GISELLEEu perguntei, estupefata, quando finalmente consegui me mover. — Não é óbvio? — Ele me perguntou num tom de puro tédio — Ou além de má, você também é imbecil?Eu respirei fundo. Ele não podia falar daquele jeito comigo! — Eu sou a sua Luna. Exijo que se deite na cama e consuma o nosso casamento!Eu bati o pé e apontei para a cama. Então, a temperatura no quarto pareceu cair vários graus, do nada. Milah se encolheu completamente e Kurt soltou uma risada baixa que enviou calafrios pela minha espinha. — Você… Exige? — Ele perguntou, olhando por sobre o ombro e, mesmo naquela posição, os olhos azul-esverdeados dele pareciam queimar em chamas de ódio. Eu quis responder, mas senti minha garganta fechando e em um piscar de olhos, Kurt estava pressionando-me contra a parede — Você não exige nada! Se acha que é a minha Luna, está muito enganada! Eu nunca vou aceitá-la. Nunca consumarei esse casamento!— Você… — Eu tentei falar, enquanto segurava a mão dele. Ele nem se moveu — Disse
KURTEla bufou, irritada. Dane-se! Não dou a mínima para os sentimentos dela. Não quando ela não teve a menor consideração com Rosa. Ouvi quando ela bateu à porta ao sair e eu dei de ombros, arrumando as minhas coisas. Fui para um dos quartos de hóspede e Giselle, que estava com a porta do quarto dela aberta, franziu o cenho para mim. — Pensei que fosse ficar no seu quarto — Ela disse, com a sobrancelha levantada. — Eu não poderia dormir na mesma cama que você sujou, Giselle. Por hoje, ficarei aqui. Mas já dei ordens para que aquele colchão seja queimado. Como eu não olhei para o rosto dela, não poderia dizer como era a cara dela de frustração, mas eu farejava os sentimentos dela, querendo ou não. — Como pode dizer isso? Eu serei a mãe dos seus filhotes!— Em outra vida, talvez. Ela ficou na porta do meu quarto e me olhou, desafiadora, pois eu agora olhava para ela e podia afirmar isso. Os braços de Giselle estava cruzados na frente do peito dela. — É mesmo, Kurt? Ou você tem
ROSA— Kurt… Vamos fazer amor por aqui. Para nos despedirmos, por hora.Nós já tínhamos brincado pelo telefone, quando ele às vezes estava trabalhando e surgia um tempinho, mas não podia ir ficar comigo. — Fazer amor com você… Eu quero demais, Rosa — Ele falou e ouvi som de tecido. Acho que a colcha dele. Logo, ouvi o barulho de mensagem no meu telefone — Mandei uma prova do que estou falando. Quando eu abri a mensagem, era um nude dele. — Ah, Kurt… Ele tá prontinho pra ser chupado — Eu falei, sentindo as minhas bochechas ficando vermelhas, queimando, mas eu adorava poder me sentir tão livre com ele. Ver o membro dele, ali… Eu queria entrar pela tela. O gosto delicioso dele foi ativado na minha memória e a minha boca se encheu d’água. — Ele é todinho seu. Só seu — Kurt falou mais rouco — Chupa ele, meu amor. Passamos a noite conversando e sim, eu não tenho vergonha de dizer que mandei nudes meus. Eu não tinha vergonha de me mostrar para ele, não mais. No dia seguinte, eu estava
ROSA— Ótima pedida! Então, você gosta de aventuras?— Eu acho que sim. É uma forma de eu poder ser “livre”, sabe? É como se eu mesma estivesse viajando por ali. — Mmm, eu gosto desse livro, mas prefiro romances trágicos — ela falou e a expressão no rosto dela mudou para uma de sofrimento. — Eu sempre choro quando Otelo asfixia Desdêmona. — Eu… Eu não conheço… — Falei, me sentindo insegura. Como ela podia gostar do homem asfixiando uma mulher? Ela rapidamente me olhou e segurou a minha mão. — Quer conhecer? Vem, vem!Ela me puxou para uma parte da biblioteca e me mostrou vários livros com jeito de antigos. Ela procurou por algo e assim que encontrou o que queria, ela o tirou da prateleira e o mostrou para mim. “Otelo, o Mouro de Veneza”, de William Shakespeare.— É maravilhoso! Claro, se você gostar de peças — Ela limpou a garganta — “Acautelai-vos, Senhor, do ciúme. É um monstro de olhos verdes, que zomba do alimento de que vive. Vive feliz o esposo que, enganado, mas ciente do
