Capítulo 1

PORTO DE BANCROFT - 15 ANOS ATRÁS...

Pesadelo Marinho, navio do capitão Julius Black, ancorou mais uma vez no porto de Bancroft... A manhã encontrava-se fria e cinzenta, uma ótima pedida para um chocolate quente com biscoitos e cobertas fofinhas.

Como sempre a tripulação, mesmo que insatisfeita, se mantinha no navio. Não é visto com bons olhos, um romance entre um capitão pirata e uma duquesa.

Encontravam-se a sua espera, sua mulher e sua sogra, Angeline e Amélia Bancroft e suas duas filhas pequenas.

A menor de olhos azuis, cabelos negros e pele pálida, chamada Alicia e a outra, um pouco mais alta, loira de pele rosada com olhos castanhos, de nome Yasmim...

Havia uma grande rixa entre as duas meninas, que possuíam a mesma idade, porém, personalidades totalmente distintas, e estranhamente não eram gêmeas.

— Papai, eu estava morrendo de saudades! — Yasmim gruda na cintura do capitão com um sorriso estampado no rosto.

Mas claro que a outra menina se enfureceu, sempre fora a primeira a abraçar o pai e agora ficara em segundo plano, como sempre Yasmim conseguia lhe tirar do sério.

— Também senti sua falta, querida. — diz pegando-a no colo.

Esse já era o cumulo para Alicia que continuava de cara emburrada.

Julius deu um beijo no rosto de Yasmim em seguida fez o mesmo com sua mulher e cumprimentou Amélia, que se encontrava paciente ao lado da filha.

Esta foi a deixa para Alicia disparar para longe o mais rápido que pôde. Nunca, jamais aceitaria ser a última em nada, ainda mais se tratando do seu próprio pai, o homem que amava e idolatrava por toda a braveza e a destreza que possuía.

Mesmo os gritos de sua família não foram suficientes para faze-la parar ou mudar de ideia. Correu para uma gruta, há alguns metros, onde costumava se esconder quando aprontava algo ou estava irritada, como na situação em questão.

Em diversas situações Alicia não se sentia parte da família, era como se ela fosse uma completa estranha entre todos, com gostos e personalidades extremamente diferentes.

Ao entrar na gruta, escondeu-se em um buraco, grande o suficiente para cabe-la e ficou quieta para não ser encontrada.

— Alicia! — Julius a chama na entrada.

Nenhuma resposta fora identificada e tudo o que ele pode fazer foi sentar-se em uma pedra para esperar a boa vontade dela...

Olhando para baixo, identificou a barra do vestido da menina, que estava exposta.

Julius riu-se da situação, parecia Angeline, na primeira vez em que a vira, "escondida" atrás de uma mesa com medo de perder as joias que tanto amava.

Ainda se lembrava com clareza daqueles olhos castanhos o encarando, uma menina muito bonita, ele não pôde negar, mas não estava interessado em nenhuma aventura passageira... Mal sabia que não seria uma simples aventura e muito menos passageira.

Na época sua única preocupação era de não rir das reações que os nobres presentes no navio de festas do rei de Cristallum faziam, como por exemplo, correr iguais baratas tontas pelo convés e gritar. Os "homens" tinham gritos muito finos para seu gosto, algo que devesse ser "exclusividade" do gênero feminino.

 — Cheguei há pouco, com a intenção de rever minha pequena, e nem ao menos recebo um abraço de boas-vindas... — comenta tentando lhe chamar a atenção.

Infelizmente não obteve sucesso, a garotinha estava irredutível em sua decisão.

— Estou vendo a barra do seu vestido, saia daí Alicia! — resmunga — Por que está tão irritada comigo?

— Não te interessa, capitão Julius Black, por que não vai ficar com sua família e me deixa em paz?

— Porque sou seu pai, e não tolero desrespeito, caso não me atenda terei que tira-la a força. — responde já se irritando — Isso ainda tem a ver com Yasmim?

— Me deixa em paz, eu não quero falar com ninguém. — berra com a voz esganiçada.

Rapidamente Julius a puxa do buraco e a carrega para fora da gruta...

— Amanhã bem cedo irei partir e você virá junto! — informa se dirigindo a mansão Bancroft.

O primeiro pensamento de Alicia foi de que seria jogada no mar para morrer afogada e o medo lhe tomou conta, mas acabou se conformando, pois entendia que a culpa era sua por estar agindo daquela forma.

