Comprovado! Posso dizer com muita propriedade que a síndrome do regresso, de fato, existe. Pensei que me sentiria em casa ao retornar para o Brasil, porém, a sensação foi avessa. Me senti desamparada, como um “peixe fora d'água”. Não julgo meus amigos por acharem isso frescura ou esnobismo meu. Mas a verdade é que a sensação de não pertencer mais ao meu Rio de Janeiro, de não me encaixar mais aqui, é muito real! Cheguei a pesquisar sobre isso — uma pessoa leva em média seis meses para se adaptar a uma nova cultura, e até dois anos para se readaptar ao seu próprio país. Foi estranho, desde que pisei no aeroporto. Coloquei meu chip antigo no celular e liguei para Kate à cobrar:
— Como você está me ligando desse número? — ela per
Eu sabia que não seria fácil me ausentar da novela, mas precisava agir. Não tinha cabimento ficar de braços cruzados esperando alguma ajuda divina cair do céu ou, finalmente, Rafael conseguir contactá-la. Na realidade, fiz o pouco do que estava ao meu alcance aqui. Logo após saber a verdade sobre o retorno de Manuela ao Brasil, comprei um outro chip de celular. Eu tinha certeza de que seria inútil, mas ainda assim alimentei a esperança de poder me comunicar com ela, já que eu havia sido bloqueado. Mas minha tentativa foi em vão. Tínhamos muitas coisas a resolver, porém a preocupação falou mais alto. Passaram mil coisas pela minha cabeça e a que mais me angustiou foi não saber se ela fez uma boa viagem, se de fato chegou bem. Não tem nada pior que ficar sem notícias, ainda mais de quem a gente ama.
Eu simplesmente surtei. No meu estado normal, jamais teria feito isso com a minha amiga e com todos ali presente. Kate tinha planejado tudo e eu arruinei seus planos. Eu sou uma péssima pessoa! Premeditadamente, ela pediu folga no trabalho para passar a sexta-feira comigo; ela pensou em cada detalhe. Fui acordada com palmas, por Kate e nossos amigos, cantando a canção mais tediosa da história. Não é que eu não goste do meu aniversário, porém, não via motivo algum para comemorar.Montaram uma mesa perfeita de café da manhã, com direito a sonhos de doce de leite, pão de queijo, bolos variados e muito suco de laranja, que eu amo. E o que eu fiz? Eu chorei! Mas não foi um choro normal, eu solucei tanto, que minha cabeça rapidamente começou a latejar na mesma intensidade de quando fui surpreendi
Toquei a campainha, na expectativa de que a Manuela fosse me receber. Não sei o que passou pela minha cabeça, só achei que seria simples assim. Iria vê-la, contaria toda a verdade e nos resolveríamos rapidamente, ali mesmo no portão. Estava extremamente ansioso, minhas mãos suavam frias. Me incomodou transparecer isso ao motorista, que me observava de dentro do carro. Segundo ele, não arredaria o pé até que tivesse certeza de que entrei em segurança na residência, e não me opus.Ouvi passos e logo em seguida, uma voz nada familiar. Eu gelei. Uma senhora de cabelos negros e olhos tão expressivos quanto os de Manuela, distraída, segurava uma caixa de papelão em formato de pizza. Ela dizia algumas coisas que não consegui compreender, enquanto tentava girar a chave na fechadura. Estava de
Não parecia ser real, mesmo sentindo sua pele quente encostada na minha. Porém, seu cheiro fascinante provocou em mim um desequilíbrio emocional. Antes, queria distância, e quando dei por mim, instintivamente estava retribuindo seu abraço. Como se tivesse sido atraída para me aconchegar ainda mais dentro dos seus braços. Um enlace um tanto desconjuntado. Eu caída na areia e ele todo grande de calça jeans, sem posição nenhuma para ajoelhar. Mas ainda assim, admito, foi incrível!— Manu, você precisa acreditar em mim! Eu nunca te traí, nunca! Samantha é louca! Ela armou tudo! — ele disse, desesperado.— Vamos conversar em outro lugar — falei, sem graça por causa das pessoas a nossa volta.<
Me senti verdadeiramente feliz em sua companhia. Ver seu sorriso, fez toda viagem e todo transtorno para encontrá-la valer a pena. Claro que eu tinha milhões de perguntas para lhe fazer, mas tudo a seu tempo. Não ia passar o seu aniversário questionando sobre o albergue e sobre sua suposta hospedagem no hotel. Como se já não bastasse o fato de não ter me lembrado de uma data tão importante para ela. A verdade é que, desde que conheci a Manu, tudo foi tão intenso e rápido, que me peguei sem saber dos detalhes sobre sua vida. Me questionei quanto a isso, será que me tornei aquele tipo de pessoa insuportável que só fala sobre si mesma e que não se atenta a quem está a sua volta? Se eu era o problema do nosso relacionamento, precisava agir o quanto antes e consertar as coisas. Reacender o romantismo, mostrar a ela o quanto eu me importo em v&eci
O meu plano inicial, era contar toda a verdade antes de dar um passo à frente no nosso relacionamento. Porém, quando dei por mim, estava perdida em seus beijos, desorientada com o seu cheiro e alucinada com o seu toque. Perdi totalmente o autodomínio, o clima do ambiente também contribuiu muito para isso. O quarto amplo, estilo colonial, com uma decoração suntuosa e ele, meu Julian, o homem dos meus sonhos, todo arrumado para jantar comigo. Não pude deixar de repará-lo naquele traje que o deixou ainda mais incrível. Há tão pouco tempo, conhecê-lo não passava de uma utopia, um sonho distante! E agora o homem da minha vida, com quem eu sonhava há tantos anos, estava ali, bem na minha frente, todinho para mim! Eu evitava momentos assim, a sós, porque sabia que o meu autocontrole me pregaria uma peça. E sendo bem honesta, quando entrei naquele t&
Acordei no meio da noite e fiquei por um bom tempo ali deitado só a admirando. Incrivelmente linda. Mas o seu interior que me chamava mais a atenção. Eu a admirava em todos os aspectos. Sua doçura e ao mesmo tempo braveza. Sua seriedade, que contrastava perfeitamente com seu jeito brincalhão. A mulher que pensei que só existia em personagens construídos por grandes roteiristas, era real e minha, pensei. Minha namorada, futura mãe dos meus filhos. Como não fazer planos pensando em um futuro, quando se está loucamente apaixonado? Queria acordá-la com beijos e tê-la novamente em meus braços. Um desejo que achava que iria me perseguir até a velhice. Perfeição seria passarmos o resto das nossas vidas juntos, pensei. Acho que fiquei por horas acordado, planejando em como convencê-la a vir morar comigo. Foi quando, devido a insônia da an
Ainda estou em estado de choque. Só me recordo de ter colocado o vestido que ele comprou para mim, muito contrariada, por sinal. Não queria usar, justamente por lembrar ainda mais da nossa noite juntos, porém, ainda assim era a minha melhor opção. Saí do hotel enfurecida, mas ao mesmo tempo angustiada. Eu tinha o direito da réplica e ele me tirou isso. Me tratou da pior forma que pôde, e se foi. Senti-me como uma página na sua vida, que ele simplesmente arrancou ou tratou de imediatamente colar alguma coisa em cima. Não me ausento da culpa, sei que agi muito errado em me calar, em ser conivente com cada mentira criada por Rafael. Me sinto muito culpada por isso! E me pergunto a todo instante, como ele descobriu? Assim que cheguei no apartamento de Kate, chorando e contando tudo que havia acontecido, me veio à memória cenas da minha adolescência. Jamais pensei que