ROSAO dia com Gini foi maravilhoso! Eu não tinha noção de como poderia ser bom estar trabalhando! Não como escrava, mas como uma trabalhadora que seria paga.No bando com Kurt, eu tinha Ária para conversar e ela era ótima, mas não era da minha idade e basicamente falávamos da cozinha e do bando. Ali com Gini, além de poder interagir com alguém da minha idade — ela tinha vinte e três anos, em realidade —, eu pude falar de muitas coisas e nenhuma delas tinha a ver com lobisomens. Eu amava Kurt, amava as pessoas do bando, porém, eu queria mais! E Gini estava me dando exatamente aquilo. Além disso, ela era muito animada, não me deixava ficar pra baixo. Contei a ela que eu gostava de um homem, mas ele foi obrigado pela família dele a se casar com outra. E eu ainda fui ameaçada. — É tão romântico! — Ela falou, sonhadora, quando contei a ela — Sabe… As coisas vão dar certo, Rosa. Vão, sim! Ela era tão doce. Gini era muito sincera. Eu podia sentir isso nela. Incrível como eu a conhecia h
ROSAEu não estava acreditando. Onde Gini esteve durante toda a minha vida? — Com certeza! — Ela falou, meio que inflando o peito — Você vai aprender a pilotar essa maravilha. E, claro, depois te ensino a dirigir o carro. — Eu posso? — Perguntei. — Claro. Só lembre de estar com seus documentos quando formos andar de carro. A cidade é pequena, não temos acidentes aqui, mas como você bem apontou, as pessoas dessa cidade não vão muito com a nossa cara. Eles arranjarão qualquer desculpa pra falar mal. Claro, em todos os lugares sempre tinha esse tipo de gente, não é mesmo? Humano ou lobo. E eu não tinha documentos. Como eu poderia ter? Eu sabia o meu nome, eu tinha uma documentação dentro do bando, mas não era uma carteira nacional. Eu falaria com Henry, pois todos os lobos tinham certidões de nascimento e, com ela, eu poderia pedir uma identidade para mim. Coisa boa que Gini não pediu documentos para me contratar. Ainda.Saímos da cafeteria e fomos para a livraria, onde Gini pediu q
ROSAGarotinha? Eu era assim tão insignificante?— Xerife, eles que encrencaram com a gente! — Ele virou a cabeça para olhar para Gini, que ainda segurava a bicicleta dela. E, pelo que notei, as mãos dela tremiam. Provavelmente raiva — Ele agarrou meu braço. Olha só! Ela levantou o braço para mostrar os dedos do jovem, mas o Xerife não se deu ao trabalho.— Eu sugiro que vocês obedeçam às regras, ou poderão encontrar outras acomodações aqui. E verão o sol nascer quadrado.Eu olhei para Gini, que lutava contra as lágrimas que estavam enchendo os olhos dela, porém, eu não via ali tristeza, mas sim raiva. — Perdão — Ela falou a contragosto e olhou os rapazes — Isso não voltará a acontecer — Eu poderia dizer que Gini estava prometendo que se vingaria, caso eles se aproximassem da gente, de novo.O Xerife concordou com a cabeça. — Podemos ir, Xerife? — Eu perguntei e ele me olhou de cima a baixo, com uma expressão que eu não soube ler. Não era exatamente confusão, mas algo parecido. —
ROSA— É que… Humanos normalmente não são muito receptivos com lobisomens. A sua amiguinha sabe?— Não — Eu neguei com a cabeça, para enfatizar — Mas ela, apesar de não ser uma de nós, também já foi excluída da sociedade daquela cidadezinha. — Ela não é lobisomem, mas… — Mas o que? — Eu perguntei, curiosa. O olfato dele era muito superior ao meu, é claro. — Ela… Não sei explicar. Mas ela tem um cheiro estranho. Não é ruim, só que… É estranho. Diferente. — Eu não percebi nada. — Talvez seja porque ainda não está com o seu lobo, senhora Rosamund. Tem coisas que a gente só consegue cheirar quando o lobo está conosco — Ele disse e me olhou. Então sorriu — E você poderá saber do que falo em breve. Eu olhei para baixo, sentindo um sorriso nos meus lábios.— Mas… E se eu não tiver lobo?Sim, eu tinha sido rebaixada a ômega, porém, eu ainda tinha sangue Beta. Tive esperanças de que talvez eu fosse florescer mais cedo, porém, isso não ocorreu. — Você tem sim, senhora Rosamund. Eu sei d