Ela foi entregue a avó que sempre lhe cuidava, desde bebê.

Não vira a mãe, a irmã ou o pai durante o resto do dia, o que era bem estranho, pois não era difícil se deparar com Yasmim fuçando em coisas alheias.

Dormira mal, pensando em como seria sua morte, se seria devorada por algum monstro marinho primeiro ou se afogaria antes de ver seu corpo se despedaçando nos dentes de algum monstro.

Mesmo depois de ter conversado com a avó, explicar a situação e receber uma risada calorosa seguida de uma reexplicação do máximo que poderia acontecer. Ficar pendurada de cabeça para baixo é o máximo que Julius te fará, dissera Amélia.

Mas Alicia não acreditou, preferiu levar a frente o pensamento maluco de que seu próprio pai a estava levando para a morte, e de certa forma estava, mesmo que ela não soubesse e não fosse intencional da parte dele.

Na manhã seguinte, Amélia a preparara para uma longa viagem... Uma pequena mala devia ser o suficiente para supri-la e do resto seu pai se encarregaria.

Desceram as escadas prontas para uma despedida, mesmo que breve, mas as duas nunca passaram tanto tempo separadas.

Julius se encontrava imponente ao lado de seu majestoso navio, o Pesadelo Marinho, com a tripulação preparando os últimos detalhes para a partida do velho navio. Apesar de não ser tão veloz, o navio era bem eficaz e claro que Julius tinha seus truques.

— Pronta? — questionou a encarando.

Alicia olhou para a avó que apenas acenou positivamente, encorajando a neta a embarcar sem medo algum. Um pressentimento ruim permeava a mente da pequena garotinha, sentia que algo inevitavelmente ruim aconteceria em breve, ou poderia simplesmente ser obra da sua imaginação.

— Sim, papai... — respondeu cabisbaixa.

Subiram ao navio após se despedirem de Amélia, a única ali presente.

Logo o Capitão deu partida e eles foram se afastando aos poucos do porto até desaparecerem no mar.

— Teremos uma semana bem agitada... — Julius comenta levando as malas e a filha para sua cabine.

O ambiente consistia em uma cabine comum, com a grande poltrona atrás da mesa de madeira, os armários abarrotados de mapas e objetos estranhos, uma porta no fim, qual levava para o pequeno quarto com a cama de casal, uma cômoda de madeira rustica, um baú ao canto direito e duas cadeiras dispostas ao lado da cama.

— Willians ficará responsável por você! — informa.

Na porta, um marujo na faixa dos quarenta anos, mas bem conservado, se matinha de prontidão para o que o capitão precisa-se.

— Comporte-se! — diz ao se retirar.

Apenas Alicia e o tal Willians se encontravam na cabine agora, nenhuma palavra era dita por ambos, só os olhares desconfiados e o silencio constrangedor que pairava.

Por dias, a rotina deles se resumia em saquear navios desavisados e beber até cair, com exceção de Julius, Williams e Alicia claro. A garotinha sentia-se confusa, eles não estavam indo para um destino aparente, pelo que tinha percebido, mas seu pai parecia lhe esconder algo.

Certo fim de tarde, uma tempestade inesperada os alcançou e a única alternativa era ancorar na ilha mais próxima, tiveram que esperar, mas o que Julius não sabia era que estava se metendo em uma emboscada, e pior ainda, com sua filha do lado.

Adentraram um pouco mais a mata daquela ilha, procurando algo que pudesse servir de abrigo. Os barulhos da chuva praticamente tornavam os perseguidores invisíveis e silenciosos, mas com toda a sua experiência, Julius sabia que havia algo de errado.

— Willians, tire-a daqui! — grita desesperado.

Porém, já era tarde demais, e os piratas circulavam sua tripulação.

A única saída do pobre marujo foi correr o mais rápido que suas pernas permitiam puxando a menina pelo braço, que quase não conseguia acompanha-lo.

Por sorte conseguiu sair da floresta, mas nunca chegaria ao navio a tempo. 

Foram cercados por alguns marujos de aparência medonha, que pareciam ter sede de sangue, com suas espadas manchadas, sem escolha, Willians teria que enfrenta-los para dar chance à menina de fugir.

Desembainhou a espada e partiu para cima dos piratas com todo seu furor, enquanto Alicia apenas observava estática, sem saber para onde correr.

