O estacionamento estava ainda mais silencioso. A respiração do homem e da mulher era claramente audível.Rodrigo se afastou um pouco, com a camisa aberta e o rosto um tanto sombrio, emanando uma certa hostilidade. Ele olhou para os olhos confusos de Beatriz e percebeu que ela o havia chamado de Lucas. Rodrigo suspirou, e seus olhos ficaram mais escuros. Ele a pegou no colo.— Abre a porta. — Ele disse com uma voz rouca e fria.Um dos seguranças correu, evitando olhar diretamente, abriu a porta rapidamente. Rodrigo entrou no carro, ainda segurando Beatriz.— Vai pra Bela Vista. — Ele ordenou.Beatriz morava na Bela Vista. O carro saiu do estacionamento, passando por ruas iluminadas, com a luz da rua entrando e saindo pela janela, alternando entre claro e escuro.Rodrigo olhou para a mulher em seu colo, seus dedos longos passando pelos lábios vermelhos dela, quase provocantes.Quando chegaram ao prédio, Laura estava voltando de um passeio e reconheceu o carro de Rodrigo pelo número da pl
— Um pouco. Laura foi procurar um remédio para dor de cabeça. Quando Beatriz terminou o banho, foi para a sala, sentou-se, tomou o remédio e esfregou as têmporas, ainda se sentindo mal e com vontade de vomitar. Laura entregou-lhe um copo de água: — Bia, tá mal? — Sim, me dá uma máscara facial. — Beatriz pegou a máscara, colocou no rosto e abraçou uma almofada. Laura notou as marcas de beijo no pescoço de Beatriz: — Bia, você sabe quem te trouxe de volta hoje à noite?— Sei sim.— E você e o Rodrigo? — Bebi um pouco demais. Acho que confundi as coisas.— Vai descansar, tá tarde já. — Beatriz passou a mão na cabeça de Laura, com a máscara preta ainda no rosto, e foi para o quarto. Ela fechou a porta, respirou fundo, foi até a gaveta e a abriu. Beatriz pegou a foto ensanguentada de Bruno. Hoje à noite quase... — Desculpa, Bruno, eu errei. — Ela guardou a foto e pegou o celular, mandando uma mensagem para Lucas.Tamboré. Camila foi até o guarda-roupa, pegou o paletó de Lucas q
De manhã, a empregada trouxe um pacote.— Senhor, chegou um pacote.Lucas olhou para a caligrafia no bilhete preso ao pacote, e o nome do remetente. Era da Beatriz.Ele abriu o pacote e viu uma boneca lá dentro. Pediu para que a colocassem no quarto de Estrela.Camila desceu as escadas e acabou ouvindo o que Lucas disse.Ela olhou para a boneca requintada nas mãos da empregada e sorriu: — Quem mandou esse presente para a Estrela? A boneca é muito bonita.— Beatriz. — Respondeu Lucas, enquanto pegava o paletó que o mordomo lhe entregou e o pendurava no braço: — Estou indo para o trabalho.Camila ouviu o nome da Beatriz e, segurando a raiva, deu um beijo no rosto de Lucas, sorrindo: — Eu também vou participar de um evento mais tarde.Ela o acompanhou até o carro, e depois que o carro partiu, ela voltou para dentro, subiu as escadas e foi até o quarto da filha.Camila pegou a boneca e apertou seus olhos com as unhas, deixando marcas.Levou a boneca até o banheiro, abriu a torneira e a enc
— Os dois lugares são bons. — Beatriz era inteligente, sorrindo: — Mas depois de comer tantas vezes, qualquer lugar enjoa.Aaron deu uma risada fria: — Você deveria dizer que a comida aqui é melhor.Beatriz sorriu, acompanhando o comentário dele, e respondeu: — Sim, a comida aqui é mais gostosa.— Assim mesmo.Os dois conversavam de forma descontraída, parecendo bem à vontade um com o outro. Lucas, por outro lado, permanecia com uma expressão fria, ouvindo em silêncio.Chegando ao restaurante, os dois chefes se sentaram à mesa, enquanto Beatriz, com a bandeja de comida, se dirigiu para a mesa ao lado, onde Jean estava.Aaron chamou Beatriz: — Beatriz, vem comer com a gente aqui.Beatriz então pegou sua bandeja e foi se sentar à mesa com eles.Aaron olhou para o prato dela: — Vai comer tudo isso?Beatriz lançou um olhar para ele: — Gosto dos pratos de hoje.Ela empurrou o prato em direção a Lucas: — Presidente Moreno, pode me passar as cebolas no seu prato. Você não gosta delas, certo?
