressão sombria.

— Três minutos já se passaram. Não é o suficiente?

— Ah, desculpe, eu não estava prestando atenção no tempo. — Beatriz fingiu estar calma, embora mal conseguisse olhar para Daniel.

— Afonso, não está aguentando mais? — Daniel provocou, arqueando uma sobrancelha.

Afonso serviu-se de outro copo de vinho.

— Você está pensando demais. Coisas que eu jogo no lixo, eu não pego de volta.

Ao ouvir isso, Beatriz sentiu como se seu sangue corresse na direção contrária. Ele a comparou a lixo.

— E então? Daniel, quer recolher o lixo?

— Quem sabe?

Daniel não confirmou nem negou, tornando a atmosfera do ambiente ainda mais estranha. Todos olhavam para Afonso e depois para Daniel.

Finalmente, Débora quebrou o silêncio:

— Vamos continuar o jogo.

O jogo recomeçou, e, para surpresa de todos, Débora foi a próxima a ser escolhida. Beatriz, a perdedora da rodada anterior, era quem fazia a pergunta.

— Eu escolho verdade.

Ela caiu nas mãos de Beatriz e sabia que não podia escolher desafio, senão, quem sabe o que Beatriz faria com ela?

— Você sabe que nos últimos três anos Afonso esteve comigo, e que agora você volta como a outra?

Ao dizer isso, o ambiente ficou ainda mais tenso. O rosto de Débora empalideceu.

— Eu não sabia que Afonso tinha alguém...

— Srta. Costa, todos aqui são amigos íntimos de Afonso — Beatriz interrompeu Débora, seu olhar fixo nela. — Eles sabem o que está acontecendo entre vocês. Você tem certeza de que quer mentir?

Débora ficou pálida, gaguejando enquanto olhava para Afonso. Ela realmente teria que admitir sua posição de amante na frente de todos?

— Ela aceita a punição, eu bebo por ela — Afonso tomou três doses de uísque de uma vez.

— Ok, ok, vamos para a próxima rodada.

José, vendo o estado das coisas, apressou-se em mudar de assunto.

Beatriz apertou os punhos, ela poderia ter forçado Débora a admitir, mas Afonso claramente a protegia! Ela não estava errada.

Os errados eram eles, era Débora por intencionalmente se tornar amante, era Afonso por trair!

Os que deveriam ser ridicularizados eram eles dois, por que ela era o alvo?

Depois de mais algumas rodadas, Daniel também perdeu. Beatriz percebeu que ele deliberadamente atrasava suas reações, perdendo por um gesto lento demais.

O desafiador era Afonso.

Os dois estavam sentados em direções opostas: um à frente, o outro atrás.

— Verdade ou desafio? — Afonso perguntou para Daniel, que sorriu. — Verdade. — Afonso continuou, tomando a decisão por ele.

— Pois bem, pergunte.

— Você, coleta lixo?

O olhar de Afonso brilhou intensamente para ele. Todos os olhares se voltaram para Daniel, cuja postura era relaxada, exibindo um sorriso leve nos lábios, bem condizente com sua posição de um jovem herdeiro abastado.

Era claro para todos que aquilo era uma referência à conversa anterior. O coração de Beatriz também apertou.

Daniel olhou para ela e, com uma voz clara, disse:
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