Então, lembrara-se da pistola de pólvora que seu pai lhe dera horas antes e se preparou para atirar. Não eram muitos, cinco, talvez seis no máximo, com certeza conseguiria acertar ao menos a metade.

Deu o primeiro tiro, certeiro, bem na cabeça de um, o susto do coice da arma quase lhe desequilibrou, mas se manteve firme, como o pai ensinara. Dois vinham em sua direção, atirou de novo, de novo e de novo...

Grande fora sua felicidade ao perceber que os havia acertado.

Willians estava tendo um pouco de dificuldades, resolveu ajudar, mas logo a dianteira vinha mais para capturá-los. Alicia correu, acertou a perna dos outros dois, enquanto o marujo decapitou o terceiro.

Ele a pegou no colo e partiu em direção ao navio, apanhou a canoa largada na praia e remou, com a ajuda dela, para o navio.

Ao chegarem, não sabiam como fariam o navio se movimentar, com apenas um homem e uma garota para içar as velas e recolher a âncora...

Na praia, os perseguidores já vinham em canoas, velozes, prontos para o combate. No lado oposto ao seu, um navio estava ancorado próximo a praia, e a bandeira não deixava dúvidas, eram piratas, dos mais cruéis possíveis.

O desespero tomou conta dos dois que não tinham saída, Alicia começou a convulsionar, soando e se debatendo no convés, nunca lhe havia acontecido isso, e sem saber o que fazer, Willians apenas observava enquanto a menina perdia a consciência e os piratas invadiam o navio...

A última coisa que Willians vira fora o corpo da menina caído, enquanto o seu tombava por causa de um tiro.

O que apenas os marujos viram foi um brilho azulado tomar conta do navio e seus corpos sendo arremessados para as aguas turbulentas abaixo, a tempestade pareceu piorar e o navio começou a se movimentar sem ninguém no timão, e velozmente.

Cortou as aguas do oceano indo direto ao porto de Bancroft. Inconscientemente, Alicia, havia despertado seus poderes, algo que apenas bruxos e piratas muito poderosos podem fazer.

Na manhã seguinte, o Pesadelo Marinho atracou no porto de Bancroft, completamente ileso.

********

Semanas depois, Willians mancava com sua perna de pau, rumo ao quarto de Alicia, já era a quinta vez aquela semana que ele ia visita-la, sentindo culpa pelo acontecido.

A menina não falava, nem ao menos dormia direito, o corpo magro e pequeno, as orelhas arroxeadas, os olhos vidrados em canto algum deixava qualquer um com o coração apertado.

Ela estava pronta, há dias a rotinha dos dois se resumia a ir ao porto, observar o horizonte.

No fundo, mesmo sem admitir, esperavam que o capitão Julius Black ressurgisse do mar com sua tripulação em riste, pontos para saquear navios.

— Ele foi um bom homem, um bom capitão e um bom pai... — Willians suspirou.

O fraco sopro do vento os acalentava de uma maneira materna. A pequena já estava maquinando algo em sua cabeça, não tirava de si a ideia de vingar seu pai e tentar se redimir, pois de certa forma, sentia que a culpa disso tudo era sua.

— Já sei o que nós dois faremos. — sussurrou com a voz rouca.

Williams pulou de susto, espantado por tê-la escutado falar novamente. Logo se acalmou, era bom saber que a menina estava reagindo a tudo com bons resultados, mesmo que lentos...

— E o que seria, Alicia? — perguntou curioso, ao se lembrar do que ela dissera.

— Você irá me tornar uma capitã pirata. — respondeu — Iremos continuar o legado do meu pai.

Uma ideia bastante diferente do ele imaginava, mas já era um começo... Quando ela visse a dificuldade em ser pirata, desistiria, pensou, só que estava redondamente enganado!

DIAS ATUAIS - MANSÃO BANCROFT

A enorme pilha de vestidos sufocantes se amontoava sobre a cama de Alicia.

Tudo o que ela queria, enquanto observava o mar da janela de seu quarto, era poder sair e não voltar mais, viajar pelo mar, sem rumo nem preocupações... Mas já havia prometido a mãe que ficaria em terra firme e concretizaria seu casamento com o príncipe Carter, de Cristallum.

— Alicia, desça dessa janela e venha escolher um vestido! — Angeline resmungou impaciente.

— Eu não irei a essa festa, mamãe... — responde.

— Sim, você irá! — diz a puxando da janela — Escolha logo o vestido antes que eu o faça.

