Os meses seguintes foram repletos de tentativas de fertilização in vitro. Anna, sempre disposta a garantir o pagamento generoso, seguiu cada instrução médica à risca, participando de cada procedimento com um sorriso satisfeito ao receber os depósitos em sua conta. No entanto, um após o outro, os resultados foram os mesmos: negativos.Cada falha era mais um golpe para Thomas. Ele sentia a vida escapar por entre os dedos enquanto a saúde de Adrian exigia uma intervenção urgente. O fracasso não era apenas médico ― era emocional.Após a terceira tentativa malsucedida, Thomas foi até a casa de Anna. Ele estava exausto, a paciência no limite.— Anna o que está acontecendo? ― questionou, mantendo a fala calma, mas o desapontamento era evidente. Os médicos dizem que você está saudável. Tudo deveria estar funcionando.Anna cruzou os braços e arqueou a sobrancelha com desdém.— E você acha que eu não estou fazendo a minha parte? ― rebateu.— Eu passei por todos os tratamentos, segui todas as i
A noite estava calma na mansão, mas o coração de Sarah pulsava em um ritmo inquieto. Desde o último fracasso nas tentativas de fertilização in vitro, ela percebia uma mudança em Thomas. Ele parecia mais vulnerável, como se estivesse permitindo que suas defesas finalmente ruíssem. E isso a deixava desconfortável, pois sabia que, ao baixar suas próprias guardas, colocaria todo o seu plano em risco.Após colocar Adrian e Aurora para dormir, Sarah foi até o jardim em busca de ar fresco. O perfume das flores noturnas e a brisa suave trouxeram um alívio momentâneo para sua mente sobrecarregada. Mas, antes que pudesse se perder em seus pensamentos, passos ecoaram atrás dela.Thomas se aproximava, o olhar intenso e indecifrável. Seus passos não eram apressados, mas carregavam uma determinação que fez o coração de Sarah acelerar.— Por que ele sempre aparece quando eu mais preciso de distância? — pensou, mordendo levemente o lábio em frustração.— Sarah, — chamou Thomas, a voz baixa, mas cheia
O sol da tarde iluminava o jardim da mansão, onde Sarah e as crianças estavam reunidos em uma atividade improvisada. Aurora insistira em plantar flores novas, e Adrian, mesmo ainda fraco, queria ajudar.— Você segura a muda assim, — Sarah explicou, mostrando para Aurora, que observava com atenção os cabelos ruivos presos em um coque desarrumado. — Depois, cobre as raízes com terra. Vê? Bem simples.— Parece fácil quando você faz — Aurora disse sorrindo. — Mas vou tentar.Adrian, sentado em um banquinho próximo, segurava uma pequena pá com esforço. Ele estava concentrado, mas Sarah percebeu que seu ritmo estava diminuindo.Ela se ajoelhou ao lado dele e perguntou com suavidade:— Está tudo bem, campeão?Adrian levantou os olhos, e seu rosto frágil se iluminou com o carinho que sentia por Sarah.— Eu só quero que minha flor cresça forte... como eu — ele respondeu, a voz fraca, mas cheia de determinação.Sarah sentiu o coração apertar, mas manteve o sorriso.— Ela vai crescer forte, Adr
Naquela noite, Sarah encontrou Thomas no escritório. Ele estava sentado em sua poltrona, com um álbum de fotos aberto sobre a mesa. Ao vê-la, ele fechou o álbum rapidamente, mas não antes que Sarah vislumbrasse uma foto antiga dele segurando Adrian e Aurora ainda bebês.— Desculpe interromper — ela começou, mas Thomas ergueu a mão em um gesto de convite.— Não, por favor... entre — ele disse, a voz rouca.Sarah entrou e se sentou em frente à mesa. Um silêncio se instalou no ambiente, sem que nenhum dois conseguissem expressar o que estava no fundo da alma.— Sinto-me em dívida com Adrian, falhei em protegê-lo. Thomas sussurrou, a voz rouca e cheia de emoção, rompendo o silêncio que se instalara.Sarah o olhou, surpresa pela vulnerabilidade em sua pergunta, percebendo a dor intensa que se refletia nos olhos de Thomas.— Em certos momentos... — ela disse devagar, pesando cada palavra. — É desafiador não se sentir dessa forma, especialmente quando tudo sai de forma diferente do que plan