Beatriz entrou no carro, no banco da frente. Pedro deu a partida e soltou: — Vera e Rodrigo formam um casal e tanto, né?Beatriz olhou pelo retrovisor, vendo a mansão sumir de vista. Com os olhos marejados, ela murmurou: — É, eles combinam mesmo.Pra um casal durar, tem que combinar mesmo.O quadro foi entregue, e Beatriz precisava avisar Aaron.Quando ela ligou, deu pra ouvir Aaron ofegante.Beatriz hesitou: — Foi mal aí, tô atrapalhando. O quadro chegou.Aaron mandou Julia, que tava no colo dele, dar um tempo. Com a voz rouca, ele falou: — Beleza. Amanhã de manhã não vou estar no escritório, tenho uns lances pra resolver.— Tá bom. — Beatriz desligou.Trabalhar como secretária para Aaron não era tão cansativo assim.Mais tarde...Laura arrastou Beatriz pro karaokê.As duas estavam arrasando: top curtinho, barriga de fora, shortinho. Pareciam gêmeas. Elas reservaram uma sala particular e começaram a dançar e cantar lá dentro.Laura abriu uma breja e encheu os copos: — Bia, tu arrasa
Lucas respondeu só com um [Sim.] Beatriz mandou um emoji sorrindo: [Parece que minha memória tá voltando aos poucos, valeu.]Na manhã seguinte, Beatriz preparou um café da manhã ótimo, daqueles bons pro estômago.Colocou tudo numa marmita térmica e ainda separou um pouco pra deixar pra Laura. Antes de sair, ela ligou pra Jean.Jean atendeu sem esperar que o pedido fosse para levar o café da manhã pra Lucas.— Jean, quando entregar, pergunta pra Lucas se o sabor tá igual ao que eu fazia antes. Tô tentando ver se recupero as lembranças.Antes, quando moravam em Alphaville, Beatriz sempre fazia um café da manhã especial pra Lucas.Jean deu uma olhada em Lucas, que tava sentado no banco de trás: — Ok.Beatriz: — Obrigada.Jean desligou e passou o recado pra Lucas.Lucas ficou em silêncio por um tempo: — Entendi.Beatriz deixou a marmita na portaria do Grupo Moreno pra Jean e foi trabalhar na InovaTec.Jean levou a marmita pro escritório do Lucas, que tava olhando pela janela.— Pode fi
Hoje, Beatriz preparou um novo café da manhã nutritivo. Colocou tudo na marmita térmica e, ao chegar no Grupo Moreno, ligou para Jean.— Beatriz, o chefe pediu pra você entregar direto no escritório.Ela ficou um pouco surpresa: — Tá bom, obrigada.Estacionou o carro, pegou a marmita e foi para o escritório. No caminho, cumprimentou alguns antigos colegas assistentes com quem já havia trabalhado.— Beatriz, o chefe pediu pra você esperar aqui. — Disse a assistente Carlota Barros.— Obrigada. — Beatriz respondeu com um sorriso.Ao entrar, deu uma olhada ao redor. Tudo estava do mesmo jeito. Carlota logo entrou com uma xícara de café, que Beatriz agradeceu antes de a mulher sair para continuar seu trabalho.Não demorou muito para a porta se abrir novamente. Lucas entrou, com sua presença imponente e olhar frio, seguido por Jean. Lucas pendurou o paletó e lançou um olhar sério para Beatriz.Ela nem levantou. Afinal, não era mais secretária dele. Jean colocou alguns documentos sobre a m
Aaron deu uma olhada nos documentos, revisou rapidamente e assinou apoiando na coxa. As coxas musculosas esticavam o tecido da calça social.Os músculos que ele ganhou malhando ultimamente deixaram a calça meio apertada. O cara soltou um suspiro de desprezo: — Depois do expediente, compra uma calça nova pra mim.Beatriz sabia que cuidar das roupas do chefe fazia parte do trabalho. Antes, quando ela trabalhava pra Lucas, ela é quem cuidava do guarda-roupa dele. Pensar no Lucas a fez lembrar da conversa chata que tiveram mais cedo: — Vou tirar suas medidas depois. — Ela respondeu, pegando o cigarro de volta e saindo do escritório com os documentos assinados, já ligando para o departamento responsável para buscá-los.Quando terminou essa parte, ela pegou uma fita métrica e entrou no escritório de Aaron. Aaron estava de pé, cooperando enquanto ela tirava as medidas. Já que ia comprar uma calça, era melhor garantir que a camisa também servisse. Beatriz mediu o peito, a cintura, o comprimen