DARIUSAgora, por que eu não a reportei? Simples: estávamos passando por um momento delicado com os bandos e eu não podia deixar que soubessem que a família real estava em desarmonia. Por isso, eu esperei, e esperei. E eu nem sequer perguntei nada a ela. Comecei então a tomar o vinho especial, feito apenas para mim. Eu posso parecer um inútil para muitos, mas sou excelente com botânica e sim, Wolfsbane se tornou o meu objeto de interesse. Dosei o suficiente para fazer uma droga capaz de anular os meus sentimentos, o meu lobo, mas não para me matar ou me deixar debilitado em caso de real perigo. Eu não podia reportar Hanna, eu não queria ser motivo de piada. Apesar de que, se ela já estava fazendo o que bem entendia, eu já devia ser o palhaço, à boca miúda. Os jogos com humanos me ajudaram a tirar um pouco da minha raiva ao vê-los se matando, nas minhas mãos, e achando que estavam se divertindo. Os que não morriam, eu prendia e poucos conseguiam sair, claro. Eu não podia matar todos
KURTO Conselho teria que ser chamado, é óbvio. E assim foi feito. O dia nem chegou a raiar e aqueles velhos abutres já estavam ali. Eles sabiam, pelas expressões nos rostos deles, que Hanna era infiel. — E como vamos fazer? — Darius perguntou, fixando o olhar no chão. — Nós diremos que ela teve um acidente, Majestade. Assim, não precisaremos abalar os outros com essa notícia, que poderia trazer instabilidade política — Um dos velhotes falou e eu me mantive calado, de braços cruzados. — O que acha, Kurt? — Darius me perguntou e quando olhei de novo para o rosto dele, parecia que ele tinha envelhecido uns dez anos. — Me parece bom o suficiente. Ninguém saberá dos motivos para a morte dela e nem quem a matou — Darius se remexeu no trono.— Então, será feito assim — Darius disse, sem emoção na voz. Eu sabia que ele estava quebrado. Apesar de tudo, ele a amava. Nunca se deitou com outra fêmea. Ele brincava que as outras eram deliciosas e tudo, mas nunca encostou em nenhuma. Quando
GISELLEAquele maldito! Eu fui chamada pelo Rei para me apresentar nas terras dele com urgência, pois me casaria com Kurt. Eu queria sim ser a Luna, me casar, porém, eu queria glamour. Eu queria todas aquelas outras lobisomens babando no meu macho. Queriam que elas vissem que eu tinha vencido, eu seria a Luna do bando mais poderoso e, logo, a rainha delas. No entanto, o Rei me avisou que seria uma cerimônia simples, apenas para cumprir protocolo. E não, eu não poderia convidar ninguém para o meu casamento, exceto a minha família, ou seja, o meu pai. Eu escolhi o meu melhor vestido, novo, as minhas melhores joias, ainda que em tese Kurt devesse me presentear com algumas no dia do nosso casamento. Mas eu duvidava muito, a não ser que o Rei o obrigasse. Eu estava linda, digna de uma rainha, mas Kurt… Quando aquelas portas se abriram e eu o vi naquela blusinha simples, calça jeans e desbotada, ainda por cima? Ele estava de chinelo. Chinelo! Era uma afronta, mesmo. Ele tomou um banho e s
GISELLEEu perguntei, estupefata, quando finalmente consegui me mover. — Não é óbvio? — Ele me perguntou num tom de puro tédio — Ou além de má, você também é imbecil?Eu respirei fundo. Ele não podia falar daquele jeito comigo! — Eu sou a sua Luna. Exijo que se deite na cama e consuma o nosso casamento!Eu bati o pé e apontei para a cama. Então, a temperatura no quarto pareceu cair vários graus, do nada. Milah se encolheu completamente e Kurt soltou uma risada baixa que enviou calafrios pela minha espinha. — Você… Exige? — Ele perguntou, olhando por sobre o ombro e, mesmo naquela posição, os olhos azul-esverdeados dele pareciam queimar em chamas de ódio. Eu quis responder, mas senti minha garganta fechando e em um piscar de olhos, Kurt estava pressionando-me contra a parede — Você não exige nada! Se acha que é a minha Luna, está muito enganada! Eu nunca vou aceitá-la. Nunca consumarei esse casamento!— Você… — Eu tentei falar, enquanto segurava a mão dele. Ele nem se moveu — Disse
