Tentei mais algumas vezes sem sucesso, sem deixar de olhar o tempo todo para o lado como se pudesse enxergar alguma coisa, mantendo sempre bem forte a pedra em minha mão. Eu precisava me concentrar. Só existia uma pedra. Só me restava uma chance. Desisti da porta e caminhei para o lado à procura de alguma janela ou qualquer outra coisa que conseguisse encontrar, mas não achava nada. Eu não conseguia sair. Algumas lágrimas caiam por meu rosto em um completo desespero. Eu queria gritar, mas tinha medo de chamar a atenção de Dorger. Eu não sabia mais o que fazer. Senti alguma coisa passar por trás de mim. Virei depressa. Não tinha nada, mas eu não podia me dar ao luxo de acreditar naquilo. Segurei a pedra mais firmemente pronta para atacar qualquer criatura. Dei um passo à frente tomando coragem, mas o rosto pálido de Elisabeth surgiu fazendo com que eu emanasse um grito enquanto sentia seus braços me atirarem para trás. Minha cabeça latejou ao ir de encontro a parede dura enquanto mi
Meus olhos ardiam à medida que eu tentava abri-lo. Pisquei algumas vezes, mas a lâmpada bem acima da minha cabeça continuava a incomodar. Quem foi o idiota que colocou essa lâmpada aqui? Tentei abrir meus olhos novamente prestando atenção ao que estava acontecendo. Tinha total consciência de que havia dormido na casa de Nathan, mas lá não tinha essa lâmpada maldita. Onde eu estava? Concentrei-me no que estava acontecendo ao redor e pude perceber, pela primeira vez naquele momento, a pouca movimentação que deixava o ambiente quase silencioso a não ser pelo baixo volume de algo apitando. Senti também o cheiro, um cheiro nauseante de produto químico, desesperança e morte. Aquele cheiro que eu mais temia em toda minha vida e que estava sendo obrigada a sentir muito mais do que eu gostaria. — Eu acho que ela está acordando. — Ouvi a voz de Lia. Eu estava no hospital. Abri novamente meus olhos. A única diferença é que agora meu desespero estava refletido no olhar das pessoas que me obs
Eu sabia que iria me arrepender disso mais tarde, mas meu corpo não conseguiu deixar de percorrer os corredores à procura do quarto que recentemente havia entrado. Olhava ao redor a cada passo tendo o cuidado de não estar sendo seguida por alguém. Eu estava tão ansiosa que estava começando a sentir vontade de ir ao banheiro. — Respira, garota! Essa pode ser sua única chance. — Tentei me acalmar. Naquele instante só existia uma pessoa que eu podia contar. Eu mesma. Então tentei me concentrar para manter o controle, que eu geralmente gosto de ter, de forma que me assegurasse de que nada daria errado. Alguns minutos depois, cheguei ao quarto de Marcos. Espreitei pela porta. Observei-o ficar deitado imóvel por uns segundos e assim de que me convenci que eu estava segura, tomei coragem e entrei. — Ok, ele não tem nada para fazer amanhã mesmo. — Me aproximei em passos leves com receio de que ele acordasse antes de eu ter total certeza de que seguiria em frente. Olhei novamente para a por
— E depois disso? — Perguntei. — Depois vocês morreram. Não foi fácil para mim vê-la caída ali, como eu pensava que seria. Mas eu não tive nem a chance de chorar por você. Em poucos segundos a mulher que me ajudara veio me consolar, seus lábios tão macios logo preenchendo os meus até que senti uma dor alucinante em meu peito. Olhei para Dorger novamente, mas aquela mulher havia desaparecido deixando um ser diferente ali bem diante de mim. Sua pele exalava um cheiro pútrido e seus olhos se reviram por suas órbitas. Ela era outra coisa. Eu fiquei apavorado. Suas unhas cravaram meu coração da mesma forma que o seu, só que não parou por aí. Seus lábios, agora ásperos, machucavam minha pele à medida que seus dentes arrancavam lentamente cada parte de mim. Eu não sei o que ela fez, mas eu demorei dias enquanto ela saboreava lentamente minha pele e meus órgãos. Eu desejei já ter morrido, assim como você. "Depois disso venho reencarnando todas as vezes a uma vida vendo você e Frederick send
