Aaron deu uma olhada nos documentos, revisou rapidamente e assinou apoiando na coxa. As coxas musculosas esticavam o tecido da calça social.Os músculos que ele ganhou malhando ultimamente deixaram a calça meio apertada. O cara soltou um suspiro de desprezo: — Depois do expediente, compra uma calça nova pra mim.Beatriz sabia que cuidar das roupas do chefe fazia parte do trabalho. Antes, quando ela trabalhava pra Lucas, ela é quem cuidava do guarda-roupa dele. Pensar no Lucas a fez lembrar da conversa chata que tiveram mais cedo: — Vou tirar suas medidas depois. — Ela respondeu, pegando o cigarro de volta e saindo do escritório com os documentos assinados, já ligando para o departamento responsável para buscá-los.Quando terminou essa parte, ela pegou uma fita métrica e entrou no escritório de Aaron. Aaron estava de pé, cooperando enquanto ela tirava as medidas. Já que ia comprar uma calça, era melhor garantir que a camisa também servisse. Beatriz mediu o peito, a cintura, o comprimen
Beatriz ouviu Aaron chamá-la, então primeiro passou o cartão e pegou o recibo antes de se aproximar. — Beatriz, Vera quer comprar umas roupas pra Rodrigo, Dá uma força pra ela aí. — Mal terminou de falar, Aaron se tocou da besteira: — Espera aí, talvez Beatriz não possa ajudar muito, eles mal se conhecem.Aaron não sabia que Rodrigo e Beatriz se conheciam, isso nunca tinha vindo ao público.Vera lançou um olhar para ele e sorriu: — Relaxa, Aaron. Beatriz conhece Rodrigo sim. Me ajuda aí, Beatriz? Tô perdidinha com os tamanhos.Beatriz fez que sim com a cabeça. Ela nem entrou na parte de escolher cores ou estilos, só pegou um tamanho.— Pode usar esse tamanho como referência.— Obrigada.— De nada. Se não precisa de mais nada, vou nessa.Aaron ficou para ajudar Vera com as compras, e Beatriz voltou para casa de carro. As roupas que compraram no shopping iam mandar direto pra casa de Aaron.Ela já tinha medido a cintura dele. Com as mãos.Os dois já tinham transado, então ela sabia bem
Beatriz olhou ao redor, mas não encontrou o homem. Ele provavelmente já tinha ido embora. Beatriz devolveu o capacete e a moto pra moleque: — Valeu.— Você pode me passar seu contato. — Perguntou o garoto, meio tímido.Beatriz só deu um sorrisinho, entrou no carro, acenou e foi embora.Enquanto isso, Rodrigo entregou o capacete para o Assistente Martins, acendeu um cigarro com um ar preguiçoso e entrou no carro.Assistente Martins olhou pro braço do chefe, sem poder fazer nada. O braço nem tinha sarado direito e o cara já tava pilotando a moto.Eles tinham encontrado Beatriz na estrada por acaso e a seguiram até o Autódromo José Pace. Não imaginavam que ela iria pilotar uma moto pesada. É raro ver alguém pilotando essas motos pesadas. São difíceis de controlar.Rodrigo deu uma tragada e exalou a fumaça devagar, olhando para a silhueta da mulher que entrava no carro ao longe. Ele segurou o cigarro entre os dedos, perdido em pensamentos.— Chefe, a Vera ligou pra você. — Lembrou o Assis
Aaron segurou o queixo de Beatriz.Olhou pra um lado, pro outro.Beatriz fechou a cara: — Pode soltar? Isso é assédio no trabalho.Aaron soltou o queixo dela, obedientemente, e chegou a uma conclusão: — Quem diria, Beatriz... Você é mesmo uma daquelas que só pensam em romance, né?O ex-marido nem liga pra ela, e, mesmo assim, ela continua trazendo café da manhã com carinho. Se isso não é ser cega de amor, o que é?Beatriz respirou fundo, soltou uma risada fria e, de má vontade, entregou os documentos para ele: — É, sou louca de amor mesmo. Tem reunião às nove e meia.Aaron franziu a testa: — Quem foi o idiota que marcou reunião às nove e meia? Logo de manhã, o cérebro ainda tá no modo soneca.Às vezes Beatriz não entendia como Aaron virou presidente. Nasceu com o cu virado pra lua.Aaron xingou baixinho, pegou os papéis e saiu correndo pra trabalhar.Beatriz foi comprar um café na cafeteria em frente à empresa.Mal saiu da cafeteria, viu Jean parado do lado de um carro preto.Ele veio