KURTEla bufou, irritada. Dane-se! Não dou a mínima para os sentimentos dela. Não quando ela não teve a menor consideração com Rosa. Ouvi quando ela bateu à porta ao sair e eu dei de ombros, arrumando as minhas coisas. Fui para um dos quartos de hóspede e Giselle, que estava com a porta do quarto dela aberta, franziu o cenho para mim. — Pensei que fosse ficar no seu quarto — Ela disse, com a sobrancelha levantada. — Eu não poderia dormir na mesma cama que você sujou, Giselle. Por hoje, ficarei aqui. Mas já dei ordens para que aquele colchão seja queimado. Como eu não olhei para o rosto dela, não poderia dizer como era a cara dela de frustração, mas eu farejava os sentimentos dela, querendo ou não. — Como pode dizer isso? Eu serei a mãe dos seus filhotes!— Em outra vida, talvez. Ela ficou na porta do meu quarto e me olhou, desafiadora, pois eu agora olhava para ela e podia afirmar isso. Os braços de Giselle estava cruzados na frente do peito dela. — É mesmo, Kurt? Ou você tem
ROSA— Kurt… Vamos fazer amor por aqui. Para nos despedirmos, por hora.Nós já tínhamos brincado pelo telefone, quando ele às vezes estava trabalhando e surgia um tempinho, mas não podia ir ficar comigo. — Fazer amor com você… Eu quero demais, Rosa — Ele falou e ouvi som de tecido. Acho que a colcha dele. Logo, ouvi o barulho de mensagem no meu telefone — Mandei uma prova do que estou falando. Quando eu abri a mensagem, era um nude dele. — Ah, Kurt… Ele tá prontinho pra ser chupado — Eu falei, sentindo as minhas bochechas ficando vermelhas, queimando, mas eu adorava poder me sentir tão livre com ele. Ver o membro dele, ali… Eu queria entrar pela tela. O gosto delicioso dele foi ativado na minha memória e a minha boca se encheu d’água. — Ele é todinho seu. Só seu — Kurt falou mais rouco — Chupa ele, meu amor. Passamos a noite conversando e sim, eu não tenho vergonha de dizer que mandei nudes meus. Eu não tinha vergonha de me mostrar para ele, não mais. No dia seguinte, eu estava
ROSA— Ótima pedida! Então, você gosta de aventuras?— Eu acho que sim. É uma forma de eu poder ser “livre”, sabe? É como se eu mesma estivesse viajando por ali. — Mmm, eu gosto desse livro, mas prefiro romances trágicos — ela falou e a expressão no rosto dela mudou para uma de sofrimento. — Eu sempre choro quando Otelo asfixia Desdêmona. — Eu… Eu não conheço… — Falei, me sentindo insegura. Como ela podia gostar do homem asfixiando uma mulher? Ela rapidamente me olhou e segurou a minha mão. — Quer conhecer? Vem, vem!Ela me puxou para uma parte da biblioteca e me mostrou vários livros com jeito de antigos. Ela procurou por algo e assim que encontrou o que queria, ela o tirou da prateleira e o mostrou para mim. “Otelo, o Mouro de Veneza”, de William Shakespeare.— É maravilhoso! Claro, se você gostar de peças — Ela limpou a garganta — “Acautelai-vos, Senhor, do ciúme. É um monstro de olhos verdes, que zomba do alimento de que vive. Vive feliz o esposo que, enganado, mas ciente do
ROSAO dia com Gini foi maravilhoso! Eu não tinha noção de como poderia ser bom estar trabalhando! Não como escrava, mas como uma trabalhadora que seria paga.No bando com Kurt, eu tinha Ária para conversar e ela era ótima, mas não era da minha idade e basicamente falávamos da cozinha e do bando. Ali com Gini, além de poder interagir com alguém da minha idade — ela tinha vinte e três anos, em realidade —, eu pude falar de muitas coisas e nenhuma delas tinha a ver com lobisomens. Eu amava Kurt, amava as pessoas do bando, porém, eu queria mais! E Gini estava me dando exatamente aquilo. Além disso, ela era muito animada, não me deixava ficar pra baixo. Contei a ela que eu gostava de um homem, mas ele foi obrigado pela família dele a se casar com outra. E eu ainda fui ameaçada. — É tão romântico! — Ela falou, sonhadora, quando contei a ela — Sabe… As coisas vão dar certo, Rosa. Vão, sim! Ela era tão doce. Gini era muito sincera. Eu podia sentir isso nela. Incrível como eu a conhecia h