Sacudindo o braço e tentando tira-lo do aperto da mãe, Alicia tentava manter a calma.

— Me solte, mamãe, eu não irei e pronto.

— Querida, por favor, não comece com suas rebeldias hoje, já estamos atrasadas... — Angeline implica — O príncipe escolheu você como noiva, aceite se mostre interessada.

Bufando de raiva, se limitou apenas a pegar o primeiro vestido da pilha e esperou que sua mãe saísse do quarto.

Minutos depois, Amélia aparece prestativa e humorada como sempre, para ajudá-la a se vestir.

— Não precisa se dar ao trabalho vovó, não irei a esse baile, só concordei para que ela saísse de quarto. — informa se jogando na poltrona ao lado da cama.

— Sim, você, irá a esse baile menina.

Arqueando a sobrancelha, Alicia, desafiava Amélia a obriga-la a levantar da poltrona e pôr o vestido, seu ânimo para festas estava igualmente péssimo quanto sua vontade de se casar com um príncipe estúpido.

— Veremos... — Alicia cruzou as pernas, por baixo da enorme saia do vestido que usava.

********

Como sempre, Amélia havia vencido o jogo e Alicia estava mais uma vez na presença dos nobres mesquinhos...

Não importa o reino, seja Bellum, Magicae ou Cristallum, os mais favorecidos sempre serão egoístas e irão pensar primeiro neles e em suas fortunas, na verdade esse é um dos males dos seres humanos.

— Vinte anos e não dispunha de ao menos um filho... Nem sequer chegou a se casar! — Condessa Matilde provocava cinicamente — E ainda por cima condena a irmã que é obrigada a esperar para poder se casar.

— Yasmim pode se casar quando ela quiser, se não o faz é porque não deseja. — Alicia rebate.

— Além do mais, todos sabem que o príncipe resolveu esperar para consumar o casamento... — Angeline se intromete.

— Bobagens, sua filha que obrigou o pobre coitado a passar por essa humilhação... Sabe-se lá com quem ela está se metendo e quantos homens já satisfez.

Esse era o estopim, o cumulo da vulgaridade, a Condessa sabia bem como irritar alguém.

— Não sou tão baixa quanto a senhora, Condessa Matilde, não tive homem algum em todos os meus vinte anos de vida... — Alicia resmunga.

— Não é o que andam dizendo... — a Condessa ainda insistia.

As duas se encaravam como duas onças prontas para se atracarem, todos sabiam da inegável aversão da Condessa para com Alicia, isso já era fato, mas o que ninguém sabia é que esse fato surgiu porque em certa ocasião, a filha da Condessa teria se deitado com o tal príncipe, a fim de conseguir firmar um casamento, porém não obteve sucesso.

— Bom dia, Condessa Matilde. — Yasmim cumprimenta amável.

— Bom dia, querida!

— Que bom vê-la novamente. — quem visse, diria que a moça era um amor de pessoa — Mamãe, o rei solicita sua presença e acho que falou algo sobre você também, Alicia.

— Oh, já que terão que se retirar, irei colocar as conversas em dia com algumas amigas que chegaram de viajem... Com licença. — Matilde se despede cantarolando.

Os alheios as provocações recentes, poderiam jurar que tudo não passou de uma simples conversa agradável.

— Vamos logo. — Alicia pediu impaciente.

As três seguiram rumo ao encontro do rei, em uma seção mais alta, imitando a sala do trono, onde eram dispostos na mesma ordem.

— Oh, que prazer em ter as mulheres mais belas reunidas em um só lugar novamente. — Carter comenta abraçando Alicia que se conteve para não empurra-lo.

O motivo de Carter ter escolhido Alicia, e não Yasmin, como sua noiva, era simplesmente por ser extremamente bela, e saber bem disso, tudo para o príncipe se resumia a status e beleza. Porém, a jovem nunca fora de utilizar de sua aparência para conseguir algo, mesmo que Alicia não aparentasse a idade que tinha.

— Bom vê-los de novo... — Angeline cumprimenta com uma reverência.

— Estávamos a espera de nossa futura nora, afinal essa festa será a última que participará como solteira... — o rei diz alegremente.

Cada palavra era como um tapa em sua face, não importava o que fizesse, iria estar amarrada a Carter, dentro de duas semanas...

— Nossas famílias se tornarão ainda mais unidas... — Yasmim se pronuncia.

