Ainda estou em estado de choque. Só me recordo de ter colocado o vestido que ele comprou para mim, muito contrariada, por sinal. Não queria usar, justamente por lembrar ainda mais da nossa noite juntos, porém, ainda assim era a minha melhor opção. Saí do hotel enfurecida, mas ao mesmo tempo angustiada. Eu tinha o direito da réplica e ele me tirou isso. Me tratou da pior forma que pôde, e se foi. Senti-me como uma página na sua vida, que ele simplesmente arrancou ou tratou de imediatamente colar alguma coisa em cima. Não me ausento da culpa, sei que agi muito errado em me calar, em ser conivente com cada mentira criada por Rafael. Me sinto muito culpada por isso! E me pergunto a todo instante, como ele descobriu? Assim que cheguei no apartamento de Kate, chorando e contando tudo que havia acontecido, me veio à memória cenas da minha adolescência. Jamais pensei que
Estava na sétima dose de whisky, eu acho, quando ouvi meu nome:— Julian?!Por mais que eu soubesse que seria impossível que Manuela estivesse ali, suas feições insistiram em vir à minha mente. A voz era completamente diferente, porém, ainda sim, meus pensamentos instantaneamente se voltaram para nossos momentos naquele quarto de hotel. Foram flashes de segundos, despertados por um balde de água fria quando avistei Pietra. Nem eu mesmo me entendi, fui totalmente contraditório. Não queria pensar em Manuela, o reverso disso, queria apagá-la da minha vida. Contudo, minha imaginação me ludibriou.— Foi atrás da sua atriz? — Pietra ironicamente disse.
Eu não havia contado à Kate sobre o meu quase acidente de moto, ou melhor, atropelamento. Ao menos, não com detalhes. Ela ficou meio abobalhada quando viu que eu conhecia o rapaz, e com um olhar insistente, entendi que queria ser apresentada.— Eu só não me lembro do seu nome — falei, sem graça. — Essa é minha amiga, Kate.— Alejandro. Alejandro Madero. Muito prazer em conhecê-la, Kate. Bem-vinda ao México!— O prazer é todo meu! — Kate falou, irradiante.— E quanto a você, Manuela. Sendo honesto, não foi uma surpresa para mim. Eu sabia bem quem eu iria encontrar aqui.— Sabia?&
Fiquei chateado por Edgar não ter me contado do retorno da Manuela. Rafael insistiu que também não sabia, porém, não consegui acreditar nele. Esse é o grande lance da mentira, a perda da confiança.Já era tarde quando liguei para o Heitor. Eu precisava extravasar. Queria sair para beber, mas ele já estava acompanhado. O homem não perdeu tempo! Passou o restante do dia me perguntando sobre a amiga da Manuela. Eu avisei a ele que ela parecia um tanto inconsequente, e pedi que a deixasse bem longe do volante, caso ela topasse em sair. Porém, jamais pensei que ela fosse aceitar. Nos poucos minutos que a vi no corredor da emissora, era notório que seus olhos estavam vidrados no assessorzinho da Manuela. Esse então, não me desceu mesmo. Achei um tanto prepotente no seu jeito de falar. O sujeito e
Abri os olhos, porém me recusei a levantar de imediato. Permaneci ali, deitada, ainda um pouco desorientada. É estranho acordar e não reconhecer o lugar. Acredito que o cansaço da viagem contribuiu muito para a minha pequena confusão mental. Contudo, logo as lembranças da noite anterior foram retomando, e só consegui pensar em Katerine. Vesti um hobby e, sem me importar com a opinião alheia, atravessei o corredor e fui até o quarto de Kate. Bati diversas vezes à porta, chamei inúmeras vezes por seu nome, porém sem êxito algum. Me apavorei! Essa foi a primeira reação. Por conhecer bem minha amiga, sei que por mais que tivesse tido algum tipo de envolvimento com Heitor, às oito horas da manhã certamente já teria retornado. Ela é dessas que saem no meio da madrugada, só para não precisar acordar com ningu&eacut
Me incomodou ver Manuela com o tal do Alejandro a tiracolo. Rafael é o meu assessor e nem por isso fica grudado em mim. Porém, eu sabia que não era a pessoa mais apropriada para reclamar. Eu quem coloquei um ponto final, claro que por culpa dela. Só não imaginava que fosse vê-la novamente. Pensei que voltando para o México, deixaria esse passado para trás. Lá no Brasil.Heitor e eu aproveitamos o pouco tempo livre entre uma gravação e outra, para organizarmos melhor a ideia da quermesse, o que era para ser apenas entre a equipe da novela, já estava ganhando um formato maior e se estendendo à toda emissora. Com isso, pensei menos em Manuela, e pude me sentir útil. Rafael também veio falar comigo:— Julian, marquei uma entrevista amanhã para voc&ec
Imaginei uma reação ruim de Julian só de fitá-lo, porém, jamais pensei vê-lo tão transtornado. Por anos assistindo suas dramaturgias, eu o endeusava. Era o homem perfeito! Talentoso, simpático, incrivelmente gato e muito galanteador. Ainda continuo com os mesmos pensamentos, entretanto, cada dia mais o tiro do pedestal.Ele me confunde! Ora me quer distante, diz claramente que jamais vai me perdoar. Ou melhor, que não vai me dar uma oportunidade de explicar como as coisas realmente aconteceram. Ora, quer me dar satisfação. Como foi quando beijou Pietra. Como se não bastasse tudo isso, agora veio tirar satisfações. Isso que mais me intrigou! Por que vir falar aquelas coisas comigo, no meio da boate? Tivemos momentos para isso, e ele muito mal me encarou. Veio até mim, como se eu estivesse o traindo
Depois que saí da emissora, percebi que Rafael havia mudado o semblante. Estava com a cara amarrada e não me encarava. Fomos em silêncio por quase toda a viagem, até que eu me arrisquei a falar:— O que houve?— Nada! — ele respondeu.— Fala logo, homem. Você não é assim! Nem quando te dei aquele soco, você ficou tão bicudo.— Então ok. Vou falar! Isso que você fez… O que você falou hoje, foi a pior coisa que você já disse!— Não é para tanto.— É sim. Você foi um m
Hoje, completa quatro meses que tomei a mais difícil decisão da minha vida. Sim, não foi nada fácil não me atirar nos braços do homem da minha vida depois dele demonstrar arrependimento. No dia em que a recepcionista interfonou para o meu quarto informando que Julian estava me aguardando, meu coração disparou. Pensei comigo mesma: " O que mais ele veio falar?"Achei que uma nova discussão fosse acontecer. Que repensou sobre a nossa conversa e que tinha mais argumentos para me repreender a sua maneira. Por isso, não fui até a recepção, muito menos autorizei que ele viesse até mim. Quando dei por mim, ele já estava à porta. Começou a bater e gritar para que eu abrisse. Lembro bem que fiquei muito nervosa. Treinei na minha cabeça o que falar, porém jamais pensei qu