Aquela tinha sido sem sombra de dúvida a pior ideia que eu já havia tido na vida. E olha que eu já tive várias horríveis. Onde já se viu a pessoa sair por vontade própria de seu quarto para ir atrás de um cara que na idade média quis matá-la? Eu era uma grande idiota! Tentei movimentar meu corpo sem sucesso começando a me arrepender amargamente por não ir na academia e agora ter dois palitinhos de braços completamente inúteis nessa situação. Me debatia sem sucesso enquanto balançava as pernas desesperadamente. – Mi lirgui – Tentei dizer, mas Marcos não tirava seu peso de cima de mim. – Por que eu faria isso, hein? Se não tem ninguém aqui para te ouvir. – Eu esperava que tivesse alguma câmera em qualquer lugar que pudesse alertar alguém sobre um paciente enfurecido em cima de mim. – Como eu posso fazer isso quando estou aqui tão perto de você? – Ele cochichou em meu ouvido conforme apertava seu quadril para mais perto de mim. Sua respiração acelerada queimava minha pele e a pressão
2 dias para o fim. Os dias seguintes acabaram passando rápido demais, mesmo eu dormindo poucas horas. 24 horas por dia não eram suficientes quando me restava tão pouco. Quando eu sabia que seria o fim. Será que isso era bom? Nem todo mundo tem a chance de se despedir e eu tenho. Eu deveria ser grata? Mas eu não poderia ser porque sabia que se não acabasse ali, teriam mais 25 anos de outra vida. Outra vida sem essa minha mãe e sem Lia. Eu não quero outra vida, eu quero a minha. Meu aniversário simples que eu fiz questão que fosse em nosso pequeno apartamento acabou sendo bem mais do que eu imaginava. Não pelas pessoas que viriam, mas por toda a transformação no apartamento. – Como você fez isso em tão pouco tempo? – Perguntei boquiaberta para Rafael que analisava orgulhoso seu recente trabalho. – Está incrível, não é? E estava mesmo. Eu só havia dito para ele tudo o que eu havia imaginado, além de participar da compra de todo material. Porém o resultado final estava apenas desc
1 dia para o fim. Parecia que eu tinha que escolher um passado ou um futuro, Lia ou Nathan, Minha melhor amiga ou meu namorado, e eu odiava essa sensação mais do que qualquer outra coisa. Por que eu simplesmente não podia escolher os dois? Eu mereço os dois, caramba! Eu nem estou aqui pedindo para ser rica, ter um carro e etc., eu só queria permanecer tendo a vida que já tenho. Um apartamento alugado dividido com outra pessoa, um emprego que me desse o suficiente para pagar minhas contas e comprar o que eu quisesse e a possibilidade de sonhar com novas conquistas. Parece até ironia. Todo mundo insatisfeito querendo algo a mais e eu aqui me humilhando para continuar onde já estou. Sinceramente viu! Indecisões fazem parte da vida. Ficamos indecisos escolhendo carreiras, cursos, empregos, pessoas e tantas outras coisas. Por que seria diferente comigo? O único problema é, que nesse caso, isso poderia implicar na minha morte. Na verdade, não parecia existir bem uma escolha. Eu preci
A intenção era ficar com Lia aqui em casa, mas acabei preferindo levá-la para almoçar na casa da minha mãe, que ficou feliz em comprar comida para todos nós. Convidei também os pais de Lia, ficando um pouco mais animada, já que aquilo me trazia um gostinho de infância, um sabor de lar, aconchego e segurança. Definitivamente o que eu mais presaria nesse momento. – É tão bom ver as duas aqui juntas. – Minha mãe comentou. – Parece que voltei para um tempo tão distante. Só faltou seu pai. – Ela colocou suas mãos acima da minha. – Ele ficaria tão orgulhoso de você. De vocês dois. – Sua voz vacilou um pouco à medida que ela tentava inutilmente não chorar. – Desculpem-me – Ela riu constrangida passando suas mãos delicadas por seu rosto avermelhado. – Acho que estou um pouco sensível hoje. – Disse tentando disfarçar, mas seus olhos tristonhos se voltaram para mim a entregando e fazendo que outra lágrima surgisse em meus olhos. Ultimamente eu estava chorando demais. Era doloroso, mas ao mesm