— Elise — a voz me chamou calma quando eu passei pela porta da biblioteca. — Podemos conversar?
— Sim, papai — eu assenti, entrando na atmosfera quente e almiscarada.
— Feche a porta, sim? — disse com carinho.
Após feito o que me fora ordenado, dirigi-me ao pequeno divã junto à sólida mesa de carvalho ocupada por ele. Os intenso
É certo o que estamos prestes a sofrer?Eu me perguntava sob a luz fraca do sol da manhã, a única hora que nós realmente podíamos sair de casa sem muita preocupação com nossa pele. Não que ela realmente sucumbisse aos raios solares, ou virássemos cinzas, como dizem as lendas por aí... De longe seria um esboço da verdade. Nossa sensibilidade é alta, é fato, e talvez você possa nos comparar nesses termos aos humanos albinos. Então, pode ver que não é nada impossível sair à luz do dia, não é propriamente aconselhável nos expormos muito tempo a ela. Aquele dia em especial, o sol brilhava entre nuvens, ou melhor, quase não o fazia, e eu me deixe
Romênia — Condado de Vaslui, 1786O homem louro nos aguardava em frente à construção de pedra, que, a julgar pelas torres altas, datava da época das Cruzadas. Nosso anfitrião, no entanto, não aparentava mais do que uns vinte e cinco anos e uma ótima forma distribuída nos seus um metro e oitenta de altura e pele clara. O olhar verde caiu sobre mim e Edmund, acompanhado de um sorriso e uma fileira de dentes perfeitamente brancos. Ciganos ou não, eu tinha que admitir, como certamente Inês o faria, que imortais são belos por natureza. Já lhe disse isso, não? —
Confesso que a travessia por terra fosse bem mais atraente do que a marítima... Mesmo que levasse quase um mês e não houvesse trégua para outra coisa que não dormir até a próxima troca de cavalos. Parcas refeições em refúgios improvisados. Celeiros, tavernas, nunca saberei em quantos pontos diferentes eu dormi, ainda que Edmund sempre velasse meu sono e me aninhasse em seus braços. Eu não reclamava, não haveria dificuldade maior no mundo do que viver longe dele, e era disso que eu fugia... Que me apavorava mais do que a visão de Victor. Já estávamos há quinze dias nessa rotina, quando ele intercedeu por um prolongamento da parada, nos trancando durante um dia inteiro dentro do quarto da es
— Milady — eu o ouvi me chamar ao longe. As feições mal delineadas por mais que eu tentasse focá-las. — Elise, o que houve? — a voz dele demonstrava urgência e preocupação quando eu senti as mãos dele sobre as minhas.— Eu... — Meus olhos turvaram ao lembrar-me das palavras do meu tio. — Você estava ca&
Eu não vi András pelas seis horas seguintes até que o jantar fosse servido. Ele entrou em silêncio, como sempre fazia, sentando-se na cabeceira da mesa e me dirigindo um solene “boa noite”. Serviu-se de sua fruta predileta, maçã, e degustou o líquido na sua taça. Somente o som dos talheres nos envolvia, mas eu achava que havia ficado muito tempo remoendo o episódio daquela tarde. Se ele conseguia se manter impassível por dias, o mesmo não se dava comigo. Eu precisava de respostas e já.— Achei que estava com saudade de Pietro — arrisquei sem fitá-lo, cortando o brócolis delicadamente. — Todavia...
— Bună dimineaţa, dragi1 . — Beijou-me o topo da cabeça.— Bom dia. — Sorri-lhe, vendo-o sentar no seu lugar de sempre.— Onde está Pietro
— Conte-me — murmurei com meus lábios nos dele, meu corpo deitado sobre o seu, nu. A mão passeava em minhas costas num toque leve, nos verdes cerrados.— O quê? — respondeu baixo, beijando-me, enfim, e deixando jades abertos nos meus castanhos.— Você não teria se livrado de Victor facilmente se já não soubesse o que encontraria ao confrontá-lo — ele me fitou demoradamente em silêncio, deixando que eu pros
A valsa continuava inundando o salão e eu agora estava nos braços de András. Os verdes intensos nos meus castanhos, mas que eu sabia também atento a vários outros detalhes da festa.— Ainda não conseguiu apreciar completamente a notícia que lhe dei. — Está errada. — Sorriu-me gentilmente enquanto volteava comigo. — Penso nela a cada segundo, e nada me deu mais alegria hoje. Último capítulo