A noite estava especialmente silenciosa na mansão. Aurora e Adrian já haviam sido colocados para dormir, e Thomas permanecia sozinho na sala, olhando para a lareira. O fogo lançava sombras trêmulas pelo ambiente, refletindo o turbilhão de sentimentos que ele carregava.Seus pensamentos giravam em torno de Sarah — a presença inegável dela, o impacto profundo que causava nas crianças e nele mesmo. Ela despertava algo que ele acreditava estar adormecido há muito tempo.— Você já sentiu isso antes? — perguntou ele a si mesmo, quebrando o silêncio.Do outro lado da mansão, Sarah também estava inquieta. O quarto que ocupava parecia sufocante, preenchido pelos pensamentos que não a deixavam em paz. "Eu preciso de clareza", pensou. Mas, no fundo, sabia que a clareza só viria se ela confrontasse o que sentia.Tomada por um impulso, desceu as escadas. Quando entrou na sala, encontrou Thomas ainda perdido em seus devaneios, os olhos fixos nas chamas. Ele ergueu o olhar ao ouvir seus passos e, po
Sarah se deixou levar e chegando ao quarto, Thomas a colocou gentilmente na cama, como se ela fosse uma joia rara e delicada, preciosa demais para ser danificada.Sarah se sentia envolvida em um cuidado que ressoava em seus sonhos mais íntimos, a concretização de como imaginava ser amada. Em sua fantasia, o amor era um sentimento que se revelaria atencioso, comprometido, incondicional, um presente mútuo selado por um destino que uniria os amantes incessantemente, vida após vida...Ainda que a crença em um amor eterno e espontâneo tivesse se dissipado da sua mente, a ironia não escapava: era Thomas, paradoxalmente, quem despertava essa sensação, ele, que outrora demolira seus sonhos mais genuínos.Thomas a tocava com carinho, como se buscasse registrar bem no fundo da memória cada parte do corpo dela, temendo que a beleza daquele momento pudesse esvanecer.A suavidade da pele sob seus dedos era um convite irresistível, enquanto deslizava pelas bochechas rosadas e quentes, sentindo o le
Sarah estava no quarto de Aurora, arrumando os lençóis enquanto a menina dormia calmamente. A noite anterior ainda a atormentava, como uma tempestade silenciosa — cada olhar de Thomas, cada mensagem trocada sem palavras, e aqueles beijos..., aqueles toques abalaram suas certezas. Alguma coisa dentro dela estava mudando, e isso a assustava mais do que qualquer outra coisa.Enquanto dobrava a coberta de Aurora, flashes da noite passada invadiam sua mente. A lembrança do quarto de Thomas — o mesmo lugar que um dia simbolizara dor e traição — agora trazia sentimentos completamente diferentes. Naquela noite, ela não sentiu medo ou raiva. Apenas uma paixão inquietante e, talvez, algo perigosamente próximo de felicidade.De volta ao seu quarto, Sarah sentou-se na beira da cama, com os dedos entrelaçados e tremendo levemente. A tensão a envolvia, um misto de ansiedade e incerteza. O que aconteceu antes ainda ecoava em sua mente, e ela se sentia perdida em seus próprios pensamentos. Era difíci
Nos dias seguintes, a tensão entre Thomas e Sarah cresceu como um fio esticado ao limite. Cada olhar trocado parecia uma faísca à beira de um incêndio, uma energia que não podia mais ser ignorada.Sarah se concentrava no tratamento de Adrian, mas não conseguia evitar o coração acelerado sempre que Thomas estava por perto. Ele parecia estar em todos os lugares, e cada vez que ela o via, sua determinação vacilava.Thomas, por outro lado, não fazia questão de esconder o que sentia. Seus olhares eram longos e intensos, suas palavras carregadas de subtexto. Ele sabia que Sarah estava lutando contra si mesma — e isso só reforçava seu desejo de romper a barreira entre eles.Numa noite silenciosa, Sarah foi até a cozinha em busca de um copo de água. A mansão dormia, envolta em uma calma aparente.Ao entrar, ela encontrou Thomas ali, sentado à mesa com um copo de uísque na mão. Seu olhar era distante, mas ao ver Sarah, ele sorriu levemente.— Não consegui dormir, ele revelou, a rouquidão denun