Só conseguia ouvir os passos de Lia vindo atrás de mim enquanto eu corria desesperada para longe dali. Mesmo de longe os gritos de Marcos continuavam alto deixando as pessoas no corredor curiosas e alarmadas. Continuei correndo mais depressa, até que quando percebi meus braços contornavam ansiosos o pescoço de Nathan. – O que aconteceu? – Mas eu não conseguia responder. Meus lábios não conseguiam emitir palavra alguma, apenas um choro infantil, que eu não conseguia controlar, saia por minha boca, acompanhado por um soluço constrangedor. Minha garganta parecia fechada e meu corpo todo tremia enquanto Nathan me amparava carinhosamente em seus braços. – O que aconteceu? – Perguntou para Lia, mas não a ouvi responder. Eu não conseguia processar nada com clareza e talvez Lia também não. Eu só queria sumir daquele lugar. – Olá. Tirei meu rosto da clavícula de Nathan, sem me desvencilhar totalmente de seu abraço. Uma mulher se aproximava de nós, revelando através de seu uniforme branco,
2 semanasEu não queria pensar na minha última conversa com Nathan e menos ainda no meu porteiro fantasma. Qualquer uma das alternativas me dava vontade de me tacar pela janela. Eu só queria me concentrar em uma coisa e direcionar toda minha energia naquilo. Qualquer coisa. Peguei um livro, mas não deu muito certo. Eu não conseguia prestar atenção nas palavras enquanto minha mente estava tão inquieta. Não conseguia parar. Não quando uma fagulha de mim acreditava que aquela poderia ser minha melhor alternativa. Deixar o Brasil e ir com Nathan para um lugar bem distante onde eu não pudesse fazer mal a ninguém. Bom, talvez a Nathan. Eu não sei. Será que eu faria mal a ele ou será que ele resolveria tudo? Se ele fosse mesmo Frederick, eu teria acertado. Eu teria escolhido minha alma gêmea em meio a qualquer coisa que pudesse nos separar. Não foi isso o que aconteceu nesse tempo todo? Não era isso que estava acontecendo agora? Quem garante que não foi Dorger que implantou a sementinha
– Você disse festa? – Rafael respondeu animado. – É claro que eu ajudo. Eu achei incrível o tema. Consigo já imaginar, vai ser a melhor festa, prometo. – Eu sei que vindo de você vai, mas eu não quero atrapalhar. Sei que você tem estado muito ocupado... – Relaxa. Eu não perderia isso por nada. Thiago e eu vamos ajudar. – Vamos? – Ouvi Thiago respondendo do outro lado. – Claro. – Rafael intimou. – Pode contar com a gente. – Sorri do outro lado da linha já conseguindo visualizar tudo em minha mente. Definitivamente aquela seria uma festa maravilhosa com Rafael no comando. Ele sempre teve muito bom gosto para isso. – Mas não esquece que é uma festa para poucas pessoas, ok? – Eu queria que estivessem ali só aqueles mais próximos dos quais eu pudesse me despedir. – Ah, Belle. – Ele bufou desanimado. – Se você prefere... Desliguei o celular alguns minutos depois, não antes de deixar bem claro para Rafael que o que eu queria dizer com festa pequena era realmente uma festa pequena esti
Uma semanaExistiam muitos sentimentos dentro de mim e um deles se não era ódio, era algo bem próximo. Como eu pude conviver com aquele filho de uma égua durante tantos anos e nunca suspeitar? Ele era tão adorável, isso me irritava mais do que qualquer outra coisa. Eu sentia um carinho pelo cara que mandou alguém me matar! Espero honestamente que ele tenha sofrido tanto quanto fez Frederick e eu sofrer. Espero mais ainda encontrar Frederick e ser feliz para sempre com ele, enquanto a pele de Marcos fique bem quentinha do lado do chifrudinho. Aquele filho da... O tic e tac do relógio continuava passando e eu estava em desvantagem. Eu precisava decidir. Não existia mais tempo. Embora a decisão parecesse bem óbvia. Eu precisava ir com Nathan. Essa era a única maneira de tentar me salvar e não colocar mais ninguém em perigo. Eu era como uma bomba prestes a explodir que precisava urgentemente ser tacada para longe para evitar o máximo de mortes possíveis. Aquele homem da camisa polo e
