Fernando Duarte:— Sente-se, Mike — digo, apontando para a cadeira em frente à minha mesa. Mike entra na minha sala, fecha a porta atrás de si, sua expressão não revela nada sobre o que está pensando; Ele se senta, mantendo uma postura rígida.— Algum problema, chefe? — Ele indaga, os braços cruzados.Reclino-me sobre minha cadeira, também mantendo uma expressão neutra. Sinceramente, eu não queria ter essa conversa.— Mike, eu não gosto de me intrometer nos assuntos pessoais das outras pessoas...— Então é só não se meter — Mike me corta, seu tom seco, com certeza já sacou o motivo para chama-lo aqui. — Posso ir ou tem algo relacionado ao trabalho?Eu o encaro, e ficamos assim por alguns segundos, nos medindo. Desde que eu e Laura começamos a namorar e que eu pedi desculpas para ele, não viramos amigos, existe respeito apenas. E, por não ser próximo a ele, não me sinto no direito de dar minha opinião, mas foda-se.— Nesse caso, tenho que me meter — ignoro deliberadamente sua tentativa
Laura Martins:— Obrigada por sempre vim comigo nas sessões — digo, minha voz soando ainda mais cansada, mantenho meus olhos fixos no tento branco.Mesmo essa sendo a minha sexta sessão, o desconforto é ainda maior do que a das sessões anteriores. Impossível se acostumar com isso. A agulha fria penetrando minha pele, o líquido caído de gota em gota, dessa vez por soro.Sinto as mãos de Olivia sobre a minha, viro meu rosto em sua direção. O semblante dela tão cansado quanto o meu. Pobre menina, ter a mãe doente, uma irmã pequena, ter que ser a chefe da casa e ainda, está sofrendo de coração partido. Queria poder bater em Mike por fazer sofre-la assim, o único problema, é que eu também entendo o lado dela, e sei o quanto mentiras o magoam.“Também magoam o Fernando” — Minha consciência aponta mais uma vez, já perdi a conta de quantas vezes ela já jogou isso na minha cara.— Pode contar comigo, somos melhores amigas. Obrigada por está ao meu lado também, por ter ido visitar minha mãe e f
Olivia Gomes:— Mãe, cheguei em casa — guarda as chaves e tiro os sapatos. — Mãe, hoje eu vou pedir comi... Mike!?— Oi! — Ele diz, erguendo uma mão.— Filha, entre. Esse rapaz bonito disse que veio te ver — minha mãe aparece, segurando uma bandeja com bolo. Quem fez bolo?— Mãe, é...— O bolo está muito bom senhora, suas habilidades são incríveis — ele diz, com um sorriso torto, mania que tem quando mente. — Com certeza Olivia puxou o pai — o escuto murmura quando minha mãe volta para a cozinha.— O que você...— Moço bonito, moço bonito — minha irmã aparece correndo, passa por mim quase me derrubando e se senta ao lado de Mike. — Aqui a Oli, aqui é ela me segurando quando eu ainda era uma bebezinha — Carina aponta para a foto. — Aqui foi o papei dando banho nela quando bebê...— Já chega, já chega — tomo o álbum da mão dela. Não preciso que Mike veja o quanto eu era feia na infância.— Devolve! — Carina exige, estendendo a mão. — Quero mostra ao moço...— Carina, já fez o seu dever
Laura Martins:Chefinha: Laura, não faça isso. Você não pode! Como ousa simplesmente me mandar mensagem dizendo que quer cancelar o contrato? E ainda vai contar a Fernando? Tá maluca? Quer ver meu filho voltar a ter depressão sua ingrata?Ignoro as mensagens de Cristiane e desligo o seu celular, descanso a cabeça na cabeceira da cama e começo a alisar minha barriga. Tem um serzinho aqui dentro. Mal posso acreditar.Fecho os olhos. O dia hoje foi cansativo demais, estou muito sobrecarregada e cansada. Se é pra eu sofrer, que eu não precise fazer isso em segredo. Quando noto que meus pensamentos se silenciaram, estou dormindo. De novo.~Fernando Duarte:— Tio Nando! — Maya corre em minha direção assim que o portão da creche se abre. Abro os braços e a pego no colo.— Oi, princesa — dou um beijo em sua bochecha, ela retribui. — Como foi na creche hoje?— Foi chato, não brinquei muito — responde, fazendo um biquinho que a deixa muito fofa. — Mas por que o senhor que veio me buscar, cadê