Jean abriu a porta e sentou no banco do motorista. Ouviu Lucas falar friamente lá atrás: — Liga pra Aaron. Quero marcar uma reunião com ele.De qualquer jeito, Beatriz não podia ficar ali.Lucas pensou na Camila, pensou na filha.Quando Aaron recebeu o convite de Lucas, ergueu a sobrancelha, achando estranho.Lucas chamando ele pra conversar? Essa era nova.— Diga a ele que às sete da noite estou disponível. — Aaron desligou o telefone.Laura, ao receber a ligação de Beatriz, foi direto para o camarote do bar onde Beatriz estava. Quando entrou, viu uma garrafa vazia sobre a mesa. Só uma garrafa, ainda bem.A bebida nem era tão forte, Beatriz ainda tava lúcida.— Bia, o que houve? — Laura cutucou o braço de Beatriz: — Afogando as mágoas na bebida?Beatriz levantou uma sobrancelha e deu um sorriso: — Não é mágoa, é só pra relaxar.Ela só não entendia por que o Lucas queria que ela saísse dali de repente.Tava chateada.Ela não ia sair de jeito nenhum. Sair significava deixar Camila se s
Aaron: [Se eu te demitir, o Presidente Moreno prometeu me dar uma margem de 10% no novo projeto de parceria.]Beatriz viu a mensagem e respondeu apenas: [Caramba, eu valo mesmo.]Ela sentia que algo tinha acontecido, algo que fez Lucas querer expulsá-la de lá de repente. Mas ela não sabia o que era.Do outro lado, Aaron leu a resposta de Beatriz e olhou pra Lucas com um sorrisinho: — Vou pensar e te dou a resposta depois.Ele guardou o celular no bolso, levantou e olhou de lado pra Lucas: — Beatriz te conhecer foi mesmo um azar dos diabos pra ela.Lucas manteve a expressão indiferente, sem demonstrar nenhuma emoção.Aaron deu uma risada irônica e saiu.Logo após a saída de Aaron, Lucas se levantou e pegou o copo sobre a mesa, jogando-o com força no chão. O copo se estilhaçou instantaneamente.Jean entrou na sala e, ao ver os cacos de vidro no chão, falou: — Presidente, Camila ligou pra você.Lucas franziu a testa e respondeu friamente: — Diga a ela que não volto para casa hoje à noite.
O Assistente Martins não se atreveu a dizer mais nada. — Vera está lá fora. — Ele finalmente disse: — Ela disse que quer te convidar para ir ao festival de música.O festival de música é um evento tradicional por aqui, realizado apenas uma vez a cada três anos. Vera nunca havia participado antes porque estava sempre no exterior, mas quando ouviu amigos mencionando, decidiu que queria conferir.Laura e Beatriz também estavam no festival. As duas usavam tiaras com laços de borboleta na cabeça enquanto se moviam pela multidão.— Bia, aqui está bem mais animado que o bar, né? — Laura teve que berrar pra Bia ouvir.— É, bem animado. — Beatriz respondeu.— Peraí que o melhor ainda tá por vir, vai rolar show de fogos no final!Bia deu uma olhada em volta e do nada ficou paralisada.No meio da multidão, ela avistou Rodrigo ao lado de Vera, que estava toda radiante. Vera, toda ousada, tava rindo e tentando enfiar um lacinho na cabeça dele.Ele virou a cara e ela não conseguiu.Vera riu alto e
— Olhe bem essa foto. O motorista que bateu na Beatriz é mesmo esse homem aí.Os olhos de Lucas ficaram fixos no rosto de Camila, que soltou um breve grito de surpresa.— Que coincidência é essa?— Cê tá desconfiando que fui eu? Que eu o mandei atropelar a Beatriz?Camila olhou para Lucas, completamente incrédula, enquanto as lágrimas começavam a escorrer incontrolavelmente.— Como você pode desconfiar de mim assim? Só por causa de uma foto? Eu nem conheço esse cara!Ela mordeu os lábios vermelhos e se virou para sair da sala, parando na porta para dizer com a voz embargada: — Por que eu mandaria alguém bater na Beatriz? Vocês já estão divorciados, não ia me trazer nenhum benefício.A porta do escritório se fechou com força, e Lucas esfregou a testa, tentando entender por que Camila faria uma coisa dessas.Seria que alguém tivesse tirado a foto de propósito para mexer com ele?Depois que Camila saiu, entrou no carro e apertou o botão para subir a divisória.O olhar dela ficou frio em