Assim que chegamos e eu deixei os garotos em sua casa, fui direto para a casas da Débora antes que algo me fizesse mudar de ideia. Estacionei depressa em frente à casa de Débora indo direto para seu quarto, já que sua governanta havia me deixado passar. Espiei rapidamente por sua porta entreaberta e vi Débora deitada em sua cama, distraída lendo algum livro. Quando já estava batendo em sua porta, a garota me notou, parecendo de início um pouco surpresa, logo depois sorrindo para mim. – Nathan? Oi, eu pensei que estivesse viajando. – Eu estava. Acabei de chegar. – E olhar seu rosto me lembrou daquela sensação de não saber como confessar algo, da mesma forma como ocorreu quando contei para minha mãe sobre meu pai. – Podemos conversar? – Claro. Entre. – A menina me puxou gentilmente para dentro, fechando a porta em seguida. Débora era uma garota tão doce, perfeita aos olhos de todos. Aquilo me deixava mil vezes mais nervoso. Passei minhas mãos suadas uma na outra na tentativa falha
– Você terminou com a Débora e está namorando outra? – JP me perguntou espantado. – Já estava na hora! – Sorri achando graça. – Só o nome que estraga, Isabelle da má sorte. Ela tem um apelido? – Nada que você não tenha chamado a sua Isabelle. – Meu nada. Só dela e seja lá de quem aguenta. – Que coincidência que duas Isabelles tenham bagunçado nossas vidas, não é? – Espero que a sua de uma forma mais positiva. Pedro e Isa foram as únicas pessoas as quais contei sobre meu relacionamento com Belle, já que evitava tocar nesse assunto antes que Débora finalmente dissesse sobre nosso término aos pais dela. Aquilo demorou mais tempo do que eu pretendia, mas depois de algumas leves pressões por minha parte, finalmente aconteceu. Não posso deixar de ter a sensação de que Débora aproveitou muito de nosso relacionamento para ter uma vida às escondidas que não queria deixar de ter. Era estranho como parecia que só depois de me afastar, eu havia finalmente compreendido Débora. Pude entender q
– Pode ir, JP. Já está tarde. Daqui a pouco vamos falir só de hora extra. – Comentei porque no fundo não queria que JP estivesse ali quando eu tivesse certeza que meu pai tinha feito algo de errado. – Até parece. – Ele bufou. – Você tem certeza? Eu posso ficar, nem precisa me pagar. – JP, que isso. Até parece, digo eu. Você sabe que não é por isso. – Ele sabia que era porque no fundo eu me sentia muito envergonhado. – Tudo bem. Mas você também deveria ir. Não tem uma festa com sua namorada? – Disse ele se referindo à festa de Rafael. – Tem. – Coloquei minha mão na testa ao me lembrar disso. – Você quer vir? – Não mesmo. – Por quê? – Ri fraco de sua expressão. – Vocês não tinham resolvido isso? – Sim, mas não vamos exagerar, não é? Mas vai você e se divirta um pouco. Você está parecendo um morto, de verdade. Precisa descansar. – Como confirmação esfreguei um pouco meus olhos, sentindo talvez pela primeira vez como que por baixo de toda a agitação eu estava exausto. – Ok. Chegu
Antes mesmo de falar com Belle, Débora apareceu em minha casa aflita. Seus olhos marejados e angustiados através de seu rosto pálido, me deixou alarmado assim que Débora adentrou apressada por meu apartamento. – O que foi? – Já perguntei nervoso antes mesmo de saber o porquê. – Eu preciso da sua ajuda. – Está bem. Pode falar. Débora não falou de imediato fazendo com que sua aflição começasse a me preocupar mais. – Fale de uma vez, Débora. O que houve? – Você não vai gostar. – Disse num tom que indicava que ela havia feito alguma besteira. – Tudo bem, pode falar. – Menti. – Eu estou grávida. – O jeito que Débora me contava aquilo como se eu estivesse envolvido na situação, me deixou alarmado imaginado minha futura vida como pai de uma criança me fazendo entrar em desespero, até me dar conta de que não existia aquela possibilidade. – Parabéns? – Tentei. – Ou não? O que você quer fazer? – Eu estou desesperada. Eu não sei o que fazer, não estava esperando por isso. – Tudo bem.
