A noite estava calma na mansão, mas o coração de Sarah pulsava em um ritmo inquieto. Desde o último fracasso nas tentativas de fertilização in vitro, ela percebia uma mudança em Thomas. Ele parecia mais vulnerável, como se estivesse permitindo que suas defesas finalmente ruíssem. E isso a deixava desconfortável, pois sabia que, ao baixar suas próprias guardas, colocaria todo o seu plano em risco.Após colocar Adrian e Aurora para dormir, Sarah foi até o jardim em busca de ar fresco. O perfume das flores noturnas e a brisa suave trouxeram um alívio momentâneo para sua mente sobrecarregada. Mas, antes que pudesse se perder em seus pensamentos, passos ecoaram atrás dela.Thomas se aproximava, o olhar intenso e indecifrável. Seus passos não eram apressados, mas carregavam uma determinação que fez o coração de Sarah acelerar.— Por que ele sempre aparece quando eu mais preciso de distância? — pensou, mordendo levemente o lábio em frustração.— Sarah, — chamou Thomas, a voz baixa, mas cheia
O sol da tarde iluminava o jardim da mansão, onde Sarah e as crianças estavam reunidos em uma atividade improvisada. Aurora insistira em plantar flores novas, e Adrian, mesmo ainda fraco, queria ajudar.— Você segura a muda assim, — Sarah explicou, mostrando para Aurora, que observava com atenção os cabelos ruivos presos em um coque desarrumado. — Depois, cobre as raízes com terra. Vê? Bem simples.— Parece fácil quando você faz — Aurora disse sorrindo. — Mas vou tentar.Adrian, sentado em um banquinho próximo, segurava uma pequena pá com esforço. Ele estava concentrado, mas Sarah percebeu que seu ritmo estava diminuindo.Ela se ajoelhou ao lado dele e perguntou com suavidade:— Está tudo bem, campeão?Adrian levantou os olhos, e seu rosto frágil se iluminou com o carinho que sentia por Sarah.— Eu só quero que minha flor cresça forte... como eu — ele respondeu, a voz fraca, mas cheia de determinação.Sarah sentiu o coração apertar, mas manteve o sorriso.— Ela vai crescer forte, Adr
Naquela noite, Sarah encontrou Thomas no escritório. Ele estava sentado em sua poltrona, com um álbum de fotos aberto sobre a mesa. Ao vê-la, ele fechou o álbum rapidamente, mas não antes que Sarah vislumbrasse uma foto antiga dele segurando Adrian e Aurora ainda bebês.— Desculpe interromper — ela começou, mas Thomas ergueu a mão em um gesto de convite.— Não, por favor... entre — ele disse, a voz rouca.Sarah entrou e se sentou em frente à mesa. Um silêncio se instalou no ambiente, sem que nenhum dois conseguissem expressar o que estava no fundo da alma.— Sinto-me em dívida com Adrian, falhei em protegê-lo. Thomas sussurrou, a voz rouca e cheia de emoção, rompendo o silêncio que se instalara.Sarah o olhou, surpresa pela vulnerabilidade em sua pergunta, percebendo a dor intensa que se refletia nos olhos de Thomas.— Em certos momentos... — ela disse devagar, pesando cada palavra. — É desafiador não se sentir dessa forma, especialmente quando tudo sai de forma diferente do que plan
A noite estava especialmente silenciosa na mansão. Aurora e Adrian já haviam sido colocados para dormir, e Thomas permanecia sozinho na sala, olhando para a lareira. O fogo lançava sombras trêmulas pelo ambiente, refletindo o turbilhão de sentimentos que ele carregava.Seus pensamentos giravam em torno de Sarah — a presença inegável dela, o impacto profundo que causava nas crianças e nele mesmo. Ela despertava algo que ele acreditava estar adormecido há muito tempo.— Você já sentiu isso antes? — perguntou ele a si mesmo, quebrando o silêncio.Do outro lado da mansão, Sarah também estava inquieta. O quarto que ocupava parecia sufocante, preenchido pelos pensamentos que não a deixavam em paz. "Eu preciso de clareza", pensou. Mas, no fundo, sabia que a clareza só viria se ela confrontasse o que sentia.Tomada por um impulso, desceu as escadas. Quando entrou na sala, encontrou Thomas ainda perdido em seus devaneios, os olhos fixos nas chamas. Ele ergueu o olhar ao ouvir seus passos e, po