Essa era a deixa para que Alicia se afastasse de fininho enquanto sua "família" conversava sobre a possível vida que ela teria e todas as coisas "maravilhosas" que iriam ocorrer dali para frente.

Encostou-se e na beirada da mureta que circulava o pátio de festas do palácio e observou o mar com toda a sua calmaria. Queria ela poder estar navegando, bem longe dali, naquele exato momento para não ter que passar por isso, fingir ser quem não era, isso a destruía por dentro aos poucos e nem mesmo sabia o porquê de não ter escolhido o caminho da liberdade ainda.

Ao virar o rosto para o porto de Cecília, um navio chamou-lhe a atenção, não por estar tão próximo ao palácio, mas pela cor negra e a bandeira com manchas vermelhas, muito parecidas com sangue.

Só podia significar uma coisa, piratas, mas seria impossível, pois desde que a capitã Kira começou a dominar essa parte do oceano, raramente se via outros piratas circulando, ainda mais dentro do reino.

Correu para avisar a guarda real, porém já era tarde demais.

Os gritos de desesperos vindos dos nobres era algo cômico de se ver, ainda mais quando eles estavam mais preocupados em salvar as suas joias, ao invés dos filhos e a própria pele.

— Alicia! — Carter a puxa para longe da confusão — Não precisa ter medo, não vou deixar que te façam mal, meu amor.

— Ah, por favor, Carter, me poupe e se poupe. — resmunga.

— Vamos todos morrer! — Yasmim grita desesperada.

— LEVEM A FAMILIA REAL PARA DENTRO! — o capitão da guarda ordenou.

Logo, vários guardas os levam para o palácio, enquanto os piratas saqueavam, ou pelo menos botavam muito medo nos nobres.

Alicia se desvencilhou dos guardas e correu para fora novamente, no entanto, não encontrou nem rastro dos piratas e as joias estavam jogas pelo chão. O navio já havia dado partida, o que lhe restou apenas observa-lo se distanciar...

*********

— Era só o que me faltava, ser assaltada por piratas! — Yasmim resmungou subindo as escadas com passos pesados.

— O que aconteceu? — Amélia pergunta estranhando tudo.

— O palácio foi invadido por piratas... — Alicia responde seguindo rumo as escadas.

Enquanto Angeline explicava todo o ocorrido, a jovem se preocupou apenas em tirar o maldito vestido que a sufocava e tomar um longo banho.

O descanso lhe foi merecido, assim, Alicia teve tempo para poder pensar direito, traçar um plano para descobrir o que estava acontecendo. Trocou de roupa, um vestido mais leve e sem tantos arabescos, desceu as escadas sem se preocupar que ainda nem havia almoçado, mas a fome não lhe importunava no momento.

Caminhou até o porto, até onde um pequeno barco de pesca, que na verdade servia de vigília, estava ancorado.

Bateu no casco com força esperando a resposta vir.

— Devagar, já estou indo... — ele responde na terceira batida.

— O palácio é invadido por piratas e você fica aí, dormindo? — Alicia questiona irritada.

O senhor a sua frente parecia um tanto confuso em relação ao que estava acontecendo, pois ainda não conseguia manter os olhos abertos, devido o sono.

— Como assim, ca... quer dizer, srta. Alicia? — Sr. Willians questiona.

— Alguns piratas se atreveram a invadir os domínios de Kira, e isso não vai ficar assim! — responde — O mais estranho é que não levaram nada, pareciam apenas querer assustar a realeza.

— E o que faremos? — pergunta com os olhos arregalados.

— Reúna a tripulação e aprontem o navio, partiremos antes do amanhecer... — diz já voltando a mansão.

— E quanto ao mapa? — interroga — Tínhamos planos de ir atrás do tesouro.

Ele se referia ao mapa de um antigo tesouro pirata que foi perdido por um temido capitão, após ter sido amaldiçoado. Kira procurou por ele incansavelmente, fora mais fácil encontrar o baú com o mapa do que esperava, mas acreditava que a busca pelo tesouro seria mais difícil.

— Esqueça ele, temos algo mais urgente, além do mais, o tesouro não sairá do lugar... — resmunga

O pobre homem nem teve tempo de perguntar qual era o plano, apenas obedeceu sem pestanejar, agora ela iria mostrar que com uma mulher não se brinca, ainda mais se essa mulher for a Capitã Kira!

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