– Ok, Belle. Tenha controle sobre sua vida. – Peguei meu celular e solicitei o número de Nathan. Era só apertar um botão. Não era tão difícil. Nathan atendeu alguns segundos depois. Sua voz gentil de repente me emitindo alguma calma. – Oi, Belle. – Oi, Nathan. Está ocupado? – Estou não, pode falar. – Suspirei alto ao passo que me encorajava mentalmente a continuar. – Eu pensei sobre Nova York. – Certo. E... – sua voz não pode deixar de assumir um tom mais ansioso. – E eu quero ir com você. – Falei depressa antes que mudasse de ideia. – Sério? – Ele parecia mais surpreso do que eu imaginei. – Quer dizer, isso é incrível... eu, meu Deus... ok. – Ele soltou um pequeno riso. – Que bom que você aceitou. Me sinto até mais aliviado. Eu odiei a ideia de ficar longe de você. – Eu também. – Confessei. Essa era a parte positiva em toda aquela história. – Eu gostaria de ir um dia depois da festa do meu aniversário. – Mas já? Tem certeza? Você não quer... – Tenho. Da para resolver as
Meu coração ficava um pouco mais acelerado enquanto esperava Nathan do outro lado da porta. Pude ouvir seus passos apressados vindo para mais perto de mim. – Oi. – Ele disse sem fôlego ao abrir a porta. Seu rosto parecia um pouco mais vermelho e presumi que talvez Nathan estivesse tão nervoso quanto eu estava naquele momento. Eu estava triste e acabada psicologicamente de várias formas, mas naquele segundo só existia uma coisa que eu queria fazer. Colocar meus pensamentos para escanteio e beijar Nathan. – Oi. – Mal respondi. Em menos de um segundo eu já havia me aproximado colocando nossos corpos o mais perto possível um do outro conforme o beijava desesperadamente. Eu sentia como se tivesse passado muitas horas no deserto e aquele era o primeiro contato que eu tinha com água. Nathan pareceu não se importar também enquanto fechava a porta desajeitadamente com os pés e me direcionava pelo espaço esbarrando em uma série de coisas que muito provavelmente nos causaria alguma marca rox
Tentei mais algumas vezes sem sucesso, sem deixar de olhar o tempo todo para o lado como se pudesse enxergar alguma coisa, mantendo sempre bem forte a pedra em minha mão. Eu precisava me concentrar. Só existia uma pedra. Só me restava uma chance. Desisti da porta e caminhei para o lado à procura de alguma janela ou qualquer outra coisa que conseguisse encontrar, mas não achava nada. Eu não conseguia sair. Algumas lágrimas caiam por meu rosto em um completo desespero. Eu queria gritar, mas tinha medo de chamar a atenção de Dorger. Eu não sabia mais o que fazer. Senti alguma coisa passar por trás de mim. Virei depressa. Não tinha nada, mas eu não podia me dar ao luxo de acreditar naquilo. Segurei a pedra mais firmemente pronta para atacar qualquer criatura. Dei um passo à frente tomando coragem, mas o rosto pálido de Elisabeth surgiu fazendo com que eu emanasse um grito enquanto sentia seus braços me atirarem para trás. Minha cabeça latejou ao ir de encontro a parede dura enquanto mi
Meus olhos ardiam à medida que eu tentava abri-lo. Pisquei algumas vezes, mas a lâmpada bem acima da minha cabeça continuava a incomodar. Quem foi o idiota que colocou essa lâmpada aqui? Tentei abrir meus olhos novamente prestando atenção ao que estava acontecendo. Tinha total consciência de que havia dormido na casa de Nathan, mas lá não tinha essa lâmpada maldita. Onde eu estava? Concentrei-me no que estava acontecendo ao redor e pude perceber, pela primeira vez naquele momento, a pouca movimentação que deixava o ambiente quase silencioso a não ser pelo baixo volume de algo apitando. Senti também o cheiro, um cheiro nauseante de produto químico, desesperança e morte. Aquele cheiro que eu mais temia em toda minha vida e que estava sendo obrigada a sentir muito mais do que eu gostaria. — Eu acho que ela está acordando. — Ouvi a voz de Lia. Eu estava no hospital. Abri novamente meus olhos. A única diferença é que agora meu desespero estava refletido no olhar das pessoas que me obs