Apertei o botão do elevador inúmeras vezes. Não que isso fosse adiantar o processo, mas precisava extravasar toda a angústia que me acelerava. Minha vista já estava embaçada de tanto chorar. Foi quase instantâneo. Assim que fechei a porta do apartamento, toda lágrima que contive na frente dela, dominou os meus olhos. Foi ainda pior quando me olhei no espelho dentro do elevador, sorte que estava sozinha ali. Mas do porteiro eu não consegui esconder o meu semblante de decepção. Assim que me viu, tentou me acalmar, até água com açúcar me ofereceu. Claro que não aceitei! O medo de encontrar Julian foi maior. Pelo tempo que permaneci em seu apartamento, com toda certeza ele logo estaria de volta. Eu tremia. Acho que não teve uma parte do meu corpo que não reagiu àquela situação. A cabeça latejava e eu mal
A espera mais amarga da minha vida. Sem notícias, sem explicação! Manuela me deixou um dia inteiro plantado, sem qualquer esclarecimento sobre suas atitudes. Fui para meu apartamento, mas ao contrário do que planejei, não consegui pensar em nada. Fiquei inquieto, andando de um lado para o outro da casa. Admito que chorei ali, em silêncio, sozinho, pensando na gente. Estava confuso, triste e com raiva. Um misto de sensações que não me deram um momento de paz. Liguei inúmeras vezes para Rafael, que insistiu em não me atender. Mas por fim, eu venci:— Julian, desculpa! Não vi suas ligações. — ele disse, assim que me atendeu.— Onde ela está?— Ela não está no hotel.
Comprovado! Posso dizer com muita propriedade que a síndrome do regresso, de fato, existe. Pensei que me sentiria em casa ao retornar para o Brasil, porém, a sensação foi avessa. Me senti desamparada, como um “peixe fora d'água”. Não julgo meus amigos por acharem isso frescura ou esnobismo meu. Mas a verdade é que a sensação de não pertencer mais ao meu Rio de Janeiro, de não me encaixar mais aqui, é muito real! Cheguei a pesquisar sobre isso — uma pessoa leva em média seis meses para se adaptar a uma nova cultura, e até dois anos para se readaptar ao seu próprio país. Foi estranho, desde que pisei no aeroporto. Coloquei meu chip antigo no celular e liguei para Kate à cobrar:— Como você está me ligando desse número? — ela per
Eu sabia que não seria fácil me ausentar da novela, mas precisava agir. Não tinha cabimento ficar de braços cruzados esperando alguma ajuda divina cair do céu ou, finalmente, Rafael conseguir contactá-la. Na realidade, fiz o pouco do que estava ao meu alcance aqui. Logo após saber a verdade sobre o retorno de Manuela ao Brasil, comprei um outro chip de celular. Eu tinha certeza de que seria inútil, mas ainda assim alimentei a esperança de poder me comunicar com ela, já que eu havia sido bloqueado. Mas minha tentativa foi em vão. Tínhamos muitas coisas a resolver, porém a preocupação falou mais alto. Passaram mil coisas pela minha cabeça e a que mais me angustiou foi não saber se ela fez uma boa viagem, se de fato chegou bem. Não tem nada pior que ficar sem notícias, ainda mais de quem a gente ama.
Eu simplesmente surtei. No meu estado normal, jamais teria feito isso com a minha amiga e com todos ali presente. Kate tinha planejado tudo e eu arruinei seus planos. Eu sou uma péssima pessoa! Premeditadamente, ela pediu folga no trabalho para passar a sexta-feira comigo; ela pensou em cada detalhe. Fui acordada com palmas, por Kate e nossos amigos, cantando a canção mais tediosa da história. Não é que eu não goste do meu aniversário, porém, não via motivo algum para comemorar.Montaram uma mesa perfeita de café da manhã, com direito a sonhos de doce de leite, pão de queijo, bolos variados e muito suco de laranja, que eu amo. E o que eu fiz? Eu chorei! Mas não foi um choro normal, eu solucei tanto, que minha cabeça rapidamente começou a latejar na mesma intensidade de quando fui surpreendi
Toquei a campainha, na expectativa de que a Manuela fosse me receber. Não sei o que passou pela minha cabeça, só achei que seria simples assim. Iria vê-la, contaria toda a verdade e nos resolveríamos rapidamente, ali mesmo no portão. Estava extremamente ansioso, minhas mãos suavam frias. Me incomodou transparecer isso ao motorista, que me observava de dentro do carro. Segundo ele, não arredaria o pé até que tivesse certeza de que entrei em segurança na residência, e não me opus.Ouvi passos e logo em seguida, uma voz nada familiar. Eu gelei. Uma senhora de cabelos negros e olhos tão expressivos quanto os de Manuela, distraída, segurava uma caixa de papelão em formato de pizza. Ela dizia algumas coisas que não consegui compreender, enquanto tentava girar a chave na fechadura. Estava de
Não parecia ser real, mesmo sentindo sua pele quente encostada na minha. Porém, seu cheiro fascinante provocou em mim um desequilíbrio emocional. Antes, queria distância, e quando dei por mim, instintivamente estava retribuindo seu abraço. Como se tivesse sido atraída para me aconchegar ainda mais dentro dos seus braços. Um enlace um tanto desconjuntado. Eu caída na areia e ele todo grande de calça jeans, sem posição nenhuma para ajoelhar. Mas ainda assim, admito, foi incrível!— Manu, você precisa acreditar em mim! Eu nunca te traí, nunca! Samantha é louca! Ela armou tudo! — ele disse, desesperado.— Vamos conversar em outro lugar — falei, sem graça por causa das pessoas a nossa volta.<
Me senti verdadeiramente feliz em sua companhia. Ver seu sorriso, fez toda viagem e todo transtorno para encontrá-la valer a pena. Claro que eu tinha milhões de perguntas para lhe fazer, mas tudo a seu tempo. Não ia passar o seu aniversário questionando sobre o albergue e sobre sua suposta hospedagem no hotel. Como se já não bastasse o fato de não ter me lembrado de uma data tão importante para ela. A verdade é que, desde que conheci a Manu, tudo foi tão intenso e rápido, que me peguei sem saber dos detalhes sobre sua vida. Me questionei quanto a isso, será que me tornei aquele tipo de pessoa insuportável que só fala sobre si mesma e que não se atenta a quem está a sua volta? Se eu era o problema do nosso relacionamento, precisava agir o quanto antes e consertar as coisas. Reacender o romantismo, mostrar a ela o quanto eu me importo em v&eci
O meu plano inicial, era contar toda a verdade antes de dar um passo à frente no nosso relacionamento. Porém, quando dei por mim, estava perdida em seus beijos, desorientada com o seu cheiro e alucinada com o seu toque. Perdi totalmente o autodomínio, o clima do ambiente também contribuiu muito para isso. O quarto amplo, estilo colonial, com uma decoração suntuosa e ele, meu Julian, o homem dos meus sonhos, todo arrumado para jantar comigo. Não pude deixar de repará-lo naquele traje que o deixou ainda mais incrível. Há tão pouco tempo, conhecê-lo não passava de uma utopia, um sonho distante! E agora o homem da minha vida, com quem eu sonhava há tantos anos, estava ali, bem na minha frente, todinho para mim! Eu evitava momentos assim, a sós, porque sabia que o meu autocontrole me pregaria uma peça. E sendo bem honesta, quando entrei naquele t&