Sarah se deixou levar e chegando ao quarto, Thomas a colocou gentilmente na cama, como se ela fosse uma joia rara e delicada, preciosa demais para ser danificada.Sarah se sentia envolvida em um cuidado que ressoava em seus sonhos mais íntimos, a concretização de como imaginava ser amada. Em sua fantasia, o amor era um sentimento que se revelaria atencioso, comprometido, incondicional, um presente mútuo selado por um destino que uniria os amantes incessantemente, vida após vida...Ainda que a crença em um amor eterno e espontâneo tivesse se dissipado da sua mente, a ironia não escapava: era Thomas, paradoxalmente, quem despertava essa sensação, ele, que outrora demolira seus sonhos mais genuínos.Thomas a tocava com carinho, como se buscasse registrar bem no fundo da memória cada parte do corpo dela, temendo que a beleza daquele momento pudesse esvanecer.A suavidade da pele sob seus dedos era um convite irresistível, enquanto deslizava pelas bochechas rosadas e quentes, sentindo o le
Sarah estava no quarto de Aurora, arrumando os lençóis enquanto a menina dormia calmamente. A noite anterior ainda a atormentava, como uma tempestade silenciosa — cada olhar de Thomas, cada mensagem trocada sem palavras, e aqueles beijos..., aqueles toques abalaram suas certezas. Alguma coisa dentro dela estava mudando, e isso a assustava mais do que qualquer outra coisa.Enquanto dobrava a coberta de Aurora, flashes da noite passada invadiam sua mente. A lembrança do quarto de Thomas — o mesmo lugar que um dia simbolizara dor e traição — agora trazia sentimentos completamente diferentes. Naquela noite, ela não sentiu medo ou raiva. Apenas uma paixão inquietante e, talvez, algo perigosamente próximo de felicidade.De volta ao seu quarto, Sarah sentou-se na beira da cama, com os dedos entrelaçados e tremendo levemente. A tensão a envolvia, um misto de ansiedade e incerteza. O que aconteceu antes ainda ecoava em sua mente, e ela se sentia perdida em seus próprios pensamentos. Era difíci
Nos dias seguintes, a tensão entre Thomas e Sarah cresceu como um fio esticado ao limite. Cada olhar trocado parecia uma faísca à beira de um incêndio, uma energia que não podia mais ser ignorada.Sarah se concentrava no tratamento de Adrian, mas não conseguia evitar o coração acelerado sempre que Thomas estava por perto. Ele parecia estar em todos os lugares, e cada vez que ela o via, sua determinação vacilava.Thomas, por outro lado, não fazia questão de esconder o que sentia. Seus olhares eram longos e intensos, suas palavras carregadas de subtexto. Ele sabia que Sarah estava lutando contra si mesma — e isso só reforçava seu desejo de romper a barreira entre eles.Numa noite silenciosa, Sarah foi até a cozinha em busca de um copo de água. A mansão dormia, envolta em uma calma aparente.Ao entrar, ela encontrou Thomas ali, sentado à mesa com um copo de uísque na mão. Seu olhar era distante, mas ao ver Sarah, ele sorriu levemente.— Não consegui dormir, ele revelou, a rouquidão denun
Na noite seguinte, Sarah estava quarto de Thomas de novo. O silêncio era interrompido apenas pelo som suave das respirações sincronizadas de Thomas e Sarah. Na quietude do momento, suas almas pareciam entrelaçadas, como se as cicatrizes que carregavam finalmente tivessem encontrado um bálsamo.Thomas deslizava os dedos pelos fios de cabelo de Sarah, desenhando um trajeto delicado através de suas mechas. Seus olhos estavam focados nela, como se tentassem entender cada palavra não pronunciada.— Você entende o que isso representa para mim? — ele questionou, com uma voz rouca, quase sussurrando.Sarah ergueu o rosto, seus olhos brilhando.— Thomas, eu... sinto que estou me reencontrando..., mas isso me assusta.Ele envolveu seu rosto com as mãos, firme, mas delicado.— Eu também tenho medo, Sarah. Mas não podemos deixar que o medo roube isso de nós.Os lábios de Thomas roçaram os dela com a suavidade de uma promessa, mas logo o beijo se aprofundou, reacendendo a paixão que, naquela noite