Fernando Duarte:— Eu não sabia que era você — ela aumenta a voz, me fazendo calar novamente. — Naquele restaurante, eu não menti quando disse que não sabia que era você, sim, eu menti quando você me perguntou sobre sua mãe, você tinha razão, eu a conhecia, mas não foi eu quem a fez te obrigar a ir.— O que você está...— Eu queria cancelar o contrato ao te reconhecer, dar em cima de você por ser paga me pareceu tão sujo, logo você, o homem que me tirou das ruas, me deu comida, e por ironia do destino, ainda é o dono da empresa que aceitou assinar minha carteira mesmo sem eu ter terminado o ensino médio, me dando chance de recomeçar.— Então você cancelou? — Minha pergunta sai como súplica, esperança de que tudo não foi uma farsa.Um bolo ainda maior se forma em minha garganta, Laura balança a cabeça e mais lágrimas escorrem de seus olhos. Minhas mãos começam a tremer, as fechos em punho e desvio o olhar.— Esse tempo todo você... — começo, mas Laura me interrompe.— Depois daquele di
Mike Silva:O sinal fica vermelho, mas não paro. Acelero cada vez mais, escuto as buzinas dos outros carros, mas não ligo. Giro o volante e ultrapasso vários carros um após o outro. Meu coração bate acelerado no peito, onde diabos está Fernando!?Depois de dez minutos, que mais pareceram mil horas, paro o carro em frente à casa de Laura e saio correndo, Olivia vem logo atrás de mim. Antes mesmo de abrirmos a porta, escutamos o choro desesperado de Maya. Nos entreolhamos e entramos rapidamente.Corro direto para o quarto de Laura. O choque de vê-la desmaiada no chão, a pele completamente pálida, me deixa em estado de pânico. Me ajoelho ao seu lado, sua pele está fria, levanto suas pálpebras e vejo seus olhos revirados. O corpo de Laura começa a convulsionar, e o choro de Maya fica ainda mais alto.— Mike, o que a gente faz? — Olivia pergunta, sua voz cheia de medo enquanto ela tenta acalmar Maya que chora.Viro o corpo de Laura de lado e seguro sua língua, para que ela não sufoque. Dep
Fernando Duarte:Observo o peito de Laura subir e descer com sua respiração constante. Seu rosto ainda está pálido.— Perdão, Laura — peço, coloco sua mão em minha testa.Já fazem dois dias que ela está assim, respirando com ajuda de maquinas, com vários fios conectados por seu corpo.No relógio marcam que já se passou das duas e meia da tarde. O médico disse que conseguiram estabilizá-la, mas que o bebê ainda corre perigo, então estão mantendo Laura sedada e em monitoramento constante.Os socos de Mike ainda doem, mas eu me arrependo de não ter deixado ele me bater mais. Eu merecia, muito mais do que isso. Minha mente não para de imaginar como foi a cena de Laura no chão, Maya chorando ao lado dela com medo logo depois de eu sair batendo a porta. Como pude ser tão babaca?Laura me ensinou tanto, mas na hora H, que ela mais precisava, apenas pensei na minha dor. Ignorei suas razões e foquei apenas em mim. Como Mike disse, um babaca de merda.A minha mãe veio aqui, assim que Pedro cont
2 meses depois:Olivia Gomes:— Não quero usar isso — falo, me recusando a deixa-lo me algemar.Nunca conversei com ele sobre ser virgem, mas ele já havia me contato, enquanto eu fingia ser homem que ele gosta de algemar, amarrar e vendar as mulheres com quem dormia, ele se gabava dizendo o quanto elas gritavam loucas com o prazer. Eu fingia que não era demais, para ele não perceber que eu não era homem.Mas agora, com minhas costas coladas na parede, estando seminua, tendo os meus pulsos presos no alto da minha cabeça, com a perna dele entre minhas pernas, enquanto esfrega sua ereção grossa contra minha barriga, me controlo para não engoli em seco e manter minha respiração calma.— Tem medo que faça algo de que não goste estando algemada? — Ele questiona, seu hálito quente contra meu pescoço, seus dentes mordiscando e provocando a pele sensível.— Não sou sã disso, Mike — respondo, minha voz tão rouca que praticamente não a reconheço. — Gosto de me sentir livre, quero poder tocar você