Felizmente nada de ruim havia acontecido com Belle e em pouco tempo ela já tinha sido liberada pelo médico. No entanto, Lia ainda estava desacordada, deixando todos nós naquela sensação angustiante de não saber o que vai acontecer. Principalmente Belle. Uma das coisas que mais admirava em Belle era a relação que ela havia construído com Lia. Não podia deixar de sentir um pouco de inveja às vezes, pois sentia que não importa o quanto Belle e eu fossemos próximos, nunca teríamos algo tão forte como o que ela havia construído com Lia. Era um pensamento bobo, já que eram relações completamente diferentes, mas não podia deixar de ter a impressão de que o que eles tinham, eu nunca havia tido com ninguém. Tentei falar com Belle, mas ela estava chateada e eu compreendia. Era mesmo algo horrível, eu queria que ela tivesse tempo para absorver tudo aquilo. Quando soubemos que Lia havia acordado, um alívio imenso invadiu meu corpo. Por ela e também por Belle. Ela não costuma chorar na frente d
Belle's pov– Alô. – Atendi Lia já impaciente. – O que foi? – O Marcos apareceu. – Lia soltou depressa, sua voz demonstrando claramente uma agitação que rapidamente atravessou a linha até mim. – Ai meu Deus! – Foi a única coisa que consegui dizer. Olhei aflita para Nathan enquanto este demonstrava uma leve preocupação ao observar minha reação. – O que foi? – O Seu Marcos apareceu. Lia desceu imediatamente, sem nem se importar que estávamos no carro de outra pessoa. Seus passos seguiram apressados em nossa direção, entrando no carro ofegante despejando: – Ele está no hospital. Vamos imediatamente para lá. – Como ele está no hospital? O que aconteceu? Como você soube? Quem te disse? – Não conseguia me controlar. – Ele está bem? – Interrompeu Nathan. – Eu não sei. O síndico que acabou de me avisar. Acho que ele estava esse tempo todo no hospital. – E como ninguém sabia disso? – Nathan continuou enquanto ligava o carro novamente. – Acho que ele estava desacordado. – O síndico
Só conseguia ouvir os passos de Lia vindo atrás de mim enquanto eu corria desesperada para longe dali. Mesmo de longe os gritos de Marcos continuavam alto deixando as pessoas no corredor curiosas e alarmadas. Continuei correndo mais depressa, até que quando percebi meus braços contornavam ansiosos o pescoço de Nathan. – O que aconteceu? – Mas eu não conseguia responder. Meus lábios não conseguiam emitir palavra alguma, apenas um choro infantil, que eu não conseguia controlar, saia por minha boca, acompanhado por um soluço constrangedor. Minha garganta parecia fechada e meu corpo todo tremia enquanto Nathan me amparava carinhosamente em seus braços. – O que aconteceu? – Perguntou para Lia, mas não a ouvi responder. Eu não conseguia processar nada com clareza e talvez Lia também não. Eu só queria sumir daquele lugar. – Olá. Tirei meu rosto da clavícula de Nathan, sem me desvencilhar totalmente de seu abraço. Uma mulher se aproximava de nós, revelando através de seu uniforme branco,
2 semanasEu não queria pensar na minha última conversa com Nathan e menos ainda no meu porteiro fantasma. Qualquer uma das alternativas me dava vontade de me tacar pela janela. Eu só queria me concentrar em uma coisa e direcionar toda minha energia naquilo. Qualquer coisa. Peguei um livro, mas não deu muito certo. Eu não conseguia prestar atenção nas palavras enquanto minha mente estava tão inquieta. Não conseguia parar. Não quando uma fagulha de mim acreditava que aquela poderia ser minha melhor alternativa. Deixar o Brasil e ir com Nathan para um lugar bem distante onde eu não pudesse fazer mal a ninguém. Bom, talvez a Nathan. Eu não sei. Será que eu faria mal a ele ou será que ele resolveria tudo? Se ele fosse mesmo Frederick, eu teria acertado. Eu teria escolhido minha alma gêmea em meio a qualquer coisa que pudesse nos separar. Não foi isso o que aconteceu nesse tempo todo? Não era isso que estava acontecendo agora? Quem garante que não foi Dorger que implantou a sementinha